segunda-feira, 18 de junho de 2012
A honestidade de Tebaldi
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A honestidade é uma virtude indispensável na política. E é bom ver
quando um político faz declarações honestas, mesmo sabendo que isso traz
riscos. É o caso do pré-candidato Marco Tebaldi, que confessou ter errado
quando no comando da Prefeitura de Joinville. E mais: ele diz que quer voltar
para consertar os erros.
O leitor e a leitora do Chuva Ácida devem admitir que
a atitude merece registro.
A declaração levanta questões, algumas delas importantes neste
processo eleitoral. Afinal, qualquer admissão de erro por parte de um político
- algo raríssimo - tem sempre alguma repercussão entre o eleitorado. Há
consequências. Mas vamos por partes:
1. Ao admitir que errou, implicitamente Marco Tebaldi desautoriza os
seus apoiantes, reunidos em torno do movimento “Volta Tebaldi”. Porque temos
ouvido repetidas vezes, pelos assessores, sequazes ou simples baba-ovos do
ex-prefeito (que são mais tebaldistas que o próprio Tebaldi) que ele teve uma
administração imaculada e que naqueles tempos Joinville era uma espécie paraíso ao sul do
Equador. Ou seja, passam a ideia de que Tebaldi é o prefeito perfeito e nunca erra.
2. Outro fato importante. Tebaldi vai ainda mais longe, ao dizer que tem
noção de ter falhado e que quer voltar à Prefeitura de Joinville para consertar os
erros. Mas ele sabe que corre riscos, porque a sinceridade em política nunca
foi boa estratégia. Ao admitir que errou, Tebaldi assume uma posição
arriscada à frente dos eleitores e dos seus adversários. Afinal, os eleitores
costumam ser implacáveis e associam o erro à incompetência.
3. Outro ponto a destacar. É claro que os adversários vão insinuar –
agora com motivos - que ele é incompetente. Porque errou e admite que errou.
Aliás, isso dá munição ao governo de Carlito Merss, que vem insistindo vezes
sem conta na culpa das administrações anteriores. Marco Tebaldi admite que
errou e, ao admitir tal fato, está a dar alguma razão ao sucessor petista.
Parece então que algumas culpas podem mesmo ser atribuídas aos erros da administração
anterior.
Em resumo: um prefeito que erra merece voltar ao lugar para consertar os erros? Isso será o eleitor a decidir.
P.S. - A declaração foi feita numa entrevista ao pessoal de uma
associação comunitária (Comcasa) e está registrada no vídeo abaixo.
domingo, 17 de junho de 2012
Embrulhando tainha com o jornal de ontem
Diz a sabedoria popular que o jornal de hoje
serve para embrulhar o peixe de amanhã. Em temporada de tainha, a frase faz
ainda mais sentido.
Num jornal local, o deputado Clarikennedy Nunes aparece em primeiro na pesquisa IBOPE, com 28% das intenções de voto. Menos de três dias depois em outro jornal outra pesquisa do mesmo IBOPE mostra o pré-candidato em segundo com 16% das intenções de voto. Em poucos dias houve uma redução de 12% das intenções de voto.
O jornal que o deputado está lendo com expressão de satisfação já deve servir só para embrulhar tainha.
sábado, 16 de junho de 2012
Cidade dos Príncipes ou dos Buracos?
POR EMERSON PETRI
Já
não é novidade que Joinville vem sofrendo dificuldades na mobilidade urbana.
Deixamos de ser referência como Cidade das Bicicletas, pois faltam ciclovias. E,
para compensar a falta delas, uma manobra do governo municipal visa utilizar de
um dispositivo legal para transformar as calçadas em áreas também para
ciclistas, disputando o pouco espaço já existente com os pedestres e
cadeirantes.
Deixou
de ser a Cidade dos Príncipes, pois vários prédios históricos vêm sendo
interditados pela falta de manutenção e a culpa
é logo repassada para os seus antecessores pela falta de investimento na área
cultural.
Outra
grande queixa é o baixo investimento em infraestrutura, o que resulta em menos
empresas interessadas em se instalar em Joinville, além da falta de espaço na
cidade para construção de grandes empreendimentos, o que deixa mais atrativo
cidades da região como Araquari, Barra Velha e etc.
