POR FELIPE CARDOSO
No Brasil do século
XX, passado o período da escravidão, os negros aos poucos foram silenciados.
Das senzalas foram para as favelas. Do trabalho escravo foram para o trabalho
mal remunerado e com poucos benefícios. A opressão, a violência e as falsas
promessas dos governantes confundiram e anestesiaram ainda mais aqueles que um
dia lideraram revoluções pela liberdade por todo o Brasil.
Na mídia eram poucos os que se destacavam. Na moda nem se fala. Cargos de chefia? Carro do ano? Férias no exterior? Tudo ilusão. Só conseguiram espaço na música e nos esportes. Passaram a desmerecer a luta do movimento negro. Alguns negros chegaram até a defender o opressor. Contentavam-se com migalhas, com sub-empregos, com presídios. Riam das piadas sobre a cor, sobre a raça e a etnia. Não podiam falar. Não queriam falar. Não tinham respaldo para falar.
Início do século XXI, assume um governo que diz ser para trabalhadores. Dão início as políticas de ações afirmativas, surgem leis para tentar corrigir os erros da escravidão. Cotas raciais e sociais. Os jovens moradores da favela descem os morros, saem da periferia para estudar em universidades. Mais programas de incentivo a propagação da cultura afro começam a surgir. Feriados no mês de novembro começam a ser sancionados em algumas cidades. Negros e negras começam a conhecer a sua história. Começam a se identificar com a sua cultura. Começam a ver beleza nos seus traços fisiológicos. Não querem mais alisar seus cabelos, não querem mais usar arco, querem usar lenços em seus cabelos cacheados. Os movimentos negros de todo o país começam a crescer, a movimentar mais pessoas, de todas as cores.
Recuperamos a nossa voz.
Falamos, escrevemos, gritamos, protestamos. Nós podemos falar o que sentimos. Vivemos a nossa verdadeira liberdade? Não, ainda estamos longe disso. Mas já demos um grande passo: começamos a entender e valorizar o poder que tem a AUTONOMIA DO PENSAMENTO. Não precisamos de ninguém para falar por nós. Nós mesmos podemos pensar e falar o que estamos sentindo e vivenciando. Nós podemos filmar e jogar na internet os abusos de autoridade, os casos de racismo e xenofobia. Podemos escrever em blogs e jornais. Organizar ações, passeatas e cobrar melhorias do governo. Escolher nossos verdadeiros representantes. Sim, nós podemos.
Não defendo e nem levanto bandeira para o PT, mas é inegável a importância do partido para que tudo isso acontecesse. Essa retomada da autoestima da população negra tem grande participação desse partido. Mas ainda somos minoria na política, ainda somos minoria na mídia, nos cargos de chefia… Ainda somos perseguidos por seguranças nos shoppings. Ainda somos assassinados pela polícia. Mas agora nós podemos falar, nós podemos mostrar, reivindicar.
Os casos explícitos de racismo nada mais são do que o reflexo de todas essas conquistas. A sociedade brasileira ainda tem na sua raiz o pensamento escravista que precisa ser desconstruído. A imagem do negro como bandido, serviçal, objeto sexual e tantos outros estereótipos pejorativos precisam ser destruídos. Muitas pessoas se incomodaram com essas conquistas, é evidente. O desconforto é por causa da corrente que, mais uma vez, foi quebrada. Nós queremos e merecemos mais. Não queremos migalhas, nem olhar piedoso do lobo em pele de cordeiro, que nos oprime diariamente e nos contenta com doações.
Devemos lutar por justiça para, assim, alcançarmos a igualdade. Não podemos retroceder, temos que avançar cada vez mais. Deixar claro a importância da nossa luta para o crescimento justo e igualitário do Brasil.
Questionar, estudar, interpretar, argumentar, reivindicar e criar. A autonomia do pensamento vem dessas ações. Todos nós somos capazes de realizá-los, devemos reconhecer e combater o nosso verdadeiro inimigo e lutar para que a cada dia o poder político, econômico, cultural e social seja popular. A democracia tem que ser plena.
