quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O buraco

POR SANDRO SCHMIDT
Dias atrás, houve uma discussão a respeito dos buracos nas ruas de Joinville: de quem era a responsabilidade sobre os dito cujos. Tenho a solução.

Vamos institucionalizar os buracos da cidade. Ninguém mais irá fechar os buracos. Eles serão patrimônio de Joinville. Serão tombados pelo IPHAN. Quem fechar um buraco na cidade, será multado pelo Patrimônio Histórico da cidade e pela Seinfra.

Os buracos serão catalogados, com sua localização, dimensões, data de abertura. E também serão homenageados de acordo com gestão em que foram abertos. Teremos o Buraco Prefeito Luiz Henrique da Silveira, Buraco Prefeito Marco Tebaldi, Buraco Prefeito Carlito Merss, Buraco Prefeito Udo Dohler.

A Fundema irá fiscalizar os buracos que ficarem cheios de água, pois ali se criaram biomas, onde provavelmente haverá sapos, pererecas, peixes. E, dependendo do tamanho do buraco, talvez até capivaras e jacarés .

Com todos os buracos protegidos em Joinville, o trânsito fluirá mais lento, ajudando os pedestres a atravessarem a rua nas faixas de pedestres já desgastadas.

Quando um novo buraco aparecer, poderemos inaugurá-lo, com direito a políticos de todo o Estado comparecendo a mais uma obra municipal. Chamaremos os padres que adoram abençoar obras da iniciativa pública e privada.

No CDL, ACIJ, AJORPEME, SINDUSCON serão criados grupos de trabalho para ver a melhor maneira de se abrir novos buracos dentro do perímetro urbano. Na Câmara de Vereadores será criado o Dia do Buraco. Comissões e mais comissões irão a Brasília buscar recursos para aumentar e financiar novos buracos. Também teremos um adendo à LOT, permitindo que se faça buracos na Estrada da Ilha, lógico, depois de uma consulta popular.

Para as pessoas mais humildes, será criado, pelo Governo Federal, o programa Meu Buraco Minha Vida, para que todos tenham seu tão sonhado buraco.

Por fim, resolvidos todos esses percalços e toda a comunidade se unindo em torno da preservação dos buracos da cidade, com vontade política e com a benção de Deus, resolveremos de vez essa questão que tanto incomoda a nossa sociedade.

Hay que endurecerse, pero con la ternura jamás



POR CLÓVIS GRUNER

Os médicos cubanos chegaram. E tiveram uma recepção digna de um país cuja elite é não apenas pouco solidária, mas pouco civilizada. Tudo muito diferente da experiência de 1999, quando os médicos trazidos por FHC e José Serra foram festejados como o “milagre que veio de Cuba”. O discurso do Conselho Federal de Medicina também era outro. Não se falava em falta de estrutura ou condições de trabalho. O problema era a ausência de uma política de interiorização que incentivasse médicos a atuarem em cidades longínquas. O principal contratempo, dizia-se, era salarial. Outra legenda, outros discursos.
 
Das inúmeras manifestações, algumas se destacaram pelo grau de indignidade. A mais vergonhosa foi a do aeroporto de Fortaleza, que reafirmou a imagem que insistimos em negar: a de um país racista, intolerante, preconceituoso e elitista. A cor regional quem deu foi o jornalista Paulo Eduardo Martins, titular de uma coluna em um dos telejornais de Curitiba (veja o vídeo aqui). A primeira parte da argumentação se sustenta em uma mentira. É claro que a situação da saúde pública no interior é problemática, mas as condições são precárias também nas grandes cidades. Não é por falta de estrutura e condições de trabalho que a maioria dos brasileiros se recusa a trabalhar no interior, e disso já sabia o CFM há mais de uma década. Sobre a segunda parte do argumento, reconheço-lhe um mérito: não é qualquer um que se expõe ao ridículo e consegue preservar certo ar de dignidade. Há coisas que só Olavo de Carvalho faz por você.

