sábado, 15 de dezembro de 2012

Troca-troca no JEC

O JEC terminou a temporada em alto estilo, vencendo a Copa Santa Catarina e conquistando a importantíssima vaga na Copa do Brasil.

Como quase em todo clube e, principalmente das séries de acesso, vários atletas são dispensados, mais tantos outros são contratados. No entanto, essa questão no Joinville é uma rotina o ano inteiro.


A todo instante a diretoria vem a público, através das famosas coletivas, anunciar a contratação de novos atletas e a dispensa de alguns.


É claro que atletas que não estão correspondendo não devem ficar no clube, mas entendo que isso não possa ser uma regra do ano todo. E mais: se tantos atletas não correspondem em campo, não estariam as contratações sendo feitas de maneira errônea?


Vejo o Tricolor a cada dia se firmando mais dentro de campo. Fez um primeiro turno fantástico no Brasileirão da Série B, comprovou e demonstrou a sua capacidade, mas a diretoria precisa colaborar e demonstrar o mesmo profissionalismo extracampo.


Trocar de maneira descabida e em grande número de jogadores não pode ser algo útil e proveitoso ao time.


Ou seja, antes de sair contratando para apenas dizer que contratou, que se faça a coisa de uma forma profissional, que se estude as condições do atleta e conheça o seu futebol, principalmente, pois contratar para fazer volume, não entendo onde possa ser positivo ao clube.


Para mim, se for paa ficar contratando qualquer um, prefiro que nem contrate. Manter uma base é fundamental para que existe uma equipe jogando coesa.


Como um técnico vai arrumar a suca "casa" se a toda hora tem hóspede novo e alguns indo embora?


Ahhh, falando em base, e a base? Atletas na base do clube e não base do time. Outra coisa fundamental que ficou esquecida por algum tempo no Joinville, prata da casa faz diferença, investir nesses jovens compensa ao clube em todos os sentidos, inclusive financeiro (caso Ramires).


Volto a elogiar o JEC pela sua temporada, mas não posso concordar com esse troca troca o ano inteiro.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A tortuosa e gratificante missão de ser um Sociólogo em Joinville


POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Octávio Ianni
Nesta semana, no último dia 10 de dezembro, foi comemorado o dia do Sociólogo. Esta data foi escolhida por remeter à Lei n º 6.888, de 10 de dezembro de 1980, a qual dispõe sobre o Exercício da Profissão de Sociólogo. São 32 anos de atuação formalizada, mas um século inteiro de serviços prestados à sociedade brasileira. O Sociólogo é o maior responsável por encontrar perguntas e respostas no palco mais complexo da face da Terra: a sociedade.

Em Joinville, segundo as minhas breves pesquisas, o primeiro contato de um sociólogo com a cidade aconteceu através do Plano Básico de Urbanismo em 1965, momento em que o Dr. Octávio Ianni (1926-2004) fez uma análise da conjuntura social de nossa cidade, e montou um capítulo específico sobre este tema no referido plano.

Desde lá tivemos vários profissionais que se utilizaram da sociologia para embasar seus estudos, mesmo não possuindo formação específica em Sociologia (graduação ou licenciatura). Podemos citar Carlos Ficker, Adolfo Bernardo Schneider, Carlos Gomes de Oliveira, Thereza Bobbel, Raquel S. Thiago, Valdete Daufemback, Belini Meurer, Dilney Cunha, Ilanil Coelho, Naum Santana, Luiz Alberto de Souza, Regina Colin, Apolinário Ternes, Afonso Imhof, dentre tantos outros colegas de Ciências Humanas e outras áreas do comnhecimento, para os quais peço desculpas por não citar aqui.

