terça-feira, 26 de abril de 2016

O cheiro da podridão chegou aqui*

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Houve um tempo em que a imprensa europeia – e mesmo a norte-americana – projetava uma imagem favorável ao impeachment de Dilma Rousseff. Mas há alguns meses houve uma mudança de agulha. E a razão é simples. Num primeiro momento, a comunicação social internacional reproduziu a versão dos veículos da velha mídia no Brasil. Ou seja, Globo, Veja, Estadão, Folha, Época e assemelhados.

Deu chabu. Mais recentemente, os jornalistas estrangeiros perceberam que essas fontes eram duvidosas e passaram a usar outros meios para a averiguação dos fatos. E a tese do golpe contra a presidente ganhou força. A machadada final foi o espetáculo deprimente na votação do impeachment na Câmara dos Deputados. O mundo viu um país a caminhar alheadamente para a putrefação.

Há um ponto a destacar. Uma pessoa que viva numa democracia a sério (definitivamente não é o caso do Brasil) só pode ficar estarrecida com o comportamento promíscuo da imprensa brasileira. É certo que a comunicação social estrangeira também tem lado. Há projetos editoriais que alinham com visões mais ou menos liberais, progressistas ou conservadoras. Mas não se perde o pudor, como acontece no Brasil.

Fazer a comparação entre a imprensa do hemisfério norte e a brasileira leva a uma obviedade. Apesar de terem posição ideológica, os meios de comunicação europeus e norte-americanos não vão ao ponto de comprometer o rigor da informação (não quer dizer que não possa acontecer). Desgraçadamente, essa lógica não serve para a velha mídia brasileira, onde a mentira, a distorção e a ausência de contraditório são quase regra.

O golpe contra Dilma Rousseff ficou evidente e já não dá para disfarçar. O Brasil virou motivo de piada e o cheiro de podridão chegou a outras latitudes. Mas também caiu a máscara de uma certa imprensa, useira e vezeira de métodos inaceitáveis em democracia. Exemplos? O jornal português Diário de Notícias definiu a Veja com “conservadora, de direta e obstinadamente antigoverno”. O Le Monde pediu desculpas por ter feito uma matéria tendenciosa, a partir de imprensa brasileira.

Enfim, hoje o mundo todo sabe que a imprensa brasileira não é parte da solução, mas parte do problema.


É a dança da chuva.

* José António Baço vive em Portugal.


12 comentários:

  1. A fábula do golpe.

    Como já dizia Joseph Goebbels, “uma mentira contada mil vezes torna-se verdade”, sorte que essa frase é um embuste e, mesmo que professores de história insistam em pinçar acontecimentos e distorcer fatos, a célebre frase de Abrahan Lincoln faz mais sentido para essa e as novas gerações: “você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou todas as pessoas durante algum tempo, mas você não pode enganar todas as pessoas o tempo todo”.

    Dilma Rousseff, além de incapaz, é irresponsável. Esta senhora nunca deveria se candidatar a ocupar um cargo público. Lula e o PT têm o destino que merecem - a lata de lixo da história política - pela irresponsabilidade de escolher uma desiquilibrada arrogante para governar um país com a complexidade do Brasil. Políticos inteligentes e capazes o PT tinha, mas a voracidade pela manutenção no poder, a possibilidade de se manter blindado por um cargo de presidente e a probabilidade de desviar mais e mais recursos de estatais numa possível volta ao poder em 2014, fez com que Lula selecionasse alguém medíocre para a empreitada de quatro anos – deu no que deu.

    A imprensa, seja brasileira, norte-americana ou europeia não vai engolir a retórica perdedora do PT, de que a mandatária é vítima de um “Golpe de Estado”. Aliás, ela sabe o que é um golpe de estado? O autor sabe? É a coisa mais jocosa e esdrúxula que alguém já ouviu nos últimos tempos. Não é incomum que a imprensa cubra essa ideia falaciosa do golpe, afinal não é todos os dias que as pessoas ouvem uma presidente afirmar publicamente que está sendo vítima de um golpe enquanto a mesma faz viagens institucionais à ONU deixando o seu “vice golpista” no comando do país até que a presidente retorne. Se eu fosse a imprensa, gostaria de cobrir esse fato bizarro.

