quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Uma nota sobre direita e esquerda

POR FELIPE SILVEIRA 

Nas timelines da vida, debatia eu sobre direita e esquerda. Um dos colegas argumentava que as definições variavam de acordo com o campo – econômico, cultural, político ou outro. Por exemplo, alguém poderia ser de esquerda nos costumes e de direita na economia.

Por outro lado, eu dizia que era necessário buscar um denominador comum, justamente porque as definições eram variáveis. Assim, torna-se preciso buscar um determinante mais fixo, para o qual eu proponho: se a pessoa é contra a exploração do homem pelo homem, ela é de esquerda. Se ela topa a exploração do homem pelo homem, ela é de direita.

Ao passo que o colega aponta: Ok, mas ninguém vai assumir que é a favor.

De fato, não assumem tão facilmente. Não de propósito. No próprio post da discussão um dos liberais presentes falou: “Não é a exploração. É troca!”

Meu argumento, então, é que não precisamos que eles assumam. Os trabalhadores e explorados de modo geral é que precisam saber. E aí entram uma série de reflexões sobre essa consciência.

Atravessados pela ideologia, nós trabalhadores temos a sensação de sermos explorados ou apenas realizamos uma justa troca da nossa força de trabalho com o patrão? Tenho a sensação de que a maioria de nós acha que a troca é justa.

Ao mesmo tempo, não vê a hora de o expediente acabar, fica contando os dias pro fim de semana, fica implorando para chegar o fim do mês para ter dinheiro para pagar as contas, implora pela chegada das férias (que acaba vendendo pra entrar um extra). Ao mesmo tempo que se entope de remédio pra ansiedade e depressão (não estou diminuindo a grave doença que é a depressão), que busca na cachaça um remédio pra angústia, que busca no consumo um pequeno prazer, aumentando as dívidas.

Os trabalhadores sentem no lombo a opressão do capital. Alguém nega? O que você tem para vender além da sua força de trabalho?

Enquanto isso o patrão segue engordando as contas, comprando jatinho, helicóptero, cocaína, ferrari, mansão, diamantes (que um monte de gente morre pra tirar da terra)...

Mas, claro, para a direita não passa de uma troca.

E você, o que acha? Troca ou exploração?
E qual é a sua definição para os conceitos de esquerda e direita?

P.S.: Não abordei a questão da exploração animal, que é importantíssima. Mas é um debate que pode ser feito.

25 comentários:

  1. Felipe, se o homem não for explorado por outro homem, ele vai ser explorado por quem?
    Pelo Estado?

    É interessante como vocês, de esquerda, nunca culpam o Estado pelos percalços causados na sociedade; na cabeça de vocês o Estado sempre é perfeito, mesmo que ele corroa 2/5 de seus dividendos em impostos e não redistribua corretamente esses valores na educação, saúde e segurança de qualidade. Vocês preferem ser guiados pelo Estado, preferem que o Estado interfira nas vossas vidas, que o Estado dite o que você deve ou não assistir, ler ou acessar.

    Seria o melhor dos mundos se o Estado brasileiro estivesse disposto a gastar os altos valores dos nossos impostos com o tripé do bem estar social, mas o Estado brasileiro é um pandemônio por vezes liberal, por vezes intervencionista, por vezes travestido de socialista (dependendo da situação); cobra altos impostos dos brasileiros e os gasta com empresas Estatais que servem como lavadoras de dinheiro sujo e loteadoras de cargos políticos. Por isso sou de direita e liberal, desejo um Estado mínimo, desejo que as pessoas tenham LIBERDADE para estudar (se quiser), para trabalhar (se quiser) e para responder com RESPONSABILIDADE por seus atos. Defendo o INDIVIDUALISMO, as LEIS, as INSTITUIÇÕES. Não defendo a ditadura, muito menos esta, chamada de “bolivarianismo” que estão tentando implantar, aos poucos, com as mais de 500 alterações na Constituição pelos projetos propostos pelo PT e pelos partidos da extrema esquerda.

    É mais fácil culpar os empresários por “explorar” o homem. O empresário é explorado pelo Estado, o mesmo que explora a população. Houve mais de 90 mil demissões no mês passado porque a indústrias estão falindo, e esse número só tende a crescer. O bolsa-família, que deveria ser um entreposto entre o desemprego e emprego, virou fonte de subsistência. O governo se gaba que o número de dependentes vem crescendo, quando na verdade ele deveria diminuir. É esse tipo “controle” que o governo prefere usar para se perpetuar no poder. Ou você acha que a presidente foi reeleita por sua competência na administração do país?