Entretanto, no dia de hoje quero parabenizar os meus colegas de profissão que, a partir dos anos 90 vão dominando um espaço inabitável dentro da produção e repasse de conhecimento na cidade de Joinville. Moramos e atuamos em uma cidade industrial, onde a técnica é mais importante que o conhecimento pleno, o trabalho fala mais alto que o estudo, o empresariado local é visto como semideus, políticos se assemelham a coronéis urbanos, planejamento urbano é feito pelas mãos de poucos para poucos, escolas interditadas e mídia parcial em muitos casos. O sociólogo apareceu nesta cidade para abrir os olhos da população para muitas coisas, e me sinto orgulhoso por fazer parte desse cenário desde 17 de julho de 2009. Tortuoso, difícil, desanimador (já pensei em me mudar daqui várias vezes), mas é extremamente gratificante mudar um paradigma com os ensinamentos, alertas e palavras proferidas.

Por este motivo, cito aqui Darci dos Santos Filho (meu primeiro professor de Sociologia no ensino médio), Roberta Nabuco, João Manfio, Karolina Mattos Roeder, Viviane B. Marques e tantos outros colegas Sociólogos que ainda não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente e que atuam na cidade de Joinville. Seja em qual subárea for (Sociologia Urbana, Econômica, do Trabalho, Rural, Gênero, Cultura, Poder, Políticas Públicas, etc) todos estes profissionais são guerreiros e se posicionam perante a cidade de Joinville e o mundo. Infelizmente não temos nenhum curso superior em Ciências Sociais na região norte de Santa Catarina, mas mesmo assim resistimos a opressão ideológica de alguns setores dominantes para fazer aquilo que mais amamos. E este é o momento de dizer para todos, em alto e bom som: EU SOU SOCIÓLOGO E TENHO O MAIOR ORGULHO DISSO.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Islamofobia e liberdade de expressão

POR ET BARTHES
Uma campanha islamofóbica no metrô de Nova Iorque. Diz mais ou menos: "entre o homem civilizado e o bárbaro, apoie o civilizado". E pode o apoio para Israel no conflito com a Jihad. Uma das moças do filme não gostou e decidiu pichar um cartaz. A outra tentou impedir, alegando a liberdade de expressão.  E ficou naquela de pinta, não pinta, pinta, não pinta... No fim, a intervenção das forças dos EUA parece ser claramente pro-Israel. Em tempo: o filme tem uns dois meses.


Joinville, a 25ª cidade mais rica do Brasil!

POR GUILHERME GASSENFERTH

Saiu ontem, dia 12 de dezembro, o novo ranking do PIB (Produto Interno Bruto) dos municípios brasileiros de 2010. E nossa cidade tem excelentes notícias: após crescer apenas 1% entre 2008 e 2009, Joinville deu um salto, atingindo um PIB superior a 18 bilhões de reais, o que a classifica como 25ª produção brasileira.

Nosso município está à frente de cidades importantes como Belém do Pará, Ribeirão Preto e Santo André. Sozinha, Joinville revela uma economia superior ao do estado de Tocantins inteiro. Nosso município responde sozinho por 0,5% do PIB brasileiro. Embora seja apenas o 36º colocado em população no Brasil, o município de Joinville tem o 25º PIB do país. É importante ressaltar que Joinville está à frente de outras 15 capitais brasileiras.

Quando apenas o contexto de Santa Catarina é analisado, Joinville assume uma posição de ainda mais destaque. Nosso produto interno bruto representa 12,1% do PIB de Santa Catarina, ainda que tenhamos menos 8,24% da população do Estado. Um dado que impressiona é que o PIB de Joinville é maior que o das 201 cidades com menor PIB de Santa Catarina somadas!

Antes de prosseguirmos num aprofundamento da análise sobre Joinville, vale debruçar-se um pouco sobre outras questões que vieram à tona com a liberação das informações sobre os PIBs municipais. Dentre os 10 maiores PIBs do Estado, apenas um decresceu: Chapecó. Confesso não ter buscado informações para entender a queda. Como entre os 50 maiores PIBs apenas o de Chapecó e Videira caíram, posso crer que houve algum problema com a indústria agroalimentar em 2010.

No entanto, virando a tabela de cabeça para baixo, preocupa saber que dentre 69 municípios catarinenses viram seu PIB diminuir de tamanho em relação ao ano anterior. Dentre os 50 menores municípios de Santa Catarina (todos com população inferior a 3 mil habitantes), 20 diminuíram seu produto interno bruto de 2009 para 2010. E entre as 12 cidades com menos de 2 mil habitantes, 50% decresceram de um ano para o outro. A média de crescimento nominal dos 50 menores municípios foi de apenas 3,6% de 2009 para 2010, enquanto a média dos 50 maiores foi de 16,4%.

