segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Joinville: quem ganha e quem perde?
POR JORDI CASTAN
Escrevo com os resultados ainda quentes. E a pergunta é quem
ganha e quem perde depois de abrir as urnas. Nada de fazer adivinhação só uns
comentários e o tempo dirá qual o percentual de erro ou de acerto.
QUEM GANHA
Udo Dohler - Sem dúvida, o grande vencedor é o prefeito Udo Dohler. Carregou o PMDB nas costas. O PMDB que tinha quatro vereadores agora tem cinco e fez os vereadores mais votados. Dois dos eleitos são ex-secretários municipais. O prefeito sai fortalecido deste pleito.
Udo Dohler - Sem dúvida, o grande vencedor é o prefeito Udo Dohler. Carregou o PMDB nas costas. O PMDB que tinha quatro vereadores agora tem cinco e fez os vereadores mais votados. Dois dos eleitos são ex-secretários municipais. O prefeito sai fortalecido deste pleito.
Fernando Krelling - Foi o vereador mais votado da história de
Santa Catarina. Uma nova liderança que será bom acompanhar de perto. Será o próximo
presidente da Câmara de Vereadores e tem um futuro promissor se não for
torpedeado pelos barões do PMDB histórico, antes de empreender voo.
PMDB - Ainda o PMDB de Udo saiu renovado, pois dos cinco vereadores três são novos. Para quem defende a renovação na política local mais uma boa
notícia.
Jéssica Michels - a simpática e espevitada candidata do PSOL mostrou que há espaço para fazer uma campanha com criatividade e poucos
recursos. Só não se elegeu porque seu partido não alcançou o coeficiente
eleitoral mínimo para eleger um vereador.
Causa animal - A causa animal também saiu fortalecida. Fazer foto com
cachorrinho em braços e se apresentar como defensor da causa animal dá mais
votos que ser defensor dos direitos humanos, das minorias ou do meio ambiente.
Este pessoal tem voto “pra cachorro”. A Joinville que vota contra o corredor ecológico
do Bugio Ruivo é a mesma que elege dois vereadores que defendem a causa animal.
Marilisa Boehm - Foi a melhor surpresa desta eleição. Se
tivesse sido cabeça de chapa, o resultado poderia ter sido outro.
Renovação - Quem defendia a renovação no Legislativo, porque a renovação foi de quase 60%. Se consideramos a enorme vantagem que representa buscar a reeleição este dado ganha mais peso. Menos da metade se reelegeram.
Renovação - Quem defendia a renovação no Legislativo, porque a renovação foi de quase 60%. Se consideramos a enorme vantagem que representa buscar a reeleição este dado ganha mais peso. Menos da metade se reelegeram.
QUEM PERDE
Ainda há que esperar o resultado do segundo turno, mas o
modelo republicano sai mais frágil a cada nova eleição. Só com um grande
esforço é possível imaginar este Legislativo fiscalizando o próximo Executivo.
PT - Perdeu o Partido dos Trabalhadores, que não elegeu nenhum vereador. Ficou longe,
muito longe aquele PT que já teve 3 ou 4 vereadores e administrou Joinville. É provável
que acabe menor que o PSOL.
PP - É outro que saiu destas eleições muito menor do que
entrou. Outro partido que não elegeu nenhum vereador. Mesmo tendo candidato na majoritária
fez menos de 2% dos votos. Pouco muito pouco.
Marco Tebaldi - Chegou a estar em segundo nas pesquisas. As
urnas mostraram que não tinha fôlego para aguentar toda a corrida. Foi desinchando
à medida que a eleição foi avançando. O resultado alcançado e a sua situação
política o deixam numa posição muito delicada e que impacta diretamente o seu
partido.
PSDB - O partido dos tucanos também sai menor do que entrou.
PSDB - O partido dos tucanos também sai menor do que entrou.
