POR GUILHERME GASSENFERTH
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(Tebaldi sem Photoshop você só encontra aqui!) |
Observando os gastos da Cota para o Exercício da Atividade
Parlamentar (CEAP) do deputado federal e candidato a prefeito de Joinville,
Marco Antonio Tebaldi (PSDB), fiquei intrigado com o quanto o homem trabalha.
Consta
no site da Câmara dos Deputados que de março (quando foi demitido do Governo do Estado e reassumiu a cadeira no
Congresso) até julho, o homem gastou R$ 15.236,59 de “combustível e
lubrificantes”.
Deixemos os cálculos para depois. Além do valor, outra coisa
me intrigou. Uma empresa chamada Posto Aliança* (leia direito de resposta no fim deste texto), que emite
uma nota fiscal de combustível de R$ 4.201,55 em março de 2012, outras na faixa
entre R$ 1.000 e R$ 2.000 e uma de R$ 4009,73 em julho.
Eis aqui a cópia da tela do site da Câmara com os dois maiores gastos. Percebam que o gasto é por nota, não é acumulado do mês, senão o Auto Shopping Derivados de Petroleo Ltda também teria só uma inscrição.
Então fiquei curioso – porque o Posto Aliança* (leia direito de resposta no fim do texto)? O que faz com
que Tebaldi utilize sempre o mesmo posto de combustível?
Vale dizer que segundo o regulamento da CEAP, instituído
pelo Ato da Mesa nº 43 de 21/05/2009, em seu artigo 2º, inciso IX, o deputado
tem direito a verba indenizatória para “combustíveis e lubrificantes até o
limite inacumulável de R$ 4.500,00 mensais”. Lê-se no parágrafo único do mesmo
artigo: “As despesas estabelecidas nos incisos I, VII e VIII poderão ser
realizadas por assessores [...]”. Depreendo daí que as demais despesas, como a
estabelecida no inciso IX, não podem ser realizadas por assessores, só pelo
próprio deputado. Pode isso, Arnaldo?
Vamos aos cálculos. Seus R$ 15.236,59 de gastos com
“combustível e lubrificante” representariam 5.441,63 litros de gasolina,
considerando o preço por litro de R$ 2,80, um preço alto. Com 5.441,63 litros
de gasolina, considerando o consumo URBANO da Pajero que ele declara como seu
bem (7,4 km/l, segundo li na internet), seria possível rodar 40.268
quilômetros, o suficiente para dar uma volta inteira no globo terrestre sobre a
linha do Equador (40.075 km) e ainda sobrariam de lambuja 193 quilômetros, o
que daria pra uma visitinha na Secretaria de Educação de SC. Matar as saudades,
sabe como é.
Na prestação de contas, raramente veem-se notas de postos em
outras cidades. Portanto, o consumo majoritário de combustível é na cidade de
Joinville e região, o que deixa ainda mais intrigante a quantidade de
quilômetros rodados. Os quilômetros representariam mais de 1.000 viagens entre
o Rio Bonito e o Paranaguamirim, para citar dois extremos. O que dá uma média
de 6,66 viagens por dia, considerando dias não úteis. É a média da besta!
Se considerarmos uma velocidade média de 60km/h, o que é
muito no trânsito que Joinville tem hoje em dia, Tebaldi levou 671 horas só
dentro do carro. Seriam 28 dias dentro do carro 24h por dia. O homem é
trabalhador, mas não tanto, né, gente? Dividindo as 671 horas pelo número de
dias máximos que ele levou pra gastar isso (150 dias, cinco meses), dá 4 horas
e meia por dia dentro do carro. Descobrimos o culpado pela imobilidade urbana.
Larga esse carro e vai de bike, Tebaldi! :)
Ficam algumas perguntas: o que Marco Tebaldi fez com 40 mil
quilômetros? Por que sempre o mesmo posto? Por que notas fiscais de valores tão
elevados? Seus assessores estariam usando indevidamente recursos da Câmara dos
Deputados (nossos)?
Antes que pensem que estou sendo leviano, eu tentei
perguntar direto para eles. Mandei um e-mail para “dep.marcotebaldi@camara.gov.br”
na terça-feira, fazendo estas perguntas aqui e algumas outras. Pedi confirmação
de leitura no e-mail, que até agora (quinta-feira, 22h), não chegou. Deve ter
muito trabalho por lá... E como somos bacanas, damos até direito de resposta às perguntas acima como um texto aqui no Chuva Ácida. Se quiser, claro.
Por último, tenho também uma outra ideia do que pode ser
tanto gasto... Considerando que o item é “combustíveis e lubrificantes”,
poderia ser o óleo de peroba considerado lubrificante? Porque deve haver um
bruto estoque destes no Posto Aliança* (leia direito de resposta no fim do texto).
PS: informo também que fiz pedido formal da cópia das Notas Fiscais à Câmara dos Deputados. Aguardemos.
DIREITO DE RESPOSTA
Informo que fui procurado pelo proprietário do Posto Aliança - que não é parente do Tebaldi como alguns sugeriram que pudesse ser.
O proprietário informou que possui o posto naquela localidade há 8 anos e que sempre trabalhou com honestidade e prestando serviços com qualidade. Na conversa, ele afirmou que o posto trabalha com o preço médio praticado nos demais postos de combustíveis da cidade e que garante a qualidade de seu produto.
Informou ainda que seu serviço é abastecer e que não cabe a ele saber que uso é feito do produto que vende, com o que concordo plenamente.
Diante do caráter democrático e do senso de justiça deste blog, resolvemos dar ao proprietário o direito de responder aos questionamentos que fiz no texto.
Ele foi bastante solícito e gentil mesmo após as questões que levantei, razão pela qual está postado este adendo ao texto, o que já esclarece uma parte do que foi questionado no texto. Ficamos felizes por estarmos solucionando parte de nossas dúvidas.
Ao proprietário, peço desculpas por aborrecimentos que lhe possa ter causado.