sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Carlito é carta fora do baralho?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Há muita gente que dá como certa a derrota de Carlito Merss nas próximas eleições. Mas em política não há certezas, porque as coisas não funcionam em piloto automático. Aliás, é só lembrar que um ano antes de vencer as eleições de 2008, Carlito estava reticente quanto a concorrer. Os elevados índices de rejeição não favoreciam uma candidatura. Mas ele arriscou e ganhou.

Outro pequeno esforço de memória permitirá lembrar que em 2008, algumas semanas antes do segundo turno, a campanha de Darci deMatos ia de vento em popa e pouca gente duvidava da sua vitória. Mas numa questão de dias, uma sucessão de fatos - coisas que todos lembramos - mudou o rumo das eleições. Portanto, não há vitórias e nem derrotas antecipadas.

Se os adversários consideram Carlito Merss uma carta fora do baralho, é melhor tirarem os seus pôneis da chuva. Porque está tudo em aberto. É uma questão de lógica política. Aliás, a oposição cometeu erros de palmatória. Foi com muita sede ao pote. E rápido demais. Não havia decorrido sequer um ano do atual governo e os adversários já tinham despejado toda a sua artilharia pesada sobre a imagem do prefeito.

Foi um erro estratégico - se é que houve uma estratégia. Basta lembrar que, passados poucos meses da posse, um jornal da cidade ligado a um deputado já atribuía a Carlito o epíteto de “pior prefeito da história”. Ora, a partir daí nada do que pudessem tentar achacar à imagem de Carlito iria surpreender. Fica tudo redundante.

É claro que o prefeito cometeu erros táticos. Em primeiro lugar, porque não levou a sério a ideia de que governar também é trabalhar para a reeleição. E seria prudente ter planejado um terceiro ano de mandato com os olhos nas eleições. Ou seja, um período com mais investimentos em obras, de forma a criar uma imagem de realizador e conquistar o goodwill dos eleitores. Parece ser uma obviedade, mas não foi o que aconteceu.

Também houve problemas de comunicação. Não conseguiu falar para dentro e as greves dos servidores provam isso. E foi ineficaz ao falar para fora, porque a mensagem não chegou à população. Mas, de qualquer forma, não se iludam os adversários, porque ainda há muito carvão para queimar. E a máquina administrativa é uma poderosa máquina eleitoral.

Ok... imagino que esta análise possa causar algum muxoxo entre os leitores e leitoras, em especial na (incipiente) blogosfera joinvilense, onde predomina a ideia de que a candidatura de Carlito é um caso arrumado. Mas não se iludam. A opinião publicada nos blogs e microblogs não é a opinião pública. E o mais importante: a opinião pública pode ser influenciada por homens hábeis.

Afinal, quem morre na véspera é peru.

11 comentários:

  1. Pessoas esquecem que campanha eleitoral para prefeito começa realmente com o horário eleitoral gratuito. Mantendo o apoio dos atuais aliados, com um bom tempo de tv, Carlito é o favorito para ir ao segundo turno. As pessoas esquecem muitas coisas, inclusive pra quem deu o voto na última eleição

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  2. É fato que alguns esquecem para quem deram o voto na última eleição. Porém acredito, que boa parte da população de Joinville está mais interessada nos assuntos políticos e administrativos da cidade. Sei bem que essa boa parte da população não esquecerá da administração do governo atual nas próximas eleições.

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  3. Se o passado administrativo de alguém for o fator crucial para determinar uma derrota por antecipação, então Udo Doheler não precisaria nem ter se filiado ao PMDB. O caso das trabalhadoras acorrentadas na fábrica dele podem estar adormecidas na memória da população, mas os registros podem vir a tona a qualquer momento.

    Carlito pode não ter sido o pior prefeito de Joinville, mas está na briga para ficar entre os piores estrategistas políticos que já passaram por aqui. Em diversos momentos do seu mandato poderia ter virado o jogo a seu favor, mas perdeu as oportunidades. Do outro lado, na oposição, realmente, foram com muita sede ao pote. Embora o ataque feito pode ter sido apenas um aperitivo para o que há por vir.

    Por fim, Carlito não é carta fora do baralho. Afinal, todo bom joinvilense gosta de ver um trator abrindo buracos pelos bairros!

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  4. Acredito que a disputa será grande! Todos buscam um gestor, agora a moda é falar em gestão. Mas pensando em gestão levanto 3 itens que mostram a gestão neste Governo: 1-SIMGEO - um trabalho fantastico que traz dados importantissimos para a tomada de qualquer decisão de um gestor. 2- Novo Software de gestão Hospitalar do Hospital Municipal São josé, Software que trará maior controle de estoques de material e medicamentos, trará dados on-line sobre pacientes, será possivel medir exatamente qual o custo de cada paciente, de cada procedimento, prontuario unico e informatizado, um software que possui em mais de 500 hospitais pelo pais, só assim para se fazer gestão de verdade. 3- Limpeza do Rio cachoeira: Eu teria vergonha se fosse engenheiro sanitarista e colocasse um equipamento para limpar o rio sem antes pensar em Parar de sujá-lo! 220 milhões de investimento em saneamento Básico, isso é gestão!!

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  5. Quero seguir a linha do Eduardo, pois também creio que Carlito foi um dos piores estrategistas que já passaram pelo Executivo.

    Falhou na negociação dos cargos (custou-lhe a maioria na Câmara), errou nas duas greves, errou quando o PMDB saiu (deveria dar mais espaço para os aliados e só se fechou mais, fortalecendo nomes do PT) e assim por diante, até em assuntos onde poderia jogar a culpa nos outros, como no caso do IPTU, onde os vereadores "comeram bola".

