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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Imagina na Copa

POR FABIANA A. VIEIRA

Prometo que esse texto vai terminar melhor do que começou. Afinal, ele vai começar da pior forma possível, com um vídeo do Prates. Sim, o comentarista, aquele, que disse: “hoje qualquer miserável tem carro, por isso os inúmeros acidentes nas rodovias” - uma crítica sobre a popularização do carro pelo crédito fácil aos mais pobres. Mas o vídeo agora é outro.


Não consigo entender porque ainda fico indignada com seus comentários. Confesso que já senti muita frustração numa época. Em outro período já o ignorei e até já dei risada, mas o comentário acima ultrapassou todos os limites. Nele, Prates está inconformado com os encaminhamentos da Copa. Disse que a pior tragédia para o Brasil será  vencer a Copa e que já está com a camisa do Uruguai para sua torcida (sim, Uruguai, de Mujica  que viveu a luta armada e compartilhou os projetos da esquerda leninista. O Mujica que defende “dar o peixe”, para aqueles que foram saqueados durante anos). Nada contra o Mujica, pelo contrário, muito a favor. Mas você percebe a contradição?

Eu realmente não me importo se você gosta ou não de futebol. Se vai torcer para o Japão, para Camarões ou não vai torcer pra nada. Eu mesma, nem sou tão ligada, mas confesso que aprecio as rodadas sem muito fanatismo. Agora, ligar a Copa ao (in) sucesso do governo A ou B já é conspiração demais. E o pior, torcer para que o país perca não só a Copa, mas todas as chances de mostrar para o mundo que é capaz de organizar um evento dessa magnitude, chega a ser insano. Como se a derrota na Copa representasse a derrota do governo. Mesquinho isso.

Primeiro, a Copa
Ela nunca foi determinante para uma eleição. Fosse assim, Fernando Henrique não se reelegeria em 1998, quando o Brasil perdeu a Copa para a França. E em 2002 teria eleito seu sucessor com a vitória do Brasil na Copa, mas quem levou foi a oposição, com Lula - que por sua vez foi vaiado na abertura do Pan, em 2007.

Segundo, manifestações x governo
Já vimos que mesmo com todo o alarde em junho do ano passado e as intensas manifestações contra os investimentos da Copa no Brasil, o povo quer mudanças, mas querem que as mudanças sejam feitas por Dilma (é ela quem lidera todas as pesquisas de intenção de voto hoje, seis meses depois das manifestações). Com tudo o que houve no ano passado, não surgiu nenhum nome ou expressão que tenha alterado isso, para desespero da oposição. Então o projeto caos tem muita chance de não vingar, Prates. Pelo menos, até hoje. Torce contra, que é melhor.

Terceiro, os investimentos da Copa
Eu sei que o país tem muitas prioridades. E você, que não gosta de futebol, não é obrigado a amar a Copa, sabendo que teve muito dinheiro investido nisso. Mas é preciso saber separar as coisas. É preciso saber que o governo federal, não construiu nenhum estádio. Esta tarefa coube aos governos estaduais, clubes de futebol e até prefeituras. Que a Copa vai acabar e o patrimônio fica, para servir outros serviços também.


Bem na real
Como primeiro texto do ano, eu desejo mesmo que o Brasil vença. E se não vencer a Copa, que vença o preconceito (para aqueles que não suportam ver miseráveis comprando carros, ou pobre e ' preto' nos aeroportos e nas faculdades). Essa vitória até pode ser com ou sem a Dilma, mas que seja sem ódio. Que seja no debate, nas propostas e no olhar que faz a diferença. E não no fracasso do outro. Ou no fracasso de todos nós.

Feliz 2014, Brasil!