Avante. A nossa voz garantirá a liberdade.
Na mídia eram poucos os que se destacavam. Na moda nem se fala. Cargos de chefia? Carro do ano? Férias no exterior? Tudo ilusão. Só conseguiram espaço na música e nos esportes. Passaram a desmerecer a luta do movimento negro. Alguns negros chegaram até a defender o opressor. Contentavam-se com migalhas, com sub-empregos, com presídios. Riam das piadas sobre a cor, sobre a raça e a etnia. Não podiam falar. Não queriam falar. Não tinham respaldo para falar.
Início do século XXI, assume um governo que diz ser para trabalhadores. Dão início as políticas de ações afirmativas, surgem leis para tentar corrigir os erros da escravidão. Cotas raciais e sociais. Os jovens moradores da favela descem os morros, saem da periferia para estudar em universidades. Mais programas de incentivo a propagação da cultura afro começam a surgir. Feriados no mês de novembro começam a ser sancionados em algumas cidades. Negros e negras começam a conhecer a sua história. Começam a se identificar com a sua cultura. Começam a ver beleza nos seus traços fisiológicos. Não querem mais alisar seus cabelos, não querem mais usar arco, querem usar lenços em seus cabelos cacheados. Os movimentos negros de todo o país começam a crescer, a movimentar mais pessoas, de todas as cores.
Recuperamos a nossa voz.
Falamos, escrevemos, gritamos, protestamos. Nós podemos falar o que sentimos. Vivemos a nossa verdadeira liberdade? Não, ainda estamos longe disso. Mas já demos um grande passo: começamos a entender e valorizar o poder que tem a AUTONOMIA DO PENSAMENTO. Não precisamos de ninguém para falar por nós. Nós mesmos podemos pensar e falar o que estamos sentindo e vivenciando. Nós podemos filmar e jogar na internet os abusos de autoridade, os casos de racismo e xenofobia. Podemos escrever em blogs e jornais. Organizar ações, passeatas e cobrar melhorias do governo. Escolher nossos verdadeiros representantes. Sim, nós podemos.
Não defendo e nem levanto bandeira para o PT, mas é inegável a importância do partido para que tudo isso acontecesse. Essa retomada da autoestima da população negra tem grande participação desse partido. Mas ainda somos minoria na política, ainda somos minoria na mídia, nos cargos de chefia… Ainda somos perseguidos por seguranças nos shoppings. Ainda somos assassinados pela polícia. Mas agora nós podemos falar, nós podemos mostrar, reivindicar.
Os casos explícitos de racismo nada mais são do que o reflexo de todas essas conquistas. A sociedade brasileira ainda tem na sua raiz o pensamento escravista que precisa ser desconstruído. A imagem do negro como bandido, serviçal, objeto sexual e tantos outros estereótipos pejorativos precisam ser destruídos. Muitas pessoas se incomodaram com essas conquistas, é evidente. O desconforto é por causa da corrente que, mais uma vez, foi quebrada. Nós queremos e merecemos mais. Não queremos migalhas, nem olhar piedoso do lobo em pele de cordeiro, que nos oprime diariamente e nos contenta com doações.
Devemos lutar por justiça para, assim, alcançarmos a igualdade. Não podemos retroceder, temos que avançar cada vez mais. Deixar claro a importância da nossa luta para o crescimento justo e igualitário do Brasil.
Questionar, estudar, interpretar, argumentar, reivindicar e criar. A autonomia do pensamento vem dessas ações. Todos nós somos capazes de realizá-los, devemos reconhecer e combater o nosso verdadeiro inimigo e lutar para que a cada dia o poder político, econômico, cultural e social seja popular. A democracia tem que ser plena.
Avante. A nossa voz garantirá a liberdade.