quarta-feira, 15 de julho de 2015

E-mail denuncia funcionária fantasma na Câmara

POR CHUVA ÁCIDA

Nesta terça-feira, alguns órgãos de comunicação de Joinville, incluindo o Chuva Ácida, receberam uma denúncia supostamente com origem dentro da Câmara de Vereadores. Um e-mail - assinado com nomes provavelmente fictícios -, acusa o vereador Levi Rioschi de ter uma funcionária fantasma, de nome Edna Abílio Alves (vejam o fac-símile do e-mail).

É possível acreditar na veracidade da denúncia? É uma resposta que a comunidade terá quando forem feitas as devidas apurações. O e-mail enviado ao Chuva Ácida também tinha como destinatários o Ministério Público e o presidente da Câmara de Vereadores.

Mesmo sendo um espaço de opinião - e não de jornalismo - o blog checou as informações e verificou que há duas formas de saber se os assessores estão fazendo seu trabalho na Câmara.
- Quando o assessor é de apoio operacional e/ou externo, ele deve apresentar relatórios mensais sobre suas atividades. E estes relatórios devem constar no Portal da Transparência.
- Se o assessor é de gabinete, ele deve assinar o livro ponto.

Uma verificação permitiu saber que a funcionária em questão foi de fato nomeada no gabinete do vereador Levi Rioschi em abril deste ano. Porém, não se encontram relatórios em seu nome no Portal da Transparência. Uma ligação para o gabinete do vereador permitiu conferir, através da sua assessoria, que ela é de apoio externo.

Eis o problema. Se ela é de apoio externo, então deveria apresentar os relatórios. Mas surge outra questão: é difícil encontrar alguém na Câmara que conheça a assessora. Fontes que preferem não se identificar revelam ainda que ela reside em Florianópolis.

Resta esperar pelos procedimentos adotados pela Câmara de Vereadores ou pelo Ministério Público para a averiguação dos fatos. Caso a denúncia seja comprovada, o assunto é grave e ganha relevância. Caso nada seja confirmado, então estaremos frente a uma tentativa de prejudicar o vereador, o que também seria grave.

O  “e-mail/denúncia”  faz ainda uma outra revelação mais séria, mas como carece de informação (double check, de acordo com as regras do jornalismo) essa parte aparece distorcida no fac-símile.











Tebaldi para prefeito? Udo Dohler novamente? Mariani na liderança do PMDB? PPS rachado?

POR VANDERSON SOARES


             


Falta pouco mais de um ano para as eleições municipais e as peças começam a se mexer no tabuleiro. Ainda timidamente, aquela troca de olhares de esguelha, aquele começo de namoro, as estratégias começam a se apresentar.


            Udo Dohler demonstra claramente sua intenção em continuar no gabinete central da prefeitura. Até parece mais leve e solto com a morte do Senador Luiz Henrique. Participa das reuniões do partido ativamente, começa a posar para fotos com o público, indícios que prepara seu terreno para 2016. A oposição está forte contra ele, principalmente porque não cumpriu nem 1/4 do que prometeu. Talvez tenha percebido que existem abismos de “gestón” entre o poder público e o privado.


            Além disso, fontes peemedebistas alegam que tem largo material de fogo contra Kennedy e que não pouparão forças em usar estes recursos. Desta vez não teremos LHS comandando a campanha e isso é motivo de muita expectativa, afinal, será que ele ensinou alguém a jogar o jogo como ele?

Ainda sobre o PMDB, Mariani parece querer ocupar o título de cacique do partido no estado. Sem LHS, a vaga está aberta e ele demonstra intenção de ocupar a cadeira. Minha opinião é que isso não vai colar e que o partido ficará mais fraco estadualmente. Muitos esperam ocupar o lugar que LHS construiu, mas poucos demonstram metade de sua habilidade política.

Já no PPS, o clima é de rachaduras e trincas em todas as paredes. O motivo destas trincas é, principalmente, devido a pedidos de cargos e parece que nos próximos dias teremos um belo golpe. Até acho que o golpe virá em virtude da LOT, pois sabem que o principal vereador do PPS é presidente da Comissão de Urbanismo e demonstra não ter um pingo de interesse em aprovar tudo nas pressas, como o executivo quer. Não me admiraria, por exemplo, se Maycon César fosse expulso do PPS. Seria, no mínimo, cômodo. O que talvez não saibam é que a presidência das comissões não muda com uma possível expulsão.  
            