No segmento dito sério da chamada grande imprensa, a preocupação foi com as condições de trabalho dos médicos. Ver profissionais manifestarem sua apreensão para uma inexistente condição escrava chega a ser comovente. Mas eles mereceriam algum crédito se o tivessem feito já em 1999, por exemplo. Ou se demonstrassem a mesma indignação quando das denúncias de trabalho escravo nas fazendas brasileiras, ou nas confecções que fornecem para grifes chiques como a Zara e Le Lis Blanc. Não tenho ilusões: é o prazer inconfessável de chamarem impunemente de “escravo” um negro, o que explica a repentina preocupação de alguns manifestantes, jornalistas ou não, antes indiferentes a situações, além de pertinentes, reais.

POR QUE MÉDICOS ESTRANGEIROS? – É óbvio que a chegada de médicos estrangeiros não resolve nossos problemas. E deveria ser igualmente óbvio que distribuir profissionais pelo interior do país não significa deixar de investir no fortalecimento da saúde pública em todos os seus aspectos. O que se pretende é suprir uma de suas demandas, a da chamada “medicina básica”, para a qual os médicos ditos generalistas são tão fundamentais e necessários quanto aparelhos de última geração - e em alguns casos, até mais. É má fé tentar nos convencer que o que está em jogo é uma preocupação legítima com a saúde pública, como tentam formadores de opinião e dirigentes de classe. Aliás, nesse sentido é absolutamente esclarecedora a entrevista de Henrique Prata, diretor do Hospital de Câncer de Barretos: o interior do Brasil, diz, carece de atendimento primário, de médicos dispostos a fazer o que ele define como “triagem” (veja a primeira parte do programa aqui).

E é para esse tipo de trabalho que foram recrutados os médicos cubanos. Indaga-se sobre suas formações. Pois bem, em geral eles têm mais de uma década de formados e fizeram residência; a maioria já atuou em outros países em missões semelhantes à brasileira; cerca de 20% cursou mestrado e 40% tem mais de uma especialização. Se isso não é o suficiente, há a experiência cubana que, em parte justamente pelas precárias condições econômicas do país, investiu nas últimas décadas em uma medicina assistencial e preventiva, responsável entre outras coisas pelo mais baixo índice de mortalidade infantil das Américas, da ordem de 4,5 por cada 1.000 nascimentos. Garantiu assim tanto assistência interna quanto a possibilidade de trazer divisas por meio da “exportação” de seu modelo e seus profissionais.

A expectativa não é que eles atuem em áreas especializadas ou lidem com maquinários e procedimentos de ponta, ainda que certamente alguns deles pudessem fazê-lo melhor que muitos brasileiros. Mas que exerçam algo próximo ao que se chamava, em passado não tão distante, de “medicina familiar”, de caráter – insisto nisso porque é importante – mais assistencial e preventivo. E não é demais lembrar que eles vieram principalmente porque a oferta feita aos médicos brasileiros foi solene e arrogantemente recusada, quando não simplesmente boicotada pelas entidades de classe.

Não tenho dúvidas: a esmagadora maioria dos que criticam o Mais Médicos e a atuação dos profissionais cubanos, o fazem movido por razões que são corporativas e ideológicas, quando não puramente partidárias. Há, especialmente entre os médicos, os que temem a alteração nas expectativas da população em relação ao padrão do serviço hoje oferecido, enfatizando-se o atendimento público e preventivo, exatamente aquilo que a maioria dos nossos profissionais não está disposta a fazer. Muitos críticos, consciente ou inconscientemente, legitimam os interesses das corporações privadas de consultórios, planos de saúde, laboratórios e da indústria farmacêutica, pouco se lixando para as necessidades das populações interioranas e carentes, necessitadas e dependentes do atendimento público – exatamente aquele de que não precisam os que vaiam os médicos que vieram de Cuba.

