quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O prefeito indeciso

POR FELIPE SILVEIRA

Eu não me incomodo com o fato de Udo Döhler investir na Arena (na verdade, me incomodo, mas entendo isso dentro de um contexto de administração municipal). O que me incomoda é o oportunismo do prefeito. Assim que o JEC subiu para a série A, ele disse que não iria investir dinheiro do município na reforma e ampliação.


Só que uma semana depois mudou de ideia e já anunciou o investimento.



O prefeito não dá ponto sem nó. Assim agrada a todos. Ganhou elogios pelo discurso anterior, agradando aqueles que cobram dinheiro para saúde e educação, e agora, com a obra, agrada aqueles que a desejam. Segundo o prefeito, a contrapartida municipal é necessária. Ele não sabia disso antes?

Sobre as contradições do prefeito, eu ainda não consigo deixar de lembrar de Udo Döhler na reta final da campanha, pisando no barro, com um discurso completamente voltado à periferia. É claro, eram os votos que ele não tinha. Vocês lembram?

Hoje Udo presta contas na Acij... 


Ferguson

Talvez tenha muita gente aqui na província que não sabe, mas em Ferguson, uma cidade do estado americano Missouri, a questão racial/policial está pegando fogo. A cotidiana repressão policial à comunidade negra desencadeou uma revolta popular após o assassinato do adolescente Mike Brown.

Ontem, 25 de novembro, o policial que efetuou o disparo – e cometeu o assassinato –, Darren Wilson, se livrou da acusação, o que fez os protestos voltarem com toda a força nas ruas de Ferguson e em várias cidades dos EUA. Milhares de pessoas se reuniram em Nova Iorque para protestar, por exemplo.

Dias antes, em Cleveland, um policial matou um menino de 12 anos que brincava com uma arma de brinquedo em um parque. O autor da denúncia afirmou que não sabia se a arma era de verdade, mas sugeriu que a polícia fosse conferir. A polícia chegou atirando. A vítima, Tamir Rice, era negro.

Enquanto isso, no Brasil, o Estado segue a matar jovens negros e pobres nas periferias, sem medo de punição. E em Joinville também.

12 comentários:

  1. Sobre o caso de Ferguson, o policial foi entrevistado e explicou o que aconteceu na versão dele.

    http://oglobo.globo.com/mundo/darren-wilson-fiz-meu-trabalho-da-maneira-correta-14661777

    Resumindo, ele parou o automóvel, abordou um rapaz maior que ele que reagiu e o agrediu tentando tirar sua arma, tendo o policial que se defender com os tiros. O cidadão não pode mexer na arma de um policial, pois acabará baleado, isso é regra para segurança do próprio profissional e dos cidadãos no entorno.

    Para quem não lembra, algo parecido aconteceu meses atrás no centro de SP, num embate entre ambulantes e a PM. Um ambulante tentou segurar a arma do policial que o alvejou na cabeça. A juíza sabiamente entendeu o caso como uma fatalidade dentro do modus operandi do profissional.

    Sobre o caso de Cleveland, pessoas ligaram para a polícia afirmando que um adolescente portava uma arma e a apontava para as pessoas num parque. A polícia chegou, pediu para o adolescente levantar as mãos e, não atendendo ao pedido do policial, levou um tiro. Esta não é uma versão só da polícia, mas dos transeuntes também. A arma em questão era uma réplica sem a ponteiras em laranja que a identifica. Culpar a polícia? Porque não os pais deste garoto?

    A questão é que se as vítimas fossem brancas, estaria tudo OK!

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    1. Se as vítimas fossem brancas, não levariam tiro.

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    2. A questão é que se se os envolvidos fossem brancos, não estariam mortos, porque não teriam levado tiro da polícia.

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    3. Ok. Então, se os policiais que atiraram também fossem negros, ficara "elas por elas".

      Quanta hipocrisia.

