quinta-feira, 2 de junho de 2016

PMDB usa estrutura da educação pública para chamar reunião em Joinville

POR IVAN ROCHA*

Na manhã da última quarta-feira (1º), quando fui buscar minha filha no CEI onde ela estuda, no bairro Vila Nova, recebi um convite inesperado. Por ordem da diretora da unidade, todos os pais receberam o convite para participar de uma reunião, pasmem, do PMDB (imagem no fim do texto). Sim, isso mesmo: o partido do prefeito Udo Döhler está usando a estrutura da educação pública para divulgar suas reuniões abertas ao público.

É provável que a alta cúpula do governo municipal não saiba do enorme erro cometido pelo partido, pois saberia do grave problema que isso acarretará junto à Justiça Eleitoral, a qual esperamos que faça a sua parte no rápido julgamento e punição ao partido e ao governo municipal. A saber, o uso descarado da máquina pública em benefício do partido do prefeito.

O ato, que será denunciado à Justiça Eleitoral, fere a lei 9.504, no artigo 73:

III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado (aqui).


Escola sem ideologia, com exceção da minha

Coincidentemente, na mesma manhã, recebi um vídeo falando sobre a lei da mordaça, no qual um professor de Joinville explica o projeto que foi aprovado no estado de Alagoas e está tramitando em vários estados do país. Em resumo, a lei vai proibir que professores tratem em sala de aula de temas como gênero, política e religião. Em Joinville, a ideia é encampada pela Pastora Léia (PSD), com amplo apoio dos políticos com ideologia de direita.

A ideia é estapafúrdia. Com base em um discurso ideológico, políticos de direita afirmam que professores de esquerda, a partir de orientação do Ministério da Educação (MEC), estariam “contaminando” as crianças do país - a tal da “doutrinação marxista” e por isso há a necessidade da proibição. Na prática, essa censura visa omitir as teorias e personagens da História que são identificados com a esquerda, reescrevendo a história da maneira que a direita quer, sem respeitar o método científico e a construção milenar do conhecimento.

O objetivo deste projeto é bastante ideológico. É o de (de)formar crianças, adolescente e jovens para trabalhar sem pensar, sem questionar. Em Joinville esta já é a ideologia predominante, formando mão-de-obra para trabalhar nas grandes empresas locais.

Retrocesso Nacional

O projeto escola sem partido é um retrocesso em âmbito nacional. Já aprovado em Alagoas, está em tramitação em outros estados, como o Rio Grande do Sul, e sempre defendido por políticos de direita que flertam com o fascismo.

O governo golpista de Michel Temer (PMDB) recebeu os defensores desse projeto por meio do MEC, em episódio que chocou o país, quando o ministro Mendonça Filho, do Democratas, recebeu Alexandre Frota e o movimento Revoltados Online para ouvir propostas para a área da educação. Estuprador confesso e defensor do ideário de direita, Frota também defende o projeto, que estava entre as propostas apresentadas. O encontro foi uma forma de retribuição pelo apoio dado ao golpe no governo Dilma, mas não é de se duvidar que o PMDB leve a cabo as ideias retrógradas para a educação do povo brasileiro.

* Ivan Rocha é pré-candidato a prefeito de Joinville pelo PSOL.


O Facebook lembrou do racismo e do machismo de Joinville

POR FELIPE CARDOSO

Nesta semana, a foto de uma matéria publicada em 2013, do jornal A Notícia, voltou a ser compartilhada. Acompanhado de muitos comentários indignados, a foto serviu para acender o debate sobre as questões raciais aqui na cidade e também no Brasil.

A matéria informava que “o perfil ideal de trabalhador procurado é homem, branco, de 25 a 35 anos de idade”. Além do racismo e do machismo, a matéria também deixa evidente o recorte e o preconceito com a idade.

Uma informação como essa é necessária para mostrar a qualquer pessoa que defenda a meritocracia que vivemos em um sistema desigual, que não oferece as mesmas oportunidades para todos.

