sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Aumenta a repressão e a violência policial na cidade da ordem
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Policial ostentando com o "brinquedo novo" durante a manifestação popular. Foto cedida por Jéssica Michels |
POR FELIPE SILVEIRA
Recentemente soube de um caso em que a polícia entrou na casa de um homem na base da porrada. Sem mandado, com um motivo torpe, dando porrada e fazendo ameaças que fizeram calar a vítima, um trabalhador comum, marcado pela condição social.
Eu poderia ter inventado esse caso para falar do que acontece todo dia em todo o Brasil, mas esse exemplo é real, recente, e aconteceu com uma pessoa bastante próxima. Eu sei que isso acontece todos os dias, quase que exclusivamente nas periferias, e mesmo assim eu fiquei chocado quando soube desse caso.
É importante dizer que isso acontece quase que exclusivamente nas periferias. Até pouco tempo eu morava em um bairro de classe média com alguns amigos e o mesmo motivo torpe levou a polícia até a casa. Lá, no bairro rico, não rolou violência. Evidentemente, pois a possibilidade de haver filhos de advogados, juízes e empresários na casa era grande.
Na periferia não tem conversa...
A repressão e a violência policial também me chocaram na quarta-feira (8), durante a manifestação contra o aumento da tarifa de transporte coletivo. Fazia tempo que eu não via tanto “sangue no zoio”. Longe de querer dizer que não havia antes, pois havia, sempre houve, notei que algo mudou de uns tempos pra cá. Não estão escondendo mais a vontade de esganar os manifestantes.
O troço é tão absurdo que os policiais cercaram um ônibus onde estavam os manifestantes e outros cidadãos e ameaçaram prender todo mundo que tava nele. O pm disse pra tocar pra delegacia porque ia prender todo mundo.
Isso é concebível? Eu estou louco? Sinceramente, não sei o que argumentar em relação a isso. Não consigo compreender como alguém tem coragem de defender a pm depois de saber dessas coisas.
Um policial ameaçou prender um manifestante no próximo protesto. Alguém me explica como isso é possível? Outro policial falou que teria que “conversar melhor” com outro manifestante. Imaginem o tom da conversa. Foram inúmeros relatos de ameaças na manifestação de quarta, sem contar a ostentação com armas letais (escopetas) e “não-letais” (aquela parada que dá choque).
Entramos em que ano? 68?
Obs.: Eu cheguei bem tarde na manifestação. Esse texto é resultado de coisas que vi e ouvi na quarta.
O horror, o horror
POR CLÓVIS GRUNER
Provocaram um misto de indignação, repulsa e náuseas as
cenas de barbárie que circularam nos últimos dias pela internet, mostrando um
grupo de presos do complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão,
decapitando três outros detentos de facções rivais. E escancaram uma realidade
que é conhecida por muitos, embora muitos a neguem: o sistema penitenciário
brasileiro, desde há alguns anos, entrou em colapso; e não sairemos dele sem
medidas radicais que não apenas o reformem, pontual e provisoriamente, mas o
reinventem de alto a baixo.
O caso do Maranhão não é único, mas nem por isso menos emblemático. Pedrinhas se tornou a síntese do horror porque há muito tempo é uma
terra de ninguém. Além da infraestrutura aquém de precária e a superlotação,
presos de facções inimigas dividem o mesmo espaço, potencializando ainda mais a
violência já comum em ambientes prisionais. Desde dezembro, principalmente,
acompanhamos as notícias de uma violência crescente – decapitações,
esfolamentos, estupros de mulheres das famílias de presos e a queima de coletivos nas ruas de São Luis –, o principal meio de que se valem
as facções criminosas para demonstrar sua força e assegurar sua superioridade
sobre os grupos rivais. O saldo, ao longo do último ano, é de 62 presos mortos,
além de uma menina de seis anos, Ana Clara Santos Sousa, queimada em um dos
atentados a um ônibus na capital.
A justificativa do governo é, como de hábito, hipócrita.
