Mostrando postagens com marcador alexandre frota. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador alexandre frota. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 31 de maio de 2016

A escola sem partido ensina até dedo-durismo


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO 

O aparecimento da tal “escola sem partido” (em minúsculas) deve ser um dos episódios mais sombrios da história recente do Brasil. E olhem que o páreo é duro, porque nos últimos tempos o país tem caminhado a galope para o obscurantismo. Os conservadores alegam a existência de uma suposta “doutrinação ideológica” de esquerda nas escolas. E o que propõem em substituição? Ora, uma doutrinação ideológica da direita mais atrasada.

Os conservadores vivem um transe que os leva rejeitar tudo o que aponte para a razão, para as luzes, para o esclarecimento (por iliteracia política, confundem pensamento racional com “esquerda”). Não vamos esquecer que os modelos de ensino atuais são, em grande medida, herdeiros do ideário do Iluminismo, que, no seu momento original, falava no uso da razão para fazer evoluir a vida das pessoas. “Tem coragem para fazer uso da tua própria razão”, disse Kant.

Há muita gente a rejeitar a proposta de “escola sem partido”, sob o argumento de que é uma tentativa de impor o pensamento único. Discordo. O que está em jogo é a simples rejeição do pensamento. Ou, passe o trocadilho, a tentativa impor um único pensamento: atacar o que consideram ser a tal doutrinação de esquerda. Mas não estamos a falar da esquerda corporificada num conjunto de ideias. A esquerda dos conservadores é apenas um monstro criado pelas suas mentes supersticiosas.

O “escola sem partido” tem um site muito completo. Não é preciso aprofundar a navegação porque as coisas saltam aos olhos. Há uma rubrica chamada “flagrando o doutrinador” que, com quase duas dezenas de “ensinamentos”, estimula o espírito delator dos estudantes. Ou seja, ensina a ser dedo-duro. Mas quem pode criticar algo que está em plena sintonia com a realidade brasileira? A delação é premiada e os delatores viram heróis nacionais. Faz sentido. É quase um ensinamento de carreira.

Mas não estamos a falar de dedos-duros quaisquer. O site tem outro link chamado “planeje sua denúncia”, onde ensina uns truquezinhos que permitem aos alunos denunciar professores com método. E o mais importante: em segurança e sem correr riscos de passar por um acareamento. “Esperem, se necessário, até sair da escola ou da faculdade. Não há pressa”, ensina o site. O dedo-durismo é um prato que se come frio. Enfim, a “escola sem partido” parece propor uma versão tupiniquim da Caça às Bruxas.

Mas o ponto alto do site é mesmo o filme apresentado como o “tema musical da educação brasileira” (no final do texto). E qual é a música? Uma paródia de “A Banda”, de Chico Buarque (ironia das ironias). Mas a coisa fica ainda mais emocionante. Porque o argumento é de autoria do grande pedagogo Danilo Gentili. O refrão é suficiente para mostrar o que se passa pela cabeça desses grandes intelectuais: “estava à toa na classe o professor me chamou, pra me lobotomizar, me transformar num robô”.

A coisa continua, com frases que servem apenas para ironizar – e rejeitar – nomes como Marilena Chauí, Mikhail Bakunin, Michel Foucault, Paulo Freire ou o próprio Chico Buarque, que não levou nada de direitos autorais (“o autor da paródia se isenta de qualquer remuneração sobre os direitos autorais da mesma”, explica o texto). Enfim, é um daqueles casos em que só cabe uma definição: é a ignorância petulante em ação. O problema é que muita gente leva a sério.

O CASO FROTA  - A desgraça nunca acaba. Eis uma prova factual – e cabal – da rejeição do pensamento no Brasil. Em que sociedade civilizada Alexandre Frota poderia ser considerado conselheiro para a área da Educação? É uma descarada tentativa de doutrinação. Só que a doutrina é o que há de mais atrasado.


