quarta-feira, 11 de julho de 2012

Não vai ter Cachoeiragate?


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Quando li que o rio Cachoeira tinha ficado vermelho – e sabendo da origem  do vazamento da tinta – fiquei a pensar: isso vai ter repercussões na corrida para a prefeitura. Achei mesmo que o incidente ia complicar a vida de Udo Dohler, cuja candidatura insiste em não decolar. Imaginei protestos de ambientalistas, eleitores a exigirem ações do poder público e os opositores a apontarem o dedo ao candidato. Pensei mesmo num Cachoeiragate.

Ok... confesso que tinha uma curiosidade pessoal. Enquanto marketeer fiquei tentando imaginar as decisões do gabinete de crise de Udo Dohler. Um monte de gente reunida,  avaliando os danos para a candidatura, as medidas para evitar o desgaste da imagem, os timings das decisões (gestão de crise foi uma das cadeiras que mais gostei na universidade). Mas a montanha pariu um rato. Puf!!! Foi como se nunca tivesse acontecido.

É preciso deixar claro que Udo Dohler tem pouca coisa a ver com o acidente. Até porque acidentes, como o próprio nome diz, são imprevistos. Mas estamos a falar de política. Então, era natural que o caso tivesse causado alguma mossa na sua candidatura. E o silêncio em torno do assunto permite levantar algumas teorias:
1. A comunicação dos opositores é fraquinha.
2. É cedo para abrir as hostilidades. Como a candidatura Udo-Coelho ainda não assusta, o pessoal decidiu não levantar a lebre para não dar tempo de antena.
3. Os políticos são todos compadres e ninguém quer bater em ninguém.
4. E, por fim, a mais provável: ninguém se importa se o Cachoeira muda de cor. É que o rio já teve o seu atestado de óbito assinado há muito tempo e não há gente disposta a acender velas para esse defunto.

É triste, mas parece que ninguém liga para o rio. É só lembrar que o Cachoeira foi sendo poluído durante décadas, enquanto as pessoas tapavam o nariz e assobiavam para o lado. Aliás, li um relatório que analisava a incidência de coliformes fecais num trecho específico: a medida de referência era o máximo de 20 mil e o rio tinha um valor total de 3 milhões (NMP/100ml). Que merda! Aliás, não deixa de ser uma triste ironia: parece que os cidadãos só se preocupam com o Cachoeira quando ele provoca enchentes.

O fato é que os temas ecológicos não mobilizam as massas. Ou você lembra de algum político que tenha caído em desgraça por desrespeitar a natureza? O eleitor é chegado mesmo num escândalo sexual. Bill Clinton acende o charuto com a estagiária na Sala Oval. O povão se liga. Itamar Franco aparece ao lado da modelo sem calcinha. O povão se liga. Lugo espalha a semente por todo o Paraguai. O povão se liga. O rio ficou vermelho. Ninguém quer saber.

Não tem Cachoeiragate para esquentar a campanha. Então, vamos ter que esperar por algum acontecimento que os eleitores levem a sério. Afinal, nas últimas eleições aprendemos que o simples gesto de pedir material de escritório emprestado pode afundar uma candidatura.  

Eleições 2012-bonus


Auto-imolação: o protesto dos tibetanos


ET BARTHES
As imagens são de alguns meses atrás, mas servem como exemplo de um fenómeno que vem se repetindo ao longo dos tempos. Apenas no ano passado cerca de 30 tibetanos se auto-imolaram em protesto contra a presença chinesa no Tibet. As imagens do filme são de março deste ano e mostram um homem que se auto-imolou em Nova Deli, na Índia, em protesto contra a visita do presidente da China, Hu Jintao. 


