quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Hay que endurecerse, pero con la ternura jamás



POR CLÓVIS GRUNER

Os médicos cubanos chegaram. E tiveram uma recepção digna de um país cuja elite é não apenas pouco solidária, mas pouco civilizada. Tudo muito diferente da experiência de 1999, quando os médicos trazidos por FHC e José Serra foram festejados como o “milagre que veio de Cuba”. O discurso do Conselho Federal de Medicina também era outro. Não se falava em falta de estrutura ou condições de trabalho. O problema era a ausência de uma política de interiorização que incentivasse médicos a atuarem em cidades longínquas. O principal contratempo, dizia-se, era salarial. Outra legenda, outros discursos.
 
Das inúmeras manifestações, algumas se destacaram pelo grau de indignidade. A mais vergonhosa foi a do aeroporto de Fortaleza, que reafirmou a imagem que insistimos em negar: a de um país racista, intolerante, preconceituoso e elitista. A cor regional quem deu foi o jornalista Paulo Eduardo Martins, titular de uma coluna em um dos telejornais de Curitiba (veja o vídeo aqui). A primeira parte da argumentação se sustenta em uma mentira. É claro que a situação da saúde pública no interior é problemática, mas as condições são precárias também nas grandes cidades. Não é por falta de estrutura e condições de trabalho que a maioria dos brasileiros se recusa a trabalhar no interior, e disso já sabia o CFM há mais de uma década. Sobre a segunda parte do argumento, reconheço-lhe um mérito: não é qualquer um que se expõe ao ridículo e consegue preservar certo ar de dignidade. Há coisas que só Olavo de Carvalho faz por você.

No segmento dito sério da chamada grande imprensa, a preocupação foi com as condições de trabalho dos médicos. Ver profissionais manifestarem sua apreensão para uma inexistente condição escrava chega a ser comovente. Mas eles mereceriam algum crédito se o tivessem feito já em 1999, por exemplo. Ou se demonstrassem a mesma indignação quando das denúncias de trabalho escravo nas fazendas brasileiras, ou nas confecções que fornecem para grifes chiques como a Zara e Le Lis Blanc. Não tenho ilusões: é o prazer inconfessável de chamarem impunemente de “escravo” um negro, o que explica a repentina preocupação de alguns manifestantes, jornalistas ou não, antes indiferentes a situações, além de pertinentes, reais.

POR QUE MÉDICOS ESTRANGEIROS? – É óbvio que a chegada de médicos estrangeiros não resolve nossos problemas. E deveria ser igualmente óbvio que distribuir profissionais pelo interior do país não significa deixar de investir no fortalecimento da saúde pública em todos os seus aspectos. O que se pretende é suprir uma de suas demandas, a da chamada “medicina básica”, para a qual os médicos ditos generalistas são tão fundamentais e necessários quanto aparelhos de última geração - e em alguns casos, até mais. É má fé tentar nos convencer que o que está em jogo é uma preocupação legítima com a saúde pública, como tentam formadores de opinião e dirigentes de classe. Aliás, nesse sentido é absolutamente esclarecedora a entrevista de Henrique Prata, diretor do Hospital de Câncer de Barretos: o interior do Brasil, diz, carece de atendimento primário, de médicos dispostos a fazer o que ele define como “triagem” (veja a primeira parte do programa aqui).

E é para esse tipo de trabalho que foram recrutados os médicos cubanos. Indaga-se sobre suas formações. Pois bem, em geral eles têm mais de uma década de formados e fizeram residência; a maioria já atuou em outros países em missões semelhantes à brasileira; cerca de 20% cursou mestrado e 40% tem mais de uma especialização. Se isso não é o suficiente, há a experiência cubana que, em parte justamente pelas precárias condições econômicas do país, investiu nas últimas décadas em uma medicina assistencial e preventiva, responsável entre outras coisas pelo mais baixo índice de mortalidade infantil das Américas, da ordem de 4,5 por cada 1.000 nascimentos. Garantiu assim tanto assistência interna quanto a possibilidade de trazer divisas por meio da “exportação” de seu modelo e seus profissionais.

