sexta-feira, 11 de julho de 2014

Delfim pedindo mudanças no futebol é piada pronta

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Delfim Peixoto ainda disse que o futebol precisa de mudanças, urgentemente.
"Tem que mudar. Vamos precisar de muitas mudanças daqui para frente. Eu tenho certeza que Marco Polo Del Nero [Presidente da CBF eleito recentemente] tem disposição em fazer isso. E mesmo que não tivesse, teria de fazer de qualquer maneira. E urgente", finalizou.
Entrevista de Delfim Pádua Peixoto Filho, Presidente da Federação Catarinense de Futebol, para a ESPN Brasil*

A derrota de 7x1 para a Alemanha escancarou o verdadeiro problema do futebol brasileiro. Felipão, Parreira, Murtosa, Fred não foram, em sua totalidade, os responsáveis pelo fiasco apresentado em Belo Horizonte. Os responsáveis, por muitas vezes ocultos, precisam ser revelados. E um destes culpados está em Santa Catarina e chama-se Delfim Pádua Peixoto Filho que, junto com a maioria dos outros dirigentes de futebol no Brasil, atropelam a democracia e formam verdadeiras oligarquias do futebol, apoderando-se de toda a estrutura social e econômica que gira em torno do campo e bola.

Digo isto porque na última quarta-feira, ao assistir à bisonha entrevista coletiva de Parreira e Felipão, na qual tentaram apresentar justificativas, deparei-me com uma pergunta de um jornalista, querendo a opinião do técnico brasileiro sobre a supracitada entrevista dada por Delfim à ESPN Brasil. Sem considerar o mérito da resposta de Felipão, e principalmente a repercussão de alguns catarinenses "ofendidos", o que Delfim disse é digno de ir para a exemplificação do que é hipocrisia nos dicionários. "Dr. Delfim", como é costumeiramente chamado, foi deputado estadual durante a ditadura militar, e é, desde 1985, Presidente da Federação Catarinense de Futebol. Acabou de ser reeleito para o sétimo mandato, até 2019. Ou seja, completará 34 anos no poder do futebol do estado e terá 78 anos de idade. Inclusive já prepara a "cama" para seu filho, que também é dirigente da Federação Catarinense de Futebol e lutador de boxe nas horas vagas, assumir em 2019.

Delfim é o mesmo dirigente que durante anos compactuou com Ricardo Teixeira, ex-Presidente da CBF e contou, como moeda de troca, com seu apoio para suas seguidas reeleições. Na gestão do Ricardo Teixeira, o futebol brasileiro apodreceu por dentro, ou seja: os pequenos clubes do futebol brasileiro morreram, juntamente com os estaduais. A média de público do nosso futebol  (inclusive o catarinense) despencou e os jovens talentos cada vez mais são transferidos para o futebol do exterior. A grande maioria dos clubes não tem calendário fixo, e há uma enorme quantidade de jogadores profissionais que não recebem sequer dois salários mínimos, contrariando toda a vitrine dos grandes jogadores. A derrota na semifinal do mundial no Brasil é reflexo disto: um futebol pobre, sem identidade, e que tem em seus dirigentes a omissão e as muletas em títulos mundiais conquistados na base de talentos que fogem à regra de nossa realidade. 

Não podemos esquecer que Delfim, ao compactuar com Teixeira, compactua com um dirigente que é investigado pela justiça da Suíça, pela Polícia Federal do Brasil e pela própria FIFA (sic!) após escândalos de fraude e corrupção. 

E, por fim, vale lembrar que Delfim "ganhou" o evento de treinadores e representantes das seleções da Copa 2014 em Florianópolis, como troca pelo estado de Santa Catarina não ser sede de nenhum jogo no mundial. Mundial este que, como estamos cansados de falar, extirpou de milhares de famílias brasileiras o direito à cidade e os direitos humanos básicos para construir estádios em doze capitais brasileiras.

Delfim dentro de poucos meses será Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, entidade que reúne todo o status quo do futebol brasileiro. Alguma chance de mudança? Ou o "Dr. Delfim" virou humorista?

* http://espn.uol.com.br/noticia/424304_felipao-nao-volta-nunca-mais-diz-vice-da-cbf

2 comentários:

  1. Este Delfim não é aquele que tem coleção de carros e motos importados, e imóveis de luxo, tudo fruto do seu "trabalho" de cartolagem?

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  2. Nada como uma derrota para aparecerem inúmeros entendidos do pretenso fracasso do nosso futebol. E com uma derrota vergonhosa mais ainda. Pessoal vai rapidinho do endeusamento na vitória para o massacre na derrota fazendo análises rasteiras nas duas situações, agindo quase sempre de maneira passional que, de maneira geral, não dá resultado algum. O que aconteceu com a seleção foi simplesmente que temos um time razoavelmente limitado que sofreu uma pane psicológica e perdeu de maneira desastrosa. Colocar o resultado dessa partida como resultado das gestões mafiosas da CBF tem tanto sentido quanto elogiar sem restrições o trabalho dessa mesma entidade nas vitórias de 1994 e 2002. Resumindo, o buraco é bem mais embaixo.

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