Eleições 2012


Dia de beijar a taça em Curitiba


POR GABRIELA SCHIEWE
COPA DO BRASIL -  Enfim, a grande final dessa competição tão disputada – a mais democrática do nosso país. De um lado, o sempre ajustado Coritiba, que levou dois no jogo de ida e que agora tem uma árdua tarefa pela frente. Do outro, o até então desajustado Palmeiras. Com sua persistência, Felipão conseguiu colocar o alviverde nos eixos e levá-lo à sua primeira final desde o seu retorno ao clube. Hoje a promessa de um grande jogo, com espetáculo high tech da torcida coxa branca.
JEC - Não posso deixar de comentar o superjogo da sexta passada. Literalmente lavou a alma de todos nós, fiéis torcedores tricolores. Foi bom demais. Em segundos, como uma ávida raposa, o JEC já deixou claro como seria a partida em que goleou o Barueri por 4 x 0.
Apesar do jogo empolgante e envolvente (e da boa participação do "garçom" Lima), que resultou no placar mais elástico que há tempos, o JEC estava devendo. É inevitável lembrar que o adversário era o fraco Barueri, último colocado na tabela. O adversário não ofereceu qualquer resistência ao tricolor joinvilense. Mas deixa isso pra lá, o importante foi a vitória!
Assim, esperemos pelo próximo compromisso e que o JEC continue subindo na classificação. Temos que ficar sempre entre os cinco primeiros colocados para, no final, termos a possibilidade de brigar pela vaga de ascensão à série A.
NO CHUVEIRINHO - A Krona Futsal estreou no catarinense com um empate a quatro gols contra a modesta equipe da Chapecoense. O basquete, na final da Taça-SC, com a equipe do sub 22, foi derrotado pelo Brusque pelo placar de 63 x 59. E, p
or fim, meus parabéns ao Corinthians pela merecida conquista pela Libertadores da América.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Um cão de guarda com penas...

ET BARTHES
Já ouviu dizer que os gansos são excelentes cães de guarda? O filme comprova. Um autêntico duelo entre o homem e a ave.



PV e Tebaldi não combinam

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Está certo que a sopa de letrinhas das coligações já são famosas por aqui. Nos anos 1990 e 2000 era muito comum vermos 15...20 partidos nos santinhos dos candidatos. O cenário mudou um pouquinho, mas ainda encontramos situações embaraçosas. Uma delas (que me surpreendeu demais) consiste no apoio do Partido Verde (PV) para Marco Tebaldi, abrindo mão de candidatura própria.

O PV há algum tempo é um partido que se propõe a apresentar um discurso diferente, juntamente com o PSOL (não pretendemos entrar no mérito destes discursos). Para o eleitorado joinvilense a candidatura de Rogério Novaes em 2008 para a Prefeitura resultou em novos horizontes nas plataformas de campanha. Com uma votação satisfatória, não ficou esquecido em meio aos dígitos mínimos. Muitas ideias foram somadas às promessas de Carlito e Darci no segundo turno. Entretanto, muitas coisas ficaram no papel.

Com a candidatura de Marina Silva à Presidência, em 2010, o PV deu o grande salto qualitativo que necessitava por todo o país. Em Joinville não seria diferente. Juntamente com a candidatura de Rogério Novaes para Governador, o 43 ganhou muitos votos na cidade. Devido a problemas que poderiam levar a uma inelegibilidade de Novaes (por conta de irregularidades na época em que era Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Santa Catarina), sua candidatura não decolou, e o PV joinvilense se viu obrigado a coligar.

Considerando todo o histórico do partido em Joinville e no Brasil, muitos simpatizantes ficaram frustrados com o apoio ao retrocesso que representa Marco Tebaldi. Além de não ocupar sua cadeira na Câmara dos Deputados para ser Secretário de Colombo, após ser exonerado foi para Brasília votar a favor do novo código florestal brasileiro, uma lei combatida por vários ambientalistas mundo afora. Estão apoiando o mesmo ex-Prefeito do Flotflux e da retirada de parte da arborização urbana que existia na área central de Joinville. E o mesmo ex-Secretário da Habitação que liderou políticas habitacionais em áreas de mangue. Só pra citar alguns motivos que me fizeram ficar surpreso com esta aliança.

O PV se preocupa muito em fazer pelo menos um Vereador na cidade, por isso também não lançou ninguém para a  Prefeitura, para poder ter uma coligação boa na proporcional. Escolheu o pior caminho possível para conseguir tal feito, pois, além de apoiar Tebaldi, está em uma coligação proporcional com nomes fortes. Infelizmente neste 2012, o PV de Joinville ficará marcado por estar em uma coligação que não condiz em nada com o seu programa. 

PS: vale ressaltar que tenho respeito muito grande pelos integrantes do PV, mas considero necessária esta leitura.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O comando digital ataca na rede


POR JORDI CASTAN




Lembra daqueles adesivos mequetrefes do “Volta Tebaldi” que condenaram o Comam a pagar multa por campanha antecipada? Agora é a vez do PT de Carlito entrar de cabeça a fazer bobagem. Antes mesmo que a campanha começasse e ganhasse as ruas, já tinha as primeiras escaramuças nas redes sociais.

