sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Não aperte este botão!


POR FABIANA A. VIEIRA
"Mas nos deram espelhos, e vimos um mundo doente"
(Renato Russo, Índios)

Uma coisa chamou minha atenção nas últimas semanas. Um tema que não traz impacto direto para Joinville, porém têm um efeito devastador para todos nós.
Falo do vídeo que se perpetuou na internet sobre Belo Monte. Atores, na maioria globais, provocando um 'levante", instigando uma parada imediata na construção da usina hidrelétrica no Pará. Uma obra de grande porte que pretende atender uma demanda nacional - incluindo nós, joinvilenses. O vídeo é impactante, diga-se de passagem, e tem foco: aponta o dedo para o governo. Se propagou como água* nas redes sociais.
Quero ressaltar que não vou entrar na defesa nem tampouco demonizar qualquer "projeto de desenvolvimento", mesmo porque não sou técnica nesse assunto. O que questiono é a ação cega de internautas, de pessoas comuns que, como eu, não dominam o tema. Por isso, um vídeo com tanta gente bacana (escolhidas a dedo pelo forte apelo popular que tem), que fala comigo, que me chama para uma responsabilidade e que ataca diretamente o governo é um estopim para ser propagado virtualmente. É simples. Você recebe um vídeo, se identifica com aqueles personagens, veste a camisa, e dispara para o maior número de contatos possíveis da sua rede virtual. Depois você continua na frente do computador com a sensação de orgulho por ter ajudado a salvar o planeta.
À PROCURA DE RESPOSTAS - Mas qual a sua responsabilidade pela construção de uma usina a ser instalada no meio da Amazônia? Não, não me diga que isso não é um problema seu. Não empurre para um culpado. Precisamos de energia, lógico. Já somos 7 bi no mundo e ninguém quer ficar no apagão (sim, me refiro a "Crise do Apagão" que, para quem não lembra, deixou muita gente de cabelo em pé entre 2001 e 2002, os dois últimos anos da era FHC. Lembrou?). Quando vi o vídeo, dos atores interpretando, e muito bem (ou alguém acha que aquilo foi gravado de improviso, de inteligência socioambiental ou iniciativa pessoal?), um texto forte, direto, com ângulos muito bem editados e produzido por uma megacorporação (talvez a própria Rede Globo camuflada de ONG), pensei comigo: "Tá, eu não sou idiota. É óbvio que não simpatizo com a ideia de uma usina dentro da Amazônia. Mas também não sou massa de manobra de megacorporações. Quais são nossas alternativas?"
E foi na minha inquietação, nas conversas com técnicos no assunto, nas pesquisas, nas frustrações políticas que fui encontrando as respostas sobre nossas alternativas. Nas minhas leituras vi que nem um parque eólico, muito menos solar são compatíveis com o que representa uma represa no Rio Xingu. Nem mais limpa. Por que pelo que sei, um parque eólico, por precisar de vento, costuma ficar no litoral, onde também ficam nossas praias! Ou no alto de serras e montanhas O que é mais limpo? Instalar gigantescos cata-ventos nas areias ou utilizar uma represa de água limpa no meio de uma floresta cheia d'água? Queria ver a cara dos atores ao verem alteradas as paisagens paradisíacas das praias da Cidade Maravilhosa, do Jurerê Internacional, da Joaquina, da Jericoacoara e tantas outras praias do nosso litoral. Ou ainda, nos depararmos com tais equipamentos no meio de montanhas e serras. Como se isso não tivesse impacto algum com o meio ambiente também. A energia eólica afeta paisagens com suas torres. Suas enormes hélices podem ameaçar várias espécies de pássaros ou outros animais daquele ecossistema. Ah, também há um certo nível de ruído (de baixa frequencia) que pode incomodar os animais (entre eles, os racionais). Você já imaginou quantos parques eólicos teríamos de ter nessas áreas para gerar energia como a hidrelétrica de Belo Monte? Confesso que não simpatizo com essa alternativa também, pelo menos nessas proporções, pois estamos falando de 11 mil megawatts.
Há outra opção, como a produção de energia solar. Só que iríamos precisar de um área colossal e que não serviria para mais nada. E onde teríamos espaço para produzir tal demanda? Se você é um especialista no assunto, me corrija. São informações que obtive ouvindo os dois lados desse debate, que muito me interessa. Além disso, ouvi de técnicos ambientais que existe variação na quantidade de energia produzida conforme nosso clima (em nenhum lugar do Brasil temos sol 365 dias). E outra: durante a noite também não existe produção alguma nesse espaço, e ainda seria preciso pensar no armazenamento da energia que foi produzida durante o dia. Essas formas de armazenamento são comprovadamente pouco eficientes quando comparadas com uma energia hidrelétrica, por exemplo. Isso sem falar que o índice de energia produzido também é muito mais baixo, comparado com uma hidrelétrica. Incompatível.
Não vou falar de usina nuclear por questões óbvias.
Enfim, minha "ficha caiu" quando li uma entrevista de Célio Bermann, professor da USP e um dos mais respeitados especialistas na área energética do país (segundo a Revista Época, coincidentemente da editora Globo):
"Existe um lado meio trágico da população em geral que é o comodismo: deixa que resolvam por mim. Então, quando você me pergunta sobre alternativas, depende do que a gente está falando. Existem alternativas promissoras deixando de produzir mais mercadorias eletrointensivas. Como também é promissor ter esquemas de financiamento para que o pequeno empresário adquira um painel fotovoltaico (placa que transforma luz solar em energia elétrica) ou use uma tecnologia eólica, por exemplo, para satisfazer as suas necessidades, sem necessariamente ficar ligado a uma grande linha de transmissão, de distribuição, puxando energia não sei de onde (...) É claro que, se continuar desse jeito, se a previsão de aumento da produção das eletrointensivas se concretizar, vai faltar energia elétrica. E há os que dizem: “Ah, mas ele está querendo viver à luz de velas...”. Não, eu estou dizendo que a gente pode reduzir o nosso consumo racionalizando a energia que a gente consome; a gente pode reduzir os hábitos de consumo de energia elétrica, proporcionando que mais gente seja atendida, sem construir uma grande, uma enorme usina hidrelétrica.