Mais adiante o texto diz que “em parte, as vagas não são preenchidas porque os candidatos não têm as habilidades e competências necessárias”. Oras, de 7 mil vagas, dizer que não há gente qualificada é de uma injustiça sem tamanho, talvez devessem se atentar as exigências que fazem e não imputar aos trabalhadores a falta de qualificação. Se procurassem por mulheres, negros e pessoas com idades abaixo de 25 e acima de 35 anos, talvez pudessem encontrar com maior facilidade pessoas para preencherem as vagas. Mas, pelo visto, é melhor deixar 7 mil vagas abertas do que empregar pessoas fora do “padrão ideal”.

Prova do racismo são os tratamentos e os empregos ofertados aos imigrantes haitianos, grande parte com formação acadêmica, mas que não conseguem validar seus certificados por conta de ter que desembolsar uma quantia aproximada de 15 mil reais para ter um tradutor juramentado que realize os processos necessários. Para sobreviver, muitos aceitam subempregos que nem sempre oferecem a garantia de segurança ou muito menos de pagamento pelo serviço.

O que devemos nos atentar é que, segundo os dados nacionais, a taxa de desemprego é maior entre a população negra, principalmente entre as mulheres negras. Agora imagine a chance de uma mulher negra, com 45 anos, estrangeira em conseguir um emprego na área que estudou.

Mulheres negras além do machismo enfrentam também o racismo e estão na base da pirâmide social, muitas vezes sustentando suas famílias sozinhas. Em época de crise, são as mais propensas a serem demitidas, voltando a sofrer para serem reinseridas no mercado de trabalho novamente.

E tem gente que chama isso tudo de vitimismo.

Não é tão simples falar em meritocracia quando os dados insistem em nos mostrar a realidade.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Questão de tempo

Olha o tipo dos caras. E eles acham que podem com a gente.
POR FELIPE SILVEIRA

A queda de Michel Temer, o Fraco, é questão de tempo. A qualquer dia acordaremos com a notícia da renúncia, prisão ou afastamento das cabeças do golpe, que já tem perdido braços e pernas dia sim outro também. Jucá, Renan, MBL, Fabiano Silveira… É o governo Temer, confiável como um bate-papo informal do Sérgio Machado.

O erro da classe dominante é achar que conhece o adversário quando não o conhece de fato. Acham que a esquerda é petista, que os votos de Dilma vêm de dependentes do Bolsa Família (que eles julgam como coitados), que a televisão constrói a narrativa predominante e que os toda aquela massa verde e amarela que encheu as ruas vai simplesmente fechar com eles. Essa massa não é militância, não é politizada e tem interesses difusos. Não dá pra esperar mais deles do que já foi tirado.

O que eles não perceberam é o tanto que o país mudou. O povo não aceita o retrocesso e está mostrando isso nas ruas e nas redes. Universidade pública, acesso universal à saúde, políticas de inclusão e de direitos para minorias só podem crescer, pois o povo não vai aceitar menos. Pode haver tentativas de retrocessos, mas Temer, o Fraco, não aguenta a pressão.

Nos últimos anos, o que se formou no Brasil foi a multidão. É o termo usado pelos filósofos Michael Hardt e Antonio Negri para descrever o sujeito histórico que vai fazer a história acontecer. Somos nós, os movimentos sociais, as feministas, o movimento negro, os secundaristas, os lgbts, os artistas e intelectuais em defesa da democracia, as organizações comunitárias das favelas e dos bairros, os quilombolas e os indígenas. A classe dominante não pode com essa multidão. A opção fascista, muito menos. Não passarão.

Aproveite as horas no poder, Temer. Estão acabando.

terça-feira, 31 de maio de 2016

A escola sem partido ensina até dedo-durismo


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO 

O aparecimento da tal “escola sem partido” (em minúsculas) deve ser um dos episódios mais sombrios da história recente do Brasil. E olhem que o páreo é duro, porque nos últimos tempos o país tem caminhado a galope para o obscurantismo. Os conservadores alegam a existência de uma suposta “doutrinação ideológica” de esquerda nas escolas. E o que propõem em substituição? Ora, uma doutrinação ideológica da direita mais atrasada.

