quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Sobre aborto

Eu sou a favor da legalização do aborto. 
Não faria. Acho que tem muitas formas de evitar uma gravidez.
Interrompê-la com aborto gera uma série de procedimentos médicos que exigem uma delicada recuperação, e eu não gostaria de passar por isso.
Mas essa sou eu, Fernanda.

Penso que em muitas outras situações as mulheres devem, sim, ter o direito de decidir se querem ou não levar uma gravidez adiante. Afinal, no momento em que ela estiver com os filhos nos braços, não é o Estado que vai arcar com suas responsabilidades. Ela vai criar o filho com quê? Bolsa família?

Aqui na Suécia existe a lei do aborto livre existe desde 1975.
As mulheres tem o direito de interromper a gravidez até a 18ª semana sem ter que justificar o motivo.
Após a 18ª semana apenas se o feto ou a mulher apresentar alguma condição médica séria, a ser analisada. Depois da semana 22 é proibido.
Esse direito não é considerado um problema de saúde pública, mas sim, uma questão de direito humano. Direito da mulher sobre o seu corpo.

Na cartilha do sistema de saúde sueco existe uma explicação detalhada de como o processo acontece. Aconselha-se a mulher para que pense bem antes, converse com pessoas de confiança, com médicos e tome uma decisão bem informada e bem pensada.


Eu compreendo que algumas religiões entendem que o aborto é um assassinato.

Mas o estado brasileiro é laico, e deve abranger em suas leis pessoas de todas as religiões ou de nenhuma religião. Não deve levar específicas crenças religiosas em consideração, mesmo que represente "a maioria". A lei trata do direito de TODOS.

Para as mulheres religiosas existe uma solução prática e simples: não abortem.
Não é porque o aborto pode ser liberado que as mulheres serão obrigadas a fazê-lo.
Fará quem quiser.

Todos os anos 40 a 50 milhões de mulheres fazem aborto.
Aproximadamente 20 milhões desses são ilegais. Em 16% desses casos, as mulheres morrem.

Do Wikipedia:
"Em janeiro de 2012 uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde revelou que a prática do aborto é maior nos países em que ele é proibido e quase metade de todos os abortos feitos no mundo é realizada com altos riscos para a mulher. Entre 2003 e 2008, cerca de 47 mil mulheres morreram e outros 8,5 milhões tiveram consequências graves na sua saúde, decorrentes da prática do aborto. Quase todas as interrupções de gravidez intencionais realizadas de maneira insegura, aconteceram em nações em desenvolvimento, na América Latina e África. "O aborto é um procedimento muito simples. Todas essas mortes e complicações poderiam ter sido facilmente evitadas", disse Gilda Sedgh, pesquisadora-sênior do Instituto norte-americano Guttmacher, autora do estudo.

Não vale a pena legalizar? 


"“E se o bebê que você abortou pudesse ter encontrado a cura do câncer?”
E se a pessoa transexual espancada até à morte pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se o adolescente gay que se suicidou por causa de bullying pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se aquela jovem menina vendida pro tráfico sexual e morta por doenças sexualmente transmissíveis que não foram tratadas pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se um desses centenas de milhares de civis que foram mortos durante a guerra pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se aquela mulher que foi estuprada e depois morreu de complicações internas pudesse ter encontrado a cura do câncer?
E se todas as pessoas do planeta que não têm acesso ao ensino superior e viverão e morrerão na pobreza pudessem ter encontrado a cura do câncer?"
(Original em inglês: http://jenerally.tumblr.com/post/13110577934/what-if-the-baby-you-abort-could-have-cured-cancer)

14 comentários:

  1. Muito legal tocar neste assunto! Não é a primeira vez que aparece aqui no blog...

    Mas é sempre bom lembrar: não é ser favorável ao aborto... é permitir à mulher o direito de escolha de querer abortar, ou não.

    Charles Voos.