Você consegue enxergar sua responsabilidade nisso? Se não, peço que releia o parágrafo anterior.
E O SEU CONSUMO? O professor, que é contra a construção da usina, lança desafios quase imperceptíveis na sua lógica. O principal deles: a alteração dos hábitos de consumo. E eu te pergunto: você aí, do outro lado da tela está disposto a isso? Você está disposto a reduzir seu consumo? Racionalizar a energia que consome? Modificar seus hábitos? Educar as próximas gerações para essa árdua tarefa? Não apontar o dedo para um culpado, mas apontar o dedo para você? Na sua entrevista, o professor diz sofrer ao chegar em casa e não ligar o computador para checar seus e-mails. Para ele, isso seria beneficiar-se de uma "comodidade" que a energia elétrica, em particular, nos oferece.
Essa conscientização é perfeita, mas não é real. Pelo menos aqui. E isso não se dará de um dia para o outro. É lógico que defendo a produção de energias renováveis, solar, eólica, biomassa e tantas outras. Acho que, muito lentamente, estamos nos apropriando da sua funcionalidade, mas seu progresso se dará com o tempo. Com conscientização, vontade política, incentivo, necessidade e sobretudo, da potencialidade de cada região. Como está a situação aí no seu Estado sobre energia renovável? Como você interfere nesse desenvolvimento? Quais seus hábitos dentro da sua casa? Você usa aquecedor solar? Seus vizinhos também? E os amigos? E no seu trabalho, como é sua rotina de consumo? Você já viu um empresário utilizar um painel fotovoltaico para economizar energia? Eu admiro profundamente a atitude do professor, mas reconheço que essa disciplina não é tão fácil como parece. Precisamos enraizar essa cultura, e isso leva tempo. O que me deixa indignada é ver pessoas levantando a mão contra uma alternativa que pode (como as outras alternativas) causar impactos, e ao mesmo tempo, essa mesma pessoa consumir absurdamente energia. Como se ela brotasse do chão. Não, ela brota da água também.
É muito fácil criticar, repassar emails, editar vídeos, dizer que o governo está errado! Mas eu acho que a sociedade tem de rever seu conceito de consumo. E não falo só de consumo de energia não. E o consumo do lixo? Os assuntos estão ligados. Não basta cobrar apenas do Poder Público, como se não tivéssemos uma responsabilidade imensurável de dar destino certo ao lixo. Ou melhor, do desperdício e consumo do lixo. Jogar lixo no chão (um chiclete, uma bituca de cigarro, uma lata de cerveja) e sair do mercado cheio de sacolas plásticas, tem a mesma proporção daquele indivíduo que está em casa sozinho com as luzes acesas, TV ligada, usando o computador, ao lado do celular. Ah claro, tudo isso com um refrescante ar condicionado ligado no máximo. Uma hora alguém vai pagar a conta pela irresponsabilidade alheia.
É lamentável, mas infelizmente muitas usinas virão em nome do desperdício que o ser humano insiste em não enxergar. O governo tem culpa? Não vou isentá-lo da sua parte. Historicamente, eu diria! Muita grana, muito discurso, muito desvio, muitos votos, grandes e milagrosas obras etc, etc. Mas o povo! Ah, o povo! PROGRESSO?Cada vez mais engolido pelo consumismo absurdo e o desperdício de água, de luz, de alimentos, de atitude, de novas ideias, de novos hábitos. Desperdício de voto (porque quando um país elege um Tiririca como deputado mais votado - o quê pode se esperar da política?). Infelizmente pagamos a conta de um povo que quer progresso mas age com retrocesso...
Hoje mesmo vi uma pessoa jogando latinha de refrigerante pelo carro! ALÔ, estou falando de Joinville. Cidade rica, Sul do país. A resposta para isso é a falta de energia, óbvio! Falta de água, claro. Rios e mares cheios de lixo. Animais abandonados e/ou extintos (porque isso, para muitos, é uma questão secundária, sem importância alguma. "Não é comigo"). Mas enquanto o povo não tiver consciência do seu consumo/desperdício e da sua responsabilidade nesse processo, a "modernidade" virá truculenta, patrolando nossas florestas, mares, rios, animais. E quando digo POVO, não falo da probreza, não! Incluo a classe média/alta, que também é grande responsável pelo desperdício de luz, de água, de dinheiro, de cinco carros para uma família de quatro pessoas, uma infinidade de lixo eletrônico jogado em qualquer lugar, compras cada vez menos necessárias.
O que tento dizer com essa indignação toda é que enquanto houver desperdício de luz, haverá usinas (seja ela da forma que for). Enquanto houver desperdício de lixo, haverá impacto ambiental. Temos que parar de reclamar do governo (e reclamar é diferente de fiscalizar, acompanhar, cobrar) e apontar para nossas atitudes.
Meu desencanto com a falta de consciência humana, ajuda a compreender obras como a de Belo Monte (que aliás, já começou e está a todo vapor). Não sou ingênua. Sei que há muitos outros interesses escondidos nesta usina. A política é sorrateira. Tem muita gente interessada em dinheiro, em votos, em desenvolvimento milagroso, em poder, em alianças políticas, em eleições daqui há 10 anos. Por outro lado também há interesses ferozes pela não-construção da usina e o caos que representaria um novo apagão no Brasil.
Enquanto tudo isso gira, nós aqui, pobres mortais, estamos impulsionando essa engrenagem toda cada vez que ligamos um botão.

