quinta-feira, 26 de novembro de 2015
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Joinville na UTI
POR JOSÉ ALUÍSIO VIEIRA - DR. XUXO
Parece que Joinville não é mais aquela cidade
ordeira e que nos orgulhávamos de tudo o que aqui existia e criávamos. A Cidade
das Flores, das Bicicletas, a Manchester Catarinense está na UTI.
Éramos
orgulhosos de sermos os primeiros em tudo. Com o tempo, através dos anos, não
soubemos acompanhar e ordenar nosso crescimento e fomos ficando para trás.
Nossos vizinhos catarinenses estão mais
organizados. Itajaí já nos vence na arrecadação de ICMS. As entradas da cidade
são todas duplicadas e a mais ao sul com jardins e ciclovias. Em Balneário
Camboriú amplas avenidas que desafogam o trânsito e a implantação do esgoto
sanitário vai a todo vapor.
Quando olhamos Jaraguá do Sul vemos avenidas
bem asfaltadas, teatro em pleno funcionamento, belíssimo ginásio de esporte e
dois hospitais superbem equipados dando segurança a população. Por falar em
segurança, já passamos dos 100 casos de homicídios este ano e os tiroteios de
quadrilhas de traficantes nos nossos bairros matam até crianças.
Há insegurança para qualquer pessoa chegar em
casa. Nosso índice de desenvolvimento urbano de 0,809 é menor que de
Florianópolis, Balneário Camboriú e Joaçaba. Um estudo da revista Exame mostra
que nossos índices de governança, saúde e emprego da tecnologia digital estão
abaixo de 50% do esperado e que a educação, de que tanto nos vangloriamos, está
40% abaixo também.
Na avaliação geral estamos pior que Blumenau
e Florianópolis. Especialistas em mobilidade urbana estão divididos quando ao
uso de elevados. Mas para avaliar a capacidade de trazer recursos e resolver
problemas dessa natureza, alerto que nos últimos anos Florianópolis construiu
mais de 20 e Joinville nenhum. Todos nós conhecemos os maravilhosos elevados da
saída da ponte no lado da ilha. Nós não temos capacidade de duplicar por
completo a Avenida Santos Dumont e as entradas da cidade são uma vergonha.
O município gasta mais de 30% em saúde. Isso
não significa que o atendimento é bom. A sempre esquecida população da zona sul
cresce quando se somam a ela populações da cidades vizinhas que buscam
atendimento em Joinville. Somente um PA 24 horas, construído há 30 anos, para
atender uma população maior que 300 mil.
Estamos ou não na UTI?
Há muitos outros desafios, mas há cura. Fazer
um grande diálogo com a sociedade joinvilense. Buscar entre o empresariado,
comunidade acadêmica, líderes comunitários, entre todos de boa vontade e de bem
forças e união para vivermos criarmos uma cidade com crescimento sustentável,
qualidade de vida, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente.
Depois, saber utilizar a tecnologia da informação para economizar recursos
financeiros e humanos e atender melhor a população.
Afinal é disso que Joinville precisa. Precisamos tirar Joinville da UTI.
terça-feira, 24 de novembro de 2015
A publicidade e um prefeito com tomates
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
De repente todo mundo desatou a falar nos
gastos da Prefeitura de Joinville com publicidade. E tem para todos os gostos.
Um vereador quer dar mais R$ 16 milhões, outro quer cortar R$ 12 milhões e até
um pré-candidato a prefeito embarcou na onda, inundando as redes sociais com
filmes para lá de oportunistas a dizer que vai investir essa dinheirama em
outras áreas.
O problema é que pouca gente sabe do que está
a falar, com exatidão. Porque os municípios precisam investir em comunicação. E aqui
está o nó górdio: esse pessoal confunde “comunicação” com “publicidade”. Não é
a mesma coisa, óbvio. Mas o hábito do cachimbo deixa a boca torta. Nunca houve,
ao longo de décadas e décadas, um projeto de comunicação na Prefeitura de
Joinville.