Maycon Cesar, Bisoni, Adilson Mariano e João Carlos Gonçalves
são nomes que não estarão no próximo legislativo. Sem eles a Câmara ficara mais monótona e perderá emoção.
SEGUNDO TURNO
O segundo turno é uma nova eleição. As regras do jogo mudam,
o tempo de propaganda é o mesmo para os dois candidatos. Joinville terá que
escolher entre o candidato “honesto” - que não faz - e a incógnita que representa o
deputado estadual que converteu seu desejo de governar Joinville numa cruzada
pessoal. Se mostrar a competência mostrada até agora na aplicação dos
ensinamentos bíblicos e repete os milagres citados por Mateus15:32-39,
Joinville pode ter muito a ganhar. Se unir ao milagre da multiplicação a
virtude da generosidade e do desprendimento o resultado será bom para todos.
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
Eleições em Joinville: um candidato, um livro
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Falta pouquíssimo tempo os eleitores joinvilenses irem às urnas. Os candidatos a prefeito estão a viver um período de maior calma. Como ele vão aproveitar esse tempo? Ora, atrevo-me a sugerir a leitura de alguns livros que, no meu modesto entendimento, podem proporcionar momentos de descanso, aprendizado e até de reflexão. E lembrei-me de alguns títulos interessantes para indicar a cada um dos candidatos.
UDO DOHLER
A peste – Albert Camus
A história se desenrola em Oran, uma cidade onde o que importa são os negócios e as relações humanas recebem pouca importância. Um dia ratos invadem a cidade para morrer, num prenúncio de que algo de muito mau está por vir. A população entra em estado de negação e as se negam a reconhecer a epidemia. Até que as consequências se tornam avassaladoras. Parece apenas a história de uma epidemia, mas o autor Albert Camus explicou, tempos depois, ser uma alegoria dos regimes totalitários. A época em que se passa a ação – o livro foi escrito durante a Segunda Guerra – não é despicienda.
MARCO TEBALDI
The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde – Robert Louis Stevenson
A hipocrisia é um dos temas de fundo do livro. Ou seja, um embate entre o lado “sujo” e o lado “limpo” de um homem: o Dr. Jekill, que vive entre duas personalidades. De um lado, o homem que se autorreferencia como alguém de conduta exemplar. Do outro, uma personalidade de escrúpulos duvidosos, que não se coíbe em cometer vilanias. Há uma poção (talvez uma representação metafórica do poder) que produz essa transmutação.
RODRIGO BORNHOLDT
Cândido – Voltaire
O livro narra a história de Cândido, um jovem que vive pelos ensinamentos do seu mentor, o professor Pangloss, um filósofo dogmático e otimista. Por mais desgraças que visse, o velho mentor dizia sempre “tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”. Por seu lado, quando começa a perceber que o mundo produz muitas desilusões, Cândido começa a se desgostar com a realidade e passa a usar um novo lema de conduta: “devemos cultivar o nosso jardim”.
IVAN ROCHA
As aventuras de Huckleberry Finn – Mark Twain
O livro narra a história de um jovem que se sentia um outsider na sociedade em que vivia. Um dia Huck decide abandonar essa sociedade e empreende uma fuga (que aqui pode ter um valor metafórico). Na jornada encontra Jim, um escravo que também busca a liberdade e juntos partem para uma vida de aventuras. É uma história que fala sobre dilemas éticos e morais, tendo como pano de fundo um ambiente de violência civilizacional.
DR. XUXO
Leite Derramado – Chico Buarque
É a história de um homem, já velho e prostrado numa cama de hospital, que faz um monólogo acerca de uma saga familiar. O pano de fundo é a decadência social e econômica, em meio a um ambiente marcado por preconceitos, corrupção e machismo, para citar apenas estas distopias da sociedade brasileira. O que mais chama a atenção no livro é a narrativa por vezes aleatória, outras circular e sempre cheia de recomeços.
