segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Ânimos incendiados, nervos à flor da pele. Quem sofre é a verdade...













POR JORDI CASTAN
Na reta final da campanha, quando os ânimos estão incendidos e os nervos à flor de pele, a verdade é a primeira vítima. Surpreendentemente o mais “honesto” é o que esta sofrendo maior desgaste a couraça da honestidade e das mãos limpas não é suficientemente forte para protegê-lo de todas as meias verdades. São essas meias verdades a maior fraqueza de uma gestão que tem se destacado por não fazer, por fazer pela metade ou por fazer mal feito. Há um desgaste natural em quem podendo fazer não fez.

A sensação que o eleitor começa a ter e de que há uma versão da verdade diferente da própria verdade. Se os candidatos tivessem que jurar dizer a verdade, poucos poderiam cumprir. E só o fariam se o texto fosse este:

“ Juro solenemente dizer a verdade como a conheço, toda a verdade como acredito que seja, e nada mais que aquilo que eu acho que vocês precisam saber.”

Só assim é possível entender a quantidade de informações desencontradas a que o eleitor esta sometido cada dia.
- Foram entregues tablets para todos os alunos ou só para alguns?
- As filas na saúde acabaram ou continuam?
- As pessoas que fazem fila de madrugada para conseguir um atendimento são insones que não tem outra coisa para fazer ou só assim que se consegue agendar?
- O restaurante popular, que foi fechado para transferir os móveis e utensílios para o outro e seria reaberto poucos meses depois, depois de três anos ainda segue fechado. Reabrirá algum dia?
- Teremos algum dia 70% da rede de saneamento básico implantada?
- O Parque Rolf Colin foi mais uma quimera?
- Existe o projeto da ponte do Ademar Garcia? Alguém viu?
- A Praça Dario Sales vai seguir com tapume quantos anos mais?
- Há vagas suficientes nos CEIs para todos ou é outra patranha?
- O ar condicionado das escolas que não tem instalação elétrica capaz de comportar a carga adicional?
- Todas as escolas tem internet?
- Há uma indústria da multa?
- Há razões técnicas que justifiquem a colocação de 2 pardais em menos de 200 metros na rua Albano Schmidt?

A lista é longa. As respostas poucas vezes respondem o que o eleitor quer saber e o resultado é que cada vez a distância entre a Joinville idílica das propagandas e a Joinville real se agiganta e hoje é intransponível.

A maioria do eleitorado de Joinville não sabe o que é uma boa gestão municipal. Não sabe porque ainda não conheceu uma. Qual foi o ultimo bom prefeito que Joinville já teve? Nas últimas décadas a cidade tem sido mal administrada o resultado é que temos nos acostumado a esta mediocridade a esta inépcia que tem se convertido no referente de quem não conhece outra coisa.

Qualidade, obra bem feita, praças bem cuidadas, aquilo que comumente se denomina zelo não existe mais. Chegamos a um ponto em que aceitamos qualquer coisa. Até acreditar que ter mãos limpas seria o motivo para eleger o próximo prefeito. As nossas expectativas são tão rasas, que estamos até concordando em aceitar quatro anos mais de nada. E já somaremos mais de 20.

Não há cidade que resista a tanta incompetência. Nem a mais resiliente das sociedades pode aceitar bovinamente calada uma praga como esta por tanto tempo. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A juventude que luta. E transforma!















POR LIZANDRA CARPES

Quando se observa um congresso nacional conservador, na sua maioria homens, brancos e de meia idade, que tem como suporte as alas fundamentalistas da sociedade, a concentração de poder, o judiciário e os conglomerados das mídias, nos dá a sensação de desesperança e retrocesso. No entanto, ao longo da história, principalmente entre o golpe militar de 1964 até o golpe sofrido este ano, a juventude não nos tem decepcionado. Provaram em vários momentos que estão alerta e aos trancos e barrancos estão prontos para lutarem por seus direitos. 

Nos “Anos de Chumbo” 1964-1985, a juventude foi referência da resistência. Tanto que a perseguição era concretizada com tortura e morte. A resistência deu lugar a Democracia, o sonho era de um mundo justo e igualitário para todas as pessoas. De lá para cá foram as “diretas já”, “cara pintadas”, lutas contra as privatizações e tantas outras para reafirmar os direitos garantidos na Constituição Federal de 1988. 