A Secretaria Regional do Fátima, um órgão publico do primeiro escalão da administração municipal, se dedicou a postar propaganda eleitoral antecipada. Além do fato incontestável que foi postada antes do início oficial da campanha, o mais grave é que foi postado na página oficial da Secretaria e que os posts aparecem como postados em pleno horário de trabalho - ou seria mais correto dizer, no horário de expediente. Não se pode aceitar que funcionários públicos, comissionados ou não, utilizem o horário de expediente para fazer propaganda política para o candidato Carlito Merss. Também é muito grave que se utilize o endereço oficial do twitter e os computadores da secretaria regional. A trapalhada expôs o uso da máquina pública durante a campanha.

A ação da Secretaria é um ato isolado ou forma parte de uma estratégia de comunicação? Como identificar os componentes deste comando digital que passou a usar o aplicativo
 Carlitonarede? Uma busca na internet relaciona os nomes e endereços de todos os que simultaneamente divulgaram as mesmas mensagens. Entre os nomes há secretários - dois estão claramente identificados -, comissionados e militantes, até perfis falsos replicam as mensagens #Carlitomais4, #FicaCarlito e outras semelhantes. O uso de perfis falsos ou apócrifos como @falajoinville,  @joinvilense160 devem ser investigados. 

As mensagens identificadas e anexadas a este post permitem provar a ilegalidade cometida, mesmo que o perfil oficial da secretaria foi retirado e os post apagados, mesmo depois que houve um intento tosco de apagar o rastro ficaram pegadas fáceis de seguir na rede.


O uso flagrante da máquina pública, representado pelo uso de computadores, endereços oficiais e outros bens públicos para fazer campanha política, é ilegal. Ainda há que considerar que todas as mensagens anexadas - e centenas de outras foram enviadas antes do início oficial da campanha eleitoral - terem sido enviadas durante o horário comercial, tempo em que supostamente os cabos eleitorais digitais deveriam estar dedicados a atender e servir a população que paga seus salários.













O bom senso sugere que esta situação fere princípios constitucionais, como o da impessoalidade. Há quem identifique também o da igualdade - todos os candidatos devem ter as mesmas condições, diferentemente do que ocorre nesse caso, em que um deles está utilizando a máquina pública para promoção pessoal.  Para os mais interessados esses dois princípios estão no art. 37.  Tampouco é demais lembrar que a publicidade do agente público não pode servir para promoção pessoal, o que está no art. 37, §1º. Ainda seria oportuno citar a Resolução nº. 23.370/2011 do TSE que define as condutas proibidas aos agentes públicos.

Permitir o uso da máquina publica é conceder uma vantagem desproporcional a um dos candidatos e é o papel da sociedade denunciar estes abusos. O papel da justiça é fazer que seja cumprida a lei e que se garanta a igualdade de oportunidades a todos os candidatos.




sábado, 7 de julho de 2012

O palhaço nosso de cada dia


POR OSNY MARTINS
Seria cinismo, falta de visibilidade política ou aposta na memória curta do eleitor?
Quem sabe não seria sede pela manutenção do poder e das benesses oriundas do magistral cargo de vereador? O que estaria levando a grande maioria dos nossos 19 vereadores de Joinville, a buscar a reeleição depois de protagonizarem uma das piores e mais criticadas legislaturas já vistas na cidade?

Correto estará o vereador que responder laconicamente se tratar de um direito democrático legítimo. E é sim. Direito que todos eles tem, afinal de contas, para se candidatar a vereador ou, como é o caso, a reeleição como vereador, basta preencher os preceitos legais do TRE. Nem a história do ficha limpa ta valendo, nem a consciência particular de cada um. Nem quaisquer outros argumentos que lembrem balanço das atividades prestadas. O que vale, pelo jeito, é o custo/benefício da decisão da candidatura.

Em caso de vitória, mais quatro anos para se locupletar no pseudo poder que usufrui um vereador. Em caso de derrota, a certeza de que se buscou até o fim permanecer nesta espécie de pedacinho do paraíso. Paraíso perfeito para quem não é acomodado. Sim, porque comodismo é chegar ao poder e não fazer nada. No caso da Câmara de Vereadores de Joinville, o que se tem visto é exatamente o contrário. Com exceções, nossos simpáticos ocupantes de cadeiras na Casa, trabalham e trabalham muito.

