terça-feira, 27 de setembro de 2016

Udo, Tebaldi ou Darci? Venha o diabo e escolha...
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Há quem venha defendendo a tese há meses. Darci de Matos só não ganha as eleições para a Prefeitura de Joinville se não quiser. Ou seja, só não será o próximo prefeito da cidade se cometer erros crassos e não souber aproveitar o momento. Quer dizer, pode ser uma questão de estar no lugar certo e na hora certa. Hummm... talvez. Mas será que ele está a fazer as coisas da melhor maneira?

Há nuvens no horizonte. A pesquisa do Ibope divulgada há pouco mais de uma semana mostrava o candidato do PSD num incômodo terceiro lugar, com 20% na preferência do eleitorado. Ou seja, dois pontos percentuais atrás do tucano Marco Tebaldi. No entanto, a margem de erro aponta para um empate técnico e Darci de Matos tem uma palavra a dizer. Os humores dos eleitores mudam, as pesquisas falham.

Um overview do quadro eleitoral faz relembrar o velho carma dos joinvilenses: o dilema de escolher o candidato menos ruim. E menos ruim, vale lembrar, ainda é ruim. Mas a coisa vai de mau a pior. Muitos temem o cenário mais aziago: um segundo turno entre Udo Dohler, que tenta a reeleição e lidera as pesquisas, e Marco Tebaldi, que pretende uma volta à Hermann Lepper.

Udo Dohler tem usado o maior tempo de televisão e os recursos dos marqueteiros para pintar o quadro bonito da sua administração. Mas soa a falso. E, como já escrevi, o atual prefeito tornou-se 100% político. Isso significa que as suas balizas morais e éticas tornaram-se mais maleáveis. Aliás, as ações judiciais contra Udo Dohler, movidas por adversários que o acusam de abuso de poder político, mostram que a pintura está borrada.

Marco Tebaldi tem problemas que vêm de longe. O candidato do PSDB tem enorme dificuldade em se descolar da imagem de ficha suja. E não é para menos. Quem não se lembra das manchetes? “Deputado Marco Tebaldi é condenado por desvio de dinheiro público, mas não terá que cumprir pena”, escreveu o jornal A Notícia, em 2014. Apesar de se autodenominar “ficha limpa”, a imagem de condenado grudou-lhe na pele.

Isso significa que o caminho pode estar aberto para Darci de Matos. É uma questão de passar ao segundo turno. Porque aí a rejeição vai ter peso decisivo. Eis os números revelados pela mesma pesquisa: Udo Dohler com 22% de rejeição, Marco Tebaldi com 21% e muito distante aparece Darci de Matos, com apenas 8%. Num segundo turno, Udo Dohler teria que trabalhar em duas frentes: conquistar votos e diminuir a rejeição (texto sobre a rejeição).

Neste quadro, Darci de Matos seria um candidato muito mais difícil de bater. Ou seja, a passagem de Marco Tebaldi ao segundo turno seria motivo de festa para a entourage de Udo Dohler (cada vez mais acometida de húbris). Significa que Darci de Matos é o melhor candidato? Nem por isso. Mas como nunca sentou na cadeira de prefeito traz a vantagem de não ter uma imagem desgastada. E esse é o calcanhar-de-aquiles dos seus dois principais oponentes.

Mas restam poucos dias para sabermos o que nos reservam as eleições. E, no frigir dos ovos, socorro-me de um velho ditado português: entre Udo, Tebaldi e Darci, que venha o diabo e escolha.


É a dança da chuva.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Udo Dohler: trocar cargos por tempo de TV não suja as mãos?


POR JORDI CASTAN


Continua imperando em Joinville a velha política, aquela que por caminha no limite da legalidade e à margem da ética e da moral. A dos velhos políticos que fazem de conta que são honestos. A dos que se vangloriam de ter as mãos limpas. Os que posam de paladinos da moral. Os que iludem o eleitor se apresentando como os donos exclusivos do monopólio da honestidade. Há coisas que são imorais. E se é imoral não é honesto.

Nesse cenário é difícil o eleitor achar errado que o prefeito use do seu direito legal de indicar para ocupar cargos de livre nomeação a cinco presidentes e diretivos de partidos políticos que formam parte da coligação “Juntos no Rumo Certo”.

- Nomeou como Secretário da Assistência Social, por Decreto Municipal no 26.882, o Sr. VAGNER FERREIRA DE OLIVEIRA, Presidente do Partido PROS. 
- Nomeou como Diretor Executivo da Fundação Cultural de Joinville, mediante Decreto MunicipaL no 27073, o Sr. EVANDRO CENSI MONTEIRO, sendo este Sr. Presidente do Partido PTC.
- Nomeou Secretário da Habitação, por Decreto Municipal no 27074, o Sr. ROMEU DE OLIVEIRA, sendo este Presidente do Partido PTB.
- O Sr.NATAL DE FREITAS foi nomeado para o cargo de Coordenador I da Área de Manutenção de Veículos e Equipamentos, por Decreto Municipal Municipal no 27.242, sendo este Presidente do Partido Comunista do Brasil.

