quinta-feira, 25 de abril de 2013

As leis acompanham a cultura ou vice-versa?


POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Uma das experiências mais difíceis da minha vida foi voltar a trabalhar depois da maternidade. 


A descoberta de si mesma como mãe, esse novo relacionamento, essa sensação de responsabilidade, de cuidar, esse amor sem limites, fazem com que reorganizemos as prioridades. E não estou querendo superestimar a experiência de ser mãe.  
Eu vejo que a maternidade é tratada de forma bastante deslumbrante  na mídia brasileira. Vê-se as propagandas de margarina, de produtos para bebês ou os finais felizes de quase 100% das comédias românticas. Sem contar a forte influência da igreja e a própria tradição passada por gerações. É difícil para muitos encarar com naturalidade as famílias compostas com outros arranjos: 2 pais, 2 mães, pais separados....enfim. Uma realidade diversa e crescente na sociedade. 
É possível visualizar a confusão mental de algumas pessoas quando escutam uma mulher afirmar que não deseja ter filhos, tão forte a lavagem cerebral pela qual passamos todos nas últimas décadas. Acreditamos que para alcançar a felicidade precisamos de papai, mamãe e filhinhos, de preferência 2, um menino e uma menina. 

Eu também comprei esse sonho da felicidade, por determinismo ou não, agora não dá de saber, fiz a escolha de ter um filho. Mas o que a propaganda não te conta é o choque de realidade que vem depois e apesar de todo o deslumbramento inicial, um pensamento recorrente era: por que eu fiz isso com a minha vida?! 
No sentido de que, até poucos dias antes se eu quisesse viajar, eu ia, se quisesse me separar, me separaria, se eu morresse, não tinha problema, ninguém dependia de mim. Claro que tudo isso ainda pode acontecer mas com as devidas adaptações e consequências. 
Não me entendam mal, é óbvio que eu amo a minha filha e não me arrependo. O que me pergunto é: será que noutra cultura eu teria feito a mesma escolha? Não há como saber. 

Com o tempo fui percebendo que eu não deveria encarar a maternidade como um impeditivo para nada. Uma criança é um ser humano em crescimento que merece as melhores condições para crescer de maneira saudável. Eu percebi que não fazia bem para a nossa relação desejar que ela se adaptasse à nossa rotina, mas sim, o contrário, e é por isso que, com ela aos 3 anos, eu ainda não voltei a trabalhar 100% do tempo. Felizmente, eu posso fazer essa escolha hoje de trabalhar apenas 60%, buscá-lá mais cedo do centro de ed.infantil e me oferecer nesse momento só para ela. 

Mas quantas mães/pais tem essa oportunidade ou até o desejo de adaptar sua rotina à criança? É necessário algumas concessões que nem todos estão dispostos a fazer, e apesar de saber que o centro de educação infantil é a melhor opção para a sua educação institucional, eu não abro mão de educar a minha própria filha com os nossos valores. E para isso é preciso tempo, disposição, criar oportunidades para longas e calmas conversas, descobertas e experiências. Sem pressa, sem o stress do dia-a-dia.
A verdade é que a experiência é gratificante mesmo. É felicidade pura, é aprendizado de todos os lados, é crescimento pessoal,  é muito amor. 

A Suécia já entendeu a importância desses momentos e oferece 1 ano e 4 meses de licença parental*, que podem ser divididas 1/2 a 1/2 entre os dois cuidadores. Cada um deve pegar no mínimo 90 dias. Essa é uma característica de muitos países com altos índices de qualidade de vida. E aí, aparece a questão de gênero, amplamente discutida na Suécia desde antes dos anos 70, e a ativa participação do pai. Os homens que hoje são pais aqui, já viram seus pais participando ativamente nas atividades da casa e educação dos filhos. É tudo muito natural para e as empresas/governo compreendem. Ninguém faz cara feia se o homem dia que vai pegar 6 meses de licença. 

Eu não sei se as leis mudam conforme as mudanças culturais ou se a cultura acaba mudando por causa de novas leis. 
Podem ser ambos. 
Mas que mensagem está passando um estado/empresa que oferece 5 dias de licença ao pai quando nasce um bebê e 4 meses, ou em alguns casos 6 meses, de licença para a mãe?