A expectativa não é que eles atuem em áreas especializadas ou lidem com maquinários e procedimentos de ponta, ainda que certamente alguns deles pudessem fazê-lo melhor que muitos brasileiros. Mas que exerçam algo próximo ao que se chamava, em passado não tão distante, de “medicina familiar”, de caráter – insisto nisso porque é importante – mais assistencial e preventivo. E não é demais lembrar que eles vieram principalmente porque a oferta feita aos médicos brasileiros foi solene e arrogantemente recusada, quando não simplesmente boicotada pelas entidades de classe.

Não tenho dúvidas: a esmagadora maioria dos que criticam o Mais Médicos e a atuação dos profissionais cubanos, o fazem movido por razões que são corporativas e ideológicas, quando não puramente partidárias. Há, especialmente entre os médicos, os que temem a alteração nas expectativas da população em relação ao padrão do serviço hoje oferecido, enfatizando-se o atendimento público e preventivo, exatamente aquilo que a maioria dos nossos profissionais não está disposta a fazer. Muitos críticos, consciente ou inconscientemente, legitimam os interesses das corporações privadas de consultórios, planos de saúde, laboratórios e da indústria farmacêutica, pouco se lixando para as necessidades das populações interioranas e carentes, necessitadas e dependentes do atendimento público – exatamente aquele de que não precisam os que vaiam os médicos que vieram de Cuba.

Como é comum na postura de nossas elites, mais uma vez a empatia com o outro é zero. E como mostra a imagem no alto deste texto, onde faltam empatia, civilidade e solidariedade, sobram os males que carecem de diploma para serem diagnosticados: o ódio, a raiva, o ressentimento e o preconceito.

64 comentários:

  1. As vezes da vergonha de ser brasileiro.

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  2. Deixando a polêmica de lado, é certo que sobra a intenção primeira desse "acordo", o Brasil subsidiar Cuba (entenda-se Fidel e seus companheiros). Vou além do que o Maico, do post anterior publicou, não é "às vezes", mas ultimamente a vergonha de ser brasileiro é manchete diária em nossa mídia. São esses comentários ou opiniões que manifesto aqui e ali que permitem-me manter uma certa lucidez e tentar passar ao largo de tudo isso. Esse é meu país.

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    1. Gil, pode-se questionar o tipo de acordo feito entre Brasil e Cuba, com parte dos recursos destinados aos cofre da ilha e não à conta bancária dos médicos.

      Mas é o modelo vigente em todos os acordos firmados pelo regime cubano com os países para os quais envia seus médicos.

      Não é uma invenção do governo brasileiro, mas uma exigência do cubano, que reivindica definir, já que está a fornecer a mão de obra, quais as condições em que ela será paga.

      Aliás, nada diferente do que fazem grandes corporações quando enviam missões para atuar em outros países, diga-se de passagem.

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    2. Opinião por opinião... ratifico a minha.

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    3. Perfeito, Gil. Eu entendo sua colocação e não estou 100% de acordo com o tipo de política adotada pelo governo cubano. Apenas registrei que não se trata de uma política nova nem restrita ao contrato com o governo brasileiro, como se está a sugerir em muitos artigos, alguns mais hidrófobos que outros. E, principalmente, não se trata de trabalho escravo.

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    4. Tem países que exportam, soja, outros exportam armas, outros aviões. Cuba resolveu investir na exportação de médicos. Não consegue ver a importância da exportação de um país para a economia?

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    5. E tem cidades que exportam ignorantes funcionais padrão Veja...

      NelsonJoi@bol.com.br

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    6. Hoje você tá muito na Esquerda, Nelson... aconteceu alguma coisa.

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    7. Na verdade eu não estou de esquerda ou direita. Isso é passado.

      Eu sou um capitalista fã de governos populares desenvolvimentistas (e por que não dizer populistas??? Há pecado nisso?), que investem dedicação e recursos na base da pirâmide e que mesmo escutando a CBN boa parte do dia, sabe separar quando o Jabor ou o Sardenberg estão alugando suas bocas para um outro grupo, mais ligado ao capital especulativo, tomar o poder.

      Só isso.

      NelsonJoi@bol.com.br

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    8. Ah! E para quem quer entender melhor, dá uma olhada no link:

      http://tijolaco.com.br/index.php/aguenta-miriam-o-tombini-fez-o-que-pode-mas-nao-deu-o-pib-subiu/

      NelsonJoi@bol.com.br

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  3. Não acredito na tamanha eficiência do governo brasileiro que conseguiu contratar em apenas 4 dias todos estes médicos. O dominio da leitura em portugues já está provada na agilidade com que encontraram o link no site do ministério da saúde, entenderam o edital, reuniram os documentos e preencheram os formulários. A equipe de análise dos curriculos foi de uma rapidez nunca antes vista neste país.