Assim o prefeito comprou apoio politico do PC do B, do PTC, do PTB e do PROS e praticamente dobrou o tempo de televisão na campanha politica.

TEMPO DE MIDIA PARTIDÁRIA EM BLOCOS MAJORITÁRIA - 2016
PTB – 00:49
PROS – 00:24
PC do B – 00:21
PTC – 00:11
TOTAL DE TEMPO: 1 minuto e 45 segundos.

TEMPO DE MIDIA PARTIDÁRIA EM INSERÇÕES PROPORCIONAIS - 2016
PTB – 03:22
PROS – 01:32
PC do B – 01:17
PTC – 00:33
TOTAL DE TEMPO: 6 minutos e 44 segundos.

A tabela mostra o total de tempo eleitoral agregado após a concretização do acordo de compra de apoio politico.

Todos ganharam cargos na Prefeitura em troca de apoio à reeleição do prefeito. Esse apoio se traduz em precioso aumento de tempo para a campanha no rádio e na televisão. Isso poderia ser apenas imoral e, portanto “simplesmente” desonesto. Mas é muito mais que isso: o prefeito está pagando tempo de televisão para a campanha da sua reeleição com dinheiro público. O candidato se apresenta ao eleitor como o prefeito de mãos limpas, usando o tempo de TV que comprou com dinheiro público. Isso é trágico. Mas há algo ainda pior: nenhum deles é especialista no cargo que ocupa, em consequência, prestam um mau serviço ao público. 

A lei permite que os políticos coloquem seus apadrinhados em cargos públicos para ganhar eleições. Não é ilegal, mas tampouco são as atitudes de alguém que depois possa presumir de ter as mãos limpas. O prefeito tem se convertido num funâmbulo da legalidade, vive caminhando à margem da moral, ultrapassando uma linha que para ele é cada dia mais elástica. Ao trocar cargos por apoio, o prefeito usou dinheiro público para comprar mais tempo de televisão. Dinheiro público que é bom que se diga é dinheiro nosso, de todos os que pagamos impostos.

Nesse flertar constante com o lado de cá da legalidade e do lado de la da ética, o prefeito usa de dinheiro público para cooptar entidades. A sua ausência de princípios se traveste de doação. O prefeito doa o seu salário a entidades beneficentes e sociais de Joinville. Aparentemente não há nada de ilegal na doação. Mas se o objetivo fosse mesmo desinteressado o caminho correto seria o de renunciar ao salário, ou reduzir o seu salário, se legalmente essa não fosse a melhor opção porque fosse difícil de aplicar, o caminho republicano de agir seria o de devolver o salário ao caixa da Prefeitura como doação e este dinheiro passaria a compor o orçamento municipal. 

Quando escolheu doar o dinheiro a algumas entidades, há um direcionamento que deixa de ser impessoal e passa a privilegiar a unas em detrimento de outras passou a fazer uma doação com dinheiro público. É ilegal? Há quem ache que o prefeito esta cooptando estas entidades e que possa haver uma ilegalidade. O que com certeza é imoral. Mas o prefeito tem demonstrado que sua visão do que é ético e moralmente correto é subjetiva. Mais que subjetiva ela é flexível, maleável, se adapta convenientemente às suas necessidade. E tão maleável que o qualifica para que possa se apresentar como o segundo homem mais honesto do universo. Se tudo isso for mesmo legal, nos deparamos com o desafio de reconsiderar o próprio conceito de honestidade.




sábado, 24 de setembro de 2016

Não há cidade inteligente sem um prefeito inteligente

POR CHUVA ÁCIDA


Quando propôs uma pergunta aos candidatos a prefeito, a intenção do blog era trazer um tema que não entra na agenda dos políticos. Mas também tentar saber até que ponto eles estão conectados com ideias como o conceito de "cidades inteligentes" (isso hoje é uma obrigação). É claro que os prefeitos estão sempre mais preocupados com as filas nos hospitais do que com a "internet dos objetos", mas não existe planejamento sem um olhar para o futuro. Não há cidade inteligente com prefeitos desprovidos de inteligência.


Parece apenas conversa, mas não. O futuro que chega a passos apressados. Os últimos 15 anos foram marcados por evoluções disruptivas que mudaram a forma de viver das pessoas e a economia. Tudo mudou. A indústria, o comércio, os serviços e, principalmente, a mentalidades. As mudanças não param. O que antes exigia anos de pesquisa hoje é resolvido em tempo escasso. Nem é preciso grandes recursos técnicos, basta um smartphone.
Atenção ao que este robô faz. Porque em 10 anos ele pode ficar com o seu emprego.