Embora nossa juventude seja negligenciada, exterminada e violentada e estas ações se naturalizam na sociedade, a força que impulsiona o desejo por vida justa neste país, ainda pulsa dentro do coração jovem. É por esta razão que ataques aos direitos são tão importantes para calar a juventude, principalmente com cortes significativos na Educação. Sem contar o genocídio que será causado  com  PEC da redução da maioridade penal que afeta principalmente jovens em condições sociais vulneráveis. Se medidas emergenciais não forem tomadas a próxima geração, jovens do futuro, estará condenada a pagar pelos erros cometidos e pela omissão desta geração.   

Acreditar neste potencial de energia que é a juventude é papel dos que já tem uma caminhada de luta um pouco mais longa. Dar suporte para as ocupações nas escolas é apostarmos em um novo modelo de sociedade, um novo modelo educacional, que pode promover mudanças de cultura e comportamento. Ocupar e resistir com o apoio dos movimentos e organizações de defesa de direitos fortalece as ações e encoraja ainda mais o protagonismo jovem. 

Nunca foi tão atual o “Coração de Estudante”, de Milton Nascimento: “Já podaram seus momentos/Desviaram seu destino/Seu sorriso de meninx/Quantas vezes se escondeu/Mas renova-se a esperança/Nova aurora a cada dia/E há que se cuidar do broto/Pra que a vida nos dê/Flor, flor e fruto.”

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A tarefa histórica desta geração

POR FELIPE SILVEIRA

Em 1868, enquanto os Estados Unidos já tinham 358.863 manufaturas, o Brasil contava com apenas 200. Em 1854, a Inglaterra, muito menor do que o Brasil, já contava com 5 mil quilômetros de estradas de ferro. O Brasil apenas com 14,5 quilômetros, que servia para levar a corte do Rio de Janeiro para o verão em Petropólis. O Brasil assim se subdesenvolvia, apesar das tentativas do Visconde de Mauá de convencer o Império a financiar o desenvolvimento nacional.

As informações são de Laurentino Gomes, no livro 1889, sobre a República no Brasil. Trago para o presente para mostrar que persistimos o erro de fazer tudo para não se desenvolver, apesar de algumas tentativas históricas. O erro atual, mais do que a #PECdaMorte (o nome é esse porque vai resultar em morte de gente pela falta de hospitais, médicos, vigilância sanitária…), é a incapacidade de discutir as verdadeiras saídas para nosso problema econômico.

As pessoas dizem que não dá pra gastar um dinheiro que não tem. Pois dinheiro tem. Só que ele é torrado de um jeito todo errado, indo direto para o bolso dos mais ricos. A crise e o rombo existem, mas dá pra arrumar de outras formas. A PEC é um jeito de piorar tudo.

A primeira coisa a fazer é uma auditoria da dívida. Há indícios de fraude da dívida pública e a auditoria está prevista na Constituição Cidadã de 88. Vamos fazer e aí saberemos o valor real da dívida. Se não houve fraude, ok. Mas temos que conferir antes. O Brasil paga juros altíssimos aos rentistas. Rentista é quem vive dessa renda de investimentos, um negócio cada vez mais comum pra quem tem uma grana acumulada. É por onde escoa a grana do Brasil. Só o Itaú lucrou 23,3 bilhões de reais no ano passado, com um aumento de 15% em relação a 2014. Você acha que o Itaú produziu muita coisa ou achou a mina de ouro do governo? Dá pra pagar menos juro, bem menos.

Mais importante do que tudo isso, na minha opinião, é fazer uma reforma tributária com justiça social. Isso significa que a classe média, que hoje paga 27% de Imposto de Renda, tem que pagar menos. Esse dinheiro economizado aí volta para o país, via consumo de bens e serviços. O imposto sobre mercadoria tem que diminuir, especialmente as mais básicas, desonerando o pobre e dinamizando a economia.

