POR SABRINA IDALÊNCIO
A meritocracia
não discrimina. Seja o montante da sua conta bancária ou o tamanho das
suas calças, lá está ela. Em uma farmácia qualquer, após adquirir suplementos
alimentares proteicos, a mocinha classe mérdia universitária se pesa
satisfeita. A mesma satisfação de quando escolhe roupas novas. Eis o resultado
de uma rotina de atividades físicas e alimentação bem balanceada. Nada vem de
graça. Até as curvas do corpo representam uma conquista.
A moça ainda não
ultrapassou os 25 anos, exala saúde perfeita e contabiliza zero caso de
obesidade na família. Tem tempo para planejar e preparar as próprias refeições,
embora não lave as próprias roupas, muito menos o banheiro que usa. Observa uma
moça de formas arredondadas que aparenta idade semelhante à sua na fila do Subway (depois de tanto esforço ela merece fast food!). A gorda carrega consigo uma
criança também acima do peso. A moça reflete. Eles nem deviam estar aqui, a
menos que seja pra pedir salada, pensa. Que exemplo essa mãe pensa que está
passando à criança? Pergunta-se a moça sem filho algum.
Repara quando
até o menino pede um lanche com mais recheios que o dela. Absurdo! E a mãe não
fica nem um pouco atrás... como conseguem. Aqui ignora-se a rotina da família, seus
hábitos e a herança genética. Gente gorda não merece comidas gostosas. Não
merece roupas bonitas. Não merece relacionamentos felizes. Lembrou-se do
desgosto quando via pessoas com quem acabara de se relacionar logo aparecendo
com meninas mais gordinhas. Cadê o bom gosto que tinha quando estava com ela,
tão empenhada e cuidadosa?
É assim que a
meritocracia dos corpos funciona. Gente gorda não merece amar, ser amada, ser
feliz, comer bem. O único tópico da pauta dessas pessoas precisa ser uma
reeducação alimentar aliada a treinos pesados – como se ser gordo fosse
sinônimo direto de má alimentação e sedentarismo. Pela meritocracia, gente
gorda não merece viver bem porque não se esforça o suficiente.
Parabéns, ótima crítica sobre o sedentarismo e a preguiça.
ResponderExcluirO que vem agora, “neomeritocracia”?
Eduardo, Jlle
Pra mim, preguiçoso foi esse comentário. Inclusive me deu preguiça.
ExcluirE o pior, preguiça de pensar, pois acesso a informação ele tem....
Excluirmas qualé o ser humano que se preocupa com a gordura dos outros, meu deus...
ResponderExcluir"Socorro, tem uma gorda na fila do subway!!!!"
Aí é que está amigo "Anônimo" que por esse comentário deve ser meu contato no Facebook, não é mesmo? Não me preocupei, apenas tive o insight pra escrever.
ExcluirO Anônimo (15:20) salvou o dia! :-)
ResponderExcluirA autora faz uma crítica meramente estética sobre a condição corporal das pessoas, ignorando o fato de que 70% das crianças e adolescentes brasileiros que comem essas porcarias já estão acima do peso, se tornarão adultos obesos e farão filas na porta do já falido sistema público de saúde.
No seu texto concordo com o uso da palavra “meritocracia”, substituída por “força-de-vontade”!
Meritocracia nos estudos.
Meritocracia no trabalho.
Meritocracia nas atividades cotidianas, já!
Ótimo texto.
ResponderExcluirFalta pessoas pararem de criticar uns aos outros e respeitar mais.
Entendi muito bem o que você colocou, a mocinha nem conhece a mãe e o filho, não tem nem ideia do cotidiano e muito menos da saúde deles mas julga-os como se não se esforçassem para ser como ela, sendo assim "no pain no gain". Mas mal sabe ela que não precisa ser magro ou musculoso para ser saudável, assim como, muitas pessoas magras estão com colesterol e pressão alta.