    Aliás, Dilma Rousseff mostra-se “chocada” com as conversas no Jaburu sobre os ministérios do provável governo Temer, mas não se envergonha de chamar a claque do MST dentro do palácio e ouvir sorridente dela um plano para aterrorizar o país caso o impedimento vá adiante. Ela se disse revoltada com as promessas do vice-presidente aos deputados que votassem a favor do impedimento, mas calou-se sobre a meretrização que Lula (que sequer faz parte do governo!) fez dentro de um luxuoso hotel ao fatiar o país para os deputados que votassem contra o processo de impeachment.

    A imprensa, seja brasileira ou estrangeira, sabe disso. Cabe aos jornalistas (a maioria de esquerda) ter o mínimo de bom-senso e explicar ao consumidor o que se passa nos fundilhos do palácio do planalto, mas daí é pedir demais, melhor é deixar que o tempo faça o seu trabalho.

    Enfim, Dilma finalmente vai cair e depois será investigada e julgada, o PT vai perder boa parte de seu corpo político, Lula provavelmente será preso e o país se livrará dessa imundície política acobertada pelos pseudo-itelectuais de classe média. Como diria um amigo meu, cabe ao PT e àqueles que defendem a sigla a importação de três mil lhamas bolivianas, pois vai faltar cuspe.

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  2. 1. Pô, Antônio Carlos. Estás sempre a comentar "nos" meus textos, mas nunca comentas "os" meus textos.
    2. Já leste algum texto meu? É que os teus comentários passam sempre ao lado.

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    1. acho que o Antonio Carlos quer ser colunista do Chuva Ácida também. Talvez quando melhorar um pouco o tom...

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    2. não, obrigado!

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  3. Pois é Baço, o Cheiro da podridão chegou também nos comentários dos teus textos.....como pode alguem escrever tanta asneira.E olha, a lhama pode até cuspir melhor, mas o nojo, não tem como terceirizar.

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  4. Boa matéria, Baço. É importante destacar com a imprensa de fora já percebeu mesmo o quanto a imprensa que tu citas (globo, inveja, época, lixo é, digo, isto é, estadinho, Bandida, jovem panaca e outras...) é vergonhosa e escancaradamente parcial, omissa coincidentemente sempre quando se trata dos adversários do pt e extremamente sensacionalista e constante quando se trata de criticar o pt e o governo federal atual. Não é por menos que o Brasil vem caindo tanto no ranking de liberdade de imprensa. A propósito: já percebeste Baço que após o processo de impedimento da presidenta Dilma o Moro e a lava-a-jato sumiram mais que peido em bombacha do noticiário, "coincidentemente".

    Não sei se nos comentários aqui do chuva ácida é possível postar links, mas vou tentar contribuir com este aqui do DCM

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-casal-que-desmascarou-o-golpe-e-a-globo-perante-o-mundo-por-paulo-nogueira/

    É uma matéria que vai ao encontro do que tu mencionaste nesta matéria, sobre a atuação de David Miranda e Glenn Greenwald, jornalista que recebeu o prêmio Pulitzer de jornalismo e não por coincidência critica muito o processo de impeachment que a presidenta Dilma sofre e a atuação deveras parcial, seletiva, tendenciosa contra a presidenta e o governo federal por parte da globo.
    A propósito, tu podias abrir uma empresa de salgados, pois o que aparece de coxinhas aqui nas tuas matérias, terias várias opções de sabores: coxinha sabor cabeça de pedra, coxinha sabor cabeça de porongo, coxinha sabor cabeça oca, coxinha sabor cabeça de melão, coxinha sabor cabeça de excrementos...

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  5. Direita, volver!
    A esquerda pira!
    A esquerda cospe!
    A esquerda agoniza!

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  6. É assim? Fácil assim? Xeque Mate, e...pronto?

    A esquerda agoniza!

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  7. Fontes Baço, cade os links que confirmam a sua tese...
    Estive no México e Colômbia e lá não compraram a tese.
    Dizer que a presidente afirma que é golpe, ou que Eduardo Cunha por ter acusações de corrupção não seria a pessoa mais indicada é diferente de dizer que há um golpe em curso ou qualquer coisa semelhante que alegam.

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    1. Queres mesmo saber ou queres apenas mostrar que és uma cara viajado? De qualquer forma, lê os jornais dos países democráticos (ainda falta muito para México e Colômbia poderem ser considerados democracias maduras) e vais encontrar todos os links que quiseres. Se tens alguma dificuldade em procurar, diz aí que posso dar os links dos jornais de referência. Mas como sou uma pessoa simpática, vou dar uma dica: tenta o editorial do NY Times do dia 12 de maio. O título é "Making Brazil’s Political Crisis Worse".

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