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  2. @Fernanda, aborto no braZil é "liberado" nos casos:
    - risco de vida à mãe,
    - gravidez resultante de estupro e
    - anencefalia fetal.

    Por mim, acho que não posso julgar as mães que abortam ou que condenam porque não tenho uma plena opinião formada sobre isso, e acho que a maioria dos homens também não(olhando pelo lado social)...

    MAS Por curiosidade, qual caso à mais você seria favorável?

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  3. Eu sou favoravel a mulher ter liberdade de decidir sempre quando quer abortar. Mesmo que a gravidez esteja indo normalmente, mesmo que a mulher esteja numa relacao amorosa estavel, mesmo que seja bem sucedida profissionalmente. A decisao eh dela, e do pai, ainda nao me decidi sobre a influencia da opiniao do pai.

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    1. Puxa que bom que vc ainda não decidiu sobre sua opinão a respeito da influência do pai...E espero que nem pense para nos poupar de tamanha idiocracia...

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  4. Desde as primeiras reflexões a respeito deste tema, isentei-me de opinar por acreditar que deve ser uma decisão única e exclusiva da mulher. O que ela decidir, a mim caberá o apoio geral e irrestrito.

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  5. Éguaaaaaaaa, abortar com 4 meses de gestação? Eu hein!!!
    Nem o Condeixa fazia com 2 meses!

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    1. Você sabe a diferença na contagem da gestação entre semanas e meses? Então não fale besteira...

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    2. O inteligente, diz aí então: 18 semanas são quantos meses? É que eu sou uma anta, rsrs e antas não sabem somar.

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    3. Ivan, vc está falando de prenhez da égua que é de quase um ano?

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  6. Simplesmente tudo o que eu penso.
    Não quer fazer, não faz, mas dê esse direito a todas as mulheres!

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  7. Melhor que abortar é doar!
    By Ácido

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  8. Estou até agora APLAUDINDO as imbecilidades escritas neste post. Está certo então... Se a mulher estiver afim então aborta, tão simples assim, como apertar um boto de ejetar. Então a pessoa sai na noite toma umas birita a mais, então depois de algumas semanas descobre que está grávida, e sim, aperta o botão ejetar e está tudo resolvido. Ah como a vida é simples e azul... Ao invés de discutir a permissividade do aborto porque não se preocupar em sugerir formas de fazer com que as famílias e as pessoas planejem suas vidas, e principalmente pensem nas consequências de seus atos? Estamos diante do espetáculo que cotidianamente nossa sociedade vivência, a ideologia da futilidade. Tudo fútil e simples: "Melhor que abortar é doar!" Mais estética e menos valores. Não sou favorável ao aborto porque respeito a vida. Pensem que interessante seria né, a mãe descobre que espera por um filho mas que irá nascer com o dedo direito menor que o dedo esquerdo, então sem problema: aperta o botão ejetar. Claro porque ela pode por direito fazer isto. Nossa, como ninguém nunca pensou nisso...Poderíamos melhorar muito a estética dos seres humanos. A mulher deseja uma filha de cabelos loiros e olhos azuis, mas no meio do caminho descobre que tem cabelo ruivo e olhos escuros iguais a de algum sujeito que vagamente conheceu em alguma noite qualquer, de algum lugar qualquer. Problemas? Não! Aperta o botão ejetar e está tudo resolvido... Para que mesmo buscar orientar os valores morais à sociedade tão carente destes, quando podemos nos livrar de qualquer problema de maneira simples como apertar um botão. Sabe sou a favor de fazermos sexo deliberadamente e abertamente na rua, fumar maconha e cheirar cocaína, beber e dirigir, mentir e enganar os outros, deixar de se importar com meu semelhante APESAR QUE EU NUNCA FARIA... Ao invés de discutirmos a possibilidade de abortar, vamos levantar a bandeira de se discutir na família, na escola, na igreja, onde que quer seja a Orientação Sexual. Vamos lutar por educação para todos, que é a única saída para evoluirmos deste tipo de pensamento. Pedro Paulo

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  9. Entendo o assunto dividido em tres linhas:
    a religiosa, a individual e a publica.