Está dizendo: pai, esse nascimento não tem nada a ver com você. 
Essa experiência é, no máximo, da mãe, e olhe lá, que 6 meses não é tanto assim.

O que é totalmente incompatível com a realidade. Conheço inúmeros homens que esperaram a vida inteira pela experiência de ser pai, e que, infelizmente não tem o amparo das leis, para passar por esse periodo com o mínimo de dignidade.
Incrível que sejamos um país que luta tanto pela família: nos moldes papai, mamãe e filhinho, e não priorizemos essa forma de funcionar da sociedade que oferece à criança o básico, a presença dos pais.

Não é fácil se adaptar ao fim da licença maternidade, mas é diferente quando a criança já tem 1 ano e 4 meses. Fica mais tranquilo educar os filhos quando se trabalha, no máximo, das 8h às 17h. E é muito mais agradável se dedicar à vida profissional quando se sabe que a criança está bem cuidada num centro de educação infantil** de qualidade e próximo de casa. 

Deveríamos poder contar com o suporte do estado para conseguir oferecer melhores experiências diárias às nossas crianças. 

*A licença é paga pelo estado e não pelo empregador.
** Existem na Suécia centros de educação infantil públicos e privados, ambos recebem o mesmo valor do estado por cada criança. Os pais também pagam uma mensalidade que varia conforme o salário dos dois e pode chegar a até no máximo 1250 coroas, o que significa aproximadamente 400 reais. O auxílio econômico do estado recebido pela família é de 1050 coroas para cada criança. Sem distinção entre famílias.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Ouvintes Anônimos do Gebaili (OAG)

POR JORDI CASTAN

Felipe Silveira escreveu, neste espaço, um post sobre a qualidade do jornalismo local. O seu texto questionava o tipo de jornalismo que se faz por aqui e alertava para o risco que representa este tipo de jornalismo. O texto era abrangente, envolvendo desde o jornal impresso aos programas de televisão locais e, inclusive, o rádio.

Confesso que mesmo não sendo uma área sobre a que tenha muito conhecimento, o texto do Felipe me instigou a me aprofundar no tema e fiz alguns descobrimentos que gostaria de compartilhar com vocês.

O primeiro é que bom jornalismo, ou simplesmente jornalismo, só pode ser feito com bons jornalistas. Há sim jornalistas bons, sérios e que não se prostituem. É injusto colocar a todos no mesmo saco. Se nos referimos à mídia impressa, facilmente consigo identificar mais de uma dezena dos que escrevem bem, são imparciais, têm alguma coisa para dizer e escutam os dois lados antes de publicar um texto. Estão nos jornais diários e os seus leitores sabem a quem estou a me referir.

Na TV local a coisa ficou bem pior, porque há claramente uma radialização da televisão. A maioria dos que não fazem mais do que ler notícias de jornal e releases no rádio, agora também o fazem na televisão. Importamos na televisão local os vícios e mazelas da rádio local, sem incorporar nenhuma das suas virtudes desse meio, que não são poucas. Ficamos, portanto, com o pior dos dois mundos.

Mas a grande descoberta nesta minha investigação, feita de forma completamente amadora, é que se há programas e principalmente profissionais ruins, chamá-los de jornalistas seria uma ofensa aos verdadeiros profissionais. Mas há publico e principalmente anunciantes para estes gigolôs das ondas. Por um lado, as emissoras de rádio e televisão têm assumido o papel de motéis, alugando espaço por hora. Entregam os seus horários mais nobres a estes bucaneiros da notícia, achacadores de anunciantes e, principalmente, deturpadores da verdade.

Quem forma opúblico que sustenta este modelo de jornalismo perverso? Sem público esta praga se extinguiria rapidamente e, ao contrário, vemos que viceja e prospera, sem traços que possa minguar e acabar no curto prazo. Um dos grupos que se formou recentemente em Joinville é o OAG (Ouvintes Anônimos do Gebaile) grupo de apoio aos que não podem deixar de escutar os programas de rádio ou de televisão destes profissionais.

O grupo, que se reúne numa conhecida casa de shows na zona sul da cidade, oferece apoio e ajuda psicológica aos que querem deixar de escutar este tipo de programas mas não tem a força de vontade para fazê-lo. O grupo tomou o nome de um conhecido formador de opinião que se converteu num dos maiores ícones deste tipo de programação - ainda que reúna também ouvintes de outros programas radiofônicos e televisivos. Conta com o apoio profissional do coletivo “Psicólogos sem Fronteiras” e do coletivo “Dependentes Compulsivos de Telelixo”.