É a dança da chuva.


sexta-feira, 27 de maio de 2016

Uma "Frota" de imbecis afundando o país















POR SALVADOR NETO


A manchete da semana, superando até os áudios de Romero Jucá, Renan Calheiros, José Sarney, Sérgio Machado, o timaço que agora “dirige” o país, foi sem dúvida alguma o memorável encontro do ministro da Educação, Mendonça Filho do DEM, com o grande (?!) ator e educador Alexandre Frota, acompanhado de mais imbecis do Revoltados On Line.

A pauta? Certamente imbecilidades. E muitas, entre as quais o fim da ideologia de gênero, política, e o “comunismo” nas escolas. Mas o que esperar de um governo interino formado por tantos imbecis – mas espertos – amigos do presidente interino Michel Temer? Quem é Alexandre Frota para propor "ideias" para a educação?


Podemos esperar isso. Um “ator pornô” que confessou estupro em programa televisivo (depois negou), vai agora dar as diretrizes educacionais para a nossa juventude. E com aval do novo ministro de Temer. Um escárnio, um desrespeito aos milhões de professores e professoras, pensadores, filósofos da educação, trabalhadores do setor, gente que milita há tantos anos para que o Brasil tenha um povo com acesso à educação de qualidade.

Um governo ilegítimo, com ministros ilegítimos, investigados até o pescoço em casos de corrupção não podem, com uma “Frota” de imbecis deste baixíssimo nível, afundar o país! 

Pensem em Alexandre Frota, Marco Feliciano, Jair Bolsonaro, e tantos outros imbecis comandando a educação brasileira? No que nos transformaremos?

Seremos terra arrasada, sem futuro, mera colônia dos interesses capitalistas americanos, como já fomos durante tanto tempo. Voltaremos à Idade Média. Quem luta pela educação pública e de qualidade, e até na iniciativa privada sabe o quanto é difícil avançar em um país continental, com tanta diversidade cultural. Conhece o quanto a tarefa de emancipar o povo via educação é dura.


Não é possível que um país que produziu mentes brilhantes como Florestan Fernandes, Anísio Teixeira, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, Cristovam Buarque, Renato Janine Ribeiro e tantos outros, se entregue covardemente aos imbecis que chegam em “Frotas” do atraso. Vamos deixá-los atracar nos portos da nossa consciência facilmente?

A grande mídia já imbeciliza milhões diariamente em programas televisivos. A falta de investimentos maciços na literatura, no incentivo à leitura, à ciência, à pesquisa já nos coloca em patamares muito distantes do primeiro mundo. E agora, vamos aceitar ditames de Frota? Diga não a isso. É o futuro dos seus filhos e netos que está em jogo.



É assim, nas teias do poder...

terça-feira, 1 de março de 2016

A culpa do outro (ou a terceirização do fracasso)

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Anderson Silva perde uma luta lá nas terras de Sua Majestade e desata a espinafrar: “é como no Brasil, corrupção total”. Lobão tem um show cancelado por falta de público - os ingressos custavam apenas 30 reais -  e diz que a culpa é do PT. Estes são apenas dois fatos mais recentes que comprovam uma certa marca no inconsciente coletivo brasileiro: a culpa é sempre dos outros.

Mas vamos ficar num plano específico: há um movimento de terceirização do fracasso no Brasil. Muitos não aceitam a perda de qualidades e procuram atribuir as responsabilidades a um inimigo externo. Neste caso, uma entidade ectoplásmica chamada que chamam “esquerda”, formada por gente que é definida por bolivarianos, petralhas, comunistas etc. Os culpados de tudo.

O grupo é grande e podemos juntar nomes como Fábio Jr., Roger, Alexandre Frota ou Marcelo Madureira, entre tantos outros. Em resumo, são pessoas que já tiveram alguma projeção midiática, mas hoje são arremedos delas próprias. E nem é preciso ser psicanalista para perceber o mal que o ostracismo pode provocar em pessoas com problemas de ego.

