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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Je (ne) suis Udo!
















POR FILIPE FERRARI

Agitou as terras facebookianas e joinvilense nas últimas semanas a determinação judicial de suspender o Facebook por conta da ação movida pelo prefeito Udo Döhler. Pelo que li e que conversei com algumas pessoas ligadas à campanha de reeleição do prefeito, a principal reclamação eram as postagens que ligavam a imagem do senhor Döhler ao nazismo.

Em uma cidade onde a germanicidade ainda é insistentemente ligada ao nazismo, esse pedido é nada mais que justo. Há hoje nas discussões políticas polarizadas no país um reducionismo no uso dos termos. Qualquer um hoje passa a ser fascista, comunista, ou, no caso do prefeito, nazista. Há que se compreender que uma afirmação como esta encerra uma série de problemas. Primeiro, chamar alguém de nazista é partir de um conceito que não há debate. É reductio ad hitlerum, também conhecido como “Lei de Godwin”. O nazismo é visto como o mal supremo, e alegar que alguém é nazista é querer retirar do adversário no debate qualquer possibilidade de argumentação, já que parte da invalidação da fala do outro. Segundo, volto a insistir que em Joinville há uma alusão recorrente à figura do “alemão nazista”, onde essa fala é comumente ouvida em diversos círculos políticos, referindo-se não apenas ao Udo, mas a qualquer outro “alemão”, confundindo germanicidade e nazismo, dois conceitos completamente diferentes um do outro.

Nada mais coerente que um candidato a prefeito sinta-se ofendido ao ser chamado de nazista. Toda e qualquer pessoa com um mínimo de brios deveria sentir-se assim. Entretanto, recorro aqui também a uma outra postagem que vi em outra paragem virtual: Udo provou a eficácia e a competência de seus advogados ao conseguir a suspensão da página (bem ruim, por sinal) do “Hudo Caduco”. Essa mesma força advocatícia e agilidade de resposta poderiam ser usadas para realizar a licitação do transporte público, a desapropriação dos terrenos para terminar (se é que começou) a duplicação da Santos Dumont, para regularizar e fiscalizar o Simdec, e diversos outros pontos que foram magistralmente levantados  pelo Jordi Castan aqui.

Em tempos de radicalização e polarização política, as terminologias têm se perdido. Àqueles que sempre primaram pela discussão justa e limpa cabe não cair no jogo de seus detratores, e não apelar para táticas sujas e rasteiras. E chamar alguém de nazista, é algo MUITO sujo e rasteiro.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Udo, Caduco, Darci, Zucker e até Paulo Coelho nas eleições

















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Já escrevi aqui que, se não pisar na bola, Darci de Matos tem tudo para ganhar o segundo turno das eleições para a Prefeitura de Joinville. E para começar o deputado deu um passo acertado, ao não negociar o apoio dos candidatos que ficaram no primeiro turno, principalmente Marco Tebaldi e Carlito Merss. Além de não serem capazes “transferir” votos, os dois aportariam uma rejeição de que o candidato do PSD não precisa. Aliás, esse foi um dos erros de Kennedy Nunes há quatro anos (lembram do KCT?).

O acaso também conspira a favor. E as coisas estão a correr melhor do que o esperado, porque Darci de Matos teve uma ajudinha da campanha do próprio Udo Dohler. O time do prefeito deu um tremendo tiro no pé ao partir para a judicialização do nada. O fator “Hudo Caduco”, acreditem, pode ter influência nas eleições. É certo que o perfil humorístico foi retirado e o Facebook de Zuckerberg continua no ar. Mas a coisa respingou sobre Udo Dohler.

O episódio ajuda a reforçar a imagem autocrática do prefeito. Mas tirar o Facebook do ar – uma rede social que o eleitor entende como “propriedade” de todos – é ir longe demais. Ok... todos sabemos que não foi bem assim (afinal, foi o juiz o autor do fogo amigo) mas em política vale mais a percepção do que a realidade. Perder tempo com um perfil de humor no Facebook foi um erro grosseiro. E com custos para a imagem do prefeito. Aquila non capit muscas (a águia não caça moscas). Ah... e até o escritor Paulo Coelho entrou no barulho (ver abaixo).

Ontem surgiram dados importantes. A pesquisa divulgada pelo Ibope mostra que Udo Dohler passou de 45%, no primeiro turno, para 47% de preferências no segundo. O crescimento raquítico de dois pontos percentuais pode indicar que a candidatura atingiu o ponto de estagnação. Por seu turno, Darci de Matos passou de 27% para 41%, ou seja, um crescimento de 14 pontos. Será uma tendência? De qualquer forma, a margem de erro permite descortinar alguns cenários, entre eles o empate técnico.  A entourage de Udo Dohler deve estar a ter suores frios.

O que deve decidir o resultado das eleições é o número de brancos e nulos, que chega aos significativos 10% na pesquisa. É esse o palco da luta pelo voto. Darci de Matos pode estar em vantagem, porque, como já foi escrito aqui, Udo Dohler não consegue se livrar da rejeição de expressiva parte do eleitorado. E a escolha para o segundo turno pode ser definida por um fator: o prefeito não será escolhido pelas qualidades de um, mas pelos defeitos do outro. Que sina, Joinville.

É a dança da chuva.