Qual o problema? É que o dinheiro tem sido
historicamente investido em ações clientelistas. O toma-lá-dá-cá produz
silêncios, submissões e omissões. E também faz falar (bem). Quem nunca ouviu a
expressão “boca de aluguel”, por exemplo? Ou de gente da mídia que integrou
comitivas oficiais à custa do dinheiro público? Ou de jornais sem leitores que
têm sempre anúncios do poder público? E quem nunca usou a expressão “isso a
imprensa não mostra”?
Tudo isso tem um preço. E desde os tempos do
“yellow journalism”, que surgiu logo no início do capitalismo, sabemos que os
meios de comunicação dependem das verbas publicitárias. Hoje calcula-se, por
exemplo, que em média as publicações precisam obter 50% dos seus recursos
através da publicidade. Ou seja, há silêncios e falas condicionados pelas
verbas publicitárias.
Mas a questão deste texto é outra. As
prefeituras precisam manter estruturas de comunicação e isso exige dinheiro. Aliás,
vou cometer um atrevimento: é possível uma prefeitura ter um sistema de
comunicação que seja, também, uma fonte geradora de recursos. Como? Não me
perguntem. Há pessoas pagas para isso. Mas isso é possível desde que haja
ideias. Pena que as administrações públicas sejam o deserto da criatividade.
A comunicação (entendida num plano mais lato) é
necessária porque cumpre uma função social e comunitária. E isso é coisa que os anúncios
autopromocionais não fazem. Aliás, anúncios não são publicidade... são
propaganda. Qualquer pessoa com dois dedinhos de testa percebe a diferença
conceitual entre os dois termos. Se houver alguma imaginação e vontade política
é possível desenvolver um sistema de comunicação eficaz e que não deixe as
administrações municipais reféns dos sanguessugas da mídia.
O que é preciso para isso? Muito pouco. Basta um prefeito com os tomates no lugar. Infelizmente esses são raríssimos.
É a dança da chuva.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Udo Dohler: cortes para alemão ver
POR JORDI CASTAN
E mais. Na medida em que se aproxima o período eleitoral e que as obras seguem sem aparecer, é bom manter um orçamento generoso para publicidade. Uma boa parte do eleitorado gosta de acreditar nas mentiras que os políticos contam e quanto pior o resultado maiores os embustes.
Olhar os números de Joinville é mergulhar num mundo confuso, em que os valores nunca fecham, porque as informações são apresentadas de acordo com o interesse do administrador de plantão. E, na maioria dos casos, não só não fecham como não são verdadeiros. De fato, são o resultado da fantasia dos gestores e da amnésia da população, que não lembra ou não quer lembrar.
Um dos temas em pauta esta semana é a falta de dinheiro para algumas prioridades e a abundância de recursos para outras. Manter a verba de comunicação polpuda a qualquer custo é o desafio. O eleitor é surpreendido tanto pelo que não é divulgado pela imprensa local como pelas informações fantasiosas que, na forma de publicidade paga, de releases de imprensa ou de notas de assessoria, enchem páginas na imprensa local e minutos de rádio e televisão.
Para ter uma noção de quanto representa essa verba alguns dados comparativos. Os R$ 19,5 milhões previstos no orçamento para a SECOM (Secretaria de Comunicação) equivalem a quase três vezes o orçamento da Fundação Municipal 25 de Julho; são o dobro do da Procuradoria e o triplo do que custa o IPPUJ. A Secretaria da Habitação recebe 10 milhões, quase metade da SECOM.
Estatísticas são indecifráveis para o leitor médio de jornal e encriptadas para a maioria de telespectadores ou radiouvintes locais. Um exemplo: alguém arrisca a dizer qual o percentual de residências que ja tem saneamento básico! Em Joinville? Se acreditarmos nos números divulgados na gestão Carlito Merss, Joinville ja estaria hoje com a maioria da área urbana atendida. Mas os números mudavam com tanta frequência e era impossível ter qualquer tipo de informação veraz.