Isso significa que, sim, os ricos têm que pagar mais impostos. O Brasil é o paraíso para os ricos. Um lugar abençoado por Deus e lindo por natureza, com mão de obra barata e isenção de lucros e dividendos - é o único lugar do mundo assim (a Estônia, o outro país que isenta lucro e dividendo, não é muito abençoada). Dizem que o rico vai fugir daqui se cobrarmos mais impostos e taxas deles, mas quero ver quem vai se mudar pro Sudão. Pra viver nos EUA e na Europa tem que pagar mais.

Estes são apenas alguns elementos do debate. Há outras medidas que podem ser discutidas para tirar o Brasil da crise, que, repito, existe e é muito grave. O que não dá é aceitar uma proposta que vai aumentar a crise e promover um verdadeiro genocídio contra a população brasileira.

Se há uma tarefa histórica desta nossa geração, esta é barrar a #PECdaMorte. Se ainda não sabemos como fazer isso, uma maneira de tentar descobrir é ir à rua na próxima segunda, dia 24 de outubro, a partir das 18 horas. Nossa tarefa pontual é colocar o Brasil todo na rua e isso só vai acontecer se, em cada cidade, nós levarmos nossos amigos e familiares pra lá. Esta é uma tarefa de todos nós.

"Fuja, Lula, fuja". Mas ele não foge...
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Desde a sexta-feira passada circula a informação da iminente prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não é um fato de somenos. Se vier a acontecer, as consequências são imprevisíveis e nenhuma delas tem como contribuir para a estabilidade no país. Uma pergunta circula: a anunciada prisão teria base legal? Parece que não. E isso viria escancarar de vez a morte do estado de direito no Brasil. É a última pá de cal sobre a insipiente democracia brasileira.

Pessoas ligadas ao ex-presidente dizem que, mesmo tendo a liberdade em risco, ele se recusa a abandonar o Brasil. A principal razão é óbvia: um exílio prejudicaria a sua defesa, resultaria em perda de credibilidade e também contribuiria para enfraquecer o já combalido Partido dos Trabalhadores. E não podemos esquecer que obrigaria a abrir mão de concorrer à presidência em 2018. As mesmas pessoas dizem que, caso venha a ser preso, Lula pretende empreender o seu combate político a partir do cárcere.

Há o outro lado. Corre entre partidários do ex-presidente a tese de que ele deve pedir asilo político ou abrigar-se em alguma embaixada. Seria uma situação limite. Eis a questão: o que você, leitor ou leitora, faria se estivesse na pele de Lula, correndo o risco de ir para a prisão de forma arbitrária? Eu diria: “fuja, Lula, fuja”. Por quê? Porque é impossível contar com a Justiça num país onde o estado de direito tem sido atropelado repetidas vezes, sem qualquer reação dos poderes, da imprensa ou da sociedade. 

Enfim, se estivesse no lugar de Lula dava um jeito de ir viver em outro país. Há impedimentos éticos e morais a considerar porque, como diz o povo, “quem não deve não teme”. Mas isso só se aplica a estados de direito e há tempos o Brasil abandonou essa condição. A presunção de inocência foi substituída por uma (i)lógica perversa: primeiro escolhe o “criminoso”, depois tenta saber qual é o crime. Lula vai ficar, claro. Mas a que preço?

A velha imprensa não disfarça a opção pelos torcionários. E está à espera de um espetáculo que permita obter audiências. Não vamos esquecer que o juiz Sérgio Moro é um homem tocado pela vaidade. E os ególatras adoram show off. A prisão seria televisionada. Haveria uma profusão de imagens. Lula algemado é um pitéu pelo qual a velha comunicação social saliva há muito. Tudo para gáudio de uma plateia de neanderthals políticos que babam na gravata... e nas redes sociais.

É arbitrário? Claro.  O que pode resultar daí? A patuleia conservadora, tonta pelo ódio de classe, vai comemorar. Mas entre os apoiadores do ex-presidente há quem fale em sair às ruas em reação. É aí que mora o perigo. Ninguém sabe o que pode acontecer. Aliás, é apenas isso o que impede a direita e os seus áulicos togados de darem esse passo: a prisão de Lula pode gerar um furdunço danado. Quem arrisca?

