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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Joinville com menos escolas


POR GUILHERME GASSENFERTH

A primeira vez que ouvi falar nas salas modulares que a Prefeitura Municipal de Joinville instalou em algumas escolas, torci o nariz. Já pensei em palavras como “gambiarra”, “enjambração” e outros adjetivos que significam uma coisa feita sem muito esmero.

Em seguida, percebi nas redes sociais que não era só eu. Outras pessoas criticando, dizendo que “assim é fácil” acabar com o turno intermediário. Aliás, mais uma vez parabéns à equipe do Carlito por empenhar-se em acabar com isto de uma vez por todas.

Como é fácil criticar sem conhecer, resolvi ir até a escola Nilson Bender (foto acima), no bairro Paranaguamirim, e conhecer in loco uma sala modular. Assim, cheguei à conclusão de que as salas de aula modulares não são uma ideia má. Pelo contrário!

Nós não estamos ainda acostumados a um novo paradigma demográfico, que é a redução do número de crianças. Segundo o IBGE, Joinville tem 86.892 jovens com idades entre 10 e 19 anos, mas apenas 69.539 com idades entre 0 e 9 anos.  Significa dizer que desconsiderando variações advindas de migração (que podem ser tanto positivas quanto negativas), teremos 17 mil jovens a menos para estudar dentro de alguns anos...

Se uma sala de aula convencional funcionar de manhã, de tarde e à noite, ela abrigará no máximo 150 alunos. Isto significa dizer que no mínimo 113 salas de aula estarão obsoletas em alguns anos... E o governo precisará planejar como otimizar o número de professores, diretores, material escolar, e assim por diante. É fato que poderemos reduzir o número de diretores, de orientadores, de técnicos-administrativos, entre outros! \o/

Se pensarmos em um horizonte temporal um pouco maior, as escolas serão em grande número desnecessárias. Se uma grande escola possui 20 salas, pelo menos 5 grandes escolas poderão ser fechadas em poucos anos. É óbvio que se pode dar outros usos, como utilizá-la para a educação infantil, ou como centro comunitário, ou coisa similar... mas como escola, não será mais necessária.

E aí entra a viabilidade da sala modular. Pode-se colocá-la na escola que estiver precisando. Tira-se daqui e coloca-se lá. Pronto. Uma sala equipada, inclusive com ar-condicionado, que pode ser removida. O bairro Glória tá com poucas crianças? Tira a sala e leva pro Ulysses Guimarães. Pronto, simples assim.

Os equipamentos modulares podem servir até mesmo para abrigar salas normais para outros órgãos da prefeitura. Aos corneteiros de plantão, recomendo que conheçam pessoalmente antes de reclamar.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

iPads para os Deputados Estaduais. Computadores ultrapassados para as Escolas Básicas.

POR CHARLES HENRIQUE

Há alguns dias algo vem me martelando a mente. E mais uma vez, vem lá da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina:

“Na volta dos deputados estaduais ao trabalho, nesta terça-feira, cada um deles vai ganhar um iPad para trabalhar. Os equipamentos foram comprados pela Assembleia Legislativa, que gastou R$116 mil na compra de 45 aparelhos e capas protetoras. […] A intenção, segundo a instituição, é facilitar o acompanhamento da tramitação de processos por parte dos parlamentares, reduzindo a circulação de documentos em papel.” (Grupo RBS, 6/2/2012)

Sobre esta importante aquisição para os nobres legisladores, temos dois pontos a debater: 1) a eficiência de um iPad para o dia-a-dia do deputado e 2) o custo financeiro.

(Foto: Divulgação ALESC)

Um deputado estadual já ganha um salário muito gordo (20 mil reais) e tem uma verba de gabinete estratosférica, com uma quantidade maior ainda de assessores, sem contar as diárias de 670 reais como já denunciamos aqui no Chuva. Será que mesmo assim o deputado precisa ganhar um iPad, visto que sua renda mensal é tão pouca, e que este item indispensável tem que ser comprado em massa, simbolizando um “presente”? O plenário é todo informatizado, os gabinetes também. Deputados não cansam de twittar de seus celulares mega potentes. E agora todos têm um iPad. Tá bom, fui convencido...

Por outro lado, este indispensável item custará em média 2.500 reais (R$116.000/45 = R$2.577,78). Este é o preço de mercado do iPad mais avançado que está a venda, com wi-fi, 64GB, e acesso 3G. Tudo tem que ser do mais top, não é?

(Foto: Divulgação ALESC)

Em contrapartida, as escolas do Estado de Santa Catarina sofrem. E não vi nenhum deputado catarinense cobrar do Governo do Estado uma melhor política de inclusão digital nas escolas, bem como a compra de tablets (para as crianças aqueles tablets sem qualidade, por favor!) que favoreçam um diálogo maior de nossa juventude com a tecnologia mais avançada. Os computadores que aparecem por aqui são aqueles baratinhos, com a tecnologia mais simples possível, e professores de informática mal treinados, e, por fim, sem um responsável pela manutenção dos aparelhos. Deixam acumular uma quantidade significativa de aparelhos estragados, para aí sim licitar o conserto.

(Foto: Divulgação ALESC)

Não está na hora dos deputados olharem para Santa Catarina de outra forma?