CARLITO MERSS
O Marinheiro de Perdeu as Graças do Mar – Yukio Mishima
Quem quiser encarar o livro como um simples romance vai encontrar uma história de erotismo, poesia e sacrifício. Mas Yukio Mishima é mais que isso. A história pode também ser uma metáfora do homem que deixa o seu habitat natural (o mar) para viver em outro (terra firme). Mas nesse ambiente os valores são outros e não tarda até que o marinheiro seja julgado e perca a grandeza, a glória e o brilho. Afinal, como alerta o próprio autor, “a glória, como vós sabeis, é uma coisa amarga”.
DARCI DE MATOS
Vinhas da Ira – John Steinbeck
Vinhas da Ira narra a trajetória de uma família pobre de agricultores, num processo de migração de um estado para outro. Durante muito tempo tinham vivido como meeiros numa propriedade agrícola, mas a vida foi ficando cada vez mais difícil e viram-se obrigados a procurar um novo lugar para viver. A revela uma sociedade onde as pessoas trabalham duro e são mal remuneradas. O livro faz uma crítica política (e incomodou muitos políticos).
UDO DOHLER
A peste – Albert Camus
A história se desenrola em Oran, uma cidade onde o que importa são os negócios e as relações humanas recebem pouca importância. Um dia ratos invadem a cidade para morrer, num prenúncio de que algo de muito mau está por vir. A população entra em estado de negação e as se negam a reconhecer a epidemia. Até que as consequências se tornam avassaladoras. Parece apenas a história de uma epidemia, mas o autor Albert Camus explicou, tempos depois, ser uma alegoria dos regimes totalitários. A época em que se passa a ação – o livro foi escrito durante a Segunda Guerra – não é despicienda.
MARCO TEBALDI
The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde – Robert Louis Stevenson
A hipocrisia é um dos temas de fundo do livro. Ou seja, um embate entre o lado “sujo” e o lado “limpo” de um homem: o Dr. Jekill, que vive entre duas personalidades. De um lado, o homem que se autorreferencia como alguém de conduta exemplar. Do outro, uma personalidade de escrúpulos duvidosos, que não se coíbe em cometer vilanias. Há uma poção (talvez uma representação metafórica do poder) que produz essa transmutação.
RODRIGO BORNHOLDT
Cândido – Voltaire
O livro narra a história de Cândido, um jovem que vive pelos ensinamentos do seu mentor, o professor Pangloss, um filósofo dogmático e otimista. Por mais desgraças que visse, o velho mentor dizia sempre “tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”. Por seu lado, quando começa a perceber que o mundo produz muitas desilusões, Cândido começa a se desgostar com a realidade e passa a usar um novo lema de conduta: “devemos cultivar o nosso jardim”.
IVAN ROCHA
As aventuras de Huckleberry Finn – Mark Twain
O livro narra a história de um jovem que se sentia um outsider na sociedade em que vivia. Um dia Huck decide abandonar essa sociedade e empreende uma fuga (que aqui pode ter um valor metafórico). Na jornada encontra Jim, um escravo que também busca a liberdade e juntos partem para uma vida de aventuras. É uma história que fala sobre dilemas éticos e morais, tendo como pano de fundo um ambiente de violência civilizacional.
DR. XUXO
Leite Derramado – Chico Buarque
É a história de um homem, já velho e prostrado numa cama de hospital, que faz um monólogo acerca de uma saga familiar. O pano de fundo é a decadência social e econômica, em meio a um ambiente marcado por preconceitos, corrupção e machismo, para citar apenas estas distopias da sociedade brasileira. O que mais chama a atenção no livro é a narrativa por vezes aleatória, outras circular e sempre cheia de recomeços.
CARLITO MERSS
O Marinheiro de Perdeu as Graças do Mar – Yukio Mishima
Quem quiser encarar o livro como um simples romance vai encontrar uma história de erotismo, poesia e sacrifício. Mas Yukio Mishima é mais que isso. A história pode também ser uma metáfora do homem que deixa o seu habitat natural (o mar) para viver em outro (terra firme). Mas nesse ambiente os valores são outros e não tarda até que o marinheiro seja julgado e perca a grandeza, a glória e o brilho. Afinal, como alerta o próprio autor, “a glória, como vós sabeis, é uma coisa amarga”.