Cabine de voto ou motel?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO


As eleições na Rússia estão na pauta do dia. E na guerra pela atenção do eleitor, parece que vale tudo. O pessoal da oposição, em especial os ativistas da Rússia Unida, estão a distribuir vídeos que, além da desinformação, são de gosto muito duvidoso. É o caso deste filme em que uma cabine de voto acaba mais por parecer um motel em tamanho pequeno. Se a ideia é convencer os jovens a votar, talvez funcione. Mas se para esclarecer os eleitores...


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ubíquos


Por JORDI CASTAN

Até parece que mais de um pré-candidato nas próximas eleições municipais contratou vários sósias para poder estar presente em todos os eventos, desde reuniões de condomínio, a formaturas, batizados ou kraenzchen que possam reunir mais de quatro possuidores de título de eleitor. A onipresença em alguns casos ficou tão evidente que produz risadas. No caso mais recente a situação chegou a ser constrangedora, ao ponto de o pré-candidato insistir em querer substituir o pastor na celebração de um matrimônio, não tendo obtido êxito na empreitada. A nova investida tinha como objetivo substituir o noivo e, se não fosse pela rápida intervenção dos padrinhos e do pai da noiva, praticamente teria obtido êxito. A última tentativa foi a de beijar a noiva antes que o próprio noivo o fizesse e a sua insistência foi tanta, que acabou conseguindo e há varias fotografias como prova do fato.