Segundo as autoridades maranhenses, trata-se de uma reação às políticas de
segurança no estado, uma flagrante mentira: a violência prisional é,
antes, o desdobramento da incapacidade dos poderes públicos de oferecem
respostas viáveis aos problemas de segurança pública. No caso do Maranhão,
particularmente, esta incapacidade é generalizada e pode ser percebida também
fora dos muros das prisões. Governado há décadas pela família Sarney – cujo patriarca, o
senador José Sarney, foi aliado de todos os governos desde os militares, o que
inclui obviamente os últimos, FHC, Lula e agora Dilma –, o estado apresenta
alguns dos piores índices de qualidade de vida do país: entre outras coisas,
possui a menor expectativa de vida e o segundo maior índice de mortalidade infantil. Confrontados os indicadores sociais e a
violência prisional, não é difícil concluir que uma coisa e outra estão ligadas
e que a segunda é, em grande medida, desdobramento e resultado dos primeiros.
Mas isso não é tudo.
A FALÊNCIA DO MODELO PRISIONAL – Colocada sob uma
perspectiva histórica, a violência que hoje grassa nas prisões vem sendo
gestada pelo menos desde as décadas de 1970 e 80. São esses os anos do
aparecimento e rápida consolidação do crime organizado e das facções
criminosas, que se articulam primeiro dentro das prisões (articulação que se
fez, em parte, pelo contato dos criminosos comuns com os prisioneiros
políticos). Nos anos subsequentes, elas deslocam sua ação e influência para as
periferias das grandes cidades, lugares onde a ausência do Estado e o total
descaso dos poderes públicos os tornaram mais vulneráveis à ação organizada do
crime.
Distribuindo privilégios e promovendo a identidade e a
fidelidade entre seus integrantes, estes grupos tem conseguido aumentar sua
força não apenas dentro das instituições prisionais, desempenhando um
papel de mediador entre a vida intramuros e o cotidiano fora deles.
Mediação delicada e conflituosa, entre outras coisas, porque faz deslizar para
o espaço público os códigos e valores que organizam e normatizam a vida
prisional, além de ocuparem o espaço deixado vago pelo Estado e pelos governos,
justamente as instituições que, em tese, são as responsáveis por garantir a
ordem e a segurança dentro dos presídios.
Nas
últimas décadas portanto, aos antigos problemas – superlotação, condições
físicas precárias, deficiência dos programas de reinserção –, somaram-se
outros, que só fizeram agravar uma situação em si já insustentável. Entre eles
o aumento da violência institucional: como já disse em outra ocasião, no Brasil, as prisões (e de maneira
geral, o aparato policial) convivem com os resquícios dos tempos de exceção e a
resistência à políticas de democratização no interior de
seus sólidos muros. É uma regra onde não há exceção: as prisões e as corporações policiais são hoje, das instituições estatais, aquelas onde de maneira mais expressiva ainda encontramos o que resta da ditadura.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Saudades das férias de 2001
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sempre que há algum índice ruim na
economia nacional, os que torcem pelo fracasso do atual governo - e
indiretamente pelo fracasso do Brasil - saem à carga para anunciar o fim do
mundo. Desta vez é a notícia de que o Brasil teve o seu pior saldo comercial em
13 anos. Eis uma coincidência interessante. Façam as contas, voltem no tempo e
vejam em que época estaremos: o saudoso ano de 2001.
O povo da Reaçolândia não economiza
nos adjetivos para anunciar o desastre que começa a arrastar o atual governo para
o precipício. Mas desta vez sou obrigado a aderir ao coro dos descontentes. Também
tenho saudades de 2001. Naqueles tempos, já vivendo fora do Brasil, enquanto
turista fazia a festa em qualquer lugar do país. É que o real era uma moeda
fraquinha em relação ao euro e até um pé de chinelo como eu podia levar vida de
rico.
Naqueles tempos - em que o Brasil
cumpria o desígnio da “teoria da dependência” (lembram de quem defendia essa
teoria?) - a minha vida era muito mais tranquila. A começar pelos aviões, que
nem sempre enchiam e às vezes eu até conseguia ter quatro bancos para viajar
dormindo esticadão. Hoje os vôos estão sempre cheios com essa brasileirada que
não para de viajar para o exterior e voltar com a mala cheia de bugigangas do
tal primeiro mundo.
Também gostava porque podia andar
sempre de táxi em Joinville. Mesmo sendo caro ainda dava para aguentar os
preços. E era legal porque podia sair para jantar e beber à vontade, sem
precisar dirigir (como manda a lei). Mas hoje em dia o cara tem que se virar em
casa mesmo, porque é muito caro comer fora. Mais do que em algumas capitais
europeias. Aliás, não entendo como os restaurantes estão sempre cheios se a
economia está a um passo do despenhadeiro.
