sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pelo fim da violência contra as mulheres

Maria Elisa Máximo

Pois é, pessoal: eu não "arriei"! Estou aqui, cheia de vontade de escrever, mas com pouquíssimo tempo. O ano está acabando, mas as coisas a fazer não diminuem. Pelo contrário, parece que elas se multiplicam, obrigando-me a estabelecer prioridades. Mas, vamos lá. Prometi que iria escrever hoje, sexta-feira, sem saber ao certo sobre o quê. Afinal, o blog anda sintonizado numa temática sobre a qual eu não desejo comentar. Até mesmo porque tenho estado bem por fora dos últimos acontecimentos locais, tomando conhecimento apenas do básico. Talvez, Joinville não esteja tão interessante. Os mesmos nomes, os mesmos grupos, as mesmas velhas disputas. Não me surpreendeu o escândalo das diárias; onde o Kennedy Nunes esteve ou deixou de estar é a última coisa que me preocupa; não tenho opinião sobre o aumento do número de vereadores (mesmo tendendo a ser a favor); as alterações no zoneamento me tocam, mas não creio que sejam capazes de me mobilizar. Sobre o Parque da Cidade ainda quero comentar, fazendo um contraponto ao post do Charles. Mas fica pra outra hora.

Ando mais interessada nas coisas que transcendem a nossa "bolha". De Belo Monte a Occupy Wall Street, o mundo ferve de questões importantes e que deveriam nos mobilizar mais. Hoje, 25 de novembro, é o Dia Internacional de Luta pela Não Violência contra as Mulheres. E eu, como a única mulher a escrever neste blog, não poderia deixar passar em branco. Fiquei o dia todo aguardando pra ver se algum de meus colegas se adiantariam pra falar do assunto. Infelizmente isso não aconteceu, porque teria sido ainda mais significativo se um homem tivesse tido esta lembrança. Ao contrário, acabamos por naturalizar o sexismo: enquanto os homens falam de política, economia, etc, as mulheres falam de ... mulheres. Não, não me entendam mal. Não se trata de uma crítica aos meus colegas, longe de mim. Trata-se, sim, de uma tentativa de chamar atenção para algo que me incomoda bastante: os homens ainda não se sensibilizaram, de um modo geral, para as lutas que tocam especialmente as mulheres. Se eu estiver errada, por favor, me digam.

O "Dia" foi instituído há 3o anos, pela ONU, e, é claro, tem como objetivo conscientizar as pessoas para o problema que mulheres do mundo inteiro vivenciam cotidianamente. Este ano, a REDEH (Rede de Desenvolvimento Humano) lançou a campanha Quem ama, abraça! e convidou uma série de artistas para apoiar a causa, através de um clipe que será veiculado entre hoje e 10 de dezembro nas principais emissoras de TV abertas do país. O clipe é bacana, a mensagem é importante e os artistas, muitos deles, são "biscoito fino".


Estima-se que
"uma em cada cinco mulheres seja vítima de estupro ou de tentativa de estupro. Mulheres com idade entre 15 e 44 anos apresentam maior risco de sofrer violência sexual e doméstica do que de serem vítimas de câncer, acidentes de carro ou malária. De acordo com dados oficiais, no Brasil, 48% dos homens já agrediram uma mulher, e 14% destes, acreditam que agiram bem" (Primeira Edição, 25/11/2011).
Sem falar do humor que, na minha opinião, é um espaço de expressão da violência contra as mulheres difícil de ser minado. Nos programas humorísticos na TV, sobretudo em canais abertos, são comuns as expressões de machismo, misogenia, sexismo, de rebaixamento da mulher à condição de "objeto" e de violência simbólica. Vide o caso do Rafinha Bastos e da sua declaração sobre o estupro. E ainda tem gente que acha engraçado, que o humor se justifica por si só.

A Lei Maria da Penha, criada há 5 anos, representa um avanço importante. Mas ainda há muito o que avançar nesse sentido e qualquer campanha bem intencionada merece ser difundida. Portanto, assistam, busquem entender e compartilhem.

P.S: Anônimo, agradeço a gentil observação. O nome da lei já foi corrigido ;-)



13 comentários:

  1. Adorei. Isso me lembra muito a ideia que alguns homens parecem ter do dia internacional da mulher. Compram flores, convidam-nas para jantar fora e dizem: "Hoje o dia é seu!". "Hoje".
    Quem sabe, um dia, as pessoas prefiram discutir as razões da existência dessas datas.