Um cantor que constrói a carreira no papel de galã envelhece, engorda e perde admiradoras. Um músico de segunda linha que, pelos limite do talento, nunca consegue sair desse patamar. Um “ator” que não sabe gerir a carreira e acaba em filmes pornô ou numa pose ridícula num vestido de noiva. Um humorista que perde a piada e que não consegue mais fazer rir (neste caso, só provoca pena).

Onde essa gente se encontra? No ódio. Em ir contra “tudo isso que está aí” (seja lá o que for). Pode até ser uma decisão ideológica, mas todos sabemos que também é uma opção de mercado: o Brasil é um país de muitos consumidores ainda dispostos a consumir esse tipo de produto que vem embrulhado num discurso reacionário.

A lógica é simples. Eu não gosto da música de Lobão, mas se ele fala mal do PT, então é meu "ídolo". Desde que eu não tenha que pagar 30 mangos para ir ver um show dele, claro. E sei que Anderson Silva foi condenado por doping é não tem tem exatamente autoridade moral para falar no assunto. Mas se ele critica o governo atual, então já estou com ele. E assim caminha a humanidade.

Enfim, a terceirização do fracasso pode ser resultado de mentes estreitas ou uma simples estratégia de marketing para ganhar sobrevida no mercado. O problema é que muitas vezes a estratégia não funciona. E aí, como dizia Raul Seixas, “é sempre mais fácil achar que a culpa do outro”…

É a dança da chuva.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O bas-fond e os filhos da puta







POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O que vimos na “mininfestação” (mini+infestação) do último domingo? O bas-fond da sociedade brasileira saiu às ruas. Bas-fond? Sim. Apesar de terem rechonchudas contas bancárias, representam o que há de moralmente mais apodrecido em terras tupiniquins. Aliás, muitos não saíram propriamente às ruas. Em Joinville, por exemplo, os caras foram às ruas a bordo dos seus carros. Afinal, essa coisa da “luta política” exige sacrifícios, mas não é preciso exagerar. O dia estava quente.

E houve para todos os (des)gostos. Alexandre Frota posando de artista - e do bem. Tradição, Família e Propriedade no túnel do tempo a propor a era das trevas. Marombeiros que apareceram na fotografia de forma acidental. Uma professora paranaense com um sério déficit cognitivo. Um senhor que, num cartaz, pedia Tiririca na presidência (será ironia?). Muitas bandeiras dos Isteitis. Uma micareta ridícula feita por dançarinos apatetados. E um inacreditável flashmob num shopping, protagonizado por militantes de ar condicionado.

Uma senhora entrevistada pelo jornal português “Público” se disse decepcionada com a pouca adesão à manifestação. E deu mostras de quanto o brasileiro é solidário: “Sabe quando vai encher? No dia em que ela cortar o Bolsa Família daqueles filhos da puta. Aí vai encher”. Sim, você leu direito. Para essa senhora, que é gente de bem, os beneficiários dos programas sociais não passam de uns “filhos da puta”.

Aliás, a manchete do “Público” foi muito feliz. O jornal lusitano anunciou que o “Tea Party brasileiro” tinha saído às ruas. É a comparação que melhor define essa tranqueira que no domingo espalhou bílis em muitas cidades do Brasil. Gente que faz da ignorância um culto e da intolerância uma profissão de fé. Só é pena que a maioria nem saiba o significado de Tea Party. A qualidade intelectual dos caras não dá para tanto.

Mas há outros detalhes interessantes. O primeiro é a acentuada queda do número de participantes, que chegou a cerca de 70% em São Paulo. Outro é o envelhecimento dos protestantes, uma vez que a idade média passou dos 39,6 anos em março para 48,2 anos no domingo. É caso para pensar. Essa gente deve ter pelo menos sentido alguns eflúvios da ditadura. Já era tempo de terem juízo e deixarem dessa coisa de golpe.


É a dança da chuva.