terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O escândalo FHC? Não vem ao caso...
















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

As declarações da jornalista Mirian Dutra, que teve um romance com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foram o tema quente da semana passada. Mas apesar de aparecer aqui e acolá, o assunto esteve longe de ser manchete na velha mídia. A Globo, que estava diretamente implicada, não podia silenciar e abordou os fatos, claro. Mas sem fazer barulho. O tema passou batido para a maioria das pessoas que se informam pelos meios de comunicação tradicionais.

Foi diferente nas plataformas digitais, onde o caso Miriam Dutra-FHC ainda está na ordem do dia. Mais do que isso, o episódio levou à divulgação de fatos que estão a pôr FHC numa saia justa. A credibilidade do ex-presidente está  abalada, apesar de não haver grandes revelações: a maioria das denúncias é antiga, mas sem consequências. Será que desta vez vai haver resultados diferentes? É provável que não. Os tucanos estão blindadíssimos pela mídia e pela Justiça, mesmo com todas as evidências.

Não é da vida amorosa do ex-presidente que se pretende falar. As entrevistas de Mirian Dutra trazem uma declaração que exige muita atenção, porque revela a face do jornalismo na velha mídia. “Só olhar para o que aconteceu no segundo governo: as privatizações mais selvagens. Não podia dar errado, a Mirian não podia atrapalhar os grandes negócios. Está na hora de quebrar a blindagem desse pessoal. Mas onde estão os jornalistas, que não investigam?”, disse Mirian Dutra.

Onde estão os jornalistas? Ora, no que se relaciona ao núcleo duro da velha imprensa (os títulos que orientam o brasileiro médio) estão todos ocupados na caça ao ex-presidente Lula, que virou alvo depois da tentativa fracassada (agora reacesa) do impeachment de Dilma Rousseff. Em outro caminho, sobra a mídia alternativa, em especial o pessoal dos blogs nacionais, que, apesar das limitações financeiras, tenta fazer o contraditório. Mas as armas são desiguais. A velha imprensa ainda tem um poder econômico que a mídia alternativa sequer sonha ter.


Silêncios, omissões ou informações contaminadas são o resultado da postura de uma mídia que optou por fazer oposição partidária. E as recentes revelações sobre FHC expõem a relação incestuosa entre o tucanato e a mídia. O tema não vem ao caso. E a guerra midiática é desigual e a mídia tradicional está a vencer. Até quando? Não há certezas. Mas pelo menos uma previsão pode ser feita: o jogo vai virar. Porque apesar de haver muita gente a empurrar o Brasil para trás, a tendência é o digital.

E surgiu um fenômeno curioso. Foi divulgado, na semana passada, que o Partido dos Trabalhadores é o que mais atrai militantes jovens. E dá de goleada na oposição. Uma evidência salta à vista. Os jovens não se educam pela velha mídia e a informação vem pelas redes digitais, onde existe o contraditório. É natural, então, que percebam o massacre midiático dos últimos anos e, talvez por um desejo de equidade, optem por se ligar ao partido que é alvo desse ataque.

É a dança da chuva.




 A opinião de Bob Fernandes, numa visão similar à do texto, mas a falar da Justiça.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Vereador não é profissão. E dinheiro não nasce em árvores...


POR JORDI CASTAN

Novamente os vereadores fazem a farra com o nosso dinheiro. Comportam-se como um bando de adolescentes irresponsáveis que festam com o dinheiro dos pais. Já não há paciência para essa total falta de respeito com o dinheiro público. Essa história do aluguel dos carros da Câmara, por exemplo, já cansou. Ainda bem que há cada vez mais vereadores que renunciam a esta mordomia. É um alento que cinco vereadores não utilizem o carro alugado. Cinco são poucos, muito poucos, mas mostram que ainda resta um mínimo de vergonha entre os legisladores.

Pior é ver esse bando que tem feito da política a sua profissão, que vivem exclusivamente da sua atividade politica. Gente que não ganharia nunca, no mercado de trabalho, o que ganha como vereador. Sem contar todas as outras benesses e vantagens de que usufrui por conta do seu cargo. Há os que ainda acham pouco e cobram caixinha dos seus assessores, para aumentar ainda mais os seus ganhos. A situação há tempo que escapou do controle e, se não fosse por um recente TAC (Termo de Ajuste de Conduta), entre o nosso legislativo e o MPSC, o quadro atual seria ainda mais dramático.