Um dia o presidente da Aguas de Joinville anunciava que a cobertura da rede de saneamento básico correspondia a 24% da área da cidade, dois dias depois o número miraculosamente aumentava para 28% ou 32%. Na semana seguinte, o diretor técnico poderia informar que os quilômetros de tubulação enterrados em Joinville equivaleriam a distancia entre Joinville e Vladivostok, dando uma voltinha pelo deserto de Gobi. Uma semana depois a assessoria de comunicação assegurava que 36% das unidades consumidoras estavam atendidas pela rede de saneamento básico.
Nos estertores do governo, os dados oscilavam diariamente, quase como a cotação do dólar em época de incerteza econômica. Agora a propaganda da CAJ (Companhia Aguas de Joinville) divulga que as casas atendidos passaram de 33 mil, em 2013, para 64 mil, em 2015. E inova ao projetar que os domicílios de Joinville com saneamento básico em 2018 serão 94 mil. Agora a moda é praticar o exercício da futurologia. Como se esta administração tivesse credibilidade para lançar-se a uma empreitada como esta. A impressão é que as coisas são feitas no achismo.
sábado, 21 de novembro de 2015
É a política, pá!
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A imprensa
brasileira ignorou, mas Portugal está a protagonizar um momento histórico na
política europeia. A coligação de direita PaF - Portugal à Frente, que governou
o país nos últimos quatro anos e alcançou a “reeleição” no início do mês, foi
derrubada no Parlamento por uma coligação dos partidos de esquerda. Opa! Pode
isso? Ganhar as eleições e não governar? Claro que pode.
Os leitores
brasileiros – mais familiarizados com o presidencialismo – talvez não entendam,
mas é um processo possível no parlamentarismo. A direita ganhou as eleições com
uma maioria relativa de 36,68% dos votos (104 deputados) e foi empossada. Mas acabou
apeada do poder por um bloco de partidos de esquerda (se considerarmos o
Partido Socialista de esquerda) logo na primeira sessão legislativa, destinada a apresentar o seu Programa de Governo. É possível? Sim.
Os partidos de
esquerda, que estão em maioria no Parlamento (Partido Socialista – 85
deputados, Bloco de Esquerda – 19 e Partido Comunista – 17), se uniram para apresentar
“moções de rejeição”. É um dispositivo que, quando aprovado, provoca a queda do
governo. Com o vazio de poder, os partidos mais à esquerda firmaram acordos que
permitirão ao Partido Socialista formar governo. Tudo depende agora da decisão do presidente da República.
O fato agitou as
águas políticas na Europa. É que ao longo dos anos o Bloco de Esquerda e o
Partido Comunista têm assumido posições anti-europeístas. E isso levanta
algumas dúvidas, porque o país acaba de sair de um programa de resgate financeiro
imposto pela Troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI) e continua
sob auscultação. Será uma nova Grécia, acusaram os conservadores tentando criar um clima de medo.
No entanto, a causa dessa reviravolta é
justamente o programa de resgate, que impôs um austeridade violentíssima ao país. Os portugueses foram às urnas demonstrar o desejo se
livrarem do governo de direita, que impôs medidas “para lá da Troika”. Ou seja,
uma austeridade mais rigorosa do que a exigida. Não é sem razão que recebeu a denominação de "austeritário" (uma mistura de austeridade com autoritário).
Os caras abriram a caixa das
maldades sem dó nem piedade. E os resultados falam
por si. Empobrecimento. Desemprego. Precarização do trabalho. Baixa atividade
econômica. Destruição do Estado Social. E um fato pelo qual o país ainda vai
pagar um preço: a emigração de quase meio milhão de portugueses, a maioria com
elevadas habilitações, em sua maioria para outros países da União Europeia.
O que se segue? Está
nas mãos do presidente conservador Cavaco Silva empossar o governo do Partido
Socialista. O que já deveria ter acontecido. Mas o presidente, com o seu
estilo bafiento, está a enrolar, enrolar, enrolar. É um homem picuinhas. No entanto, é provável
que, empurrado pelos fatos, na próxima semana ele venha a indigitar o novo governo. Até lá, cabe aos
portugueses aguentar o chororô da direita, que ainda não se conformou, e a inutilidade de um presidente que, por sorte, está em fim de mandato.
É a dança da chuva.
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