Estas disparidades revelam (em análise pessoal sem qualquer cunho científico) uma perigosa tendência de decréscimo econômico em cidades muito pequenas. É preciso avaliar esta questão com cuidado, buscando saber se a descentralização tem realmente sido eficaz com o interior do Estado.

Na microrregião de Joinville (formada por Araquari, Baln. Barra do Sul, Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Joinville, Massaranduba, São Francisco do Sul e Schroeder), temos 3 cidades entre as 10 maiores: Joinville, Jaraguá e São Francisco do Sul. O PIB de nossa microrregião é de 20,4% do PIB do Estado, ou seja, de substanciais 31 bilhões de reais.

Entre as 10 cidades cujas economias mais cresceram em SC, duas estão em nossa microrregião: Araquari (59,9%) e Joinville (38,4%). Aliás, o crescimento tão exacerbado numa cidade do porte de Joinville é realmente admirável! Vale informar que o crescimento nominal médio das cidades da microrregião foi de 25,2%, sendo que a única cidade a crescer menos de 10% foi Guaramirim, que marcou 9,7% de variação de 2009 a 2010.

Araquari já alcançou PIB superior a meio bilhão de reais, e com a instalação de fábricas novas nos últimos dois anos e a concretização da instalação da BMW certamente alçarão o município aos 15 maiores PIBs do Estado muito em breve. A cada dia que passa torna-se mais importante que Joinville dê atenção a esta vizinha.

PIB E DESENVOLVIMENTO

Muito embora os dados sejam muito positivos para Joinville, há uma série de questionamentos a se fazer. O PIB alto representa necessariamente vantagem para os habitantes de uma cidade?

Há de considerar o fato de que quanto mais aquecida é uma economia, geralmente mais dinheiro possui uma prefeitura, mais empregos são gerados, aumenta-se a renda e um ciclo positivo se instaura.
Nossos indicadores, no entanto, revelam que há dados preocupantes e que devem ser levados em consideração. Vamos falar um pouco sobre PIB per capita, qualidade de vida e felicidade. Eu iria acrescentar uma análise sobre desigualdade social, mas o coeficiente de Gini mais atual que encontrei é de 2003.

O PIB per capita de Joinville é o 10º melhor de SC e o 175º maior do Brasil. O PIB per capita local é de R$ 35.854,42, em 2010. No entanto, este número representa pouca relação com benefícios à população. O cálculo em feito levando em consideração a produção total do município dividindo pela população. Na cidade brasileira com maior PIB per capita, São Francisco do Conde (BA), não há esgoto tratado, a mortalidade infantil é superior ao preconizado pela OMS e apenas metade da população tem acesso à água encanada. É a prova de que PIB per capita não significa necessariamente desenvolvimento.

Há ainda a possibilidade de avaliar-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que supostamente mede a qualidade de vida dos habitantes de uma localidade. O IDH de Joinville é de 0,857, o que faz de nossa cidade a 13ª colocada no Brasil. No entanto, a base de cálculo do IDH é muito superficial, abrangendo apenas PIB per capita, expectativa de vida ao nascer e anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade. Qualidade de vida vai muito, mas muito além disto.

Ao buscarmos indicadores de infraestrutura, apenas um deles já demonstra nossa fragilidade: pavimentação. Joinville é uma das cidades médias brasileiras com menores índices de pavimentação: apenas 60% da população local vive em ruas pavimentadas, enquanto em cidades como Sorocaba e Ribeirão Preto, com PIB menor que nosso, mais de 95% dos moradores vivem em ruas pavimentadas.

Por outro lado, há sensível melhora joinvilense no IFDM, Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal. Em 2008 éramos o 142º município brasileiro, em 2009 passamos a 88º e em 2010 (último índice) figurávamos em 67º no Brasil e em 4º lugar em SC. Este índice me parece ser o mais próximo de avaliar a qualidade de vida e desenvolvimento de um município que reflita em benefícios aos cidadãos.