A insistência com que alguns pré-candidatos buscam se promover é, por dizer o mínimo, constrangedora. Não só andam todo o dia com uma melancia pendurada no pescoço para que sua presença não possa deixar de ser notada. Também, influenciados pelos seus marqueteiros, passam a mudar de hábitos, de forma de ser, ocupam as redes sociais, tuitam desesperadamente a partir das cinco da manhã e o seguem fazendo passada a meia-noite, para mostrar que estão acordados e que a sua energia é inesgotável. Todos já tem página no Facebook, blog em que postam suas idéias e projetos e ainda participam, mesmo que seja só nos primeiros quinze minutos, de todas as conferências, oficinas e palestras possíveis e imagináveis. A contratação de assessores de toda quanto é coisa completa o pacote. Assessor de estilo, de moda, de comunicação, de mídias sociais, de mobilidade urbana, de relações internacionais, de política local. Nada escapa.


O objetivo de todo este esforço é estar presentes ou pretender estar. Mostrar um conhecimento oceânico sobre todos os temas. E dar opinião sobre tudo e para todos. Em casos extremos, alguns pré-candidatos tem dado até conselhos sobre a educação dos filhos, a roupa adequada para assistir a uma festa, sobre como curar unha encravada ou como melhorar o tempero da comida, compartilhando receitas de cozinha baixas em potássio.
Os pré-candidatos são como um produto de supermercado. A sua imagem é construída por profissionais e eles são alunos aplicados dispostos a todo para conseguir ser escolhidos pelo eleitor. O primeiro passo está sendo dado, estar onipresente no seu dia a dia. Bombardear você com a sua imagem sorridente até que você acredite que ele é quase que um parente próximo. Fique atento... ele é só um produto.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

É aniversário da Novembrada

POR ET BARTHES

Hoje é aniversário da Novembrada. Se você não sabe a respeito, foi uma manifestação contra a ditadura militar acontecida em Florianópolis, no dia 30 de Novembro de 1979. O então presidente João Figueiredo fez uma visita à capital, mas o pessoal – em especial os estudantes – não estava exatamente feliz com a presença do homem. E o tempo esquentou. Mas passado tanto tempo, tem gente que sente saudades do homens da ditadura e até lembra desses tempos com carinho. É o que mostra o comentarista neste vídeo.