Ah… e lembro também que ir para a
praia era tranquilo. Não havia esse movimento alucinante na estrada - porque
poucos brasileiros podiam comprar carro
- e não tinha aquela coisa de levar três horas para chegar a Enseada, por
exemplo. Alugar casa na praia? Uma teta. Também era raro acontecerem coisas
como a falta de água ou de luz pelo excesso de população. Pô, hoje qualquer um
já pode ir de férias para a praia.
É,
gente, a coisa esta mesmo feia. Legal mesmo era aquele tempo em que pobre era
pobre, conhecia o seu lugar e não invadia a praia dos outros. Férias na praia
viraram um inferno. Saudades do tempo em que a gente distinguia as pessoas de
bem dos farofeiros.
terça-feira, 7 de janeiro de 2014
Imagina na Copa
POR FABIANA A. VIEIRA
Prometo que esse texto vai terminar melhor do que começou. Afinal, ele vai começar da pior forma possível, com um vídeo do Prates. Sim, o comentarista, aquele, que disse: “hoje qualquer miserável tem carro, por isso os inúmeros acidentes nas rodovias” - uma crítica sobre a popularização do carro pelo crédito fácil aos mais pobres. Mas o vídeo agora é outro.
Não consigo entender porque ainda fico indignada com seus comentários. Confesso que já senti muita frustração
numa época. Em outro período já o ignorei e até já dei risada, mas o comentário acima ultrapassou todos os limites. Nele, Prates está
inconformado com os encaminhamentos da Copa. Disse que a pior tragédia para o
Brasil será vencer a Copa e que já está
com a camisa do Uruguai para sua torcida (sim, Uruguai, de Mujica que viveu a luta armada e compartilhou os
projetos da esquerda leninista. O Mujica que defende “dar o peixe”, para
aqueles que foram saqueados durante anos). Nada contra o Mujica, pelo contrário,
muito a favor. Mas você percebe a contradição?
Eu realmente não me importo se você gosta ou não de futebol.
Se vai torcer para o Japão, para Camarões ou não vai torcer pra nada. Eu mesma,
nem sou tão ligada, mas confesso que aprecio as rodadas sem muito fanatismo.
Agora, ligar a Copa ao (in) sucesso do governo A ou B já é conspiração demais.
E o pior, torcer para que o país perca não só a Copa, mas todas as chances de
mostrar para o mundo que é capaz de organizar um evento dessa magnitude, chega
a ser insano. Como se a derrota na Copa representasse a derrota do governo. Mesquinho
isso.
Primeiro, a Copa
Ela nunca foi determinante para uma eleição. Fosse assim,
Fernando Henrique não se reelegeria em 1998, quando o Brasil perdeu a Copa para a França. E em 2002 teria eleito seu sucessor
com a vitória do Brasil na Copa, mas quem levou foi a oposição, com Lula - que por sua vez foi vaiado na abertura do Pan, em 2007.
Segundo, manifestações x governo
Já vimos que mesmo com todo o alarde em
junho do ano passado e as intensas manifestações contra os investimentos da
Copa no Brasil, o povo quer mudanças, mas querem que as mudanças sejam feitas
por Dilma (é ela quem lidera todas as pesquisas de intenção de voto hoje, seis meses depois das manifestações). Com tudo
o que houve no ano passado, não surgiu nenhum nome ou expressão que tenha
alterado isso, para desespero da oposição. Então o projeto caos tem muita chance de
não vingar, Prates. Pelo menos, até hoje. Torce contra, que é melhor.
Terceiro, os investimentos da Copa
Eu sei que o país tem muitas prioridades.
E você, que não gosta de futebol, não é obrigado a amar a Copa, sabendo que
teve muito dinheiro investido nisso. Mas é preciso saber separar as coisas. É preciso saber que o governo federal, não construiu nenhum estádio. Esta tarefa coube aos governos estaduais, clubes de futebol e até prefeituras. Que a Copa vai acabar e o patrimônio fica, para servir outros serviços também.
Bem na real
Como
primeiro texto do ano, eu desejo mesmo
que o Brasil vença. E se não vencer a Copa, que vença o preconceito
(para aqueles que não suportam ver miseráveis comprando carros, ou pobre e ' preto' nos aeroportos e nas faculdades). Essa vitória até pode ser com ou sem a Dilma, mas
que seja sem ódio. Que
seja no debate, nas propostas e no olhar que faz a diferença. E não no
fracasso
do outro. Ou no fracasso de todos nós.