O primeiro passo para superar a dependência é reconhecer que existe um problema. O psicólogo Sigmundo Fróide, um dos pioneiros no combate a este tipo de doença, declarou que: “o seu efeito é mais perverso que o da maioria das drogas conhecidas e o seu impacto negativo sobre a família e as relações pessoais é mais duradouro e as recaídas são frequentes.”

Graças ao apoio que os dependentes estão recebendo, da divulgação que está sendo feita e, principalmente, porque o tratamento passou a ser incluído nas doenças cobertas pelo SUS é cada dia maior o número de pessoas que admitem publicamente que ouvem ou vem estes programas. Por isso tem aumentado a participação nas reuniões dos grupos de auto-ajuda, que iniciam as reuniões dizendo: “Meu nome é Jordi e eu assisto ao Beto Gebaili”. 

A partir deste instante se abre uma porta para a esperança de uma cura, que será o resultado de um esforço longo e doloroso. Haverá alternância de crises de abstinência e momentos de lucidez. Superar esta situação difícil requerer o apoio da família, dos amigos e, principalmente, uma enorme força de vontade e de espírito de superação. A prova final para superar o vício é quando o dependente se apresenta na reunião dizendo: “Meu nome é Jordi e já li um gibi”

Futsal, esporte medíocre.

POR GABRIELA SCHIEWE

O Futsal, até pouco tempo Futebol de Salão, é um esportezinho praticado por uns atletas meia boca que resolveram ganhar um dinheirinho tocando uma bolinha.

Os caras vão lá, se reúnem, hoje até de maneira um pouco mais organizada a nível Brasil e disputam uma tal de Liga Nacional que as vezes até rola um joguinho mais ou menos.

E tem uns Mundiais que acontecem e olha que o Brasil até que leva jeito, ganhou vários já.

Mas a real é que é um esporte medíocre né gente, tanto que o Comitê Olímpico nem quer saber de Futsal entre as 5 argolas coloridas do Olimpo!

Ridículo, patético, gente um esporte que está em todo o tipo de mídia a todo instante, que a toda poderosa Globo se rendeu e transmite hoje tudo que é campeonato, Estaduais, Campeonatos preparatórios, Campeonatos Nacionais, Sul Americano, Mundiais, é mais do que óbvio que se trata de uns principais esportes do país na atualidade e que a cada dia a sua importância cresce, assim como a circulação de dinheiro nas negociações de atletas, premiações, patrocínios e tudo o mais.

O esporte vem a cada dia reunindo mais torcedores, apreciadores, apoiadores, mas o poder público sempre virando as costas, tanto que na maioria dos casos sequer há um local apropriado para se praticar o esporte, acabam jogando em quadras enjambradas.

Gente, assim como no futebol existem os gênios, no futsal também o há, mas sua genialidade é muito mais esbravadora vez que não basta só jogar, tem que remar muito na discricionariedade é que afeita ao Futsal, esse é Falcão.

E o que dizer da Confederação Brasileira de Futsal no seu mais manifesto coronealismo e que junto consigo mantem, da mesma forma o Superior Tribunal de Justiça Desportiva na linda, bela, magnífica mas muito distante Fortaleza. Seria isso proposital para que ninguém chegue perto do que ocorre nos seus anais? Poderia até chamar de cerceamento defesa, não? Um tribunal totalmente descentralizado e muito distante da sua maioria de participantes?

E será que alguém (políticos e dirigentes) consegue dar uma explicação plausível para esse esporte grandioso até hoje não ser olímpico?

As explicações é que são medíocres e não o futsal.

Quem está tendo o prazer de acompanhar os jogos da Liga Nacional, o que as equipes e atletas tem feito em quadra é simplesmente fantástico.

O que falar da segunda rodada da primeira fase, sim apenas o segundo jogo entre Krona x Intelli, pelo amor de Deus, foi de arrepiar, as duas equipes estavam ali como se fosse o jogo das suas vidas.