Como é comum na postura de nossas elites, mais uma vez a empatia com o outro é zero. E como mostra a imagem no alto deste texto, onde faltam empatia, civilidade e solidariedade, sobram os males que carecem de diploma para serem diagnosticados: o ódio, a raiva, o ressentimento e o preconceito.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Tricolores em alta e CBF só no esquema

POR GABRIELA SCHIEWE







Que maravilha hein tricolores! JEC venceu mais uma e fora de casa, venceu e convenceu contra o América e a Krona já está classificada para a próxima fase da Liga Nacional.

Motivos para comemorar não faltam para os joinvilenses e olha que até o São Paulo voltou a vencer.

Que coisa de louco!







No entanto, venho hoje neste espaço para chamar atenção para o esquema feito pela CBF para impedir que a Emenda da Transparência do Esporte fosse à votação.

Conforme as informações no site do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo http://www.ibdd.com.br/index.php/noticias/lobby-da-cbf-funciona-e-emenda-da-transparencia-no-esporte-e-derrubada/ através de um lobista da CBF, Sr. Vandenbergue Machado, articulou todo o processo para derrubada da Emenda feita pelo Senador Gim Argello (PTB-DF).

Como se pode ver, mais uma vez a política falou mais alto que o bem maior que é o esporte nacional.

Infelizmente as maracutaias vão continuar existindo, não que com a dita Emenda tudo se resolveria, mas, ao menos, restaria alguma esperança.

A minha indignação é tamanha com tanta falcatrua, esquema político que só quer destruir o esporte no nosso país que vou me ater apenas estas parcas palavras.

Lula: nem a verdade me faz mudar de ideia

Capa falsa que circula pela internet
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Às vezes fico a me perguntar que tipo de deficiência intelectual faz uma pessoa acreditar em lorotas como essa de que o Lula tinha na lista dos bilionários mais ricos da Forbes. Com direito a capa e tudo mais. E muita gente, que jamais tinha ouvido falar na revista, agora acha que é a bíblia (mesmo sem nunca ter lido uma).

A coisa é tão irrazoável que nunca me dei ao trabalho de comentar. Um cara que acredita numa treta dessas não é alguém que valha o meu tempo. E o de ninguém. Mas agora aproveitei o gancho porque o Diário Catarinense publicou uma matéria a repercutir um artigo da Forbes que esclarece ser um hoax e, óbvio, desmente tudo. 

Sabe o que é pior? É que mesmo com o desmentido da própria revista ainda vai ter muita alminha a dizer que não acredita. Fiquem atentos aos comentários a este post, leitora e leitora. Porque essa gente só acredita no que quer acreditar e vive por uma lógica insana: “não adianta vir com os fatos, porque nem a verdade me faz mudar de ideia”.

O artigo da Forbes diz que seria muito difícil Lula chegar a ser um bilionário, mesmo fazendo palestras (parece que a mais bem paga foram US$ 100 mil, um preço nem tão elevado assim para esse tipo de evento). Ah... leitor que odeia o Lula, eu sei o que você está a pensar: ele tem dinheiro num paraíso fiscal. É só você sabe, porque viu na internet. E o Facebook nunca mente.

E, claro, essas informações só não aparecem na grande imprensa porque os jornalões e as redes de televisão estão mancomunadas com Lula. A própria Veja sabe disso, mas também está de conluio com Lula. Ah... ainda bem que temos você, leitor e leitora que odeiam Lula, para trazer um pouco de qualidade intelectual a este deserto de neurônios.

Ok… você acha que eu tenho interesses para estar aqui a defender o ex-presidente? Acertou. É que o filho dele, o famigerado Lulinha – outro bilionário que compra tudo no Brasil – comprou o nosso blog só para a gente começar a falar bem da família Lula da Silva. O legal é que vamos todos ganhar bem, a sede do Chuva Ácida vai ser nas Bahamas e a gente só vai viajar naquele jatinho invocado que ele comprou.


