No jogo de xadrez da política local, o tabuleiro se
converteu numa mesa de sinuca. O prefeito Udo Dohler, que foi eleito para dar um choque
de gestão e resolver os principais problemas dos joinvilenses, acabou numa sinuca
de bico. É bom lembrar que ninguém mais pode ser responsabilizado pela
situação atual a não ser ele mesmo.
Mesmo depois de descumprir o TAC (Termo de Ajuste de Conduta), assinado
para resolver o grave impasse que vive a saúde em Joinville, o prefeito tem mostrado incapacidade para resolver os problemas, que crescem sem parar. Problemas que já levaram a
troca de três secretários de saúde em pouco menos de três anos. Se foi a experiência
na área da saúde um dos pontos fortes que levou muitos joinvilenses a eleger a Udo
Dohler, hoje as críticas e a desilusão não ficam só na boca pequena e ganham a
seção de cartas dos jornais locais e as redes sociais. As filas para o
atendimento tem aumentado ou, no melhor dos casos, mantido índices vergonhosos.
Até agora nem rastro da eficiência prometida. Se o problema não era de
recursos e sim de gestão, alguém deveria assinar logo um atestado de incompetência.
A nomeação da procuradora Francine Schultz para a Secretaria
da Saúde era para ser uma tacada de mestre com o intuito evidente de tentar
pôr um freio à ação moralizadora da promotora pública Simone Schultz,
casualmente irmã da nova secretaria. Foi
o que, em bom português, se chamaria um tiro na água. Aliás, prefiro pensar
que foi um tiro no pé, porque o efeito foi o contrário do pretendido. O Ministério
Público, esporado pela arrogância do prefeito, tem passado a agir ainda com maior
rigor e os passos seguintes colocam o prefeito numa situação para lá de desconfortável.
Deu entrada na Câmara de Vereadores o pedido de abertura da
Comissão Processante, que poderá levar ao afastamento do prefeito do cargo até
o final da apuração. Se isso fosse pouco, a promotora Simone Schultz
entregou documentos sobre quatro decisões judiciais não cumpridas na area de
saúde (melhorias em postos de saúde, ortopedia, reumatologia e proctologia). A situação esta ficando feia para o prefeito, que insiste em manter um discurso cada vez
mais distante da realidade. Em recente entrevista ao jornal "A Notícia", o
prefeito aparece completamente dissociado da Joinville real. Essa realidade que
ele insiste em não querer ver, nem escutar, isolado no seu mundo de fantasia e
ilusão.
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) deu um passo à
frente e colocou também o legislativo municipal numa sinuca de bico. O Legislativo tem estado tão ocupado em manter apaniguados e cabos eleitorais empregados,
que tem esquecido de cumprir seu papel de fiscalizador do Executivo. É bom
lembrar que o MPSC tem agido compelido pela inoperância do Legislativo - ou seria mais correto
falar da omissão -, que tem estado ocupado em passear com
carros alugados, gastar diárias e manter o maior número de assessores e
comissionados que em cumprir sua missão republicana.
Os vereadores terão que se posicionar a favor ou contra do
afastamento do prefeito. É oportuno lembrar que sem a ação firme do Ministério
Público a Câmara teria seguido olhando para o outro lado e acreditando que a
saúde está ótima. Sem a arrogante decisão de nomear a procuradora Francine
Schultz, é provável que o MPSC tivesse agido com menos rigor. Mas devemos agradecer
que a população possa contar com o apoio do Ministério Público para poder
enfrentar a relação promíscua entre Executivo e legislativo em Joinville.
Seria irônico se a maioria dos vereadores votasse a favor do afastamento do prefeito por conta da péssima gestão que está fazendo a frente da saúde. A imagem construída da sua experiência em gestão e conhecimento na área da saúde está desmoronando e se não ficou evidente antes foi por que os recursos que têm faltado na saúde, não têm faltado na comunicação.
Seria irônico se a maioria dos vereadores votasse a favor do afastamento do prefeito por conta da péssima gestão que está fazendo a frente da saúde. A imagem construída da sua experiência em gestão e conhecimento na área da saúde está desmoronando e se não ficou evidente antes foi por que os recursos que têm faltado na saúde, não têm faltado na comunicação.
Numa única tacada o Ministério Público tem conseguido
colocar numa sinuca de bico tanto o prefeito como o legislativo. Vamos a
acompanhar os próximos lances dessa partida.
Taí. O melhor texto em tempos. Tomara que haja acompanhamento disso pela imprensa.
ResponderExcluirE me parece que o caminho vai ser aquele imaginado: a Câmara aprova uma CPI faz de conta para jogar uma cortina de fumaça na comissão processante que poderia afastar o Gestón. Os próximos passos é tentar oferecer algumas migalhas na área da Saúde para ver se consegue enrolar a promotora e com isto chegar até 2016 sem grandes baixas. A partir daí tudo é lucro, pois há eleições e uma porção de impedimentos em função do ano eleitoral.
ResponderExcluirE para terminar o espetáculo circense, ele consegue embarcar uma ou dua obras, engana novamente este eleitorado cheio de massa cinzenta crítica e leva de novo. Quem viver verá....
Udo "Gestón" Dohler tá tomando cuidado p/ não acontecer com ele o mesmo que aconteceu com Carlito, ele gasta bastante em publicidade todos os anos p/ que em ano de eleição ninguem reclame.
ResponderExcluirInfelizmente não vai ser o Ministério Público que irá resolver o problema da saúde de Joinville e nem qualquer possível substituto do prefeito ou da secretária da saúde. O buraco é beeeem mais em baixo.
ResponderExcluir