terça-feira, 10 de junho de 2014

A história se repete, a cidade enche e o governador "sobrevoa"

Foto tirada na BR 280, próxima à SC 413
Foto cedida por Eduardo Schmitz
POR FELIPE SILVEIRA

Para o governador, uma enchente “rápida e pequena”¹. Para quem rala para pagar a prestação da geladeira, do fogão e do sofá, uma tragédia que afeta todo o planejamento e as pequenas conquistas das famílias. Para cada vida perdida, uma tragédia imensa para todos nós.

Quantas vezes a população de Santa Catarina terá que passar por isso? Quantas vezes o poder público vai lamentar a tragédia após sobrevoar as regiões afetadas de helicóptero, como se isso fosse alguma atitude louvável?

Até quando teremos que ver gente bem-intencionada fazer uma correria para enviar mantimentos e cobertores para as populações atingidas que não tem o que comer nem como se cobrir? Até quando vamos ouvir promessas de planos de prevenção?

E o pior de tudo isso é ter que ler por aí a clássica “Sempre encheu, sempre vai encher” de um monte de gente que não ousa pensar nas verdadeiras responsabilidades.

É importante saber que toda essa região foi construída com base na exploração imobiliária. No caso de Joinville, o queridinho príncipe (virou nome de feira de rua, com direito a bonequinho e tudo) ficou sem dinheiro lá por 1848 e decidiu fazer uma grana com a terrinha que ganhou como dote. Ah, terra que foi roubada pela coroa portuguesa. Aí começou a vender – via Companhia Colonizadora de Hamburgo – para os trabalhadores europeus que sonhavam com uma vida melhor por aqui, já que pela Europa tava bem difícil. Eles chegaram aqui e já foram enfiando o pé na lama, enquanto o príncipe nadava na grana dos pobres.

Pior que há alguns indícios de preocupação por parte do príncipe com os imigrantes nos livros de história. Aí eu penso nisso e me vem à cabeça esses passeios de helicóptero sobre as áreas atingidas...

A história se repete. A especulação imobiliária, pedra fundamental desta cidade, continua com sua função central nas decisões políticas. A LOT está aí para não me deixar mentir, né?

A história se repete e o povo sofre. O rio transborda, a cidade enche, a terra desliza. O povo sofre. Até decidir fazer algo...


¹ Raimundo Colombo pediu desculpas pela declaração, a qual afirmou ser mal-interpretada. Veja a retratação aqui.

12 comentários:

  1. Interessante. Talvez se houver menos apelo político, como houve Ministério da Integração Nacional quando o então ministro Bezerra liberou, a toque de caixa, mais 70 milhões em projetos (básicos) para o seu estado (PE) deixando os demais que pleiteavam (como SC) a ver navios, as coisas seriam diferentes.

    SC tem vários projetos para minimizar os efeitos das enchentes (o Vale do Itajaí tem dezenas) e Joinville ainda precisa de pelo menos 1 bilhão para finalizar as obras mais importantes de drenagem urbana no município, parte desses recursos poderiam vir do Governo Federal (alguém ainda lembra quem governava Jlle antes do Udo?), ao invés de ser totalmente financiado pelo BID como foi na última vez.
    Ainda, a liberação de recursos públicos é (ou deveria ser) para projetos executivos, ou seja, prontos para iniciar as obras.

    Quando disse que a enchente foi “rápida e pequena”, provavelmente o governador estava se referindo a intensidade e periocidade das águas, que, de fato, foram intensas num período relativamente curto (ou pequeno) de tempo.

    Quanto as obras, há que se relatar que, antes da escolha e do financiamento de uma alternativa de obra para minimizar as cheias, é feito um estudo macroeconômico sobre sua viabilidade. Em Joinville, na maior parte da cidade, essa viabilidade é praticamente nula. Ou seja, é mais viável para a sociedade que parte das famílias atingidas por cheias sejam transferidas para áreas não alagáveis. Acontece que muitas dessas famílias estão em situação irregular, daí cabe ao Estado bancar ou não o deslocamento.