O Brasil virou uma babel jurídica, moral e ética. Para uns há a condução coercitiva, para outros endereços nunca encontrados. As “convicções” substituem as provas. Arbitrariedades cometidas de “boa-fé” têm valor de lei. Juízes instituem as penas mesmo antes do julgamento. Sob o manto da delação, corruptos viram heróis das massas ignaras. O linchamento midiático vem antes dos processos.

A inquisição promovida por Moro e a sua camarilha não deixa espaço para a racionalidade. Não se deseja justiça, mas vingança. De qualquer forma, ninguém duvida que Lula vai enfrentar a situação de peito aberto, porque tem uma história por zelar. Mas todos devem temer pela vitória da irracionalidade e as suas consequências. Porque a morte do estado de direito é a ditadura a mostrar a sua cara. 

É a dança da chuva.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A quem interessa?













POR RAQUEL MIGLIORINI

Como é inerente à minha profissão e formação, não consigo ver nada desconectado. A Terra é um lindo emaranhado de espécies que se relacionam entre si e com o ambiente, formado os Ecossistemas. E quando começo a falar nisso as pessoas se levantam, mudam de assunto e pensam “lá vem aula”. Não se preocupem, não vem aula. Só a pergunta: como pode esse assunto ser tratado de forma secundária, como se nossas vidas não dependessem do perfeito funcionamento natural?

Nesse clima pré-eleição municipal, os jornais da cidade nos colocaram a par das principais propostas dos 2 candidatos ao Executivo e parece que a preocupação deles com a  área ambiental não é mesmo o forte. Nos planos completos, vemos mesmices e mais mesmices. Não há nenhuma citação sobre como colocarão as propostas em prática, deixando claro que estão lá para mera figuração.

Darci de Matos fala sobre esgoto, tratamento de água, despoluição do Cachoeira, efluentes industriais. Parece desconhecer totalmente o que acontece na cidade nos últimos anos. Poderia se informar sobre o TAC ( termo de ajustamento de conduta) que a prefeitura fez com o Ministério Público para despoluir a Bacia do Cachoeira. Aliás, desconhece o conceito de Bacia Hidrográfica e, como representante do Governador, deveria se preocupar em implantar a Outorga Onerosa em Santa Catarina, que fortaleceria os Comitês de Bacias Hidrográficas e estancaria essa farra das empresas em retirar água de qualidade  e gratuita dos nosso rios.

Darci  propõe diminuir as perdas na distribuição de água pela cidade. Louvável. Mas antes teria que impedir a destruição das matas ciliares no Piraí e nas margens do Rio Cubatão, assim como impedir as invasões e loteamentos clandestinos na APA Serra Dona Francisca. E, claro, implantar de forma efetiva o tratamento dos efluentes domésticos em toda área rural.

Ainda, o candidato do PDS quer criar unidades de conservação urbanas e rurais. Por que?? Mal o município dá conta de cuidar das que já existem. Falta implementar as ações dos planos de manejo em algumas e realizar o plano em outras. Fiscalização e Educação Ambiental passam longe.

Udo Döhler  tem um programa relativamente bom para o papel. Fica difícil acreditar, pois não realizou ações básicas em 4 anos e ainda sucateou toda a fiscalização da Secretaria do Meio Ambiente (SEMA). Posso citar o exemplo de Vitória/ES, que conseguiu impedir ocupações irregulares em manguezais, Morros e Unidades de Conservação investindo em fiscalização e educação. Receita simples e eficiente, mas desprezada por quem diz entender de gestão.

Para o jornal, o candidato Udo diz que implantará uma  Unidade Móvel de Castração de Animais. Proposta oportunista que não constava no plano protocolado para a candidatura. De olho nos quase 8000 votos que duas vereadoras eleitas e da causa animal receberam, veio com essa saída. Se estudasse um pouco, saberia que esse tipo de Unidade só é possível em cidades que possuem curso de Medicina Veterinária. É uma normativa do CRMV. Estava em estudo uma parceria com IFSC/Araquari e o prefeito sabia disso. Por que não implantou antes? Aliás, se é tão preocupado com esse tema, por que demorou tanto para realizar o credenciamento das clínicas para as castrações, desperdiçando todo recurso financeiro e humano empregado no processo anterior?