    Vai passar quase uma semana e ainda não consegui encontrar o nome das supostas 700 cidades beneficiadas, nem o nome dos supostos médicos e seus currículos lathes, mas procurar entre tantas propagandas nos sites governamentais enquanto acumulam-se os Darf's para pagar é meio inglório.

    Parabenizo o governo por demonstrar que pode sim agir rápido, desta forma aguardo ansioso as medidas que efetivamente promoverão algum benefício permanente 3anos e 1.5 bilhão de reais depois:

    - Trazer as famílias destes profissionais
    - Fornecer visto de trabalho permanente
    - Incentivá-los a validar seu diploma e continuar estudos, especializando-se
    - Legalizar a contratação por concurso público ou regime especial baseado na CLT

    Como as portas escancararam-se, por favor vamos importar tudo: professores, jornalistas, advogados, contadores, técnicos de raio-X, políticos, blogueiros, economistas, pedreiros, agronomos, veterinários, etc, etc...

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    1. Dirk, eu escuto e leio falar sobre a contratação dos médicos cubanos há quase um ano. Se você é desinformado, lide com isso.

      E é Lattes, homenagem ao cientista brasileiro César Lattes. E você não vai mesmo encontrar o curriculum dos médicos cubanos na Plataforma Lattes. E sabe por que? Porque apenas pesquisadores brasileiros são obrigados a preenchê-la.

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    2. Muito obrigado pela informação

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    3. É a gonorãnça que atravanca o pogréçio... já dizia o filósofo

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    4. ulha !!! kkkkkkkkk

      Eficiente pro Dirk é o " mais preparado ", aquele que foi candidato representante do estado mínimo.

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    5. Eficiência é saber mais da vida dos outros que os outros

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  4. Assino embaixo. Os médicos brasileiros estão muito mal acostumados em seu posto de semi-deuses e alta classe. Em países mais desenvolvidos a maior diferença entre salários é de poucos %. Aqui no Brasil eles querem ganhar muito, morar na cidade grande e ter todos os equipamentos de ponta mão e olhar poucos segundos para o paciente. É uma linha de produção, não são consultórios.

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    1. A distinção começa pelo tratamento, Afonso: "doutor". Não dá para generalizar, mas a acompanhar a reação raivosa de muitos médicos Brasil afora, é de se lamentar a falha de caráter e formação de um bom número deles.

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  5. Parabéns pelo texto, muito interessante.

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  6. Clóvis, você disse que já trabalhou em redação. Não parece, pois distorce fatos como as dezenas de bocas alugadas iguais ao blog que você linkou. Uma matéria que informa melhor sobre o que aconteceu em 1999 você pode ver aqui: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,pais-teve-de-devolver-cubanos-ha-8-anos-,1067525,0.htm

    Como você pode ver, importar médicos foi uma decisão do governador do Estado do Tocantins. O que o FHC tem a ver com isso?

    Até quando as ideologias...

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    1. A decisão não foi apenas do Tocantins. Sugiro que você fique mais antenado. Um bom começo: http://noticias.terra.com.br/educacao/em-1999-jose-serra-defendia-importacao-de-medicos-de-cuba,7fe3124f2ec7f310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html

      Agora, uma pergunta: você leu toda a matéria do Estadão ou achou que bastava o título?

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    2. toda a matéria. e li o seu texto também pq concordo com o teu ponto de vista. Há sim muito corporativismo e erros, mas erros de todos os lados. Só acho que discutir esse assunto no meio das nuvens das ideologias só vai nos confundir. E para estender essa conversa de botequim vai mais um ponto de vista interessante
      http://oglobo.globo.com/opiniao/cubanos-presos-aqui-la-9734289

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    3. Não concordo com a linha de argumentação do artigo do Sardenberg - aliás, bastante ideológico também. Mas, pelo menos, ele expõe seus argumentos com clareza e equilíbrio. O que, convenhamos, já é um mérito.

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    4. Sim, clareza é tudo. E no meio das ideologias vamos tentando achar um caminho. Eu por exemplo não sabia que a ideia original de trazer médicos de Cuba era do Serra. Tu vê, que coisa...