Deveríamos começar a medir nosso FIB, a Felicidade Interna Bruta. Esta põe-se em contraponto ao PIB, trazendo à tona a reflexão sobre o que mais importante: ser rico ou ser feliz? Será que nossos mais de 7 mil joinvilenses vivendo em favelas sentirão alguma diferença por Joinville ser a 25ª cidade mais rica do país?

Riqueza é importante, economia crescente é fundamental, aumentar a produção é vital para uma sociedade. No entanto, não podemos descuidar de aspectos que trazem felicidade e conforto às vidas de todos os cidadãos: acesso à saúde decente e educação de qualidade; segurança e percepção de segurança; mobilidade; lazer e cultura; meio ambiente protegido e preservado; renda suficiente para satisfação das necessidades. Comemoremos o PIB, sim, mas busquemos mais pra Joinville!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Gestor do Universo!


As iludências aparudem...

POR ET BARTHES
É uma daquelas imagens que fazem ver as coisas do jeito errado. No princípio a gente até acha que é uma pessoa deficiente, numa cadeira de rodas, a sofrer com a falta de adaptação dos meios. Mas depois... é outra história. Porque as aparências enganam.


Despedida


Estimados leitores, hoje o meu texto é de despedida. Por motivos pessoais, a partir de hoje não escrevo mais no Blog. Mas como leitora, estarei sempre presente.

Aos leitores, anônimos ou não, obrigada pela gentileza e respeito, sempre. Com vocês, entendi que a opinião vem com o contraponto, sempre verificando os dois lados, assim como um pesquisador, que se despe de toda e qualquer ideia pré-concebida, e se destitui de preconceitos, e ao enxergar com mais clareza, podendo então tomar posição, não se torna inflexível, posto que o que julgamos saber é apenas uma fagulha, as nossas certezas são relativas, ainda temos o infinito para descobrir.

Colegas, agradeço imensamente a oportunidade e o aprendizado. Zé, Jordi, Charles, Gabi, Guilherme, ET, Sandro e agora o Felipe, já me despeço com saudade! Vida longa ao Chuva Ácida, que tanto contribui para desenvolver o pensamento crítico e o debate em nossa cidade!

Desejo para todos um Feliz Natal e que a promessa do novo ano nos sirva de inspiração para irmos atrás dos nossos sonhos! Muita paz!


Amanda

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Supremo!!


Conselho deliberativo e consultivo da Cidade


POR JORDI CASTAN


O tempo e a idade jogam com as nossas lembranças. Imagine você que durante dois anos participei, juntamente com o prefeito eleito Udo Dohler, da Câmara Comunitária de Integração Regional do Conselho Consultivo e Deliberativo do antigo Conselho da Cidade. E só agora tomei conhecimento que o dito órgão colegiado não é deliberativo.

Como nasci na década de 50, assumo que a minha memória não é mais a mesma. Não consigo lembrar se em alguma das reuniões da nossa câmara comunitária o prefeito eleito teria comentado que a nossa participação era de cunho meramente consultivo. E a sua entusiástica participação tampouco fazia pressagiar algo parecido.

Foram no mínimo estranhas as declarações do prefeito eleito no jornal A Notícia, do dia 6 de dezembro. Pode ser que depois de eleito tenha se transformado em outra pessoa diferente da campanha. Aliás, uma transmutação que não seria a primeira vez a acontecer com os políticos locais. Ou pode ser que o novo Udo não seja outro a não ser o Udo de sempre. Eu acho que é o mesmo de sempre, aquele com quem também tive oportunidade de compartilhar diretoria da ACIJ, em outras épocas. Pior não é o fato que as suas declarações sejam estranhas, pois há quem as tenha achado até arrogantes. Para mim, elas são perigosas. Perigosas para Joinville, para a democracia e para o estado de direito.