Os conservadores vivem um transe que os leva rejeitar tudo o que aponte para a razão, para as luzes, para o esclarecimento (por iliteracia política, confundem pensamento racional com “esquerda”). Não vamos esquecer que os modelos de ensino atuais são, em grande medida, herdeiros do ideário do Iluminismo, que, no seu momento original, falava no uso da razão para fazer evoluir a vida das pessoas. “Tem coragem para fazer uso da tua própria razão”, disse Kant.

Há muita gente a rejeitar a proposta de “escola sem partido”, sob o argumento de que é uma tentativa de impor o pensamento único. Discordo. O que está em jogo é a simples rejeição do pensamento. Ou, passe o trocadilho, a tentativa impor um único pensamento: atacar o que consideram ser a tal doutrinação de esquerda. Mas não estamos a falar da esquerda corporificada num conjunto de ideias. A esquerda dos conservadores é apenas um monstro criado pelas suas mentes supersticiosas.

O “escola sem partido” tem um site muito completo. Não é preciso aprofundar a navegação porque as coisas saltam aos olhos. Há uma rubrica chamada “flagrando o doutrinador” que, com quase duas dezenas de “ensinamentos”, estimula o espírito delator dos estudantes. Ou seja, ensina a ser dedo-duro. Mas quem pode criticar algo que está em plena sintonia com a realidade brasileira? A delação é premiada e os delatores viram heróis nacionais. Faz sentido. É quase um ensinamento de carreira.

Mas não estamos a falar de dedos-duros quaisquer. O site tem outro link chamado “planeje sua denúncia”, onde ensina uns truquezinhos que permitem aos alunos denunciar professores com método. E o mais importante: em segurança e sem correr riscos de passar por um acareamento. “Esperem, se necessário, até sair da escola ou da faculdade. Não há pressa”, ensina o site. O dedo-durismo é um prato que se come frio. Enfim, a “escola sem partido” parece propor uma versão tupiniquim da Caça às Bruxas.

Mas o ponto alto do site é mesmo o filme apresentado como o “tema musical da educação brasileira” (no final do texto). E qual é a música? Uma paródia de “A Banda”, de Chico Buarque (ironia das ironias). Mas a coisa fica ainda mais emocionante. Porque o argumento é de autoria do grande pedagogo Danilo Gentili. O refrão é suficiente para mostrar o que se passa pela cabeça desses grandes intelectuais: “estava à toa na classe o professor me chamou, pra me lobotomizar, me transformar num robô”.

A coisa continua, com frases que servem apenas para ironizar – e rejeitar – nomes como Marilena Chauí, Mikhail Bakunin, Michel Foucault, Paulo Freire ou o próprio Chico Buarque, que não levou nada de direitos autorais (“o autor da paródia se isenta de qualquer remuneração sobre os direitos autorais da mesma”, explica o texto). Enfim, é um daqueles casos em que só cabe uma definição: é a ignorância petulante em ação. O problema é que muita gente leva a sério.

O CASO FROTA  - A desgraça nunca acaba. Eis uma prova factual – e cabal – da rejeição do pensamento no Brasil. Em que sociedade civilizada Alexandre Frota poderia ser considerado conselheiro para a área da Educação? É uma descarada tentativa de doutrinação. Só que a doutrina é o que há de mais atrasado.


É a dança da chuva.


segunda-feira, 30 de maio de 2016

Deputado diz que pai é exemplo. Hoje o pai foi preso...

POR ET BARTHES

O pai, citado como exemplo de honestidade, foi preso nesta segunda-feira por corrupção. Trata-se do ex-deputado Nárcio Rodrigues (PSDB), preso em Belo Horizonte, numa operação da Polícia Militar, Ministério Público Estadual e Polícia Federal.