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    5. o Serra foi, de longe, o melhor ministro da saúde que esse país teve nas últimas décadas.

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    6. E com um profundo conhecimento da área. Ele explicando, à época do primeiro surto, o que era a gripe suína é de uma erudição invejável.

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    7. Beleza, o Serra é burro. mas a ideia dele de trazer cubanos era boa ou não?

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    8. Claro que sim. Importar médicos cubanos e impedir a entrada de camisinhas chinesas. Duas ótimas ideias.

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    9. Quanto a gripe aviária eu não sei, mas tente desqualificar o Serra na frente de alguém que contraiu a síndrome da imunodeficiência adquirida (conhecido também como SIDA ou AIDS).

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    10. Pois olha, eu certamente não tenho a intimidade com o Serra que você parece ter. Mas tenho dois amigos que contraíram o HIV, ambos moradores de São Paulo, e nenhum deles votaria no Serra nem pra síndico do prédio.

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    11. Anônimo29 de agosto de 2013 15:55

      o Serra foi, de longe, o melhor ministro da saúde que esse país teve nas últimas décadas.
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      Clóvis Gruner29 de agosto de 2013 16:06

      E com um profundo conhecimento da área. Ele explicando, à época do primeiro surto, o que era a gripe suína é de uma erudição invejável.

      -------------------------------------------------------

      Serra foi aquele que disse que se pegava a gripe H1N1 " beijando porquinhos "

      ahahahahaha esse doi sim o " melhor ministro da saúde " o da máfia das ambulãncias

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    12. que técnica, Clóvis, que habilidade...

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  7. Clóvis Gruner, vc faz uso da saúde pública? Vc já foi a um posto médico ou algum hospital público? vc já precisou fazer um simples raio x e ele estar quebrado? vc já viveu uma situação em que um ortopedista de renome vem a sua cidade atender a população por amor e ficar 6 meses sem pagamento? vc sabe o que é ficar quase 1 ano a espera de 1 exame? se vc faz parte dessa população como eu, saberia sim que em 1 década deste governo Petista a nossa saúde sofreu o maior abandono na saúde pública. Quanto foi o investimento em saúde durante essa década? Agora ficar comparando um governo como vc esta fazendo FHC e PT pra dar desculpa é bem discurso de quem não faz uso da realidade e fica só no campo de desculpa partidária. Mesmo porque já virou desculpa para todos os poderes Legislativo, Judiciário,Executivo, sempre a mesma desculpa se um não faz o outro usa como escape. A saúde pública vai ALÉM DE MÉDICOS. é a falta de moralidade dos nossos governantes.Então vc realmente acha que um país como o nosso precisava entrar nesse caos? No hospital da minha cidade tem médicos, mas não temos nada além de soro e injeções para os pacientes. Temos aparelhos caríssimos guardados nas caixas a quase 5 anos pois não se tem verba para a instalação dos mesmos.Eu realmente não vejo problema algum de quanto a nacionalidade de médicos desde que junto a esta ação aja equiparação com as outras ações. O que foi feito enquanto a discussão de importar médicos? foi feita alguma ação em relação a investimentos nas estruturas aonde estes mesmos médicos irão atuar? Se foi mostre nos por favor. Ai sim vc poderá vir com este discurso em defesa dessas contratações de médicos Cubanos. Vou levantar uma outra questão, PORQUE NÃO FAZER USO DO REVALIDA? se eles são médicos.

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    1. E quem disse que não irão fazer o Revalida? Todos os médicos que optarem por permanecer no País tem que se submeter, só ficam dispensados os temporários que podem ficar até 3 anos e que irão para as áreas mais distantes trabalhar com prevenção.
      Agora, é uma pena que não seja obrigatório também para os brasileiros o Revalida, iria ser uma espécie de exame da OAB, de cada 10 passariam 5.

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    2. É. Tem que fazer o revalida poque decerto la em cuba os médicos devem tratar ETs. É só no Brasil que os médicos são preparados para lidar com seres humanos...

      NelsonJoi@bol.com.br

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    3. Em Cuba são ET's do planeta Ditadura.

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  8. É tão simples resolver essa questão toda. Chegue para esses médicos contrários aos estrangeiros (sim, estrangeiros e não cubanos, porque há médicos de outras nacionalidades nesse programa) e diga: "Está certo gente, vocês venceram, a partir de amanhã mandaremos de volta esses médicos. Mas, em contrapartida, quem irá suprir as vagas deixadas pro eles serão vocês, obrigatoriamente!"