No mais, nem a jardinagem que ficou a cargo da SEMA está sendo executada. O foco ambiental do candidato Udo é apenas o licenciamento ambiental. Claro que não é visando a preservação ambiental.

Afinal, quem quer saber desse assunto?

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Lá do andar de cima, Freitag manda recados para Udo e Darci

POR JORDI CASTAN



Liebe Udo, eu não insistiria tanto na limpeza das mãos. Já lhe disse antes que se precisa falar tanto da higiene das suas mãos boa coisa não deve ser. Na minha época de prefeito nunca precisei dizer que era honesto o joinvilense sabia. Na política, como no dia a dia, não é preciso dizer aquilo que todos sabem. Vou lhe dizer mais: não precisei gastar toda essa babilônia que você tem gastado em publicidade e propaganda. Aliás, se Goebels visse ia dizer que há poucos tão aplicados como você neste tema da propaganda.

Eu até acredito que você vai ganhar no segundo turno, menos pelos seus méritos e mais porque o outro candidato não tem fôlego para chegar. Mas numa conversa com o Nilson, o Balthazar e o Helmut, concordamos que não se fazem prefeitos como antigamente. O Balthazar, inclusive, chegou a fazer uma piada e disse entre gargalhadas que ser alemão já não é garantia.

É bom lembrar que ter criado a Consul e a Embraco não é a mesma coisa que ter dirigido a Dohler. Ainda bem que agora ninguém mais diz que você é outro Freitag. Sabe muito bem que Freitag só teve um e a melhor prova é ser lembrado com saudade e citado como um dos melhores prefeitos que Joinville já teve. E isso depois de 30 anos. Acho que você terá sorte se o eleitor esquece rápido tudo o que você deixou de fazer. Eu prometi pouco e fiz muito, você preferiu prometer muito e fazer pouco, são duas formas de ser e de fazer.

Estou com saudade daqueles marrecos recheados, aqui os que temos não tem o mesmo gosto e a cerveja tem mais gosto de milho que de cevada.


Darci... quanto tempo desde que você era técnico agrícola na Fundação. Que longo caminho percorreu. Nunca duvidei da sua ambição, mas não imaginei naquela época que você chegaria tão longe. Ainda que nos últimos anos, escutei alguns colegas daquela época, comentar, não sem uma certa inveja o muito que você tinha progredido. Sabe que este é um mundo pequeno e tudo se sabe.

Sobrou muito pouco do Darci que conheci naquela época. Não sei se hoje o reconheceria se cruzássemos na rua. Daqui onde estou hoje escuto muitas coisas que me custam de acreditar. Pode até ter muito exagero e maledicência, mas você sabe muito bem que quando o rio faz tanto barulho é porque traz pedras. Dos seus colegas daquela época, acredito que nenhum chegou tão longe e soube multiplicar seu patrimônio, como você.

Até estava pensando sugerir ao Udo que, caso ele ganhe, o nomeie para a Secretaria da Fazenda. Vai que com essa capacidade ele deixa de reclamar da falta de dinheiro e começa a fazer coisas. O Helmut sugeriu que se o resultado fosse diferente e você ganhasse, deveria lhe sugerir que nomeasse o Udo para Secretario de Gestão, ainda que o que ele deve preferir seria o cargo de comandante da Guarda Municipal. Seria bom para a sua biografia se acabasse alguma das coisas que começou e não acabaria sua vida pública de uma maneira tão melancólica. 

Fizemos um bolão sobre quem ganharia o segundo turno e se as pesquisas se confirmarem ninguém vai ganhar muito, mas quem vai perder mesmo é Joinville que corre o risco de ficar outros quatro anos estagnada. O Nilson disse que Joinville vai avançar para trás. Como você ainda é jovem terá outras oportunidades de ser candidato, a nossa dúvida é se Joinville vai aguentar até lá. O Balthazar desde sua sabedoria perguntou que fez Joinville de tão ruim para merecer tanto azar. 