    Quando a suposta exploração, ora, você quer o cidadão que levantou uma empresa receba o mesmo salário de um trabalhador na produção? Quer que alguém que, com muito esforço, estudou e conseguiu um cargo de chefia receba o mesmo que o seu subordinado? Pra que serve os anos de estudo e dedicação? Em que mundo você vive?

    “Ah, mas na Suécia...” (a queridinha dos esquerdistas)

    A Suécia é uma socialdemocracia madura e desenvolvida. Temos gerações de evolução para chegar próximo do que a Suécia é hoje. Lá a paridade entre os salários do chefe e do empregado é pequena, mas ela ainda existe. Lá o Estado cobra altos impostos, mas os mesmos são devolvidos à população com educação, saúde e segurança de qualidade – aqui não! Além disso o sistema sueco está com os dias contados. Estão almejando um sistema falido, pois a previdência sueca está colapsando, o Estado sueco já não comporta mais o seu welfare state. A tendência é a diminuição dos impostos e a terceirização dos serviços.

    Por isso prefiro os exemplos que vem do Canadá, da Austrália, dos EUA.

    (sou estudante e trabalhador, não empresário)

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    1. Você está equivocado. O que boa parte da esquerda defende é o fim do Estado. Comunistas e anarquistas, pelo menos. Leia mais sobre Marx, e não o que a internet fala sobre ele. Leia e depois me diga o que ele fala sobre o Estado. Abs

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    2. É sempre assim, quando alguém pisa no calo deles, eles falam "estude mais sobre Marx". Mimimi.

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    3. Não. Nada de calo. Apenas apontei que o cara parte da premissa errada. Marx era contra o Estado. O comunismo quer o fim do Estado. Quem conhece Marx minimamente sabe disso.

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    4. Bom que você citou Marx. Eu li as obras dele (O Capital e Manifesto Comunista), mas também li sua biografia e, convenhamos, aquele sujeito, como pessoa, não merece o respeito de ninguém.

      Pois bem, os preceitos marxistas sobre o materialismo histórico dialético serviam um espaço-tempo. Hoje, de nada servem! Nos tempos de Marx o capitalismo representado pela produção industrial têxtil, têxtil, têxtil, máquinas e têxtil, se valia do uso indiscriminado da mão-de-obra barata de adultos e crianças. Mas a industrialização era um processo recente e os trabalhadores tinham que escolher entre morrer de trabalhar na cidade e ter um ordenado ou no campo, de alguma peste. A industrialização prosperou, desenvolveu tecnologias, aumentou a expectativa de vida, leis trabalhistas foram criadas sem Marx assistir a essa evolução. Além do mais, Marx pressupõe que o valor laboral tinha que ser por hora trabalhada (fácil, porque as indústrias que mais empregavam eram as têxteis). Hoje se sabe que o valor laboral não pode ser contabilizado por hora trabalhada, mas por valor do produto produzido. Por isso o trabalhador que produz em uma hora mil pregos ganha menos do que aquele que ajuda a montar quatro veículos no mesmo período. Perceba que essa outra perspectiva já foi levantada por economistas franceses e prussianos na época de Marx.

      Marx foi um filósofo medíocre que ganhou notoriedade com comunismo soviético. Nunca foi burguês quiçá um proletário.

      Marx defendia um Estado forte (a chamada superestrutura) nas mãos do proletariado.

      Particularmente não tenho nada contra as obras de Marx, acho que elas servem como documentos históricos. O problema é deturpação da obra marxista feita por intelectuais mal-intencionados e políticos inescrupulosos.

      Assistiu ao filme “O Livro de Eli”?

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    5. Deixa eu pegar a dialética e jogar no lixo e já volto.

      Não é necessário tentar ignorar o pensamento de outras pessoas para auto-afirmar uma ideologia. É mais inteligente usar pensamento opostos para contra-argumentar.

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    6. Pelo visto o Eduardo é costumaz leitor de livros do tipo "custumize seu próprio marxismo".