Transcrevo as declarações do prefeito eleito e comento:

CONSELHO DA CIDADE

"Nós daremos a velocidade que for possível. É claro que há os prazos legais. Mas queremos ter esse conselho regularizado o mais rapidamente possível. Agora, há demandas difíceis de entender. Dar maior participação democrática ou se ater em questões como CNPJ. Quanto maior as exigências, mais complexo o processo, mais demorado. E temos que lembrar que o Conselho da Cidade é um órgão consultivo, não deliberativo. Se fosse assim, não precisava mais de Câmara de Vereadores. O Executivo adota se quiser o que o conselho aponta. Hoje, o Executivo leva em consideração o que vem do conselho, ele é ouvido. Mas se o Executivo não quiser, vale lembrar que ele não precisa.

Pouco há a dizer quando o prefeito eleito questiona um processo democrático e participativo porque ele é moroso. Só mostra que ainda não compreendeu a diferença entre ser prefeito de uma cidade do porte de Joinville, presidente da ACIJ ou de uma empresa. É um erro pensar que a democracia atrapalha o planejamento. Ao contrário, o planejamento é uma forma de organizar a democracia e de exprimi-la. O que devemos entender é que com este tipo de planejamento participativo, toma-se o partido da maioria da população da cidade, defendendo-a. Por isso ele é democrático.

A participação que agora tanto parece incomodar o prefeito eleito é a mesma que o Estatuto da Cidade tornou obrigatória por via de debates, audiências e consultas públicas. Ou, inclusive, por iniciativa popular de projetos de lei e planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano. Além da obrigatoriedade prevista no Estatuto das Cidades de consultar a população nas leis urbanísticas, poucos sabem que a Lei de Responsabilidade Fiscal obriga o prefeito a fazer audiências públicas e expor à comunidade, anualmente, os gastos previstos no orçamento, antes de enviá-lo à Câmara de Vereadores.

Mais preocupante é quando afirma que o Conselho da Cidade é um órgão consultivo. A afirmação de que o Executivo pode ou não considerar o parecer do Conselho da Cidade e pode até não consultá-lo é estulta e não corresponde à verdade.

Para refrescar a memória do prefeito eleito, tomo a liberdade de transcrever parte da primeira ação popular em que o mesmo figura como réu na qualidade de ex-integrante do Conselho Consultivo e Deliberativo (CCD) previsto na Lei 299-2009 (revogada)

“Como se sabe, foi na Constituição Federal de 1988 que institucionalizou-se o Direito Urbanístico. Percebeu o legislador constituinte que a política urbana adquiriu uma nova dimensão, conquanto o ordenamento do solo não poderia mais ser pensado e planejado como se fosse um compartimento estanque, ignorando aspectos econômicos, sócio-culturais e ambientais.O dogma do direito absoluto da propriedade oriundo do pensamento clássico burguês e liberal foi substituído pela função social da propriedade urbana, previsto no art. 1821 e parágrafos 1º e 2º da CFRB/1988, estabelecendo uma conformação que assegure o pleno exercício do direito à Cidade por todos os seus habitantes, integrando-o à ordem urbanística como categoria de direitos difusos e meta-individuais, de interesse de toda a sociedade, tutelados não só pela Carta Magna, mas pelo próprio Estatuto das Cidades, em vários dispositivos legais. Em decorrência do preceito constitucional citado, a política de ordenação territorial tornou-se um conceito espacial, que passou á regular o espaço urbano em sua dimensão “física, econômica, social, sócio-cultural e ambiental. Todos estes aspectos reunidos representam o direito à Cidade, englobando o direito à moradia, á regularização fundiária, aos serviços de saneamento básico, à saúde, ao trabalho, á educação ao lazer, à gestão democrática da cidade e ao meio ambiente sustentável e equilibrado.Em termos contemporâneos interessa o conceito de direito à cidade e sua respectiva gestão democrática como instrumento de participação cívica, englobando o território, a ordenação resultante do Plano Diretor, a efetiva interação entre governo e sociedade na discussão dos projetos de lei de ordenamento territorial, como normatização resultante do Estatuto da Cidade, repudiando-se qualquer conformação simplista de regulamentação do ambiente construído.”

