POR FELIPE SILVEIRA
O resultado da eleição gera uma cachoeira de opiniões. A direita comemora a diminuição do PT, a esquerda passa a dizer que o pobre não sabe votar, simpatizantes passam a sugerir estratégias eleitorais, anarquistas comemoram as abstenções, militantes começam a discutir os erros internos…
O problema é que algumas dessas opiniões, que mais parecem certezas em alguns discursos, escondem alguns enganos. O maior deles é dizer que o pobre não sabe votar, que votou no vilão etc. Primeiro que este argumento é tentador, mas não passa de um bode expiatório, algo para disfarçar a nossa própria culpa. As pessoas votam no que parece melhor para elas e é nossa responsabilidade não nos colocarmos como a melhor alternativa.
Outra coisa bizarra desta enxurrada de pitaco é o tanto de gente dizendo o que aqueles que perderam deviam ter feito. Não questiono a boa vontade, mas onde estavam essas pessoas antes da eleição? Uma boa parte das opiniões é coisa que a gente já sabe, que já discutimos, mas que achamos melhor não fazer ou não tivemos braços para isso. Algumas pessoas mal fizeram o cadastramento biométrico, mas querem dizer como a campanha deveria ter sido feita. Eu agradeço as sugestões, mas sugiro que a pessoa faça isso com pelo menos alguns meses de antecedência na próxima.
Acho que toda a discussão é bem válida, legítima, mas acredito que devemos avançar no que podemos fazer a partir de agora para resistir aos ataques governamentais e também para construir a alternativa para as próximas disputas.
A primeira coisa é para de falar de político como se isso fosse algo extraterrestre, distante de nós. Aceitemos a nossa condição de ser político e façamos a nossa parte.
Outra coisa é criar mecanismos e participar de movimentos de fiscalização coletiva do poder público. Há diversas formas de fazer isso, seja por meio de imprensa alternativa ou de núcleos de análise de dados, transformando isso em demandas que serão apresentadas pela população.
Também vale a pena começar a frequentar os espaços públicos de debate político, como os fóruns específicos, associações, sindicatos e a própria Câmara de Vereadores. Essas são apenas algumas coisas que podemos fazer para começar o processo de transformação social que desejamos.
Você pode fazer outras sugestões nos comentários e começar a botar a mão na massa. É melhor do que ficar procurando culpados e desculpas.
Faça você mesmo!