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

O Brasil avança firme para o século 20: rico é rico, pobre é pobre
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Faz pouco mais de 20 anos que saí do Brasil. Lembro que, naquele altura, o país vivia uma espécie de apartheid social. Ricos para um lado, pobres para outro. Quem me conhece sabe que sempre uso o exemplo do “elevador de serviço” e “elevador social” como metáfora daqueles tempos. É uma forma de duzer que não havia misturas, porque cada um sabia o seu papel na sociedade. Fico aqui a lembrar como era o fim do século 20.
-       Imaginem que naquele tempo as universidades eram coisa só para gente rica. Eu próprio só fui para a universidade porque o meu pai tinha alguns recursos, ainda que parcos. Quando era calouro na Faculdade de Engenharia de Joinville, a minha turma era toda de gente de classe média (para cima) e só tinha um cara que a gente podia chamar de “pobre”. É claro que o coitado não sentou nas cadeiras da faculdade por muito tempo, porque a faculdade era em período integral e ele tinha que trabalhar.
-       A saúde também era diferente. Quem dependesse dos serviços públicos estava palpos de aranha. Não havia um modelo como o atual SUS, que tem os seus defeitos mais vai atendendo. O antigo INPS não oferecia dignidade e era um recurso usado apenas pelos pobres. O pessoal com grana tinha planos de saúde privados ou apenas dinheiro para se defender nas emergências. Tem uma coisa que os mais novos nem sonham: o SAMU era uma miragem. Não existia.
-       A política era dominada pela plutocracia, que se confundia com os oligarcas e os seus acólitos. Ou seja, os donos do poder enquistavam os seus títeres nas estruturas de poder (Legislativo e Executivo) com o objetivo de proteger os interesses do topo da pirâmide. Quem não se lembra da expressão Belíndia? Uma parte do país era a Bélgica, onde viviam os ricos. A outra era a Índia, onde eram circunscritos os pobres. Nesse tempo, o Partido dos Trabalhadores ainda engatinhava e os seus militantes eram mesmo perseguidos. O partido era a voz dos mais desfavorecidos e propunha mudanças, o que incomodava os conservadores.
-       O Poder Judiciário era respeitado. Ou melhor, temido. Mas já naquele tempo os caras ligados a atividades judiciais (pelo lado do Estado) davam um jeito de tirar o máximo de proveitos do sistema. Os aumentos salariais e de benefícios foram sempre muito generosos. Os trabalhadores do Judiciário sempre formaram um elite intocável, que se destacava pelo elevado estatuto social.
-       A imprensa tinha alguns títulos combativos (a espasmos) e contava com jornalistas respeitáveis. Mas estiveram sempre sujeitos a interferências das leis do mercado e os humores do poder. No entanto, além de uma ou outra peitada esporádica, no frigir dos ovos a maioria esteve sempre alinhada com o poder. Podia dizer que as coisas eram muito parecidas com o que temos atualmente. Mas não. Hoje é muito pior.
Ops! Pensando melhor, parece que o golpe aplicado pela direita teve esse efeito: fazer o Brasil avançar para o século 20. E trazer aquela velha necessidade que a Casa Grande tem de pôr a senzala no seu devido lugar. Rico é rico, pobre é pobre. 

“O Brasil não é só de gente como nós (…) existe gente pobre”.
Michel Temer

“Se não tem dinheiro, não faz faculdade”.
Nelson Marquezelli

“A primeia vez que eu tentei carregar um pobre no meu carro eu vomitei por causa do cheiro“.

Rafael Greca

É a dança da chuva.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Je (ne) suis Udo!
















POR FILIPE FERRARI

Agitou as terras facebookianas e joinvilense nas últimas semanas a determinação judicial de suspender o Facebook por conta da ação movida pelo prefeito Udo Döhler. Pelo que li e que conversei com algumas pessoas ligadas à campanha de reeleição do prefeito, a principal reclamação eram as postagens que ligavam a imagem do senhor Döhler ao nazismo.

