
Por JORDI CASTAN
Cada vez
a vontade de desistir é maior. Se
não fosse pelo apoio constante dos leitores que enviam e-mails, telefonam ou
contribuem com seus comentários, confesso que já teria desistido mais de uma
vez. Não porque esteja fatigado de escrever sobre como esta administração
municipal é ruim. Fadiga não é algo capaz de me desmotivar. As criticas,
ameaças e chiliques menos ainda. O motivo mesmo é acreditar que não há
esperança, que estamos vivendo um quadriênio perdido. E que estes quatro anos
são um retrocesso e que nos levarão outros tantos para voltar ao patamar
anterior que, bem analisado, tampouco era grande coisa. Mas entre ficar parado
quatro anos e regredir há uma sensível diferença.
Dois exemplos para
mostrar o nível de incompetência que assola a cidade. O primeiro é a historia
da ponte que faria a ligação entre a Rua Aubé e a Rua Plácido Olimpio de
Oliveira. Joinville receberia R$ 3.000.000 através de uma emenda parlamentar,
dinheiro a fundo perdido que, acrescentado aos R$ 1.200.000 de contrapartida.
permitiria construir uma ponte que é importante para a cidade. Vamos perder os
R$ 3 milhões, porque o prazo esgotou neste final de ano. Uma pendenga judicial
com dois terrenos não permitiu que a obra fosse iniciada. A Prefeitura já
trabalha com duas alternativas: a primeira contratar um empréstimo com o
Badesc, que teremos que pagar entre todos e que incluirá juros; a segunda opção
será executar a ponte com recursos próprios. De uma forma simples e clara
perdemos R$ 3.000.000 e a ponte ficou cada vez mais distante de se concretizar.
O outro exemplo é o
do esgoto. É a única obra que esta administração está executando digna
deste nome. Ninguém deveria questionar a sua importância. A obra toda está
sendo custeada com o sobrepreço que pagamos todos na nossa água e no nosso
esgoto. Aqueles valores escandalosos que pagávamos antes para a Casan - e que
eram drenados para manter a estrutura da empresa em Florianópolis e permitiam
equacionar a tarifa de água dos municípios deficitários - foram mantidos quando
da municipalização. E permitiram que se constituísse um caixa significativo
para executar as obras necessárias e pudéssemos incorporar, na Companhia Águas
de Joinville, os mesmos vícios da antiga operadora do sistema. Tanto os altos
salários como as perdas significativas da água tratada escancaram uma
ineficiência que já foi bem menor.
O mais curioso no
tema do esgoto são as informações desencontradas com que o governo nos brinda. Durante a campanha, o
promessômetro registrou a promessa de concluir a gestão com 70% do saneamento
básico instalado. Quando a esmola
é demais, o santo deveria desconfiar. Mas depois os percentuais foram mudando
para coisa de 52% em abril deste ano, agora já se fala de 32%, mas ainda
mantendo a esperança que possa ser de 38%. Quando a administração de uma
empresa pública de importância transcendental para Joinville, baseia suas
previsões na esperança, mais que na técnica é bom se preocupar. Porque é
provável que os cálculos e previsões estejam mais baseados no chute e no
achismo que em qualquer estudo técnico. Por isto aumenta a sensação que há
muita incompetência e pouco conhecimento. A possibilidade que isto possa vir a
endireitar, nos poucos meses que faltam, é cada vez menor.