quarta-feira, 4 de abril de 2012

Os novos amautas


POR JORDI CASTAN


Com as eleições, chegou a hora dos amautas

Os amautas eram, na sociedade inca, filósofos-oradores profissionais, que tinham como missão utilizar a sua sabedoria e conhecimento para manipular a historia do soberano, criando para ele um passado cheio de proezas e de gestas. É para completar o seu trabalho e obter um impacto ainda maior, se dedicavam com o mesmo entusiasmo a criar histórias constrangedoras sobre os adversários do seu senhor.

Por aqui, antes mesmo que os candidatos se digladiem na campanha, os amautas já estão trabalhando a todo vapor. A impressão que se consolida é a que desta vez a campanha tem tudo para ser mais sangrenta e impiedosa que as anteriores. Uns não querem perder o poder a nenhum custo e os outros querem voltar a recuperá-lo. Reforça esta teoria o nível da maioria dos candidatos e principalmente os muitos interesses envolvidos. Não devem faltar recursos para que os melhores amautas tenham à sua disposição todos os meios humanos e materiais para fazer um bom trabalho. Os amautas modernos contam com meios tecnológicos que não existiam quinhentos anos atrás. Podem utilizar vídeos, fotos, recortes de jornais, entrevistas e material disponível na internet, o que torna o seu trabalho mais fácil.

O resultado é que a historia é escrita e reescrita mil e uma vezes ao sabor dos interesses de cada um dos “monarcas” de plantão. E cria-se uma confusão na cabeça do eleitor, que poucos são capazes de lembrar com exatidão do que cada um fez. Algumas obras foram iniciadas numa gestão e se alastram sem ser concluídas por varias outras. Outras foram inauguradas uma meia dúzia de vezes e revitalizadas, requalificadas ou reinauguradas outras tantas que é difícil precisar com exatidão a quem deve ser atribuída. A memória trai aos que tem mais idade e até alguns mais jovens tem dificuldade em lembrar com precisão.

Os amautas já tergiversavam a história há séculos, mas o nível de perfeição que alcançamos hoje, tanto em enaltecer e em tecer loas aos políticos em exercício, só fica ofuscado pela nossa competência e habilidade em contar histórias, com o único objetivo de detrair os demais candidatos. Melhor ainda se a historia é espalhada como um murmúrio, a boca pequena, aí que ela faz mais efeito. Nisso somos campeões e superamos os melhores amautas.

9 comentários:

  1. O Clóvis é um bom exemplo de Amauta.

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    1. Acho que tem alguém apaixonado por mim. Lamento, por mais simpático que eu seja a causa LBGTs, sou hetero. Procura outro.

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    2. É "rapa"!!!
      O Clóvis já tem dono.

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    3. Ah Cló. Eu sou tão carinhoso. Aposto que você iria gostar.

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  2. O Jordi é amauta de quem?

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  3. O que mais sofrem são os amautas do Tebaldi e do Carlito, pois para um belo trabalho precisam adentrar na total falta de senso do ridículo. São tão furadas as defesas e "argumentações" de ambos os grupos "amautistas" que acabam em um maniqueísmo primário.

    Os do Kennedy podem ao menos usar a desculpa da cegueira oriunda da fé...

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  4. Os amautas são na realidade os marqueteiros de hoje. Terão uma missão dificílima. Transformar o Carlito em eficiente e gestor; o Teba, Darci e Kennedy em simbolos da ética; e o Udo em qualquer coisa que lembre lógica e razão, além das qualidades anteriores.
    Para nós, que ainda temos alguns neurônios na ativa, será tarefa mais árdua ainda.

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  5. Muito boa esta sacada! Suas andanças mundo afora estão te fazendo bem...

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