Hoje é o dia em
que a morte de Vinícius de Moraes completa 35 anos. Nem é preciso dizer que o
seu nome é um marco para muitas gerações. Pela poesia, pela música, pelo estilo de vida. E, por que não, pela filosofia? No meu caso específico, há um interesse especial desde que escrevi um texto acadêmico chamado “Quem tem Vinícius Não Precisa de Platão”.
Faz tempo mas mantenho esse ponto de vista.
É claro que não dá para negar Platão, Hegel, Kant, Heidegger e essa rapaziada toda que escrevia livros com mais de 400 páginas (um professor dizia que os estudantes não estavam geneticamente preparados para tanto). A afirmação é hiperbólica, mas nem por
isso deixa de ter um interesse filosófico. Afinal, como escreveu o pensador Roberto Gomes, no seu tratado sobre a razão tupiniquim, filosofar é
ver um palmo à frente do nariz.
É daí que vem esta pequena birra com os acadêmicos brazucas, sempre com as lunetas focadas no
hemisfério norte. No patropi o pessoal se liga demais na estranja e não olha
para a filosofia brasileira ou a filosofia latino-americana. Sim, elas existem. Mas a própria academia brasileira as desconhece e desconsidera por
completo. Mas pensar a realidade concreta a partir de ideias alienígenas tem as suas limitações.
Ora, a filosofia brasileira também é Vinícius de Moraes. Uma filosofia que fala da vida, de amores, de preguiça. Também de política. E só um filósofo brasileiro poderia filosofar em forma de samba. Vinícius foi mais existencialista do que os existencialistas. Mas não se perdeu em vãs metafísicas.
- Você que só ganha pra juntar, o que é que há, diz pra mim, o que é que há? Você vai ver um dia em que fria você vai entrar.
Como todos os outros filósofos, procurou o sentido da vida:
- Às vezes quero crer mas não consigo. É tudo uma total insensatez. Aí pergunto a Deus: “escute, amigo, se foi pra desfazer, por que é que fez?”
Uma filosofia brasileira tem que saber rir. Não pode ser deixar levar pelo rigor formal excessivo. Tem se que olhar ao espelho. Com Adoniran, Guarnieri, Plínio, Chico, Tom, Veríssimo, Di, João Pacífico, Catulo, Gonzagão. Todos filósofos.
É a dança da
chuva.
Um cara que exala a brasilidade, casa 7 vezes, odeia os filhos, tem em sua Nova Antologia Poética algo sensacional têm seu valor. Particularmente, pra mim não chega a profundidade de alma de um Fernando Pessoa (e seus Álvaro de Campos, Bernardo Reis e outros 20 heterônimos), mas aqui no Brasil, foi eterno enquanto durou!
ResponderExcluirAcabas de descrever um intelectual que vale a pena. Fernando Pessoa escreveu legal, mas não trepava nada.
ExcluirFalando em Platão... mas e a Grécia, hein, senhor Baço?
ResponderExcluirQue guinada do sr. Alexis Tsipras, não?
É para aprender a lição. Aqui é "come e cala". Pessoal que gosta de ditaduras (mesmo as financeiras) fica excitado.
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