Foi por essa razão que o Chuva Ácida convidou os candidatos a prefeito de Joinville para uma análise do tema. Só um recusou o convite. Os textos foram sendo publicados ao longo da semana, mas hoje reunimos todos eles, de forma a oferecer uma ideia geral das propostas. É um tema difícil. E para que o leitor e a leitora entendam do que estamos a falar, fica abaixo um filme a mostrar um robô que já existe e que em breve vai ocupar o lugar de seres humanos, nos trabalhos que não exigem especialização. 




Marco Tebaldi: Joinville é celeiro de startups de tecnologia
















POR MARCO TEBALDI


Já estamos vivendo a nova revolução industrial. Diariamente surgem novidades na era da informação. A quarta revolução industrial ou econômica já começou e anda a passos largos. Nos últimos 20 anos surgiram muitas empresas que da noite para o dia tornaram-se bilionárias.

Muitos garotos com uma idéia na cabeça, perseverança e muita vontade de fazer acontecer criaram grandes corporações. Um das primeiras e que se tornou uma gigante mundial é a Microsoft, criada há apenas 41 anos. Sim, é um tempo muito pequeno. Outros vieram como Yahoo, Google, Apple, enfim muitas dessas empresas.

Nosso município é celeiro de muitas startups de tecnologia, geradoras de emprego e renda. Percebemos isso há 12 anos, quando fizemos o Planejamento Estratégico de Joinville e definimos a vocação de desenvolvimento e as diretrizes de crescimento.

O governo municipal pode e deve criar condições de sermos um pólo tecnológico e incentivar o surgimento de empresas de tecnologia.

Para enfrentar estes desafios da posteridade temos de estar preparados e antever o futuro. Vai demandar um novo currículo educacional, que abandone a memorização de fatos e fórmulas para focar mais em criatividade e comunicação, coisas que as universidades brasileiras, em sua grande maioria, não estimulam.

No caso do ensino fundamental, responsabilidade do município, vamos implantar gradativamente a educação em tempo integral com um forte programa de incentivo e ensino de inglês, informática e empreendedorismo. Precisamos preparar Joinville para estes impactos que vão ocorrer em pouco tempo.

No Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça, especialistas apontam que 5 milhões de empregos serão destruídos, porém milhares de outros serão criados nas novas profissões. Por isso precisamos antever o futuro e criar políticas de enfrentamento contra as crises econômicas que são cíclicas.

Além da melhoria do ensino, podemos criar legislação que incentive novos empreendimentos, dotar a cidade de redes de internet públicas, atração de empreendedores eventos de incentivo para a busca de apoiadores de startups, entre outras iniciativas. São muitas as situações que um governo municipal pode incentivar, implementar para os desafios da Quarta Revolução Industrial.

E para finalizar, parabéns ao Chuva Ácida pelos cinco anos de existência.


Marco Tebaldi, deputado federal e candidato a prefeito de Joinville.

Carlito Merss: incentivos para a instalação de empresas de tecnologia


POR CARLITO MERSS

Este é um assunto importante para o futuro de Joinville. Mas é um futuro que já está acontecendo agora! É a chamada nova economia.

Todo se lembram que a gente pagava torpedo de celular pra mandar recado? Hoje tem o whatsapp, skype... de graça. As grandes locadoras tipo Blockbuster já nem existem mais por aqui. Foram substituídas pelo Youtube, Netflix, Now! E outros aplicativos de vídeos on demand. Tem muitas pessoas alugando sua casa aqui e em viagens pelo mundo via AirBnb.
O Facebook e o Google já fazem parte do dia a dia da gente. E, mais cedo ou mais tarde, o Uber chegará em Joinville e nenhum dos candidatos poderá fugir dessa discussão.

Pois é, o futuro já chegou. Todas estas empresas tem algo em comum: a inovação. O pensamento disruptivo faz parte do DNA de todas elas. E para que isso aconteça elas precisam de profissionais qualificados, geram emprego e renda. Uma nova economia digital que gira bilhões. Nós temos que nos preparar para acompanhar essa revolução.

Pensando nisso criamos o projeto Joinville 2020. A Prefeitura tem que ser a líder desse processo. Ela tem que fomentar a criação e facilitar a instalação de toda essa indústria da tecnologia por aqui. A Prefeitura vai chamar todo esse setor para conversar e tomar decisões em conjunto.

Que tal uma incubadora pública poderosa, um ninho de startups com acompanhamento técnico e de gestão? Que tal incentivos para instalação de empresas de tecnologia em nossa cidade. Não podemos negar nossa base industrial, porém precisamos ir adiante, enxergando novas matrizes de desenvolvimento.

Eu sei que a Prefeitura precisa primeiro fazer o básico, tapar os buracos e garantir remédio nos postos de saúde. Mas também sei que não podemos tapar os olhos e deixar esse novo mundo passar sem fazer nada. A gente precisa pensar diferente, ir além do comum.

E eu quero ser prefeito para fazer a diferença na vida de Joinville.

Carlito Merss é professor e candidato a prefeito de Joinville