Já
não bastavam todos esses fatores, um fato tem chamado à atenção dos
joinvilenses nos últimos meses: os buracos nas ruas. Parece que quando é ano
eleitoral não faltam obras, mudança de iluminação, melhorias no saneamento básico,
que complicam ainda mais o trânsito já bastante turbulento de nossa cidade. O
problema não é fazer as melhorias, até porque elas são importantes para a nossa
cidade. O errado é fazer os buracos e depois não taparem direito. Além de
dificultar o trânsito, o grande número de buracos traz um grande risco de
acidentes. Muitos motoristas fazem verdadeiros malabarismos para escapar dos
buracos, e alguns contabilizam prejuízos com a manutenção do seu veículo.
Não
é difícil ver casos de pessoas que tiveram prejuízos com as vias esburacadas.
Recentemente uma mulher sofreu um acidente no bairro Atiradores e teve 2 rodas
do seu veículo entortadas. Outro caso um homem teve o seu motor prejudicado na
Zona Norte de Joinville devido ao buraco. Em outro caso, na região central um
veículo ficou com a roda dianteira presa, pois foi “engolido” por um buraco. A
cena se repete na região Oeste de nossa cidade, pois várias ruas dos bairros
Anita Garibaldi e do Nova Brasília vêm sofrendo com os remendos mal feitos.
Apelos também chegaram às redes sociais, revelando que na Rua Bananal em menos
de 500 metros, havia mais de 300 buracos. Joinville precisa de uma solução para
o trânsito, e não de mais fatores para prejudicar a sua mobilidade, pois deste
jeito, iremos amargar o título de Cidade dos Buracos...
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Imoral por imoral...
ET BARTHES
O pessoal do Youtube censurou o vídeo postado hoje à tarde no Chuva Ácida, porque tinha cenas que insinuavam sexo. O problema é saber onde está imoralidade. Parece que esta pancadaria entre torcedores de futebol de Polônia e Rússia é muito mais imoral. Mas...Foi censurado. Você concorda?
POR ET BARTHES
A ideia é vender casas na Espanha (coisa cada vez mais difícil em tempos de crise). E o filme até foi por um lado divertido e ousado. Só que as autoridades não acharam graça e deram uma censurada: só pode ser exibido a partir da 22 horas. Você concorda? Pelo menos um coisa ficamos a saber: na Espanha não deve haver motéis.Joinville com menos escolas
POR GUILHERME GASSENFERTH
A primeira vez que ouvi falar nas salas modulares que a
Prefeitura Municipal de Joinville instalou em algumas escolas, torci o nariz.
Já pensei em palavras como “gambiarra”, “enjambração” e outros adjetivos que
significam uma coisa feita sem muito esmero.
Em seguida, percebi nas redes sociais que não era só eu.
Outras pessoas criticando, dizendo que “assim é fácil” acabar com o turno
intermediário. Aliás, mais uma vez parabéns à equipe do Carlito por empenhar-se em acabar com isto de uma vez por todas.
Como é fácil criticar sem conhecer, resolvi ir até a escola Nilson Bender (foto acima), no bairro Paranaguamirim, e conhecer in loco uma sala modular. Assim, cheguei à conclusão de que as
salas de aula modulares não são uma ideia má. Pelo contrário!
Nós não estamos ainda acostumados a um novo paradigma demográfico,
que é a redução do número de crianças. Segundo o IBGE, Joinville tem 86.892
jovens com idades entre 10 e 19 anos, mas apenas 69.539 com idades entre 0 e 9
anos. Significa dizer que desconsiderando
variações advindas de migração (que podem ser tanto positivas quanto negativas),
teremos 17 mil jovens a menos para estudar dentro de alguns anos...

Se pensarmos em um horizonte temporal um pouco maior, as
escolas serão em grande número desnecessárias. Se uma grande escola possui 20
salas, pelo menos 5 grandes escolas poderão ser fechadas em poucos anos. É
óbvio que se pode dar outros usos, como utilizá-la para a educação infantil, ou
como centro comunitário, ou coisa similar... mas como escola, não será mais
necessária.
E aí entra a viabilidade da sala modular. Pode-se colocá-la
na escola que estiver precisando. Tira-se daqui e coloca-se lá. Pronto. Uma
sala equipada, inclusive com ar-condicionado, que pode ser removida. O bairro Glória
tá com poucas crianças? Tira a sala e leva pro Ulysses Guimarães. Pronto,
simples assim.