    Nunca antes na história dessa cidade...nunca antes!

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  6. Também a seguir a linha do Eduardo, mas num caso específico. O caso dos pés acorrentados merece uma confirmação (algo que nunca foi feito). Não quer dizer que não tenha acontecido, mas essa história merece ser melhor investigada e os personagens melhor identificado. De qualquer forma, se eu fosse marketeer de algum adversário é claro que ia bater aí.

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  7. José, o meu amigo Ronaldo Santos apurou a história dos pés acorrentados.
    http://www.joinvilleemboatos.com.br/2010/09/dezessete-anos-depois-envolvidos_23.html

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  8. Parabéns pelo novo blog, gente! Espero que eu possa acompanhar os rumos das eleições joinvilenses por aqui. Gostaria apenas de pedir para que seja feito um esforço para usar linguagem inclusiva. Ou seja, em vez de "homens hábeis" na última linha do post, que tal "pessoas hábeis"? Não se deve mais usar "homem" como genérico de ser humano.
    Bom, sucesso ao novo blog! Vou divulgá-lo pelo Twitter.

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  9. Depois do escandalo FUDEUma, o caldo vai entornar pro Carlito. Somando-se a isso a inexistencia da SECOM e o ícone dos buracos, começo a achar que vai perder os aliados e vai morrer antes de mesmo de chegar á praia.

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  10. Resumindo, o Carlito é sim, o PERU dessas eleições.

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  11. A eleição acaba às 17 horas do domingo, dia 7. Até lá, essas inúmeras pesquisas não decidem nada, podem até induzir. Os trackings dos partidos têm sido mais coerentes do que aquelas publicadas pela imprensa joinvilense. E, sendo assim, tem muito galo vivo que pode virar peru na véspera.

    Não acredito que o Carlito seja um estrategista ruim. Iniciou como vereador, passou dez anos deputado e agora prefeito, certamente, aprendeu habilidosamente a fazer política. Há os que vivem de política e aqueles que vivem para a política.

    Sobre os erros de comunicação no governo, sou da opinião que a rejeição no meio tenha sido resultado da postura de não fazer o que era feito. Decidiu tratar todos os jornalistas e radialistas da cidade da mesma forma. E quem teve prejuízo no bolso começou a fazer uma desconstrução da imagem dele e do governo.

    Nessa hora dá para perceber: a população entende como verdade o que a imprensa diz. E essa verdade muitas vezes é construída. Está aí a diferença dos jornalistas de redação para os assessores. Jornalistas de redação não declaram o lado imposto pelo veiculo. Já assessores, verdadeiramente, vivem expostos.

    Jamais será exposta ao público a posição do jornal A ou B. Até porque o jornal é o estigma da verdade. "Vejamos: é desejável, para um jornalista, para um órgão de comunicação, uma postura de neutralidade. "Neutro" a favor de quem? "Imparcial" contra quem? "Isento" para que lado?”

    Para quem tem dúvida de que a cidade melhorou, basta andar pelas ruas e perceber a cidade mais movimentada. Mais alegre. Há mais espaços para lazer, mais opções de cultura, turismo, inclusive o gastronômico. Os eventos da cidade, até mesmo as feiras, estão tendo recordes de público. Há mais bicicletas circulando, mais pessoas caminhando, mais jovens aderindo ao skate ou, simplesmente, tendo espaços para usá-lo.

    A saúde não tem solução mágica, mas o número de atendimentos subiu gradativamente. Ou seja, evoluiu, sim. O mesmo vale para a educação destaque nacional na qualidade pedagógica. E é o que importa. Passados anos você recorda do que aprendeu e não do prédio. A habitação também melhorou, ao menos está ficando mais igualitária. Não creio que uma estrutura física dos espaços públicos e privados se danifique em dois meses e desabe. Certamente, quando cai é porque estava há anos em frangalhos. E nesse aspecto, a forma de cuidar dos espaços da cidade também melhorou.

    Com relação aos escândalos na Fundema, há uma investigação em andamento e ela não tem vínculo com o chefe do executivo da cidade. Ainda se investiga, mas de concreto, até onde tenho conhecimento, não há nada. Mais que isso, houve sim, um estardalhaço por parte de toda imprensa de uma forma que não ocorreu em mais de dez escândalos existentes com outros dois partidos da cidade - há alguns anos. A cobertura de escândalos de anos remotos tivesse sido a mesma da simbiose, certamente, teria fadado moralmente alguns candidatos.

    Para uma cidade que foi governada 30 anos pelo mesmo grupo, não me custa deixar que continue sendo governada mais quatro anos por outro grupo que chegou há pouco tempo no poder.

    Fico pensando como seria ter no chefe do executivo um ator, especialista em apresentação. Os jornalistas sabem que para aparecer bem na câmera é preciso muita interpretação. E tem um candidato bom nisso.

    E o que dizer de outro chefe que num dia sim, no outro também, ligaria para as redações achando que poderia mandar e desmandar no que os jornalistas escreveram? Como ficaria a liberdade de imprensa na cidade? “Jornalista escreve com a cabeça e não com as mãos”.

    E a terceira opção de chefe: correr outra vez o risco da cidade viver comprando tudo e até capaz de ser comprado também?

    Não. Certamente, prefiro sim, deixar a cidade ser governada mais quatro anos pela mesma pessoa.

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