Claro que às vezes eles se enganam e o trabalho árduo que exercem não vai ao encontro de quem deveria: o povo. Mas que trabalham, isso é inquestionável. Trabalham pela reeleição. É a obstinação pelo cargo com o qual se identificaram tanto. Salário bom, mordomias melhor ainda, equipe numerosa paga com o dinheiro público, carro alugado às custas dos cofres municipais, ar condicionado, material de expediente e tudo que mais lhe convier no árduo exercício de... digamos... trabalhar pelo povo.

Há... E o horário de trabalho também é uma facilidade. Escolha individual de cada um. Nem nas apáticas sessões da Câmara se é obrigado a comparecer. Talvez uns 5 ou 10 minutos e nada mais. Uma desculpa de trabalho de base, reunião aqui ou acolá ou quaisquer outras justificativas pra lá de convincentes. Também não há necessidade de se fazer presentes nas inúmeras sessões especiais do Legislativo. Outorga de prêmio de Cidadão Benemérito ou Honorário só serve mesmo para ganhar espaço na mídia. Tanto que o que se viu nos últimos tempos foi um constrangedor esvaziamento na maioria destas ocasiões.

Não há bom senso, boa educação, nem tampouco sensatez. Eu quero o meu e ponto final. Tenho os meus esquemas, as minhas reuniões, os meus bairros, a minha agenda. A pauta da Câmara – o que é isso mesmo? -. que se lixe. E que tal organizar um grande encontro com um tema pertinente? Usa-se a estrutura da Casa, paga com o dinheiro público, chama-se a imprensa, o povo, mostra-se serviço e nada vai além da própria reunião ou o nome que se dê ao “evento”.

Saúde é um tema sempre recorrente. Vamos chamar esse povinho que adora falar em público. Dar vez e voz pra ele. Mostrar que estamos interessados na sua doença, no seu drama. Mostrar serviço e, de preferência, socar a mesa com raiva para protestar contra o descaso dos governantes de todos os níveis com o panorama em que a saúde se encontra. Mas há também a duplicação da BR-280, a federalização da Univille, o trânsito citadino e a falta de viadutos. Que tal um túnel no Morro do Boa Vista ligando o Saguaçu a Papa João XXIII?

É tão fácil mostrar serviço... E o apoio aos protestos pelos buracos na rua? Não se pode esquecer a ida aos aniversários, casamentos, batizados e velórios. Afinal de contas, o eleitor simples adora ver autoridades presentes em sua casa, no seu bairro. Vamos fazer valer nossa condição. Somos os homens da lei na cidade – ainda mais agora que distribuímos verbas. Somos bonzinhos, devolvemos o dinheiro que não gastamos e ainda mandamos o prefeito aplicar aqui, lá e acolá e ai dele se não aceitar nossas sugestões.

É uma receita perfeita. Vereador ganha bem, trabalha quase nada e ainda posa de benfeitor, obreiro e engana ter a caneta na mão. Quando não tem saída, lembra com cara de tadinho, que só pode legislar e fiscalizar. O resto é com o prefeito. Mas quando tem o poder de decidir, decide nada decidir, como quando não definiu o número de vereadores da Câmara, apesar de todo o apelo popular.

Mas isso é só um detalhe. O povo nem lembra mais direito dessa história. Ele quer votar em quem mostra força, mostra poder. Vota em quem conhece. O coitado do candidato novo, não tem dinheiro, não tem estrutura, não tem assessores, não tem sequer apoio partidário muitas vezes. Então, a reeleição, por mais incompetente que tenha sido o titular do mandato de quatro anos, estará infinitamente mais fácil do que o novo candidato a vereador.

Culpa por este triste e injusto cenário é do vereador? Claro que não. É de quem? Quem sabe digam se tratar da conjuntura, da situação como um todo, das regras eleitorais, da democracia como se desenha... Tudo lorota. Desculpa esfarrapada. A culpa é nossa mesmo. Vereadores sempre continuarão se comprometendo cada vez menos, se incomodando cada vez menos, exercendo seu poder cada vez de forma mais objetiva em busca da reeleição e o resto que corra atrás do prejuízo. Bem no estilo, montei meu circo e vamos ao picadeiro porque a platéia quer rir e se divertir até o fim do espetáculo. Misto de ignorância e masoquismo popular, mas, claro, o show tem que continuar!

Osny Martins é radialista

MELHOR E PIOR - Semana 13