![]() |
| Imagem do filme Boa Noite, e Boa Sorte |
O Profissão Repórter de ontem, 3 de novembro de 2015, mostrou mais uma vez a diferença que o jornalismo pode fazer na vida das pessoas. Você não deve ter visto, pois o programa da Rede Globo comandado pelo experiente e compromissado Caco Barcellos, que coordena uma equipe de jovens jornalistas, vai ao ar na última hora das terças-feiras, às vezes na primeira hora das quartas – talvez propositalmente.
No programa de ontem, Caco e sua equipe contaram histórias de agricultores que foram afetados pelo uso de agrotóxicos nas plantações, especialmente de tabaco. Ouviram as famílias de pessoas que tiraram a própria vida, pois o agrotóxico gera e agrava o quadro. Da mesma forma com o câncer, causado pela exposição ao veneno. Mostraram também como esses trabalhadores estão sujeitos a péssimas condições.
Ou seja, o programa apresentou ao Brasil uma questão fundamental que afeta a todos nós, mas que, talvez pelo horário, talvez pelo estilo do programa, poucos viram. Certamente, uma maior exposição de temas como esse causaria um maior debate e mudanças na sociedade. E, talvez, dessa forma, resolvêssemos melhor nossos problemas. Neste caso, notadamente, poderíamos avançar na questão da saúde.
Mas, infelizmente, não é assim que a banda toca. Como o jornalismo tem a capacidade de apresentar soluções aos problemas, quem não quer resolvê-los achou um jeito de anular este poder. O jeito encontrado é não fazer jornalismo, ou fazer um jornalismo tacanho, insuficiente para promover o diálogo e encontrar soluções. Há cada vez menos jornalistas nas redações, e as opções de carreira em outras áreas são cada vez mais atraentes aos novos e velhos profissionais.
Há, sem dúvida, bom jornalismo sendo feito em diversos lugares. Às vezes nas redações mais tradicionais, às vezes na própria Globo, como o caso que abre o texto. Novas e independentes alternativas surgem com mais ou menos força. Mas ainda é muito pouco para a demanda. A TV e o rádio, que alcançam a maior parte da população, raramente discutem grandes questões. Algumas, pelo contrário, se especializaram em fazer terrorismo político. Ao tratar questões de maneira superficial, como o aumento de preços, sem tratar das causas, sem aprofundar as explicações, sem propor soluções, os donos das emissoras fazem a pior política.
É ótimo que existam programas como o Profissão Repórter, mas ele não pode ser a exceção. Este tipo de jornalismo precisa ser a regra.
Força, Lola
Lola Aronovich é uma blogueira feminista das mais atuantes, que publica quase que diariamente em seu blog Escreva Lola Escreva. Pela firme atuação, Lola é odiada por canalhas misóginos que tentam, de todas as formas, fazer com que ela pare. Além das terríveis ameaças de violência e morte para ela e para a família, o que já é gravíssimo, os vermes usam de outras táticas para atingi-la.
A última delas foi a criação de um site falso com conteúdos preconceituosos e de ódio que, quem conhece a Lola, sabe que ela jamais escreveria algo parecido. Como se não bastasse tamanha escrotice, o conteúdo foi compartilhado por perfis com diversos seguidores de direita, como Olavo de Carvalho e Roger, duas formas decadentes de existência. Roger, mesmo alertado da falsidade do site, manteve o compartilhamento e ainda tentou justificar.
A perseguição à Lola é uma perseguição a todas as mulheres. As mulheres têm conquistado grandes vitórias em sua luta por igualdade e direitos e é por isso mesmo que tem sido cada vez mais atacadas pelos vermes que não suportam perder seus privilégios. Vermes que querem liberdade para odiar, explorar e violentar. Mas eles vão perder.
De minha parte, quero demonstrar aqui minha solidariedade à Lola, ajudando a divulgar a história do site fake, e também minha solidariedade a todas as mulheres.
Cunha sai, pilula fica!
Nesta sexta, às 18 horas, na Praça da Bandeira, vai rolar o ato contra o PL 5069, de autoria de Eduardo Cunha. A movimentação está acontecendo em todo o Brasil e levou milhares de mulheres às ruas na semana passada. A manifestação em Joinville foi adiada por causa da chuva. Cunha tem sido tratado, com razão, por causa da condução do legislativo, como um inimigo das mulheres. E elas estão protagonizando o movimento que vai derrubá-lo. Venha ajudar. Evento aberto a todos e todas.
Confirme presença e saiba mais aqui.









