POR FELIPE SILVEIRA
“Sou
um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma
coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso.”
- Edward Everett Hale
Você não leu errado. Eu, Felipe Silveira,
voltei ao Chuva Ácida. Para os leitores que chegaram ao blog nos últimos meses
e não me conhecem, me apresento. Meu nome é Felipe Silveira e sou estudante de
jornalismo. Fui um dos fundadores do blog, mas saí do coletivo por causa de
problemas pessoais. Uma das ideias era concluir a faculdade, mas, ao invés
disso, eu a tranquei. Mas isso é outra história.
Voltando ao assunto – a minha volta ao blog
– digo que ela se deve a uma causa nobre. Partindo da ideia de pluralidade do
coletivo, eu sempre busquei representar a esquerda e os movimentos sociais que
trabalham pelo direito à cidade, pelos Direitos Humanos e pela ideia de
sustentabilidade. Ou seja, uma sociedade mais humana, na qual as pessoas não
vivam enclausuradas dentro de carros e sobrevivendo abaixo de antidepressivos.
Nunca me senti um representante da esquerda
neste espaço, até porque não tenho leitura o suficiente pra isso – ao contrário
da direita, cujos representantes não precisam ler muita coisa pra coisa pra embasar
suas ideias e ideais. Porém, espero fazer o que procuro fazer todos os dias.
Levantar as pautas sociais e fazer a discussão política de verdade.
Volto, portanto, para fazer isso novamente,
em um momento que considero delicado da história de nossa cidade. Um momento em
que a saúde, a educação e a cultura estão abandonadas pelo governo estadual, de
Raimundo Colombo, do PSD.
Raimundo, o governador que não deu um pingo
de bola para o seu partido (jogando fora a ideia de qualquer ideologia que move
a verdadeira política) e se aliou a Udo Döhler, do PMDB. Além de pisar,
praticamente, em apenas um lugar dessa cidade, a associação empresarial.
Udo, o candidato empresário e dos
empresários, por sua vez, disse durante toda a campanha que iria governar para
os bairros, mas uma das primeiras coisas que fez foi pressionar os vereadores
para votar o projeto de lei da nova Lei de Ordenamento Territorial (LOT),
prejudicial aos bairros e a toda a sociedade desta cidade.
Coincidentemente, os empresários foram à
Câmara de Vereadores na semana passada para pressionar os vereadores a aprovar
a lei. Lei que, curiosamente, beneficia especuladores imobiliários e grandes
empreiteiras. Lei que vai completamente na contramão do urbanismo que visa
tornar as cidades mais humanas, pois quer promover o espraiamento e a
verticalização da cidade, ao invés de promover a ocupação de seus milhares de
lotes vazios dentro do município.
Os vereadores, por sua vez, tanto os atuais
quanto os novos, são capachos de todos esses poderosos, além de incompetentes.
Na segunda-feira, por exemplo, quando foi realizada uma sessão extraordinária
para discutir se dava ou não para votar a LOT. Os vereadores, pressionados
pelos empresários, queriam levar o projeto à votação, mas antes tiveram que
ouvir a comunidade jogar na cara todos os problemas dessa lei bizarra. E eles
simplesmente não sabem responder. Fazem teatro, enrolam, e não respondem, não
discutem. Quando a coisa aperta, é só dizer que o horário da reunião já acabou
e fim de papo. Assim, as decisões são tomadas nos bastidores. O mais bizarro é
que ninguém está lá para ver isso.
Ou seja, estamos encurralados.
A única coisa que nos resta é fazer a nossa
parte, com hora extra, diga-se de passagem. E a nossa parte é ir às ruas, é
ocupar a Câmara, é não aceitar que empresários e seus candidatos eleitos tomem
decisões com base nos seus interesses econômicos e políticos. A tecla é essa e
nunca vamos parar de batê-la.
Uma boa hora para começar é na tarde desta
quarta-feira, às 17h30, quando os movimentos sociais vão à SDR Joinville para
protestar contra o descaso do governador Raimundo Colombo com a saúde, com a
educação, com a cultura e com qualquer área social e não econômica.
Não se furte da sua responsabilidade. Você
pode fazer pouco, mas esse pouco é o que importa, e, assim, é muito.
Felipe Silveira volta a escrever quinzenalmente às quartas-feiras