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  2. Que bom ver o assunto comentado aqui! Nem sempre a violência contra a mulher acontece debaixo dos nossos olhos, o que não significa que ela não exista com uma dimensão inaceitável.

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  3. A lei chama Maria da PENHA e não da PENA

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  4. Parabéns, Elisa.

    A reflexão no início deste texto é a melhor coisa que li aqui no blog.

    Gostaria de ter sido eu o sujeito a escrever sobre o assunto, mas não fiz por absoluta falta de competência. O máximo que fiz foi dar RTs nos melhores textos que li sobre o assunto.

    Por incompetência também não comento o texto. Tenho medo de falar abobrinhas num debate tão importante. Mas concordo com tudo.

    Mais uma vez, parabéns!

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  5. Maria Elisa, parabéns!

    O tema violência contra a mulher não pode ser um tabu, não pode deixar de estar presente nas discussões.

    O baixo número de registros de violência na lei Maria da Penha é um grande problema. Mas é preciso lembrar que na verdade o problema não está só na mulher que não denuncia, mas principalmente no homem que violenta. E devemos tentar combater o mal na raiz. E isso passa por desbanalizar o tema. Buscar a indignação por casos como este.

    "Em briga de marido e mulher, não se mete a colher". Geralmente, por questões físicas, quem apanha é a segunda. E mesmo assim ficamos calados, pois a crendice popular está a serviço dos canalhas!

    Se eu disser que não faço piadas com mulheres ao volante, por exemplo, serei um mentiroso. Mas piadinhas misógenas ou sobre estupro, violência, coisas assim, jamais!

    Por fim, embora eu prefira os posts sobre Joinville e a "boa" e velha política, é importante termos assuntos de fora da "bolha" para não nos aleijarmos.

    Parabéns!

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  6. Helena (maninha amada), é isso mesmo. Além de tudo, muito homens ainda confundem as datas em prol da luta com "homenagem". E não é por aí. Por isso, espaços como este são importantes para promover o debate.

    Cecília, obrigada pela leitura. A violência contra as mulheres é um problema que, em geral, se expressa no âmbito do privado, entre quatro paredes, por isso acaba sendo um fenômeno mais discreto do que gostaríamos. Algumas pesquisas apontam para o fato de que, muitas mulheres que chegam a denunciar atos de violência, acabam retirando suas queixas por se reconciliarem com seus agressores. Ai está uma questão difícil de resolver, sobre a qual qualquer entendimento raso pode ser um desserviço.

    Felipe, tua opinião é muito importante pra mim, pois és um dos "nossos". Fiquei contente que entendeste minha provocação. Mas, por favor, não se sinta incompetente para comentar o assunto, pois esta é uma questão que precisa ser debatida para além do academicismo. Precisamos difundir o debate.

    Guilherme, estás certo. Sobre este tema, precisamos gerar mais indignação. Quanto ao humor, o problema é quando ele vem a público, pelos meios de comunicação, naturalizando o problema.

    Forte abraço a todos!

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  7. Se for para ler sobre assuntos nacionais, fico com a Folha, Estadão, Veja e afins... (até mesmo A Notícia)

    Entro aqui única e exclusivamente pelos motivos que a Maria Elisa despreza, que são os assuntos locais.

    Sorte, para o bem da existência deste Blog, que nem todos pensam como a autora deste texto.

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  8. Felipe "pagou pau" para Maria Elisa?

    Ai que vergonha...

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  9. Aix, essa foi no fígado sr. Anônimo.
    Stefana.

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  10. Dei uma pagadinha. Às vezes a gente se permite fazer dar um vexame.

    O problema é gente que nem tu, que de tanta vergonha só comenta escondido. Mas isso é melhor pra ti mesmo.

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  11. Que isso Felipe? Não estou entendendo... eu não sou o pior que existe em Joinville, o burro que pensa que é inteligente?

    Estas estranhado o que rapaz?

    Se você fosse o inteligente que acha que é burro não escreverias algo assim...

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  12. A sua mágoa, anônimo, é hilária. Chora, filhote!

    Suas tentativas de me provocar são ótimas.

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  13. Não precisa nem pedir, chorar é só o que eu faço por aqui, e, quanto ao filhote, é tudo que eu gostaria de ser (oh coisa boa...). Vai ver que é isto ai... quem sabe não tenho inveja de sua tenra idade... ;)

    A minha consideração por você é tão grande que vou ter homenagear com minha alcunha.

    The Worst (by F.S.)

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