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    1. Muito interessante as suas colocações, tirar da reta do Colombo e colocar na Dilma. Se você tivesse um pouco menos de má fé ou não fosse comissionado do Colombo deveria dizer que nunca, nos últimos 5 anos, vieram tantos recursos para SC como neste período. Joinville tem dinheiro em caixa há 2 anos para desassoreamento do Rio Águas Vermelhas (só um exemplo), mas o município não tem capacidade nem de fazer projetos para isto nem de licenciar a referida obra. E ainda por cima faz uma ponte que ao invés de liberar o escoamento tranca mais ainda o fluxo. E aí, a culpa é da Dilma ou do seu Udo e Colombo?

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    2. Joinville tem o PDDU Plano de Drenagem Urbana. As obras do rio Mathias é um exemplo desse plano replicado para todos os rios das bacias hidrográficas do Cachoeira, Itaum e Guanabara, cuja população dessas áreas corresponde à metade da do município. O que falta é dinheiro mesmo, ou financiamento.

      O rio Águas Vermelhas não foi beneficiado pelo PDDU, ele é afluente do rio Piraí, cuja calha situa-se numa vasta várzea. Não creio que o desassoreamento desse rio, que sofre influência direta do Piraí, vai resolver o problema das cheias naquela região. Talvez o planejamento tenha de focar na situação dos moradores.

      Não sou comissionado de nada, muito menos partidário (ao contrário de você), apenas costumo me envolver nas ações da PMJ voltadas a esse tema e, das últimas administrações da PMJ, a do Tebaldi foi a que mais buscou soluções. Quanto ao Carlito, quando o mesmo assumiu a administração, sua aproximação com os políticos de Brasília deu esperanças para que as obras de drenagem (pelo menos as do PDDU) continuassem, ledo engano.

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    3. Eu lembro quem governava Joinville antes do Udo: Marco Tebaldi, Luiz Henrique, Wittich Freitag...

      Ou esses não valem?

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  2. Hoje eu resolvi comentar com música. É mais legal e estressa menos.

    http://www.youtube.com/watch?v=tGs3Tuk1Pp0

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    1. música ruim de uma banda ruim. vai melhorar teu gosto musical antes de ficar me copiando...

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    2. Anônimo 15:07, eu esperava coisa pior, tipo Lepo Lepo.

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  3. Deixa eu tentar um gênero mais rebuscado.

    Especialmente dedicado a todos os comentaristas anônimos do Chuva.


    http://www.youtube.com/watch?v=KfTovA3qGCs

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    1. Nossa, piorou muito!
      Porque não coloca uma riponga cantarolando de uma vez?

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    2. un, não me senti homenageado, ainda achei a música ruim.
      Não há novidade...
      https://www.youtube.com/watch?v=-dFeCcRDDE8

      E essa para aliviar a sua tensão
      ao suicídio!
      https://www.youtube.com/watch?v=9v1orggjbTI

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    3. Pra não dizerem que guardo rancor, preciso agradecer o Anônimo das 17:05 por mostrar um som muito bom e que nunca tinha ouvido falar.

      Faz sentido uma pessoa que ouve um som ao estilo de Patife Band não gostar de Engenheiros.

      Da mesma forma que só um anônimo de verdade para usar a expressão "riponga".

      Temos dois casos bem diferentes de anônimos comentando aqui. Uns caminhando pro anarquismo e outros pro conservadorismo. Ou é pura esquizofrenia.

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    4. eu linkei o patife e não escrevi riponga.
      E veja bem, anarquismo e anonimato tem tudo a ver, eduardo.
      E ah! o paulo barnabé é irmão desse monstro aqui
      https://www.youtube.com/watch?v=co17YM3fVVE
      Pode parecer menos pop, mas era um balcão de bar de fórmica vermelha.
      E ah, se vc não guarda rancores já tem o meu respeito. abraço.

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