Pode acreditar.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Tolerância zero com a corrupção

POR JORDI CASTAN

Não há prefeito que, na última década, não tenha visto a sua gestão manchada por algum caso de corrupção. A sensação do joinvilense é de que a corrupção está enquistada em alguns setores do serviço público municipal. Quando algum caso vê a luz, logo se converte em notícia e ocupa as manchetes. Não são poucos os que asseguram que o caso já era conhecido, que é uma constante em outros setores e departamentos, que esta ou aquela empresa foi achacada, que fulano ou sicrano pagou para obter uma determinada licença ou alvará.

Na última eleição, Udo Dohler se apresentou como o candidato das mãos limpas e fez da honestidade e da capacidade de gestão o mote da sua campanha eleitoral. Eis a hora de provar que a tolerância zero com a corrupção não era só um bordão. Agora é hora de mostrar que era para valer, pois os fatos chegaram antes do que o prefeito poderia imaginar.

A prisão em flagrante de Gislaine dos Santos Machado Afonso, fiscal da Seinfra, por receber dinheiro para liberar um alvará, foi a notícia da semana, com direito a vídeo, transcrição de conversas e fotocópia dos bilhetes de R$ 100 e R$ 50 encontrados com ela. A operação policial, conduzida pela Polícia Federal, não deixou espaço para muitas dúvidas.

Os próximos passos permitirão identificar se há ou não verdadeira vontade de combater a corrupção. Se acreditamos nas próprias gravações divulgadas, não parece que a fiscal Gislaine tenha atuado sozinha. Há fortes evidencias que pode haver mais gente envolvida no setor da fiscalização. A primeira resposta do secretário Romualdo França foi política e protocolar: será aberto um inquérito administrativo-disciplinar, com a funcionária podendo até perder o cargo e ser demitida.

É bom lembrar que é obrigatório nestes casos que seja aberto um inquérito, até para evitar que se possa cometer qualquer injustiça. Até aí nenhuma novidade. O prefeito Udo Dohler tem a oportunidade de fazer uma devassa tanto no setor de fiscalização, como na Unidade de Aprovação de Projetos da Seinfra. Poderia até estender a ação para os outros órgãos e fundações que, pelo perfil e atuação, se assemelham à própria secretária.

Não devem temer nada os funcionários honestos, que existem e não são poucos. Mas permitiria mostrar à população que há um verdadeiro compromisso contra a corrupção. É importante ir além dos discursos e das ações pirotécnicas. Quem deve se preocupar são aqueles que não tenham cometido atos em desacordo com a lei, a ética e a moral.

Um administrador com a experiência do prefeito deveria ter tomado providências para perseguir os corruptos que estejam encastelados na sua administração. No serviço público, os salários de todos os funcionários são conhecidos. E é aconselhável ficar atento quando há funcionários que, recebendo salários iguais, apresentam evidências de riqueza, aumento de patrimônio e bens incompatíveis com o seu salário.

Particularmente carros esportivos, segunda residência, viagens e festas deveriam levantar as suspeitas dos seus superiores. É praxe comum nas empresas procurar identificar este tipo de situações. Compradores e fiscais são alguns dos que correm maiores riscos. No poder público não parece haver ne preocupação com esses casos e não há uma política sistêmica para identificar casos suspeitos e investigá-los. A prática comum hoje é que os corruptos sejam identificados por denúncias, mas não como resultado de um processo interno de moralização do serviço público.



Uma administração honesta interessa a todos e, principalmente, aos bons funcionários que correm o risco de ver seus nomes colocados lado a lado com os de corruptos e corruptores. A atuação da administração neste caso servirá de parâmetro para saber o quanto de verdade havia ou há no seu discurso de campanha. Pode agir como sendo um caso isolado e colocar uma pá de cal, contando que logo seja esquecido. Ou pode fazer deste caso uma oportunidade para fazer o serviço público melhor, mais eficaz e mais transparente. Estabelecendo prazos para atender cada procedimento e implantando ferramentas de gestão pública modernas e ágeis. Nessa mesma empreitada ajudaria se a prefeitura de uma vez por todas adotasse padrões de qualidade como, por exemplo, as normas ISO ou equivalentes, seria o mínimo que se poderia esperar de quem se elegeu vendendo a imagem de um administrador experiente e capaz.


