POR LIZANDRA CARPES
Quando se observa um congresso nacional conservador, na sua maioria homens, brancos e de meia idade, que tem como suporte as alas fundamentalistas da sociedade, a concentração de poder, o judiciário e os conglomerados das mídias, nos dá a sensação de desesperança e retrocesso. No entanto, ao longo da história, principalmente entre o golpe militar de 1964 até o golpe sofrido este ano, a juventude não nos tem decepcionado. Provaram em vários momentos que estão alerta e aos trancos e barrancos estão prontos para lutarem por seus direitos.
Nos “Anos de Chumbo” 1964-1985, a juventude foi referência da resistência. Tanto que a perseguição era concretizada com tortura e morte. A resistência deu lugar a Democracia, o sonho era de um mundo justo e igualitário para todas as pessoas. De lá para cá foram as “diretas já”, “cara pintadas”, lutas contra as privatizações e tantas outras para reafirmar os direitos garantidos na Constituição Federal de 1988.
Embora nossa juventude seja negligenciada, exterminada e violentada e estas ações se naturalizam na sociedade, a força que impulsiona o desejo por vida justa neste país, ainda pulsa dentro do coração jovem. É por esta razão que ataques aos direitos são tão importantes para calar a juventude, principalmente com cortes significativos na Educação. Sem contar o genocídio que será causado com PEC da redução da maioridade penal que afeta principalmente jovens em condições sociais vulneráveis. Se medidas emergenciais não forem tomadas a próxima geração, jovens do futuro, estará condenada a pagar pelos erros cometidos e pela omissão desta geração.
Acreditar neste potencial de energia que é a juventude é papel dos que já tem uma caminhada de luta um pouco mais longa. Dar suporte para as ocupações nas escolas é apostarmos em um novo modelo de sociedade, um novo modelo educacional, que pode promover mudanças de cultura e comportamento. Ocupar e resistir com o apoio dos movimentos e organizações de defesa de direitos fortalece as ações e encoraja ainda mais o protagonismo jovem.
Nunca foi tão atual o “Coração de Estudante”, de Milton Nascimento: “Já podaram seus momentos/Desviaram seu destino/Seu sorriso de meninx/Quantas vezes se escondeu/Mas renova-se a esperança/Nova aurora a cada dia/E há que se cuidar do broto/Pra que a vida nos dê/Flor, flor e fruto.”