DARCI DE MATOS
Vinhas da Ira – John Steinbeck
Vinhas da Ira narra a trajetória de uma família pobre de agricultores, num processo de migração de um estado para outro. Durante muito tempo tinham vivido como meeiros numa propriedade agrícola, mas a vida foi ficando cada vez mais difícil e viram-se obrigados a procurar um novo lugar para viver. A revela uma sociedade onde as pessoas trabalham duro e são mal remuneradas. O livro faz uma crítica política (e incomodou muitos políticos).
Labels:
Albert Camus,
Carlito Merss,
Chico Buarque,
Darci de Matos,
Dr. Xuxo,
John Steinback,
livros,
Marco Tebaldi,
Mark Twain,
Rodrigo Bornholdt,
Udo Dohler,
Voltaire,
Yukio Mishima
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Comentário a respeito de Belchior
POR FILIPE FERRARI
Esse é um texto amargo, porque são tempos difíceis. (Não me peça que eu lhe faça uma canção como se deve...)
Ontem, um conhecido falou sobre a "festa" da
democracia, defendendo seu direito de fazer campanha em um espaço de diversão e
descontração para colegas de trabalho. O problema é que esta festa está mais
para festim canibalístico, onde todos querem se devorar, e gente comum tentando
tirar o seu da reta pra não virar aperitivo. Se não é festa, é circo, onde quem
acha que é festa está maquiando os palhaços. (mas não se preocupe meu amigo/ com os horrores que eu lhe digo / isso é somente uma canção / a vida realmente é diferente / quer dizer / a vida é muito pior”)
A democracia representativa não é nada mais do que uma
armadilha para a dilaceração dos incautos. Repudio quem a instrumentaliza para
seus atos, para buscar seus cargos, para manter seus privilégios às custas dos
menores, dos fracos. Admiro quem acredita nela, mas admiro a ingenuidade, a
força de mudança que existe antes de ser tratado pela máquina. Talvez esse seja
o combustível da máquina. Mas com combustível sabemos o que acontece: vira
fuligem, suja as mãos mais limpas. (Se você vier me perguntar por onde andei/ no tempo em que você sonhava / de olhos abertos, lhe direi / amigo, eu me desesperava)
Durante um bom tempo da minha vida, não votei. Anulava,
os tempos não exigiam. Já se sabia quem levaria, e o outro lado não parecia TÃO
pior. Hoje não. Se eximir do voto hoje é abrir brechas. Somos obrigados a
votar, não apenas pela lei, mas pela barbárie. São tempos difíceis. (como é comum no seu tempo / que ficou desapontado / como é comum no seu tempo / que ficou apaixonado e violento como você / eu sou como você )
Acho muito belo pensar no companheirismo, na
solidariedade, mas que mundo é esse que nos pede solidariedade e nos soterra de
trabalho? Onde está o tempo para os amigos? Para a construção dos sentimentos
comunitários mútuos? (Mas o dinheiro é cruel e um vento forte soprou os amigos)
"A esquerda agoniza", insiste um "jenial" Anônimo aqui do blog. Pior que há momentos em que acredito nisso. A esquerda
agoniza em sua própria vaidade, na sua dificuldade de articulação, renovação e
tolerância. Já a direita, que agora tripudia e se exalta no Brasil, será
engolida pelo monstro que está a criar. ([…]
mas sei que nada é divino / nada, nada é maravilhoso / nada, nada é sagrado /
nada, nada é misterioso, não”)
*Texto livremente inspirado no excelente artigo que esses dias rodou pela internet sobre um dos maiores letristas da América do Sul.
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
Assinar:
Postagens (Atom)