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  2. Não precisamos de um denominador comum, nunca iremos precisar de um, precisam quem quer qualificar os outros de forma maniqueísta. O termo "exploração" pode significar duas coisas distintas:
    1. O ato de utilizar algo para algum propósito. Neste caso, explorar é um sinônimo para uso.
    2. O ato de utilizar algo de forma injusta, cruel ou egoística para sua própria vantagem. É o significado de exploração abordado abaixo.
    Em política econômica, economia, e sociologia, a exploração envolve um relacionamento social persistente no qual certas pessoas são maltratadas ou usadas de maneira injusta para o beneficio de outros. Hoje o poder é o estado, ele nos explora e como sou contra o poder injusto, sou contra essa intervenção estatal que adora beneficiar seus patrocinadores com suas estatizações que só fazem um desserviço a sociedade. O capitalismo é o melhor caminho, o que mais desenvolve um país, tem suas falhas, mas não tem jeito, por dentro dele é que teremos que repensar nosso convívio e humanizá-lo. Se a pessoa não vê a hora de sair do trabalho tenho uma novidade, você não esta preso na sua Organização. A contrário do Estado, onde não podemos nos demitir dele, para as Organizações seria um favor que os descontentes saiam.
    Algum “trabalhador”(parece-me que no conceito deste blog patrão não trabalha) sabe os riscos de se empreender no Brasil? Os riscos diários de quebras, inadimplências, calotes, altas cargas tributárias, investimento dos bens pessoais para alavancar uma empresa? Sacrifícios de horários e feriados trabalhados? Se vamos dividir a fatia igualmente, então que acabemos de vez com a iniciativa criadora do país e vamos socializar nossas pobrezas.

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    1. Cara, patrão trabalha. Mas o trabalho é diferente do trabalho do empregado. E a mais-valia do patrão não fica pro empregado. Fica pro patrão mesmo.

      Outra coisa que é um problema na discussão é que vocês acham que quando falamos patrão estamos falando de dono de mercearia, de gente que tem uma própria empresa pra prestar serviço. Fica complicado assim.

      Compra uma "Caras" e vá ver como é a vida da família de certos patrões por aí. Mas de grandes empresas, de especuladores, de banqueiros etc.

      Não estou isentando o patrão das pequenas empresas. Eles também exploram e colhem privilégios. Os filhos estudam na escola particular, eles têm casa na praia etc. Tem carro do ano. Vá ver como é a vida do trabalhador que só tem a mão-de-obra pra vender.

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    2. Desculpe, não leio "Caras".
      Então se uma empresa vir a falir, você concorda em dividir os prejuízos com todos os funcionários?
      Ok, esta errado pensar nos pequenos empresários ou certo? Não entendi.
      Esses "grandes" patrões que você mencionou, é só mandar eles investirem em outro país, esses países agradecerão.
      Não estou defendendo a direita, pois não me considero o tal, mas não curto essa "gestão da inveja" que a esquerda prega.
      Abraço

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    3. Você deveria ler Caras. Excelente exercício sociológico. Eu leio quando vou cortar o cabelo.

      É claro que eu concordo que numa empresa gerida por trabalhadores o lucro e o prejuízo devem ser geridos pelos trabalhadores.

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  3. direita e esquerda são conceitos "geográficos": quem apoia o governo - qualquer governo - está à direita dele. quem faz oposição está à esquerda. ou seja, é a sua posição em relação às ações do grupo que comanda o governo que diz se vc é de direita ou esquerda.

    exploração: o capitalismo não obriga a ninguém ser explorado. a decisão é pessoal. engraçado que ao sentamos em um bar para tomar uma cervejinha não passe pela nossa cabeça que estamos usufruindo da "mais valia" que explora o garçom. ou que ao colocarmos o lixo em frente de casa não sintamos a nossa mão sapecando o chicote no lombo do pobre coitado que cata nosso lixo...

    fim do estado. o problema maior do marx (o cara viveu numa época em que não existia nem hora extra) nem é essa bobagem - o estado somos nós mesmos, né? -, o problema é que o processo para chegar ao fim do estado além de cruel é lento: a URSS não conseguiu acabar com o bicho em 70 anos. Cuba tá lá, já se vão 60 anos de experiência, o fidel vai morrer e fim de estado neca. em teoria era muito bonito mas não funcionou, deu, esquece...

    não precisa acabar com o estado. é só deixar ele enxuto e com a importante função de regular as nossas relações de troca

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    1. Direita e esquerda não tem a ver com o governo. É um conceito geográfico de você trocar governo por quem comanda o Estado. Para Marx, a burguesia. Quem se opõe à burguesia, está à esquerda. Quem apoia a burguesia, está à direita.

      Tu não pensa que explora a mais-valia do garçom e no gari? Eu penso.

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    2. Vc detém os meios de produção do seu trabalho, né?