    Quero ver quem vai.

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    1. Joacir, o que você sugere foi feito, sem a obrigatoriedade, antes da contratação dos cubanos, com uma adesão tão vergonhosamente baixa que a alternativa foi contratar estrangeiros.

      E olha que os brasileiros não seriam escravos, porque embolsariam na íntegra os 10 mil reais.

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    2. Uma pena é que o viés ideológico dessa discussão a limite o problema da saúde a coisas superficiais como a vinda dos médicos estrangeiros para suprir uma deficiência óbvia. A verdadeira discussão deveria ser em relação ao nosso sistema de saúde como um todo, incluindo ai o sistema "privado" (altamente subsidiado pelo estado) que trataa saúde como um bem de consumo regida quase que exclusivamente pelas leis de mercado sem um controle ou planejamento estatal significativo. Esse sistema é a raiz dos principais problemas, tanto na saúde pública (que é mais grave pelo baixo financiamento) quanto na privada. Num sistema de mercado não há lugar para medicina preventiva e sim pra procedimentos e tecnologias complexas que dão mais lucro. Esta a verdeira discussão, que infelizmente não ocorre. Quanto as manifestaçoes dos médicos e suas entidades nenhuma surpresa já que são legítimos representantes de uma elite que não consegue enxergar além de seu umbigo.

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    3. Ótimas colocações, Antonio. Obrigado pela leitura e pelos comentários.

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  9. Para complementar, aos que tanto bradam pelo Revalida e questionam a capacidade técnico dos médicos cubanos, seguem links com notícias sobre o exame do Conselho de Medicina de SP.

    O resultado fala por si só. Lembrando que não é obrigatória a aprovação no exame para obtenção do registro (tal qual o Exame de Ordem).


    http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Imprensa&acao=sala_imprensa&id=260

    http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,mais-da-metade-dos-recem-formados-em-medicina-de-sao-paulo-foram-reprovados-no-exame-do-cremesp,970140,0.htm

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    1. Essa exigência do Revalida não faz sentido se levarmos em conta que esses médicos vem trabalhar por um tempo, local e atividade específica. Seria, mal comparando, como exigir Revalida dos Médicos Sem Fronteira. O exame deve ser exigido para s estrangeiros que venham trabalhar de maneira definitiva no Brasil como qualquer outro médico.

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  10. Penso que estão olhando apenas para um lado da moeda. Obviamente a contratação de mais médicos é bem-vinda, sobretudo para os municípios que não dispõem desse serviço essencial. Por outro lado, sabemos que existe um prova de conhecimentos específicos para o profissional médico interessado em exercer sua profissão no país. A pergunta é: qual finalidade tem o REVALIDA? Ora, se a prova serve para “nivelar” os profissionais formados no exterior com a realidade brasileira, qual seria o substituto equivalente na preparação desses profissionais estrangeiros? Será que duas ou três semanas de “cursos” e frases de estímulos seriam suficientes? Não estamos tratando de funcionários de chão-de-fábrica contratados para apertar botões, tratam-se de profissionais com realidades bastante diferentes (sobretudo os europeus) das nossas que vão cuidar de pacientes com idioma diferente, enfermidades diferentes (quantos europeus ou até sul-americanos diagnosticaram e trataram Dengue, Malária ou Doença de Chagas em pacientes de origem?) equipamentos (ou a falta deles) diferentes (mais modernos ou mais defasados)? Outra questão é o idioma, será que o médico estrangeiro tem condições de “entender” a queixa do paciente? O governo insiste que vai disponibilizar profissionais brasileiros para acompanhar os colegas estrangeiros, como será esse acompanhamento? Seria um profissional por médico? Esse profissional seria médico ou apenas um tradutor? É justo responsabilizar (como quer o governo) os profissionais brasileiros por prováveis erros de diagnóstico dos colegas estrangeiros? Já tem prefeitura substituindo profissionais brasileiros pelos estrangeiros (pagos com $$ federal) com o objetivo de “cortar gastos” com a saúde e sobrar algum para lingerie importada da primeira-dama.