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A plutocracia de Joinville

POR CHARLES HENRIQUE VOOS


plutocracia
plu.to.cra.ci.a
sf (gr ploutokratía) 1 Influência preponderante dos ricos no governo de uma nação. 2 Classe influente ou dominante de homens ricos. 3 Sociol Dominação exercida por uma classe que deriva seu poder da riqueza material. (Fonte: Dicionário Michaelis)
 Deparei-me com esta palavra recentemente, e ao procurar seu significado, relacionei com várias situações que já convivi ou escrevi sobre, até mesmo aqui no Chuva Ácida. É impressionante como a nossa democracia, tão exaltada, está se tornando uma plutocracia em tão pouco tempo, considerando a aprovação da Constituição de 1988. E este é o mais perverso dos poderes.

No caso de Joinville, a democracia dificilmente será plena, aquela com influência de todos os cidadãos na hora da participação e deliberação sobre a coisa pública. A riqueza sustentada pelo trabalho, e as relações de poder que emanam do dinheiro, comungam juntamente com aqueles que necessitam destas para sobreviver, principalmente entre a maioria dos políticos partidários. A plutocracia joinvilense não é algo recente, mas advém das raízes da cidade. Para piorar, no século XXI o desenvolvimento de um grupo social que domina de acordo com seus interesses econômicos está cada vez mais claro, agudo e materializado em discussões específicas. É o caso da gestão democrática da cidade.


O Estatuto da Cidade, lei regulamentadora da política urbana brasileira e que foi uma vitória (mesmo parcial) dos movimentos populares pela reforma urbana desde os anos 60, exalta a participação de toda a população nas discussões que envolvem a cidade e suas políticas, de modo a garantir o pleno exercício da cidadania. Os artigos 2 e 45 são muito reveladores neste sentido:

Art. 2o. A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais:
(...)
II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;
Art. 45. Os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de suas atividades e o pleno exercício da cidadania.
 Entretanto, a obrigatoriedade de um CNPJ ou Estatuto Social para a eleição dos conselheiros do Conselho da Cidade de Joinville, garantida na justiça pela prefeitura (após decisões contraditórias de um mesmo magistrado), colocou em xeque toda a democracia de um processo. Ou seja: a lei garante a participação de todos (população e associações representativas), mas o poder executivo e judiciário flexibilizaram o Estatuto da Cidade para atender a demandas específicas de entidades empresariais da cidade (e da própria prefeitura), restringindo o debate a poucos movimentos, ao mesmo passo que cidadãos "com CPF" estariam excluídos do processo. Alguns dos atuais conselheiros (membros de entidades empresariais), antes das eleições, defendiam o CNPJ para "qualificar" o debate, pois o "cidadão com CPF" não seria capaz de participar das discussões.

Existem na cidade, portanto, dois conselhos: o Conselho da Cidade democrático, onde todos podem participar, e o Conselho da Cidade flexibilizado, com participantes escolhidos através de representatividades indiretas, graças ao CNPJ. O democrático está apenas na lei. O flexível é o que está discutindo as nossas políticas urbanas, colocando de forma prioritária (e apressada) a nova Lei de Ordenamento Territorial como pauta, conforme pediram, novamente, as entidades empresariais!


Os críticos a esta flexibilização são categoricamente desqualificados em redes sociais, jornais locais e em outros meios de comunicação. Uns acusam de serem especuladores (sic!), míopes, defensores de grandes industriários, donos do atraso, pessoas que não gostam de Joinville, e até mesmo de delinquentes e burros. O ataque sai do mundo das ideias e dos posicionamentos políticos, para se transformar em pessoais. Se não há argumentos...