Falar que os atletas são meia boca seria o maior impropério, diante do que apresenta em quadra o jogador Leco da Krona, ele não mede esforços, vontade, corpo, nada pra levar a sua equipe a um resultado positivo. Quem viu ele se jogar no ar para impedir a trajetória da bola no jogo contra o Minas, não menos fantástico que contra a Intelli diria que ali está o verdadeiro espírito olímpico.

Mas esse espírito olímpico que muito tem faltado no esporte e pouco temos visto nas Olimpíadas faz parte de cada um que pratica esse esporte com muito amor, dedicação, afinco e na esperança de, quem sabe um dia, o espírito que se encontra em cada jogador transcenda aos montes do Olimpo.

O que dizer das Olimpíadas que serão realizadas no Brasil e o Futsal ficará na arquibancada torcendo por tantos outros esportes, muitos grandiosos como ele outros realmente medíocres e fazer com o que o espírito olímpico que corre nos seus sangues, serene!

Medíocre é você que não sabe o que é esporte!

terça-feira, 23 de abril de 2013

Fucking shit

POR ET BARTHES
O cara disse um tremendo "fucking shit" com o microfone aberto. Todo mundo ouviu. Inclusive o patrão, que demitiu o pobre rapaz. Justo ou injusto?


Araquari para quem? - Parte II

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

A cada dia que passa os interesses ficam mais difíceis de serem escondidos. Aos poucos eles são revelados pelos principais interessados. Como já alertado aqui, a cidade de Araquari irá sofrer nas próximas décadas com o interesse do grande capital, principalmente aquele articulado com negócios na área de desenvolvimento urbano. Recentemente foi divulgado na internet um vídeo de uma imobiliária com seus planos para a zona sul de Joinville e grande parte de Araquari. É sobre este vídeo que faremos a nossa análise de hoje.


Há, neste comercial, várias questões camufladas e que são pertinentes trazermos à tona:

Qual o motivo de uma imobiliária aparecer com um planejamento urbano "pronto", através de um grande projeto (que chega a ser assustador), sendo que a zona sul de Joinville não permite (ainda, para a felicidade de alguns) tais investimentos? E mais: a cidade de Araquari também tem suas normativas, que com certeza não contemplam as intervenções propostas. Para quê, então, anunciar intenções que vão contra a legislação vigente?

É justo que, esta imobiliária, assim como todas as outras interessadas em grandes projetos urbanos nesta região, mostrem seus grandes planos sem consultas prévias à população, como preconiza o Estatuto da Cidade? 

Para quê servem os planos diretores e outros tipos de planejamento urbano? Para referendar interesses "de ordem maior"? 

Os usos propostos contemplam as necessidades das pessoas que já moram em Araquari? Marinas, campos de golfe, grandes complexos industriais, anéis viários (engraçado o projeto não fazer menções a um sistema de transporte coletivo) e todas as outras regalias de um típico new urbanism, são, de fato, demandas sociais da atualidade daquela cidade? 

É notória a diferença entre planejamento urbano advindo do poder público e do privado, através de grandes consultorias. Enquanto o primeiro é fruto de um processo moroso, participativo (pelo menos em tese) e expressão fiel dos conflitos sociais e econômicos, o segundo é uma avalanche de ideias prontas e que sistematicamente parecem encaixar como a peça final de um quebra-cabeça. Qual modelo a região que contempla estas duas cidades irá adotar?

Há muitas perguntas e hipóteses surgindo rapidamente. Felizmente, os interesses não conseguem ficar à margem por muito tempo. Uma hora eles aparecem, do jeito que já está acontecendo. Para a zona sul de Joinville e Araquari eles estão cada vez mais claros: enriquecimento com a terra urbana (se não for urbana, a legislação muda para atender tal fator), ampliação do modelo de transporte que privilegia o automóvel, construção de grandes empreendimentos de luxo com a desculpa desenvolvimentista, segregar a população já existente em Araquari ao criar uma espécie de "velha Araquari", bem distante territorialmente da "nova Araquari", e a consolidação de situações que garantam a permanência destes investimentos transnacionais, bem como a atração de novos (já se fala em Land Rover, etc). 

Caso você, leitor, queira se informar mais sobre o assunto, basta abrir os jornais locais nas páginas de economia. É o assunto do momento. Entretanto, preciso dizer que é uma visão totalmente parcial da realidade, ou não?