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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Este ano será diferente

POR JORDI CASTAN

Temos fixação pelo que é diferente, buscamos sempre o que é único, mas é mais interessante prestar atenção às semelhanças.

“Desta vez é diferente”. “É outra forma de administrar”. “Este ano será diferente”. É importante que, mais do que acreditar no mantra do “diferente”, olhemos além do discurso e sejamos capazes de identificar porque desta vez será diferente. Temos uma predisposição a acreditar que as diferenças são mais valiosas que as semelhanças. Os marqueteiros políticos usam e abusam desta nossa predisposição para tentar nos convencer que este ou aquele candidato é diferente do anterior. Destacam o que diferencia, quando o aconselhável seria que destacassem o que o faz semelhante, às vezes tão parecido que é difícil diferenciar um do outro.

Em principio é muito fácil identificar as semelhanças. Por isso, dedicamos mais tempo e esforço a buscar e destacar as diferenças. Porque buscando as diferenças esquecemos-nos de ver as semelhanças. Deixamos de prestar atenção ao que um tem de igual aos outros.

Imaginemos uma cidade do norte de Santa Catarina que esteja debatendo o modelo de transporte coletivo, o seu plano de mobilidade, o projeto de ciclovias ou o seu modelo de desenvolvimento urbano. Na hora de definir o que fazer e como fazer, alguém propõe que os técnicos do Instituto de Planejamento local assumam a responsabilidade de elaborar os estudos, ou os da Secretaria de Infraestrutura, com o apoio prestimoso dos do ITTRAN, pois são eles justamente quem mais entendem do riscado. Mesmo que os resultados até agora não tenham sido os melhores, os representantes de sempre são escolhidos. Antes que alguém tenha a oportunidade de alertar que essa equipe já tem causado alguns desastres nos últimos anos e que há um risco elevado que os problemas continuem, o chefão, sem dar opção a que alguém se manifeste, lança a seguinte afirmação:

“É verdade que tem cometido alguns erros no passado, mas acredito que esta vez seja diferente, eles tem trabalhado muito para desta vez fazer bem feito”. E se fez o silêncio. Ninguém é louco ao ponto de contradizer o chefão e ainda mais depois de uma afirmação dessas.

Como o foco passa a ser a diferença - digamos o ano é outro, o prefeito é outro e pouco mais - esquecemos-nos do que é igual, a cidade é a mesma, a equipe é a mesma, os problemas são os mesmos que não tem sido capazes de resolver no passado. Mas esta vez é diferente. E imbuídos deste espírito, que insiste em nos convencer que esta vez é diferente, avançamos convencidos do sucesso amparados no nosso otimismo e no excesso de confiança. O resultado é o previsível.

Estamos todos tão focados em destacar o que é diferente que nos esquecemos de olhar o que é igual. Se insistirmos em acreditar que “esta vez é diferente”, pode ser que desta vez sim haja diferenças sensíveis que façam que seja diferente, mais as chances que seja iguais e que as semelhanças façam que esta vez tampouco seja diferente são maiores do que acreditamos. Só não queremos olhar nas semelhanças.


Você é dos que acredita que a administração municipal desta cidade do Norte de Santa Catarina cada vez é mais parecida com as anteriores e que esta difícil achar algum diferencial significativo?  Tranquilo, você não está sozinho. Aumenta cada vez mais o numero de eleitores que acham que desta vez tampouco é diferente.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Esperanças renovadas, problemas de sempre.


POR JORDI CASTAN

Final de um ano e início de outro é a época certa para renovar as esperanças. Se reviramos um pouco nos arquivos de um ano ou dois atrás, encontraremos a mesma situação. Acreditamos, não sei se não seria mais correto dizer, gostamos de acreditar que por arte de mágica todos os problemas serão resolvidos. Os mesmos problemas que nos acompanham por anos, lustros, décadas ou até por séculos, se resolverão rapidamente e de forma fácil.

No caso de Joinville, o início de um novo governo dá novas esperanças, as mesmas que já tivemos em 2009 e que pouco a pouco foram ficando esquecidas e abriram espaço para as frustrações de hoje. Há uma relação direta entre a renovação das esperanças de hoje e as frustrações de amanhã. Quanto maiores e mais desproporcionais sejam umas, maior o risco que as nossas frustrações aumentem.

Encerramos o ano acreditando que o próximo será melhor. Fazemos pouco para que seja verdadeiramente melhor, no máximo torcemos para que seja, mas é pouco o que acabamos fazendo para que melhore. Se listássemos os problemas que afetam Joinville, nem precisaríamos ser muito criativos, porque são os mesmos de sempre, eles se alastram através do tempo e permanecem firmes e fortes.

Continuamos com índices de saneamento básico inadmissíveis, as carências em infraestrutura já são um freio ao desenvolvimento da cidade. Parques e áreas de lazer que mereçam este nome, ainda são uma exceção por aqui. Escolas públicas de qualidade são difíceis de encontrar. Museus e espaços culturais interditados são uma ferida aberta na Joinville do Pibão. Uma saúde que trate as pessoas como seres humanos e não como gado ou mercadoria é uma dívida que Joinville não consegue pagar a pesar dos custos crescentes e dos recursos carimbados.

É fácil acreditar que o novo governo vai resolver todos estes problemas e todos os que nem foram aqui citados. Que o choque de gestão de que tanto se falou na campanha vai fazer desta cidade outra Joinville. O certo é que a cada novo ano renovamos as nossas esperanças numa Joinville melhor e mais justa. A cada final de ano ao olhar para o ano que conclui ficamos com o sentimento que enfrentaremos de novo os mesmos problemas uma e outra vez.

Feliz ano novo e que o ano que agora inicia seja melhor que o que acaba. Acreditemos nesta Joinville melhor e, mais que torcer, vamos fazer um esforço para que o futuro nos proporcione mais prosperidade e qualidade de vida que o presente e ainda mais que o passado que hoje se encerra.