    Entendo, em parte, a reclamação do CFM: não se trata apenas de “reserva de mercado”, mas também das condições que esses profissionais estrangeiros exercerão suas funções. Não há duvidas sobre a importância de atendimento médico para todas as classes e regiões do país, mas da forma como se está fazendo, a toque-de-caixa, com fins políticos (e até ideológicos), talvez a contratação de estrangeiros não seja a melhor opção.

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  11. Que tal um Revalida com foco na moral e bons costumes, pros médicos que saíram de seus consultórios/salas de aula, pra cometer esse ato insano? By Ácido

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  12. Clóvis, aquele comentário da rádio que o Alexandre Garcia fez tem algum fundamento? De que o governo Dilma PT está usando os médicos cubanos apenas como engodo para transferir recursos do Brasil para ditadura castrista?

    Segue o link abaixo. Dá pra clicar no "Audio" se quiser ouvir o comentário na íntegra.

    http://www.metro1.com.br/-quatro-mil-medicos-estavam-em-estoque-esperando-o-embarque-questiona-alexandre-garcia-10-35996,noticia.html

    Não estou fazendo nenhum juízo de valor com relação aos médicos (e muito menos a cor da pela deles), mas se isso for apenas uma manobra política, aí é um jogo muito sujo que eles estão jogando.

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    1. Desculpa André mas o Alexandre Garcia tem tanta credibilidade quanto o Papai Noel e o Coelho da Páscoa.

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    2. André, por razões as mais diversas – que vão do bloqueio econômico americano à excessiva centralização estatal – a economia cubana é das mais pobres do continente – um continente, aliás, que não é conhecido exatamente pela pujança de suas economias nacionais.

      A exportação de sua mão de obra e de alguns modelos de serviços bem sucedidos internamente – como é o caso da medicina básica – está entre as poucas possibilidades que a ilha tem de fazer entrar divisas e manter em uma espécie de sobrevida sua combalida economia.

      O Brasil não é o primeiro país com quem Cuba faz este tipo de negociação – exporta médicos e medicina e recebe por isso. Aliás, esta não é nem mesmo a primeira vez que o Brasil faz isso.

      Em resumo: Cuba oferece um serviço, cobra por isso e recebe. O resto fica por conta da imaginação delirante e raivosa dos Alexandres e Azevedos da vida.

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    3. Clóvis, nada mais justo ! Porém cria-se um efeito colateral perverso. Os médicos cubanos, ao invés de terem seu trabalho devidamente recompensado, viram apenas marionetes da ditadura cubana a fim de capitalizar o regime (se for isso mesmo que ocorre).

      Além disso, nosso "protecionismo institucional" fará com que, além desses médicos serem repudiados por aqui, farão deles os principais vilões do já falido sistema médico brasileiro. Os erros médicos, que já ocorrem todos os dias no Brasil e que muitas vezes nem são divulgados, terão uma repercussão muito maior se for de um médico cubano. Imagine um médico cubano perdendo uma criança num parto no interior. Vai ser manchete nacional.

      Eles (os cubanos) serão muito pressionados e não poderão errar. Esse vai ser o grande problema que eles irão enfrentar.

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    4. André, por ser uma ditadura socialista, o Estado é não apenas um dos principais, mas o principal agente econômico. Para falar em termos que nos são familiares, ele é o patrão. E como em qualquer transação comercial, quem define o preço e as condições de pagamento são as partes em negociação, neste caso, os governos brasileiros e cubanos. O que este último está a fazer, resguardadas as peculiaridades, não é nada diferente do que fazem empresas operando em solo estrangeiro, que não repassam aos funcionários todo o valor que recebem por serviço prestado. Até onde sei, trata-se de um tipo de negociação que não é nova, inclusive nos seus termos. Então mesmo que o Brasil estivesse a financiar a ditadura castrista, como insinuam Alexandres e Azevedos, certamente não inventamos a roda.

      Além disso, mesmo não recebendo o valor integral da bolsa paga pelo governo brasileiro, o que os médicos cubanos ganharão pelo tempo trabalhando no Brasil ainda é mais do que ganhariam em Cuba – e não me surpreende que muitos deles tenham aceitado vir para cá justamente por isso. Assim como não surpreende que uma outra parcela esteja por aqui realmente por acreditar na política de exportação do modelo médico cubano. Não conheço pessoalmente a ilha e o que sei dela vem do relatos dos que lá estiveram. Alguns a odeiam visceralmente, outros a amam incondicionalmente. Duvido de uns e de outros e prefiro os relatos que apontam a precariedade e as dificuldades em que vivem os cubanos, denunciam o caráter autoritário do regime mas, ao mesmo tempo, reconhecem que não é pequena a parcela dos cubanos que continuam leais aos ideais da revolução, temendo justamente que seu país volte a ser o bordel americano que um dia já foi.