LOT

A lei está se arrastando. Havia expectativa de ser aprovada este ano, o que não ocorreu. A cidade perde muito. A expectativa é que os novos vereadores assimilem isso com rapidez, senão pode demorar mais tempo. E quem perde não é o vereador ou o prefeito, mas a cidade. Na semana retrasada estive em São Paulo. Tem um investidor importante disposto a construir uma fábrica em Joinville. Ele disse que logo no início do meu governo tinha interesse de vir para a cidade. Eu disse que Joinville está de portas abertas. Hoje, o certo era eu ligar para ele e dizer para não vir mais em janeiro e aguardar a aprovação da LOT. Não acontece nada com a cidade nesses próximos dois anos se a lei não for aprovada. Todos os novos empreendimentos ficam em incerteza jurídica. Mas agora vou dizer a um empresário que ele é bem-vindo a Joinville, mas que vai depender que seja aprovada uma lei especial para ele poder se instalar? Na hora, ele vai para outro município. Nós vamos acordar para a necessidade da nova LOT quando começar a faltar emprego na cidade. Oxalá que até lá haja uma solução.

O prefeito eleito afirma que há em Joinville um vazio legal a impedir o desenvolvimento da cidade, o que tampouco é certo. Não há sequer incerteza jurídica. Joinville tem uma lei clara, que foi inclusive recentemente consolidada pela nossa Câmara de Vereadores. Uma lei que  garante a legalidade e nem por isso novas empresas tem deixado de se instalar em Joinville.

 A prova é que a economia joinvilense está muito bem, obrigado. E tem crescido nos últimos dois anos, contradizendo o quadro de paralisia apresentado no seu discurso desenvolvimentista.  O Prefeito eleito declara que para esta suposta nova empresa com a que fez contato em São Paulo, a lei atual não é adequada, sendo preciso criar uma lei urbanística especial para atender as necessidades deste investidor. 

Bom, é justamente contra este clientelismo que a sociedade está se insurgindo. Mudar a lei constantemente para atender a este ou aquele empreendimento é uma violência contra os empresários aqui instalados e cumpridores da legislação atual. É justamente a forma como estas situações são postas e defendidas o que causa estranheza. Será que não percebe? A  situação que ele apresenta com tanta naturalidade poderá macular o princípio da impessoalidade da lei? Não se trata aqui de atender ou deixar de atender os desejos e vontades do prefeito eleito e de seus apoiadores. O que está em discussão é o modelo de cidade e principalmente o modelo de gestão democrático do espaço urbano.

FUNDEMA

Na Fundema, é preciso de uma liderança forte, que possa agilizar as demandas. O licenciamento ambiental é muito moroso. Pensamos em estabelecer uma cooperação entre Fundema e Fatma para melhorar os processos. Também temos técnicos excepcionais na Fundema que, se mais bem equipados, podem trabalhar nessa agilidade. Em Minas Gerais, se o poder público atrasa um licenciamento, libera um provisório. É uma ideia que pode ser adotada.

O prefeito eleito incorre no mesmo equívoco, o que pode se caracterizar como uma constante na sua forma de pensar. O presidente da Fundema, seja ele quem for, deverá ser um profissional competente que cumpra e faça cumprir a lei. Respeitando os prazos legais e concedendo ou não as licenças correspondentes. Se “agilizar” está sendo colocado como sinônimo de redução das exigências legais, amparado na sua liderança forte, é uma afirmação perigosa. A gravidade aumenta se o que se pretende agilizar são as “demandas”. Quais demandas? As de todos os munícipes que precisam dos serviços da Fundema ou só dos que tem demandas específicas que exigem até mudanças na legislação? Liberar licenciamento provisório é uma solução que agrada a quem tem pressa e quer criar fatos consumados. O esforço e o ímpeto deveriam se direcionar a reduzir prazos e exigências e para isso não é preciso uma liderança forte é preciso competência, conhecimento e bom senso.

Curiosa à mudança de discurso do pré-candidato, agora prefeito eleito. Se continuar mudando o discurso, vou começar a ficar com medo do que poderá ser o discurso do prefeito depois de empossado.