Udo Dohler está a ficar sozinho


POR JORDI CASTAN

À medida em que se aproxima a data das convenções, os partidos começam a definir melhor as composições e as alianças. O quadro fica menos nebuloso, mas ainda está conturbado e imprevisível. Não é surpresa para ninguém que o quesito articulação política não é o ponto forte do atual prefeito. E poderá custar muito caro esta falta de intimidade com o tema. Sem poder contar com a experiência e habilidade do senador Luiz Henrique, há poucas alternativas. E deixar a articulação política nas mãos não do atual prefeito parece a melhor delas.

A experiência acumulada nas eleições da ACIJ ou do Sindicato da Indústria Têxtil não servem como referência. Entre as velhas raposas da política o prefeito segue sendo visto como um aprendiz de feiticeiro. Não tem a habilidade, o conhecimento e obviamente carece da capacidade para a tarefa. Não bastasse isso, a sua gestão tem pouco ou quase nada para mostrar. Os aliados de ontem tentam não ver os seus nomes e suas imagens vinculados ao projeto da sua reeleição.

O cenário ficou definitivamente bem mais complexo. Primeiro pelo número de candidatos - caso se confirmem os nomes de todos os pré-candidatos - é praticamente impossível que a eleição possa se definir no primeiro turno. É uma eleição completamente imprevisível. Não há um claro favoritismo do atual prefeito e ter a maquina pública nas mãos não parece tão significativo como já foi no passado. O apoio inquestionável da imprensa local não está conseguindo impedir a influência das redes sociais.

O eleitor tem hoje mais acesso a outras fontes de informação e,  sem esquecer o enorme poder do jornal impresso, da rádio e da televisão, não há como ignorar o desgaste que o prefeito e sua gestão vêm sofrendo pela inoperância do seu governo, pelos problemas não resolvidos e pelas expectativas levantadas durante a campanha. Tudo junto é uma bomba prestes a explodir.

O prefeito tem conseguido convencer o PROS e o PC do B para incorporar-se ao seu projeto eleitoral. Não faltam cargos e secretarias para oferecer em troca deste apoio. Mas não parecem ser suficientemente atrativos para convencer outros partidos. No mais puro estilo toma-lá-da-cá, o prefeito e o seu partido seguem à risca as lições aprendidas na velha política. Repito, velha. Não deixa de ser surpreendente ver o PC do B aliado de Udo Dohler, mas na política brasileira tudo é possível e nada deve surpreender.

Confesso que o dia que ache o primeiro cartaz de campanha em que a foice e o martelo apareçam junto a imagem do prefeito vou fotografar e arquivar para incluir numa futura seção do Chuva Ácida de “acredite se quiser”. Minha imaginação não chega ao ponto de poder antecipar os comentários dos seus pares na ACIJ. Há opiniões desencontradas sobre o peso e os votos que os dois partidos acrescentam a sua candidatura.

A primeira surpresa, ou nem tanto, foi a aliança anunciada entre o PSB de Patricio Destro e o PSD de Darci de Matos. Sem dúvida, um duro golpe para o prefeito que contava com o apoio do seu vice. Muitos eleitores estranharão que o vice-prefeito tenha optado apoiar outro candidato e não acompanhar o projeto de Udo Dohler. Há varias leituras e nenhuma boa para o prefeito e seu projeto. As alternativas vão se reduzindo e construir alianças requer habilidades que não todos tem.


Em breve próximos capítulos desta emocionante história. 



sábado, 28 de maio de 2016

Políticos e politiquices #4

POR ET BARTHES

Há fotografias que os políticos publicam e deixam os assessores de marketing de cabelo em pé. É o caso desta imagem do vice-prefeito. Independente da boa intenção e do carinho pelo bichinho, o certo é que há muito a dizer sobre ela... em especial se for um opositor.


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Uma "Frota" de imbecis afundando o país















POR SALVADOR NETO


A manchete da semana, superando até os áudios de Romero Jucá, Renan Calheiros, José Sarney, Sérgio Machado, o timaço que agora “dirige” o país, foi sem dúvida alguma o memorável encontro do ministro da Educação, Mendonça Filho do DEM, com o grande (?!) ator e educador Alexandre Frota, acompanhado de mais imbecis do Revoltados On Line.