Já no PSDB, o clima ainda é incerto. Embora Ivandro tenha sido anunciado como pré-candidato, tudo indica que nas vésperas da eleição, Tebaldi venha a ser o verdadeiro candidato. Sofrerá fortemente com a questão ficha suja, mas creio que estará mais preparado para se defender. Da última vez, foi pego meio no pulo e acabou por jogar a toalha sem muita luta. Minha opinião é que o PSDB precisa oxigenar novas lideranças. Sempre Tebaldi, Bisoni, Dalonso e Peixer como líderes já está ficando maçante. 
                
De toda forma, as peças começam a se movimentar e tudo indica que teremos muito espetáculo até as eleições.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Sobre psicofobia e "loucos".

POR PEDRO HENRIQUE LEAL

Essa era uma discussão que eu havia planejado para outro momento, à ocasião dos comentários de Luiz Carlos Prates quanto a pessoas com depressão. O tempo passou, o texto não saiu, e o assunto esfriou. Mas ainda merece ser notada.

Estima-se que 23 milhões de brasileiros sofram com distúrbios psiquiátricos. Destes, cinco milhões tem transtornos graves. Um em cada 10 brasileiros precisa de atendimento em saúde mental. E, ainda assim, impera o preconceito e a caricatura contra o “louco”, e um misto de ignorância e má vontade quanto ao sofrimento dessas pessoas.

Em abril deste ano, o jornalista e formador de opinião Luiz Carlos Prates externou o desprezo contra pacientes psiquiátricos em sua forma mais grotesca. Em comentário quanto ao suicídio do co-piloto da Germanwings, Andreas Lubitz, que levou consigo 150 passageiros, Prates definiu “todo depressivo como um agressor”. Em sua fala, chamou pacientes com depressão de “covardes existenciais” que merecem “desprezo”.

A posição de Prates não era (e nem deixou de ser) uma exceção. Depressivos são constantemente vistos como covardes com “problemas de atitude”, que só precisam “encarar a vida de forma mais positiva”. Por ignorância, o problema grave da depressão é confundido com tristeza, e a doença é tratada como “um estado emocional” do qual “é só querer sair”.

Eu sofro de depressão clínica. Queria eu que depressão fosse uma questão de “estar triste”, pois estar triste seria sentir alguma coisa, e não um completo "vazio existencial", um tipo de "tristeza" que só merece ser chamada assim por que nenhuma outra emoção se aproxima - ou pior, as fases de total apatia, em que não se sente nada. Queria eu que fosse só “ter pensamento positivo” e “se alegrar”. Afinal, é assim que todas as doenças funcionam, não é? É só você tentar não estar doente que passa. Não é assim que é com todas as outras?

Não só isso, mas não se compreende que pessoas com depressão não estão necessariamente na fossa 100% do tempo, ou que muitas escolhem fingir que estão bem para não serem pressionadas a “ficarem melhor”. No mês passado, o INSS cortou os benefícios de uma mulher com depressão grave após essa postar “fotos felizes” no Facebook. No entender do perito, “uma pessoa com um quadro depressivo grave não apresentaria condições psíquicas para realizar passeios e emitir frases de otimismo”, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Enquanto isso, milhões de depressivos se esforçam em parecerem felizes - o que se aplica em especial às redes sociais. Danado se fica mal, perdido se finge estar bem.

ESQUIZOFRÊNICOS - Mas outros distúrbios psiquiátricos tem tratamento ainda pior. Por todo o estigma passado por depressivos, estes ao menos não tem a sina de “loucos” e “violentos” como, por exemplo, os esquizofrênicos. Termo por sinal que há muito já se naturalizou como insulto. A imagem do esquizotípico é a de uma pessoa violenta e “louca”, dada a surtos e “que houve vozes”. Apesar disso, apenas 5% dos esquizóides tem histórico de violência e, no Brasil, 45% já tentou o suicídio. 10% das mortes de esquizofrênicos no país são por suicídio. Nos EUA, um terço dos moradores de rua são esquizofrênicos. E ainda impera a visão de que os portadores desse tipo de distúrbio são “perigosos” e “devem ser isolados da sociedade”. Bipolares e esquizofrênicos são alvos de violência com uma frequência duas vezes e meia maior que “pessoas normais”.