      Quanto ao fato dos médicos cubanos virarem os vilões da saúde pública, é um risco. Mas não creio que o assunto continuará a repercutir para além das próximas semanas. Particularmente, gostaria de saber daqui a alguns meses o resultado deste trabalho diretamente das pessoas atingidas por ele, que são os moradores das cidades do interior onde os médicos irão atuar. Uma boa pauta para daqui a um ano, aliás. Pena que nossos jornalistas provavelmente estarão ocupados atrás de algum novo factoide na tentativa de derrubar um ex-presidente.

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    5. “...reconhecem que não é pequena a parcela dos cubanos que continuam leais aos ideais da revolução...”

      São aproximadamente 11,25 milhões de cubanos “leais” aos ideais da revolução. Outros 2 milhões conseguiram escapar da ilha-cárcere (muitos em barquinhos adaptados de carcaças Frigidaire). Algumas almas com mais visibilidade mundial, como a blogueira Yoani Sánchez, têm sorte de conviver em Cuba com o governo tirano dos irmãos Castro. Outros dissidentes com menor notoriedade são presos e torturados quando não fuzilados.

      Quer um conselho? Vai pra Cuba! Olhe com seus próprios olhos a realidade daquele país. Talvez se convença que Cuba é de fato uma república socialista perfeita se você se hospedar num hotel de alguma bandeira norte-americana, espanhola ou francesa em Havana ou Varadero, visitar as atrações se-le-cio-na-das pelo governo cubano ou conversar com nativos próximos às guarnições sobre as maravilhas de viver no país caribenho. Só não se esqueça de levar papel-higiênico (não mais que 1 rolo por semana) senão a alfândega confisca.

      Faço o mesmo convite a todos os socialistas e, depois de Cuba, próximo destino: Coréia do Norte.

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    6. Bahamas e Ilhas Cayman continuam a ser um bordel americano e outro britânico. Viva os bordéis.

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    7. Porra, eu começo a frase escrevendo que Cuba é uma "ditadura socialista" e o Marcos e o 15:06 correm ao teclado vomitar o saco de clichês de sempre.

      Seguinte: antes de comentarem, leiam o que forem comentar. Ou prendam a interpretar aquilo que leem. No caso de vocês dois, tanto faz.

      Ou não: talvez a burrice de ambos seja mesmo algo irremediável.

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    8. O convite ainda tá está de pé.

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    9. "Ainda tá está de pé" é o uó do forobodó.

      Marcos, entenda: eu escrevo uma coluna por semana. Você comenta o que eu escrevo. Se um dia isso mudar a gente conversa.

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  13. A prática da medicina hoje é universal. Se médicos estrangeiros tem dificuldade para tratar doenças como as citadas os brasileiros também tem. Atenção primária de saúde prescinde do uso de equipamentos sofisticados. O idioma pode ser uma dificuldade mas nunca um empecilho incontornável. Não li nada de responsabilizar brasileiros por erros dos colegas estrangeiros. O governo editou uma norma que impedirá prefeituras de substituir profissionais brasileiros por estrangeiros. Lembre-se eles vão para onde não tem médicos. A reclamação do CFM é corporativista visto que essas condições sempre existiram e não lembro do CFM mexer um dedo contra isso. Na atual situação não vejo outra alternativa senão contratar estrangeiros, se houver outra as entidades médicas poderiam apontar ao invés de ficarem falando barbaridades na imprensa.

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  14. Só não entendo a razão para essa gente odiar tanto Cuba, mas achar que a China comunista é legal.

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    1. É que a China exporta bugigangas baratas, muito mais úteis e necessárias que médicos.

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  15. Clovis excelente o Texto .Gente olha o absurdo .NO CEARÁ, MÉDICOS SÓ VÃO A HOSPITAL DE JATINHO destina cidade distante de fortaleza 200 km pode isto O "Lamento dos jalecos brancos cearense" as estradas estão péssimo estado de conservação .são 4 fretes semanais de jatinho ...fiquei pasma, se esse governador Cid não substituir esses médicos por cubanos merece rua........tenho dito.

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