A pauta? Certamente imbecilidades. E muitas, entre as quais o fim da ideologia de gênero, política, e o “comunismo” nas escolas. Mas o que esperar de um governo interino formado por tantos imbecis – mas espertos – amigos do presidente interino Michel Temer? Quem é Alexandre Frota para propor "ideias" para a educação?


Podemos esperar isso. Um “ator pornô” que confessou estupro em programa televisivo (depois negou), vai agora dar as diretrizes educacionais para a nossa juventude. E com aval do novo ministro de Temer. Um escárnio, um desrespeito aos milhões de professores e professoras, pensadores, filósofos da educação, trabalhadores do setor, gente que milita há tantos anos para que o Brasil tenha um povo com acesso à educação de qualidade.

Um governo ilegítimo, com ministros ilegítimos, investigados até o pescoço em casos de corrupção não podem, com uma “Frota” de imbecis deste baixíssimo nível, afundar o país! 

Pensem em Alexandre Frota, Marco Feliciano, Jair Bolsonaro, e tantos outros imbecis comandando a educação brasileira? No que nos transformaremos?

Seremos terra arrasada, sem futuro, mera colônia dos interesses capitalistas americanos, como já fomos durante tanto tempo. Voltaremos à Idade Média. Quem luta pela educação pública e de qualidade, e até na iniciativa privada sabe o quanto é difícil avançar em um país continental, com tanta diversidade cultural. Conhece o quanto a tarefa de emancipar o povo via educação é dura.


Não é possível que um país que produziu mentes brilhantes como Florestan Fernandes, Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Cristovam Buarque, Renato Janine Ribeiro e tantos outros, se entregue covardemente aos imbecis que chegam em “Frotas” do atraso. Vamos deixá-los atracar nos portos da nossa consciência facilmente?

A grande mídia já imbeciliza milhões diariamente em programas televisivos. A falta de investimentos maciços na literatura, no incentivo à leitura, à ciência, à pesquisa já nos coloca em patamares muito distantes do primeiro mundo. E agora, vamos aceitar ditames de Frota? Diga não a isso. É o futuro dos seus filhos e netos que está em jogo.



É assim, nas teias do poder...

quinta-feira, 26 de maio de 2016

O Brasil visto por memes...

POR ET BARTHES 


O clima no Brasil anda tão nonsense que fica difícil explicar por palavras. Por isso, hoje temos um resumão dos últimos dias atravês de memes publicados nas redes sociais. Talvez ajude a entender. Ou não...

1. E  o ministro da Educação recebe a contribuição de Alexandre Frota, o cara que narrou o estupro, e Marcelo Reis, líder dos Revoltados On Line, um site dedicado a analfabetos políticos. Quanta educação e cultura neste post...





2. E Jucá foi apanhado nas escutas. Disse que o PSBD estava na linha de fogo da Lava Jato e que Aécio Neves era o primeiro da fila.





3. O mundo pode estar a acabar. Mas se isso for prejudicial ao golpe que derrubou Dilma Rousseff. a Globo vai negar. Nem mesmo quando há uma confissão, como no caso de Romero Jucá.



4. E as declarações de Romero Jucá, ao admitir que houve mesmo um golpe contra Dilma, fizeram com que algumas frases fossem as mais repetidas nas redes sociais. Como esta...




5. Não deixou de ser irônico o fato de uma ministra do STF pedir que Dilma Rousseff usasse a palavra "golpe". No entanto, a conversa Jucá-Machado trouxe uma perspectiva diferente. Talvez a resposta esteja no próprio STF.



6. A velha imprensa é useira e vezeira em usar as palavras que mais convêm aos seus interesses. É o caso da Folha de S. Paulo, que chama pacto uma coisa que tem outro nome...




7. Um dos argumentos (ridículos) mais usados pelos defensores do golpe é que agora temos um presidente que sabe usar a mesóclise. Eis...