Da mesma maneira que com depressivos, é esperado que um estes “performem a doença”; quando foi apontado que o traficante Rodrigo Gularte não poderia ser executado pela justiça da Indonésia por ser esquizofrênico, houve quem dissesse que isso era uma mentira por motivos que iam de “é esquizofrênico mas vai pro exterior” à “diz que é esquizofrênico, mas comer cocô não come”.

Os preconceitos contra pacientes psiquiátricos e a ideia recorrente de que estes são “uma ameaça” estão entre as formas de discriminação mais naturalizadas da sociedade. A psicofobia ainda é vista como “justa”, “compreensível” e “aceitável”. Afinal, essas são pessoas loucas e perigosas, quem pode me dizer que não vão matar a qualquer instante? Enquanto isso, contrariando o senso comum, pesquisas na área de psiquiatria apontam que pacientes mentais tem mais chance de serem vítimas de violência do que agressores - e que a maior parte das pessoas violentas não sofrem de doenças mentais. Mas o que se houve, se vê, se lê e se assiste nos cinemas e televisões é que são perigosos, violentos, e uma “bomba relógio” esperando para explodir. Até quando?

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Saúde!


As faixas viárias e o vale-tudo


POR MAYCON CESAR

A minuta de Lei de Ordenamento Territorial, enviada pelo Executivo Municipal, já tramita na Câmara de Vereadores e será analisada por duas comissões antes de ir para o Plenário: Legislação e Urbanismo. Cabe à Comissão de Legislação verificar a legalidade da proposta: se condiz com legislações maiores, com as leis no direito urbanístico e se está dentro do que preza o estatuto das cidade.

Na Comissão de Urbanismo, na qual atuo como presidente, o aspecto a se observar é o mérito, a questão técnica. Minha maior preocupação nessa comissão é prezar para que a cidade que amamos tanto equilibre desenvolvimento econômico, meio ambiente e qualidade de vida dos habitantes. Quando pensamos em urbanismo, devemos levar em consideração todas as consequências de cada decisão. Não seria benéfico, por exemplo, permitir indústrias de todos os setores em todas as vias da cidade e não observar a questão de mobilidade e meio ambiente. Todas andam juntas e a cidade deve crescer sustentavelmente.

Considerando estas premissas, o primeiro aspecto nesta nova proposta de Ordenamento Territorial, que vem promovendo larga reflexão e muitas horas de debates com cidadãos engenheiros e arquitetos, é a Faixa Viária. Estas seguem ao longo de algumas das principais vias de nossa cidade, possuem largura de 200 metros (100 para cada lado a partir do eixo da via) - e nestas é uma espécie de vale-tudo. As únicas atividades que não são permitidas nessas vias são indústrias de grande porte e aquelas que contenham equipamentos e automóveis de grande porte.

Minha grande crítica a estas faixas, além de sua extensão e larguras demasiadas e da grande variedade de possibilidades de empresas e serviços, é a questão da infraestrutura urbana a sofrer com isso. Questões como mobilidade, saneamento, energia elétrica e água potável. É possível equilibrar esse vale-tudo das faixas viárias com questões que, já hoje, são precárias em nosso município?
 
Vereador Maycon Cesar
Outra questão destas faixas é a possibilidade de construção de prédios com até 22 andares. Em algumas vias, creio que haverá engarrafamento no próprio estacionamento do edifício.

Para possibilitar o desenvolvimento econômico sem transformar a cidade num caos, vejo como solução a criação de diferentes modalidades de Faixas Viárias e não apenas compilando todas as atividades e distribuindo-as nas principais vias de circulação da cidade. São muitos questionamentos e quero pecar pelo excesso de zelo nessa questão. 

Quero que essa discussão seja ampla e com a presença de quem entende do assunto. Por este motivo estou em constante contato com engenheiros e arquitetos renomados de nossa cidade.

Minha grande preocupação é me certificar de que o crescimento de nossa cidade será viável e sustentável e que toda a população possa usar, fruir e usufruir do espaço público de maneira saudável e com qualidade.