Em uma cidade onde a germanicidade ainda é insistentemente ligada ao nazismo, esse pedido é nada mais que justo. Há hoje nas discussões políticas polarizadas no país um reducionismo no uso dos termos. Qualquer um hoje passa a ser fascista, comunista, ou, no caso do prefeito, nazista. Há que se compreender que uma afirmação como esta encerra uma série de problemas. Primeiro, chamar alguém de nazista é partir de um conceito que não há debate. É reductio ad hitlerum, também conhecido como “Lei de Godwin”. O nazismo é visto como o mal supremo, e alegar que alguém é nazista é querer retirar do adversário no debate qualquer possibilidade de argumentação, já que parte da invalidação da fala do outro. Segundo, volto a insistir que em Joinville há uma alusão recorrente à figura do “alemão nazista”, onde essa fala é comumente ouvida em diversos círculos políticos, referindo-se não apenas ao Udo, mas a qualquer outro “alemão”, confundindo germanicidade e nazismo, dois conceitos completamente diferentes um do outro.

Nada mais coerente que um candidato a prefeito sinta-se ofendido ao ser chamado de nazista. Toda e qualquer pessoa com um mínimo de brios deveria sentir-se assim. Entretanto, recorro aqui também a uma outra postagem que vi em outra paragem virtual: Udo provou a eficácia e a competência de seus advogados ao conseguir a suspensão da página (bem ruim, por sinal) do “Hudo Caduco”. Essa mesma força advocatícia e agilidade de resposta poderiam ser usadas para realizar a licitação do transporte público, a desapropriação dos terrenos para terminar (se é que começou) a duplicação da Santos Dumont, para regularizar e fiscalizar o Simdec, e diversos outros pontos que foram magistralmente levantados  pelo Jordi Castan aqui.

Em tempos de radicalização e polarização política, as terminologias têm se perdido. Àqueles que sempre primaram pela discussão justa e limpa cabe não cair no jogo de seus detratores, e não apelar para táticas sujas e rasteiras. E chamar alguém de nazista, é algo MUITO sujo e rasteiro.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Criança feliz...













POR RAQUEL MIGLIORINI

Criança feliz... quebrou o nariz... foi para o hospital... e não tinha leito... não tinha medicamento... não tinha Mais Médicos. A Criança Feliz, sem entender, disse que era dia dela. Que, segundo a Constituição Brasileira e a Unicef, ela deveria ter acesso à Saúde de qualidade. E mais: direito à Educação, amor e à proteção especial. Estava lá, na Declaração Universal do Direito das Crianças e na Emenda Constitucional nº 26.

Pobre Criança Feliz. Está difícil entender tanta coisa em tão pouco tempo. Para nós, adultos, também não está fácil. Por exemplo, o lançamento do Programa Criança Feliz (que reinventou a função beneficente da primeira-dama) e a aprovação da PEC 241, que limita os gastos públicos do Governo Federal. No programa da primeira-dama, art. 5º diz que “O Programa Criança Feliz será implementado a partir da articulação entre as políticas de assistência social, saúde, educação, cultura, direitos humanos, direitos das crianças e dos adolescentes, entre outras”.

Mas como eles articulam políticas públicas sem dinheiro, gente? Se limitam os gastos para esporte, cultura, saúde e educação (esses últimos a partir de 2018) e se querem atendimento domiciliar para crianças atendidas pelo Bolsa Família nos primeiros cinco anos de idade, com profissionais treinados e capacitados, da onde virão os recursos?  Você consegue entender, pobre criança?

Outra coisa que me deixa pensativa é todo o programa ser amparado no desenvolvimento da criança na primeira infância quando todos sabem que não existem vagas e creches em qualidade e quantidade suficientes. A primeira-dama sabe, certamente, que nem todos nascem em berço de ouro ou podem se dar ao luxo de pagarem escolas particulares e babás, abandonarem seus empregos ou qualquer outra ação que melhore a vida da criança.

Para terminar, querido infante, não quero lhe causar ansiedade mas o que te espera no Ensino Médio não é nada alentador. O assistencialismo a que se propõe esse nosso novo Governo não entende Artes e Educação Física como disciplinas importantes e, portanto, serão retiradas dos currículos obrigatórios.

Não, criança, não consultaram especialistas, não ouviram a população. Se nem a Procuradoria Geral da União eles escutam, quanto mais nós, pobres mortais. Ah, e os recursos do pré-sal que seriam usados em Educação continuam valendo, só que em outro país.

Pobre Criança...