Os equipamentos modulares podem servir até mesmo para
abrigar salas normais para outros órgãos da prefeitura. Aos corneteiros de
plantão, recomendo que conheçam pessoalmente antes de reclamar.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
O traseiro é o alvo
POR ET BARTHES
Num treino da Suécia no Euro 2012, os jogadores estavam a fazer um exercício em que a bola não podia cair. O goleirão reserva marcou touca e, por ter errado, foi punido pelos colegas com este castigo pouco comum: ficar com o derrière à mostra para servir de alvo para as boladas. Mas parece que ninguém acertou.
O honesto é o desonesto
POR JORDI CASTAN
Nem os honestos são tão honestos, nem os maus são tão malvados.
Toma corpo nesta antessala da campanha
eleitoral a disputa entre dois modelos de candidatos. Numa abordagem simplista,
quase estulta, busca-se reduzir o debate sobre a eleição do próximo prefeito a
uma falsa dicotomia, com os pré-candidatos divididos em dois grupos: o dos
honestos que não fazem e o dos desonestos que fazem.
A lógica apresentada pelos defensores de uma e outra corrente é capenga. Porque deveriam ser incluídos os honestos que fazem (na suposição de que haja algum) e os desonestos que tampouco fazem (parece que também os há). Só considerando as quatro alternativas o jogo estaria completo.
A lógica apresentada pelos defensores de uma e outra corrente é capenga. Porque deveriam ser incluídos os honestos que fazem (na suposição de que haja algum) e os desonestos que tampouco fazem (parece que também os há). Só considerando as quatro alternativas o jogo estaria completo.
O curioso é que, entre os defensores dos
honestos que não fazem, há o reconhecimento explícito de que o
seu candidato não fez, fez pouco ou ainda fez menos do que se esperava.
Mas que sua maior virtude é a honestidade. A prova é que mora ainda no
mesmo apartamento, num conjunto habitacional classe média baixa, mesmo depois
de mais de 20 anos de vida política. Não quero entrar no mérito de debater isso aqui. Se morar no mesmo apartamento depois de 20 anos é um indicador de honestidade
ou de falta de capacidade de progredir e economizar. Ou se as suas economias
foram dirigidas a outros investimentos.
Os defensores dos que enriqueceram em pouco
tempo até concordam que o seu candidato pode não ser um modelo de
honestidade. Na realidade, é voz corrente que chegou com pouco mais que a roupa do corpo e que hoje amealhou um patrimônio significativo para quem
só trabalhou no serviço público. Construiu a imagem que fez mais obras que
nenhum outro prefeito. Consolidando a lógica perversa de que é um bom candidato porque, mesmo eventualmente não sendo um modelo de virtude, é um político que
faz.
O escritor italiano Italo Calvino publicou, em
1952, o livro “Il Visconte Dimezzato”, publicado no Brasil com o título de “O Visconde Partido ao Meio”. Com a fantasia e a ironia característicos,
Italo Calvino relata as aventuras de Medardo di Terralba que, no fragor de uma batalha contra os turcos em Bohemia, foi dividido em duas metades por uma bala
de canhão. Numa ficou toda a sua bondade e na outra toda a sua maldade.
Entendia Calvino que os seres humanos têm dentro de si, ao mesmo tempo, o bem e o mal, lutando na busca do permanente equilíbrio. Já no primeiro capítulo resolveu uma parte da dicotomia. Ninguém é absolutamente honesto ou totalmente desonesto. Os mafiosos mais truculentos têm o seu código de conduta e o respeitam. Eles são, ao seu modo, honestos com os seus companheiros. As pessoas mais bondosas são capazes de infringir grandes males, em quanto acreditam estar fazendo o bem.
Entendia Calvino que os seres humanos têm dentro de si, ao mesmo tempo, o bem e o mal, lutando na busca do permanente equilíbrio. Já no primeiro capítulo resolveu uma parte da dicotomia. Ninguém é absolutamente honesto ou totalmente desonesto. Os mafiosos mais truculentos têm o seu código de conduta e o respeitam. Eles são, ao seu modo, honestos com os seus companheiros. As pessoas mais bondosas são capazes de infringir grandes males, em quanto acreditam estar fazendo o bem.
Sobre como resolver a falsa dicotomia e
escolher entre o candidato do bem e o do mal, gostaria de recomendar a leitura
do livro, porque ele encerra a chave para a resposta. Uma dica: é que as
coisas nunca são o que parecem ser, nem os honestos são tão honestos, nem os
maus são tão malvados.
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