      Na boa, prá que grudar a pecha de escroto num grupo de pessoas?

      mais-valia é outra bobagem. tu pode gastar 300.000 horas produzindo uma picareta. se ninguém a quiser ela não vale nada. ou, não adianta vc ter o que vender. prá valer alguma coisa precisa de alguém que compre...

      acho que já te indiquei essa leitura. se não leu vai lá, vale a pena

      http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=15729

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    3. Na boa, porque algumas pessoas são escrotas.

      Você tem certeza que sabe o que é mais-valia?

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  4. eu sou um proletário e sei fazer sapatos, cada par em duas horas. mas o escroto do capitalista pegou todos os pregos, martelos e pedaços de couro prah ele. logo tenho que vender minhas horas prah ele prah fazer sapatos. fazemos eu e o capitalista pau no cu um contrato: eu trabalho 4 horas para ele, produzo 2 pares de sapatos e ele me paga de salário o valor de um. então em tese me fudi, dei um sapato de graça pro capitalista.

    bom, ao menos ele me pagou por um par, e agora esse capitalista pau no cu vai se fuder, pq eu vou comprar um tamanco que custa 1/5 do sapato que fiz para o capitalista pau no cu, e ele agora vai ter que olhar a mais-valia dele aqui no meu bolso.
    Ah, e como ele ficou sem o lucro e me pagou pelo salário se fudeu em dobro hahahaha.

    quer vender os pregos, o martelo e couro, capitalista pau no cu?

    mais-valia é uma bobagem...

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    1. Mano, você é muito burro.
      Você, enquanto proletário, não produz dois pares de sapato.

      E você acha que alguma coisa do teu segundo parágrafo faz sentido?

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  5. rs, ficou bravo...
    eu "enquanto proletário" produzo o q, felipe?

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  6. opa, então vou trabalhar só mais alguns anos pro capitalista pau no cu, juntar algum, comprar eu tb pregos, martelos e couro (e aquela maquinazinha dos infernos que o capitalista escroto inventou e que faz os sapatos quase sozinha) e me tornar um capitalista eu tb...

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    1. Boa sorte.
      E dá uma olhada na imagem do post antes de sair, naquela frase do lado do bonequinho.

      Abraço

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  7. tb não curto paulo freire.

    outro

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  8. É inegável que vida dos operários melhorou significativamente nos últimos 2 séculos, principalmente nas sociedades capitalistas. Eles tem uma qualidade de vida que foi proporcionada pelo esforço conjunto do seu trabalho com outros trabalhadores de forma a otimizar a produção, baratear custos e proporcionar, ao final do processo, algum lucro se tudo der certo.
    Mas tudo isso pressupõe investimentos em capacitação, desenvolvimento de tecnologias, pesquisa e desenvolvimento. Tudo isso antes do lucro que, se o trabalho der certo, vai vir como prêmio.
    Se não houvesse esse esforço coordenado chamado de empresa, não seria possível. Um artesão,trabalhando sozinho, teria trabalhar bem mais para ter um lucro muitas vezes menor que o seu trabalho especializado e altamente eficiente dentro de um organismo empresarial.
    Quando você cita a Caras, perceba que existem poucos empresários de sucesso nessas páginas. A maioria é formada por artistas, jogadores de futebol e cantores de RAP e axé. Talvez alguns herdeiros mimados, mas isso são anomalias de qualquer sistema que se pressupõe dinâmico e, por isso mesmo, imperfeito.
    A utopia é válida como campo de discussão e reflexão, mas tem pouca aplicação prática.
    Em tempo: a definição de esquerda e direita que você deu faria com que o PT, o PCB, os irmãos Castro, Mao Tsé Tung e congêneres sejam rotulados de direita, certo? Afinal, eles exploraram até a exaustão outros homens (e mulheres e idosos e crianças e homossexuais, etc....)

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    1. Sim, anônimo, sobre a última questão. Mas não é tão simples assim. Lula, por exemplo, sempre beneficiou a direita, a burguesia, mas também beneficiou os pobres. Ele é de direita ou de esquerda? Eu acho que ele e quem o apoia acredita que ele seja de esquerda, pois entende que o benefício à burguesia foi um mal necessário pelo contexto. Há quem pense diferente.

      Sobre Caras, estamos falando do estilo de vida da burguesia, representado, veja só, por certos artistas. Mas quem você acha que vive daquele jeito mesmo?

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  9. O que falta pra esse cara é amor da vida dele. Só isso.

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