Os deputados e a piada pronta


JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Você está contente com o seu salário? Ou, como a maioria de nós, acha que merece ganhar mais? Acho que é justo a gente querer mais, porque às vezes até os deputados se queixam, imaginem só. Não sei se o leitor e a leitora lembram, mas na semana passada, ao comentar a questão das diárias de R$ 670, o deputado Darci de Matos disse que até achava pouco.
Fiquei preocupado com a penúria dos deputados e fui ver como estavam a ganhar os representantes do povo na Assembleia Legislativa. Não os salários, porque esses são de conhecimento geral, mas tudo aquilo que eles custam. Dei uma olhadinha no Portal Transparência e devo dizer que vi alguns casos no mínimo interessantes.
1. O que dizer do deputado Clarikenney Nunes que, entre abril e outubro, gastou cerca de R$ 18 mil só em correspondência. Houve um mês em que os gastos chegaram a R$ 6,2 mil. Haja cartas. O leitor pode estar a pensar que é uma gastança e essas coisas. Eu não penso assim. De fato fico preocupado com a saúde do deputado. Todos sabemos que dá o maior barato quando uma pessoa inala cola. Imaginem então que o tal deputado tenha lambido todos os selos das correspondências. O homem corre o risco de apanhar uma grande pedrada e sai por aí falando besteira.
2. E por falar em falar (perdoem a cacofonia), nesse mesmo período o deputado Nilson Gonçalves gastou a ninharia de R$ 32 mil em telefonemas. Só no mês de outubro foram nada menos do que R$ 12,4 mil. Gente, nada de incomum. Afinal, R$ 12,4 mil é um valor normal, coisa que qualquer um de nós gasta lá em casa. A minha grande preocupação é com a saúde e a aparência do deputado. Afinal, de tanto falar ele ainda acaba com problemas nas pregas de epitélio. E uma pessoa que gasta tanto tempo ao telefone corre o risco de ficar sem orelha, porque gasta com a fricção. Depois vem alguém e começa a chamá-lo de Van Gogh e está entornado o caldo.
3. Ah... e tem o deputado Darci de Matos, pré-candidato a prefeito (se resistir ao fogo amigo e às previsíveis facadas nas costas) que mantém um escritório de apoio. E que hoje custa uma média de mais ou menos R$ 1 mil por mês aos cofres públicos, em telefone e energia (a despesa total foi maior, em outros tempos). É muito pouco, leitor e leitora. Assim não é possível manter uma estrutura a funcionar e o tal deputado ainda acaba tendo que pedir peças de mobiliário emprestadas aos amigos.
4. Mas não fiquem preocupados. Porque, ao que parece, a Assembleia Legislativa está a pensar na qualidade de vida de todos os deputados, de norte a sul do estado. É o que indicia um contrato também no Portal Transparência. Uma empresa de consultoria vai receber a bagatela de R$ 1,8 milhão (repito: R$ 1,8 milhão) para tratar de coisas como “levantamentos de dados, registro, coleta e análise de fatores, coordenação de eventos, marketing institucional e gestão de crise, veiculação e divulgação, relacionamento com a sociedade, programa de qualidade de vida e aferição motivacional”.
Perceberam? Programa de qualidade de vida e aferição motivacional. Não sei do que se trata, mas tenho certeza de que vale cada tostãozinho dos impostos. Os nossos deputados estão salvos. E, imagino, a tal empresa deve partilhar esse ambiente de felicidade. Com uma grana dessas, eu estava para lá de motivado e com uma qualidade de vida de fazer inveja.
Ah... a esta altura deve ter gente a perguntar onde está a piada pronta do título. Alguma dúvida? Eles fazem tudo isso na maior descontração. A piada pronta é você, eleitor.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O último ato dos Vereadores em 2011: a reforma do regimento interno

POR CHARLES HENRIQUE

Esta semana estive muito focado na repercussão das diárias dos deputados, e também fiquei pesquisando muito sobre os outros temas que estudo. Confesso que não via nada de novo na política local para comentar. Entretanto, uma luz no fim do túnel apareceu!

A Câmara de Vereadores de Joinville reavivou a discussão sobre o regimento interno, documento que dita as principais regras do legislativo. Ela é antiga, e está tendo um tratamento extremamente moroso nas Comissões e discussões "em off" dos Vereadores. Entretanto, algumas propostas de alterações no dia-a-dia de nossos representantes são tão polêmicas e irracionais que proporcionam um debate que precisa ser levado à sociedade como um todo.

No início, alguns eram favoráveis à realização de sessões ordinárias as dez horas da manhã, com a desculpa que, se a sessão fosse noturna, o vereador teria o seu trabalho prejudicado, pois não poderia atender a população. Os valores estavam invertidos. O trabalho do vereador consiste muito mais em legislar e fiscalizar do que ser um cabo eleitoral no bairro. E se preciso for, visite a comunidade durante todo o tempo que resta.

As sessões devem começar às 19h para o incentivo do acompanhamento dos trabalhos por parte da população. Sorte nossa que essa ideia, ao que parece, "morreu na casca". (Ok, você leitor pode pensar: mas as principais discussões ocorrem nas comissões... sim, ocorrem. Só que a aprovação de fato acontece no plenário...)

Agora a bola da vez é a volta do recesso de julho. Pois é, além de 60 dias sem sessões entre 15 de dezembro e 15 de fevereiro, querem mais generosos dias em julho. Um retrocesso, pois tempos atrás retiraram esse absurdo das regras da casa. Agora ele voltará. Enquanto isso, o trabalhador que está sob a égide da CLT sofre para pegar 20 dias de férias, e ainda vende os 10 que restam para ter uma graninha a mais na folha de pagamento! É por essas e outras que considero a reformulação no regimento interno o último (e horroroso) ato do legislativo joinvilense em 2011...

Qual a resposta dos deputados sobre as diárias?

POR CHARLES HENRIQUE

Na semana passada mostrei na rádio MAIS FM e também aqui no Chuva Ácida o mau uso do dinheiro público que os três deputados estaduais de Joinville (Nilson, Clarikennedy e Darci) praticavam, principalmente em relação às diárias. Cada um destes deputados citados ganhou uma ou mais diárias para “visitar” Joinville. A denúncia repercutiu e virou o assunto da semana na cidade de Joinville, batendo inclusive todos os recordes do Chuva Ácida.