Para finalizar, vale lembrar que esta desqualificação a pessoas e grupos contrários, bem como o uso de simbologias ligadas ao empreendedorismo e à importância da classe empresarial, considerando-a uma espécie de "salvadora da pátria", não são nada mais do que ficções para se preservarem privilégios (conseguidos através de flexibilizações) de uma minoria em detrimento do bem comum. A consequência disto para a gestão democrática da cidade de Joinville vai de encontro a tudo o que conhecemos como "o direito à cidade". Ou você acorda e começa a criar um senso crítico sobre as coisas, ou a plutocracia vai encontrando formas para se realinhar e sublimar sistemas democráticos conquistados perante muita luta popular.

A escolha é sua.

sábado, 24 de agosto de 2013

Pensa que está em casa, menina?

POR ET BARTHES
A moça é uma apresentadora de telejornal. E enquanto está a trabalhar, a filha interrompe a cena e entra para entregar o telefone. É como se estivesse em casa...


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Será?








É difícil acreditar. Uma pessoa que está obrigada a dar exemplo de civismo iria fazer algo como ocupar a vaga para deficientes? Mas está no Facebook.



quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Emerson beijoqueiro

Adaptação da marca da década de 80, com as cores do
arco-íris, símbolo da luta LGBT , que circulou pela internet
POR FELIPE SILVEIRA

O beijo - selinho é um tipo de beijo - de Emerson Sheik no seu amigo após a vitória sobre o Coritiba, no domingo passado, incomodou muita gente e agradou muita gente. Afinal, homofóbicos são maioria nesse país. Uma horda de homofóbicos corinthianos passou mal por causa da atitude de um dos principais jogadores do time e herói do título da Libertadores 2012. Apesar disso foram representados por apenas cinco tolos que foram ao Centro de Treinamento para “protestar”. Já o resto de homofóbicos torcedores de outros times comemorou o motivo de risadas e de chacota para cima do timão. E não é preciso explicar aqui o quão idiota é fazer chacota por isso.

Eu, como corinthiano, comemoro mais essa vitória do timão. Ou melhor, de um jogador do timão. Desde que comecei a questionar e desafiar minha própria homofobia, há alguns anos, torço para que o primeiro gay assumido do futebol brasileiro seja do Corinthians, e que o time encampe uma campanha anti-homofobia. Não é o caso de Emerson, e isso parece claro, mas o passo que ele deu à reflexão foi muito importante.

Talvez o meu maior orgulho como corinthiano seja a Democracia Corinthiana, que ocorreu na década de 80, quando o time que contava com Sócrates, Vladimir e Casagrande deram um grande exemplo e uma grande esperança ao país, que ainda vivia sob uma ditadura civil-militar. O time do povo instaurou uma democracia interna e mostrou ao país que a democracia era possível.

O ato político (pode ter sido de brincadeira, mas tem uma dimensão política gigantesca) de Emerson Sheik me fez lembrar da Democracia Corinthiana. Torço para que esse seja mais um exemplo de um jogador do Corinthians para o país. A diferença, desta vez, é que a ação política não dá esperança ao povo oprimido por uma ditadura mas sim tem a intenção de fazer o próprio povo pensar sobre sua opressão ao próximo.

P.S.: O primeiro jogador de futebol profissional gay e assumido é o americano Robbie Rogers. Assim que assumiu a orientação sexual Rogers decidiu se aposentar, pela impossibilidade de continuar a atuar em um universo tão machista. Leia mais sobre o assunto aqui. Semanas depois, no entanto, Rogers voltou a treinar, mas disse que não voltaria ao antigo clube. Saiba mais.

Outro P.S.: O jogador Richarlysson, uma das maiores vítimas da homofobia nesse país, nunca assumiu ser gay. Quando questionado, ele negou e fez questão de apresentar a namorada. Estou poupando vocês de encherem a caixa de comentários com isso.