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    4. Conversa fiada! A polícia americana atua rigorosamente em consonância com seus procedimentos. Qualquer um nas circunstâncias noticiadas teria levado chumbo. Tenho até hoje em minha mente a imagem de uma mulher branca que rendida pela polícia foi retirar o celular que tocava no bolso da camisa e foi fuzilada incontinenti.

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  2. Anônimo 16:30. Sabe qual a diferença entre abordagem policial e assassinato? Numa abordagem o policial tentar incapacitar o bandido, assassinato é atirar 6 (SEIS) vezes no bandido desarmado como aconteceu no caso do cidadão de Ferguson.
    Você já foi abordado por uma blitz? Sempre que fui abordado a polícia estava com uma arma letal apontada para baixo. Por que não usar armas não letais? No caso da blitz falsa que roubou o ônibus em Barra Velha os caras estavam usando fuzis em plena BR-101, por que ninguém estranhou? Isto não pode ser normal aqui no Brasil, abordagens com armas letais e pesadas, tem que ser discutido isto e não achar normal.

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    1. Anos atrás um policial levou um tiro na cabeça em uma blitz na BR 101, em Jlle, o bandido fugiu. Se a polícia não demonstrar aparelhada com as mesmas armas, como inibir a bandidagem?

      Porque o cidadão praticamente não pode mais portar arma, mesmo após a população acenar favorável pela manutenção deste direito no último plebiscito. Parece que o PT quer tirar as armas dos cidadãos e deixá-las com os bandidos. Só falta tirá-las também da polícia numa total inversão de valores.

      Aqueles bandidos da falsa blitz não são policiais.

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    2. Ufa, anônimo, finalmente você entendeu. É essa a ideia: nós, os petralhas bolivarianos, queremos desarmar tooooodooooos os cidadãos de bem para, aliados às FARC e ao Foro de SP, finalmente darmos o golpe que transformará o Brasil em uma grande Venezuela.

      Mas agora que você, com sua inteligência privilegiada, nos desmascarou, teremos de mudar rapidamente os planos.

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  3. O que o título tem em haver com a morte de negros? Fugiu do foco, tenha melhores argumentos para falar mal da nossa gestão municipal.

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    1. Nada. São dois assuntos. O título do texto se refere ao primeiro.
      Eram três assuntos, mas derrubei um. Por isso não ficou tão claro.

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  4. Óbvio que existe preconceito entre etnias, óbvio também que muitas dessas tragédias são causadas pela imperícia dos policiais no censo comum de que muitos jovens negros (aqui e lá) estão mais propensos a se envolver com o crime (pela própria condição social) e a estarem armados.

    Mas esse excesso de zelo, essa acusação desmedida simplesmente pelo policial ser branco e a vítima negra, sem sequer escutar as versões dos fatos, chega a ultrapassar os limites da hipocrisia. Isso não ajuda em nada naquilo que, supostamente, toda sociedade almeja que é igualdade, embora sabemos que isso beire a utopia.

    Pego exemplos que acontecem diariamente nas periferias das grandes cidades brasileiras: quando um cidadão mata outro da mesma cor por contas do tráfico, o caso é praticamente ignorado, mas se o mesmo acontece com pessoas de cores diferentes, causa comoção. Dá-se mais ênfase a questão da cor do que a própria tragédia.

    Eu almejo uma sociedade mais igualitária, mas que esse processo seja iniciado de forma justa e correta, respeitando o artigo quinto da constituição. A começar pela educação de base com qualidade, distribuição de renda mais justa com contrapartida e cotas “temporárias” até a implementação e estabilização desses programas. Agora, educação péssima, dar o peixe esquecendo o anzol e cotas ad infinitum só vai manter o populismo e a situação que está aí.

    Antônio, Jlle

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  5. Tem um vídeo deste rapaz agredindo o vendedor onde ele furtou um maço de cigarros minutos antes de ser abordado pelo policial. A agressão ao vendedor, a marca de soco na face do policial... A versão do policial parece-me convincente.

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