Gostaria muito de agradecer a todos que compartilharam e replicaram a informação, e também aos que cobraram uma resposta dos deputados envolvidos. O Chuva Ácida não é um meio jornalístico (é um lugar de opiniões sobre os fatos), mas sempre abrirá o espaço para as defesas de quaisquer citados nos posts. Só o deputado Darci me procurou (deu a mesma versão que esta na matéria). O restante, só indiretas via twitter ou recados via assessoria.

Pois bem, a rádio MAIS FM fez uma reportagem com os deputados, ouvindo a versão deles. O link está no final deste post. Agora cabe a cada um pesquisar, refletir e tirar suas próprias conclusões sobre este dinheiro que é nosso. E você leitor, pode ter certeza: estamos de olho (e o Ministério Público também)!

Ouça a reportagem do departamento de jornalismo da MAIS FM: http://is.gd/3ZVDLc

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cornetas

POR FELIPE SILVEIRA

Não sei se algum de vocês já reparou, mas eu falo muito de políticos. Ou melhor, não falo muito mal de políticos. Isso não significa que eu goste deles ou que concorde com a maioria das atitudes. Muito menos que eu ache que eles não devam ser criticados. Muito pelo contrário. A coisa que eu mais gosto de fazer é discutir sobre isso. No entanto, prefiro fazer em outras rodas.

O motivo para isso é muito claro. Acho que o problema está muito mais no eleitor, no cidadão, do que no político. Desse você já não espera muita coisa. A fama de safado, incompetente e mentiroso, quase sempre, procede. Já o eleitor, pra mim, deixa muito mais a desejar.

Duas coisas me fizeram refletir bastante aqui no Chuva Ácida, sobre isso. A primeira, o texto do Upiara, que falava sobre as picuinhas às quais somos tão ligados. A segunda está no texto mais recente da Maria Elisa: “Talvez, Joinville não esteja tão interessante. Os mesmos nomes, os mesmos grupos, as mesmas velhas disputas. [...] Ando mais interessada nas coisas que transcendem a nossa "bolha". De Belo Monte a Occupy Wall Street, o mundo ferve de questões importantes e que deveriam nos mobilizar mais.”

O primeiro caso, das picuinhas, me parece o mais grave. Tem sido horrível hoje em dia discutir o governo municipal com seriedade, por exemplo. Eu vivo defendendo o governo Carlito, mesmo sendo de um partido que se opõe ao PT, por causa do tanto de bobagens que a cornetada reverbera por aí. É muito cansativo. A falta de vontade de pensar somada com a raiva resulta em coisas pavorosas. Já sobre o segundo caso, tenho só um comentário. O mundo mudando o seu jeito de ver e fazer política e a gente está aqui olhando pra trás.

Agora, pra exemplificar o que estou falando, vou citar um caso:

Semanas atrás, uma parte da pista de skate do Parque da Cidade, aquela que parece uma piscina, ficou cheia de água, após uma chuva. Alguém fez uma foto e a coisa começou a rolar nas redes sociais, principalmente no facebook. Tinha gente que ria, gente que chamava o prefeito de burro, gente indignada... Enfim, o prefeito era o grande culpado porque “fizeram a pista e não pararam pra pensar no escoamento”. A partir disso, a primeira coisa que eu perguntei: "como é que a pista já está pronta há meses e nunca encheu?" Opa... aí tem gente que já começou a pensar. Mas, claro, havia os que continuavam dizendo que o Carlito havia feito M.

Quando a empresa que fez a pista foi verificar o que aconteceu, encontraram até garrafa pet na tubulação da pista, além de sacolas plásticas e outros objetos. Isso provou que a proteção de ferro foi arrancada e o garrafa foi colocada propositalmente lá dentro. E agora, a culpa é do prefeito?

E esse é só um caso. Eu não quero defender o Carlito, tenho críticas ao governo. Mas, nesse mar de bobagens, de raiva, de inveja, às vezes me vejo obrigado a fazer isso. Às vezes, me parece, inclusive aqui no blog, que as pessoas só querem munição pra bater mais ainda na administração.

Acho que olhar para o umbigo pode ser um exercício interessante. Não para exaltar a si próprio, mas pra ver se enxergamos um pouco mais de nós mesmos.

