quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Gozando com a medalha alheia















POR FILIPE FERRARI

Caso você não tenha estado em animação suspensa na última semana, com certeza acompanhou a vitória da judoca brasileira Rafaela Silva, que lhe garantiu o primeiro ouro brasileiro nas Olimpíadas do Rio.

Foi um feito que realmente emociona, principalmente por conta da trajetória da atleta, que foi qualificada enquanto “épica” pela BBC Brasil, e que é um grande exemplo de superação, principalmente depois do resultado da judoca em Londres, e dos ataques racistas que ela sofreu por conta disso. A história de Rafaela realmente é uma história de superação, nos mais diversos sentidos.

Entretanto, ao invés da pura e simples comemoração, o que se seguiu nas redes sociais foi uma guerra ideológica de apropriação da trajetória da atleta. De vencedora do racismo, a bolsista do governo, passando pelo apoio inefável do exército, até mesmo a exemplo da mais fatídica meritocracia que pode existir nesses nossos ermos tupiniquins.

Essa reação à vitória de Rafaela é um reflexo da radicalização pela qual o Brasil bem passando. Direita, esquerda, centro, acima e abaixo tentam, de alguma forma, utilizar-se da luta e da trajetória de alguém para reafirmar conceitos e discussões políticas rasas que tem preenchido cotidianamente as timelines alheias.

Independente do olhar que se lance sobre a trajetória de Rafaela, importante seria pensar o porque tal trajetória ainda é digna de nota dentro de um país rico como o nosso, e pensar em maneiras de proporcionar caminhos nos quais ninguém mais precise ser exemplo, ser discurso a ser encampado por correntes ideológicas mais preocupadas em satisfazer o próprio ego do que realmente proporcionar transformações.


Em todo esse quiproquó online, que menos se notou foi o sorriso e a satisfação da mulher humilde, negra, sargento, atleta, moradora da Cidade de Deus, da qual desconhecemos talvez 99% da sua história de vida. A alegria foi ofuscada pelo emparelhamento político e ideológico radicalizado que vem fincando raízes cada vez mais profundas na realidade brasileira.




11 comentários:

  1. Essa guerra advém da ideologização burra que partiu da esquerda, a começar pela apropriação do discurso de vitimização.
    “Negra, pobre e favelada, graças aos programas do governo Lula, ela conseguiu superar todas as adversidades! ” Comentou o deputado demagogo desconhecedor da história, Jean Wyllys.

    MENTIRA! BALELA! DISCURSINHO PODRE DE GENTE MAU-CARÁTER!

    A judoca conseguiu sua medalha porque ELA trabalhou por isso, não tem nada a ver com os programas sociais daquele safado. O Estado não dá nada, e quando o faz não é mais do que a obrigação pelos impostos que pagamos a ele! Se tem alguém que merece o agradecimento de Rafaela são seus entes e o seu técnico, ninguém mais. Rafaela é exemplo, não de superação, mas de vontade.

    Eduardo, Jlle

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    1. O Eduardo disse tudo.

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    2. Eduardo,

      a hermenêutica do meu texto foi cuidadosamente construída exatamente pra ter reações como a sua (muito mal educada, por sinal.
      Eu tenho minha opinião pessoal sobre a vitória da Rafaela, e que difere completamente da sua, por diversos motivos, mas o mais básico, é que ela recebeu bolsa-atleta, e treinou com suporte do exército, orgão governamental. Ou seja, ajudada por programas sociais e do estado.
      A minha crítica foi à espetacularização midiático-política que se fez em cima da medalha. Um comentário muito apropriado que eu li em algum canto da internet diz o seguinte: "a medalha é da Rafaela, não é do Brasil. Não é porque o Brasil não gosta de mulher negra favelada". E eu complemento, usando Gilberto Freyre (que está LONGE de ser da esquerda), que o Brasil não gosta de quem sai da senzala, e que se mostra maior que a casa grande. O brasileiro médio comum que pulula nas redes sociais gosta do favelado, do marginalizado quando este morre por um mata leão no espetáculo da cidade.
      Eu não lhe conheço, até porque você não coloca a cara aqui, mas espero que você não tenha uma trajetória infeliz e dolorida como a da Rafaela. E aposto que, mesmo não tendo, como disse o Gruner, ela já se mostra muito melhor que você, pois tendo recebido todo o ódio que apenas o racismo proporciona, não se escondeu atrás de uma máscara virtual para destilar seu ódio podre.

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    3. "Espetacularização midiático-política" promovida por jornalistas de esquerda que se apropriaram do discurso de vitimização.

      Também não lhe conheço, mas se escreves bobagens tem de saber receber críticas.

      Eduardo, Jlle

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  2. Filipe o que não dá é pra deixar um discurso de ódio que nem esse do Eduardo se proliferar sem uma contra argumentação.
    Vi um meme em que dizia que ela nunca precisou do feminismo, nunca precisou de cotas e venceu mesmo assim.
    Se você não liga pra esse tipo de falácia ser divulgada por aí isso é contigo, eu é que não vou deixar conhecido meu embarcar nessa canoa furada.
    Falo e falo mesmo.

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    1. Não tem o que argumentar?

      Mete um "discurso do ódio" e shitting and walking.

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    2. Está falado, e o "Eduardo" está respondido.

      Abraço.

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  3. A Rafaela Silva não pensa assim. Sinal de que, felizmente, não é só no judô que ela é melhor que você.

    http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/olimpiadas/rio2016/noticia/2016/08/judoca-rafaela-silva-espera-que-vitoria-nos-jogos-ajude-mulheres.html

    http://espn.uol.com.br/noticia/620611_mentor-senhor-judo-compara-historia-de-rafaela-silva-aos-refugiados-mesma-guerra

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    1. Espero que ela não siga esses mentirosos esquerdistas que acreditam piamente que, por ela ter nascido pobre e morar na favela terá de viver lá até que o Estado venha resgatá-la.
      Como eu disse, o mérito é dela, se ela quer usá-lo como exemplo para outras pessoas, que o faça.

      Eduardo, Jlle

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  4. A maioria que ganhou medalhas para o país estão ligados às forças armadas... A esquerda pira... Hehehehehehe

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