Feliz 2014, Brasil!
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Este ano será diferente
POR JORDI CASTAN
Temos fixação pelo que é diferente, buscamos sempre o que é único,
mas é mais interessante prestar atenção às semelhanças.
“Desta vez é diferente”. “É outra forma de administrar”. “Este
ano será diferente”. É importante que, mais do que acreditar no mantra do “diferente”, olhemos além do discurso e sejamos capazes de identificar porque desta vez será
diferente. Temos uma predisposição a acreditar que as diferenças são mais
valiosas que as semelhanças. Os marqueteiros políticos usam e abusam desta
nossa predisposição para tentar nos convencer que este ou aquele candidato é
diferente do anterior. Destacam o que diferencia, quando o aconselhável seria
que destacassem o que o faz semelhante, às vezes tão parecido que é difícil diferenciar
um do outro.
Em principio é muito fácil identificar as semelhanças. Por
isso, dedicamos mais tempo e esforço a buscar e destacar as diferenças. Porque buscando as diferenças esquecemos-nos de ver as semelhanças. Deixamos
de prestar atenção ao que um tem de igual aos outros.
Imaginemos uma cidade do norte de Santa Catarina que esteja
debatendo o modelo de transporte coletivo, o seu plano de mobilidade, o projeto
de ciclovias ou o seu modelo de desenvolvimento urbano. Na hora de definir o
que fazer e como fazer, alguém propõe que os técnicos do Instituto de
Planejamento local assumam a responsabilidade de elaborar os estudos, ou os da
Secretaria de Infraestrutura, com o apoio prestimoso dos do ITTRAN, pois são
eles justamente quem mais entendem do riscado. Mesmo que os resultados até
agora não tenham sido os melhores, os representantes de sempre são escolhidos. Antes
que alguém tenha a oportunidade de alertar que essa equipe já tem causado
alguns desastres nos últimos anos e que há um risco elevado que os problemas
continuem, o chefão, sem dar opção a que alguém se manifeste, lança a seguinte
afirmação:
“É verdade que tem cometido alguns erros no passado, mas
acredito que esta vez seja diferente, eles tem trabalhado muito para desta vez
fazer bem feito”. E se fez o silêncio. Ninguém é louco ao ponto de contradizer o
chefão e ainda mais depois de uma afirmação dessas.
Como o foco passa a ser a diferença - digamos o ano é
outro, o prefeito é outro e pouco mais - esquecemos-nos do que é igual, a cidade
é a mesma, a equipe é a mesma, os problemas são os mesmos que não tem sido
capazes de resolver no passado. Mas esta vez é diferente. E imbuídos deste espírito,
que insiste em nos convencer que esta vez é diferente, avançamos convencidos do
sucesso amparados no nosso otimismo e no excesso de confiança. O resultado é o previsível.
Estamos todos tão focados em destacar o que é diferente que nos
esquecemos de olhar o que é igual. Se insistirmos em acreditar que “esta vez é
diferente”, pode ser que desta vez sim haja diferenças sensíveis que façam que
seja diferente, mais as chances que seja iguais e que as semelhanças façam que
esta vez tampouco seja diferente são maiores do que acreditamos. Só não
queremos olhar nas semelhanças.
Você é dos que acredita que a administração municipal desta
cidade do Norte de Santa Catarina cada vez é mais parecida com as anteriores e
que esta difícil achar algum diferencial significativo? Tranquilo, você não está sozinho. Aumenta
cada vez mais o numero de eleitores que acham que desta vez tampouco é
diferente.
domingo, 5 de janeiro de 2014
Mobilidade urbana em Joinville
POR ET BARTHES
Uma entrevista de Jordi Castan ao Portal Joinville sobre mobilidade urbana.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Desculpa aí, Juan
POR FABIANA A. VIEIRA

Juan Melquiades Delgado, passaria despercebido esse ano, não fosse aquele fato vergonhoso em Fortaleza. Cubano, negro, foi hostilizado assim que chegou no Brasil por um grupo de "doutores" vestindo jaleco branco que o aguardava no aeroporto. Aliás, se é pra eleger o mico do ano, com certeza foi esse.
O discurso cheio de xenofobia causou "vergonha alheia" até naqueles que fazem oposição ao governo. Não se trata aqui de ser governista, ou não. De apoiar o programa Mais Médicos, ou não. O que eu estou falando é de respeito ao próximo e do discurso hipócrita de que não existe racismo no Brasil.Existe racismo, existe muita ignorância e existe ódio.