Na imagem, cedida por Christian Amorim, fotógrafo do Portal Joinville, o ralo da pista, em destaque (círculo vermelho), no dia da inauguração do Parque da Cidade.

domingo, 27 de novembro de 2011

Patrimônio da humanidade

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

É, leitores do Chuva Ácida, a notícia pode não interessar para a maioria, mas aqui deste lado do Atlântico estamos todos a comemorar. É que o fado foi eleito, pela UNESCO, como patrimônio da humanidade (como o samba também foi há alguns anos). Aliás, para quem não sabe, as origens do fado também estão no Brasil. E para marcar a data, deixo aqui uma música da sereia fadista Ana Moura que, além de todos os atributos visíveis, também canta um pouquinho.

Com a palavra...o leitor


Caro Charles, assim como os demais, gostaria de parabenizá-lo pela informação. O grande problema, e a maior tristeza de quem leva o seu voto a sério, é que esses deputados, assim como a maioria dos nossos vereadores, senadores e etc., são eleitos e reeleitos por pessoas que trocam seu voto por almoços, dentaduras, cerveja e coisas piores... pessoas que até reclamam nas raras vezes que vêem ou dão importância para informações como aque você postou, mas ficam com "amnésia" na hora de votar...

INA

Louvável a sua tentativa de justificar, ou explicar, a diferença entre o "legal" e o "moral".Louvável, também, o alerta para que não nos açodemos em condenar, a priori, no calor da discussão. Lição aprendida! O estranho é a sua evidente preocupação com a defesa do deputado Kennedy, especificamente. Aliás, diante dessa “amostragem”, me pergunto: quantos, e por quanto tempo, além dos listados,“cometeram” o mesmo ato “legalmente imoral”? Essa pesquisa poderia ser muito reveladora, não concorda, Sr. Baço? As reproduções dos documentos falam por si, principalmente uma das do deputado Kennedy, cujas cidades não ficam em um raio médio maior do que 60km, à partir de Joinville.

Nico Douat

Maldade, como deputado considero um excelente músico, bom twitteiro desde que não seja cobrado. Deveríamos aumentar o número de deputados para 150 para melhorar nossa representatividade com outros da mesma "qualidade"

Dirk

Adorei o "Não fica claro, mas é possível que tenha tido alguma ação como deputado." Como falei, não entendo o porque de verba p/ final de semana, muito menos para os dias (terças, quartas equintas) que deveriam estar trabalhando na assembléia. Ou isso demonstra que não tem tanto trabalho assim por lá ou que eles não estão muito interessados nos assuntos desses dias em que ficam "viajando". Ilegal pode não ser, mas é mais uma lei que eles próprios criaram para si. Imagina o que acontece no Congresso? Precisamos ficar mais atentos e que mais e mais atos dessa natureza sejam divulgados.

Marili Tironi

Por isso que eles fazem, todos esses trambiques ,o povo demora a notar e aceitar que esta sendo passado para tras, e a minoria que sabe disso nao tem forças ou nao se une p/ enfrente esse bando de servegonhas que so aparecem em epoca de eleição e nao mostrao nada de trabalho!!!

Maykon

Concordo plenamente o valor é alto demais. MaisGuilherme A. Heinemann Gassenferth, no mês de setembro sai do colégio e fuialmoçar! Lá estava o Dep. Darci de Matos, apos o almoço notei que ele pagou oalmoço de no minimo 10 trabalhadores de uma obra próxima. Não quero defenderninguem, mais desse jeito sai caro mesmo! Meu almoço deu 16 reais x 10 =160 Reais

Guilherme Vazz

Meu povo, só pra salientar, tem gente nesse meio que vai concorrer a vaga na prefeitura ano que vem, vamos ficar de olho e não votar nessa cacalhada. Todos mensionados nesse post se dizem honestos e de boa indule, imaginem só o que não vão fazer quando prefeito. Provavelmente vão solicitar diarias para visita no mirante, mais uma no zoobotanico, outra na casa da cultura e com certeza a mais cara de todas as diarias para fazer visitaao fritz no Rio Cachoeira. Otimo post camarada vamo divulgar isso sim

Vinyl Hits

Meu deus! Um blog de pessoas pensantes em Joinville?! ADOREI!!

Fernanda