    A religiosa diz que é assassinato. Não quer saber o que aconteceu antes nem o que vai acontecer depois. Por causa de um descuido - ou como diz o Pedro Paulo (acima), consequencia de umas biritas a mais .... todos terão suas vidas desandadas.

    Então ... se é tão zelosa pelos preceitos religiosos, por que não os observou no ato da concepção?

    A individual - enfoca principalmente o que acontecerá depois. Abrange a total mudança no ritmo da familia. Abdicação de tempo para estudo e aprimoramento. Aumento nas despesas. Restrição a dedicação ao trabalho. Reestruturação fisica em casa. Busca futura de fornecimento de estudo, saude e qualificação .. até que se torne produtivo.
    Os pais dobrarão as despesas. Se não houver ajuda, alguém terá que ficar com a criança. Sonhos e projetos serão desfeitos ou pelo menos adiados.
    Para o feto ... uma chegada desestruturada; geralmente não tão bem recebida.
    Ainda individualmente, se a opção for por um aborto clandestino, além de estar incorrendo em crime há o seríssimo risco à saúde. Ou seja estresse generalizado.

    Então ... sendo por si só uma decisão difissílima e de cunho pessoal, acredito que caberia ao estado prover (e prever) estrutura e apoio para reduzir riscos e custos para os cidadãos.


    O enfoque público. O Estado (Laico) tem que zelar pela sociedade.
    Bem ... isso implica em orientar e buscar qualidade de vida para seis cidadãos.
    Quanto custa aos cofres publicos uma nova vida? Escola, saude, transporte, licenças, segurança, moradia, saneamento, etc... ate que este individuo se torne produtivo ... e ainda assim contando com alguma alocação de emprego? Isso sem falar na provavel redução de potencial produtivo do casal (pais do indivíduo).

    Então creio que deveria o Estado prover a estrutura necessaria para que o indivíduo faça a sua escolha dentro dos melhores parametros pessoais de custo beneficio.

    Além disso, ficaria a oportunidade de estimular (não impor) a conscientização para o controle de natalidade. Se é sabido (estudo feito por cientistas desocupados) que o custo de um individuo fica na casa de R$ 200.000,00 ate que se torne produtivo ..... melhor (e muito mais barato) seria ceder casas a todos que se dispuzessem a não ter filhos. O Estado te cede uma casa, vcs não tem filhos, não pagam aluguel ... estudam, se aprimoram, se qualificam poupam, viajam ... e quando concluirem que já tem condições de criar uma crinça, devolvem a casa e seguem suas vidas.
    A longo prazo, mais qualificação, melhor distribuição de renda, menos periferia, menos necessidade de escolas e postos de saude .... menos problemas urbanos.

    Tenho duas filhas.
    Oriento-as ... sexo e uma das grandes coisas da vida mas se vier com um filho imprevisto tornar-se-á um pesadelo.
    "Fornica mas não procria"
    Espero nunca precisar ... ou melhor, espero que elas nunca precisem tomar uma decisão dessas. Mas se for necessário, gostaria de contar com o apoio do Estado, no que tange ao suporte médico .... OU NO MÍNIMO que não as enquadre como assassinas

    Entendo as opiniões expostas acima mas .... duvido que já tenham se aproximado de alguém que tenha vivenciado esse duro dilema.

    Não é escolher a cor dos olhos. É ter certeza de que poderá prover qualidade de vida ao seu filho ....

    ... ou ve-lo sucumpir numa periferia, ser culpado pelo que os pais não fizeram. ser tachado de assassino. incorrer em crime. por a saude em risco e virar um cidadão excluido

    Parabéns Fernanda


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