Ele não falou nada. Ele não revidou. Eu nem sei se compartilho das suas ideias para escolhê-lo como personalidade do ano. Mas gostaria de homenageá-lo com um pedido de desculpas. Aliás, se eu encontrasse com o Juan mil vezes, eu pediria desculpa mil vezes.
E, pra quem não sabe, o Juan hoje está morando em Zé Doca, no interior do interior do Maranhão. Lá ele trata da saúde de uma comunidade indígena, que há tempos não via um médico. Valeu, Juan.
Concessões e permissões
POR JORDI CASTAN
A nossa é uma sociedade de mazelas, de jogos ganhados no tapetão, em que o que está escrito não costuma valer. A mudança das regras do jogo depois do jogo iniciado, ou o que é ainda pior, depois do jogo jogado são uma constante.
Joinville algum dia devera criar vergonha e fazer uma licitação para o transporte coletivo. Ainda que haja muita gente que acredite que licitação bem feita em Joinville seja um mito. Os motivos vão desde a falta de vontade, licitações bem feitas dão muito trabalho, a inépcia ou o excesso de doutores em procrastinação.
A licitação do transporte público em Joinville é emblemática, mas se soma a outras como a do lixo, do estacionamento rotativo ou dos serviços funerários, para citar outras conhecidas.
Sem querer aqui questionar a lisura do processo licitatório, pois tanto o TCE (Tribunal de Contas do Estado) como o MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) têm estado atentos e feito suas recomendações para impedir os absurdos mais gritantes. Não podemos aqui citar nenhuma ação firme dos partidos de oposição ou da imprensa, que na maioria dos casos parece cooptada o bem atendida nos seus pleitos e não demonstra interesse em investigar ou denunciar os casos de direcionamento ou de licitações que são feitas visando una única empresa interessada.
Uma das práticas a que é preciso estar atento são as licitações que preveem a sua renovação por outro período igual ao previsto no contrato. Uma empresa que participe de uma licitação de duração de 20 anos, renováveis por outros 20, fará seus estudos econômicos e todo o seu projeto de viabilidade para os primeiros 20 anos. Este é o período que estará garantido pelo contrato. Contar com os outros 20 anos seria o que o colono, sabiamente chama: "contar com o ovo no cu da galinha", uma prática que nenhum administrador serio seguiria. A menos que estejamos frente a uma licitação com qualquer órgão público, porque é muito mais fácil renovar um contrato que vencer uma licitação honesta. Há uma predisposição dos interessados em que fique como está. Porque uma simples assinatura ou um parecer favorável permitira que a concessão ou a permissão seja renovada por outros 20 anos.
O prefeito insiste em que na sua gestão a corrupção tem diminuído, mas continua sem apresentar provas. Os chineses, com a sua sabedoria milenar, dizem que os discursos não cozinham o arroz. O prefeito poderia determinar que as licitações feitas pela sua administração não previssem renovação. Se o fizesse conseguiria três resultados de uma única tacada. O primeiro contribuiria a reduzir, de verdade, a corrupção na sua administração. O segundo diminuiria os brindes natalinos e agrados que os responsáveis de determinados setores recebem nestas datas. E, terceiro, teria algum fato concreto para mostrar, quando fosse perguntado, sobre as suas ações concretas para reduzir a corrupção - e aqui no Chuva Ácida teremos prazer em poder mencionar um fato relevante. Reduzir ou vetar os aditivos aos contratos públicos seria outra medida que prefeito poderia tomar, mas esta também é outra história.
Se não ficou suficientemente explícito porque as licitações que preveem renovação pelo mesmo tempo do contrato, estimulam a corrupção, posso fazer um desenho. Mas antes de pedir um desenho, lembre como tem sido a renovação das licitações mais representativas. As de Joinville já as conhecemos, mas a mesma lógica é valida a nível estadual ou federal.
sábado, 28 de dezembro de 2013
Reunião de planejamento do Coletivo Chuva Ácida
Aproveitando
a presença no Brasil da nossa co-blogger Fernanda Pompermaier, que abandonou o
frio ártico sueco para desfrutar do calor joinvilense, e a tecnologia, que
permitiu a participação do Jose António Baço desde Lisboa, o coletivo, mesmo
com sentidas ausências, realizou uma reunião de planejamento para propor
melhorias e novidades para 2014.
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