8. E vem aquele culto jornalista (agora governista) a confundir uma cidade com outra. Coisas de primeiro mundo.


9. Uma notícia que fez o mundo achar que o Brasil é motivo de piada...


10. E, por fim...





quarta-feira, 25 de maio de 2016

Ministério Pra Boi Dormir


POR RAQUEL MIGLIORINI

Pode ser que, ao publicar esse texto no blog do Chuva, os ministros aqui citados não estejam mais no time do presidente interino Michel Temer, afinal um deles é alvo de investigação da Polícia Federal. Mas, me arrisco mesmo assim.

A tal Ponte para o Futuro desprezou por completo o assunto Meio Ambiente. Já havia comentado, no texto anterior, sobre a facilitação na emissão da licença ambiental que o governo interino almeja. Embora muitos acreditem ser esse um assunto secundário, pensar na preservação e recuperação ambiental deveria ser sinônimo de preservação da própria vida. Infelizmente, não é assim. Então, vamos aos fatos.

Em recente entrevista, o ministro interino do Meio Ambiente disse que se reuniu com o ministro interino da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Magg, para conversarem sobre sustentabilidade e a conclusão foi que agricultura e meio ambiente não são adversários e sim, aliados. Em que mundo isso ocorre, por favor? É claro que a conversa não tratava da agricultura familiar ou de hortas orgânicas. Como ter certeza disso?

Bem, o senhor ministro Blairo Maggi, presidente da Amaggi, uma das maiores empresas do setor de agronegócios, já foi apelidado de “Motosserra de Ouro” por uma ONG brasileira e já disse que os ambientalistas tinham preconceito com o setor produtivo. Não é possível não ter pré-conceito com um cidadão que desmatou áreas imensas no Mato Grosso (área de Mata Amazônica) e que quer mudar o licenciamento ambiental no Senado, tornando-o bem mais simples.

Segundo Sarney Filho, “o ministro da Agricultura conhece tudo sobre agricultura, afinal ele é produtor”. Creio que conheça tudo sobre desmatamento, latifúndio, desgaste de solo. Conhecer sobre Agricultura é conhecer os reais problemas do agricultor brasileiro, seja qual porte for. É gerar um mercado interno para que todos saiam ganhando, para que ocorra a regulação de preços, para que a produção não seja jogada nas estradas. Exemplos: plantio de cana-de-açúcar para exportar açúcar ou para fabricar combustível e abastecer o mercado interno? Plantio de soja para exportação ou agropecuária orgânica?



Uma coisa interessante foi a proposta de Maggi para o programa Mato Grosso Legal, que seria uma importante ferramenta contra o desmatamento. Será que ele não quer concorrência no plantio de soja, na mínima parcela que sobrou da vegetação daquele Estado? Ou é algo do tipo “faça o que eu mando mas não faça o que eu faço”?


Quando tomou posse como ministro interino, Maggi disse que o El niño seria o responsável pela seca na região Amazônica e pelas enchentes no Sul, no final de 2015, e que isso agravava o cenário de exportação de grãos do país. Voltamos ao começo. O El niño pode agravar uma situação provocada por desmatamento, assoreamento de nascentes e levantamento de lençol freático, provocado pelo uso desmedido da agricultura de latifúndios.

Fica fácil destruir o equilíbrio natural e jogar a culpa num fenômeno climático. Não é concebível, atualmente,  ignorar que a perda de biodiversidade e o mal uso da água e do solo tem efeitos na saúde pública e na perda de qualidade de vida. Isso não é mais papo de “biodesagradável” e “ecochato”. Os lucros do plantio de soja caem no bolso de meia dúzia. Os custos dos prejuízos e degradação ambiental são repartidos por toda a população.

Um Ministério como o do Meio Ambiente que sobrevive com cortes orçamentários dantescos, que é visto como o causador do subdesenvolvimento de algumas regiões do país precisa de um ministro de pulso forte e que mostre o verdadeiro valor dessa pasta. Já o Ministério da Agricultura necessitaria de alguém que não agisse em causa própria, mas que entendesse a situação de toda a área e  produção rural brasileira. Segue a pinguela para o futuro, com projetos e ministérios pra boi dormir. Mas só boi gordo, diga-se de passagem.