A Câmara de Vereadores recebe uma parcela excessiva do orçamento municipal. E como sobra dinheiro, acaba sendo esbanjado com despesas desnecessárias, excessivas ou injustificáveis. E com a justificativa que há orçamento seguem gastando como se o dinheiro nascesse em árvores. A peroba resiste a tudo e a cada ano, amparados pelo discurso de boa gestão (essa é uma palavra que ultimamente me produz alergia, cada vez que a escuto) da economicidade, da moderação e lisura no trato da coisa pública, devolvem alguns milhões que não conseguiram gastar, apesar de todos os esforços feitos para tal fim. 

Não nos enganemos. O dinheiro que a Câmara devolve não é dinheiro economizado. É dinheiro que não conseguiram gastar. Nem com todas as viagens, diárias, reformas, obras e mais criativas invencionices, os vereadores conseguem gastar a fortuna nababesca a que o Legislativo tem direito, de acordo com a LOM (Leio Orgânica do Município). E todos os anos o presidente da Câmara se dirige aos joinvilenses, posando de bom administrador e a devolver uma parcela de dinheiro que não conseguiu gastar.

Está na hora de tirar a cangalha e começar uma mobilização contra todos esses abusos. Nas redes sociais, um grupo de cidadãos se propõe a promover os hashtag:



#semcarroalugado
#vereadorandadeonibus






Ainda não escolheu seu candidato? Aqui vão algumas dicas:
  • Usa carro alugado? Eu não voto. Vai de ônibus.
  • Mais de dois mandatos? Eu não voto. Quero renovação.
  • Tem plano de saúde pago com o meu dinheiro? Eu não voto. Que use o SUS.
  • Viaja para cursos de atualização a cidades turísticas? Tampouco ganha o meu voto.
  • Pula de galho em galho? Motivo a mais para não votar. Ficou fácil
Está mais que na hora de renovar essa Câmara. Vereador não é profissão. E seria interessante ver quantos ganhariam esse salário no mercado de trabalho.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Marisa decide: pão na mesa ou saúde?

POR ARIADNA STRALIOTTO AMARAL*

Na correria, com a agenda sempre cheia, imersos em nosso universo particular, nos distraímos facilmente. Na maior parte do dia, o nosso status é "ocupado". É fácil vacilar e se desconectar do mundo que nos rodeia. O egoísmo e esse olhar desatento são compreensíveis até certo ponto. A vida do brasileiro nunca foi fácil. Mas tivemos, sim, um tempo de respiro. Agora, o ar está rarefeito novamente e muitos não têm mais fôlego. A crise é sintomática.

No ônibus, de volta para casa, depois de um dia intenso de trabalho, Marisa conversa com a amiga, faz as contas e infere que gastaria R$ 200,00 com plano de saúde para ela e para a filha. Como coração de mãe pulsa com um amor maior, ela até se privaria do plano, se possível, e pagaria apenas para sua pequena. Mas não funciona assim. São duas alternativas: ela garante o plano para as duas ou recorre ao SUS quando precisar. Neste momento, a segunda alternativa é a mais viável.

A opção é essa porque as contas do orçamento doméstico de Marisa não fecham. Mãe solteira, ela trabalha de segunda a sábado para oferecer o melhor a pequena Beatriz. No fim do mês, sempre longo demais, ela recebe R$ 1000,00 de remuneração. Com o desconto do plano de saúde e dos demais encargos, seu salário seria resumido a menos de R$ 800,00. Nem precisar dizer que é insuficiente para quitar as despesas fixas e oferecer o essencial para sua filha. “Eu tenho que escolher entre ter o plano e comer. Não vai dar para ter o plano”, conclui ela como quem se justifica e lamenta por não conseguir fazer mais pela sua menina.

Ainda inconformada, Marisa conta que o mesmo plano de saúde para as duas, se particular, é oferecido ao custo médio de R$ 400,00 mensais. A conta realmente é absurda e incoerente, principalmente se pensarmos que o gasto com saúde é duplicado para uma parcela grande de cidadãos. Pagamos pela saúde pública, e pagamos, também, para ter acesso ao serviço de saúde privada. A essa altura já tem gente pensando: “Que bom que tenho condições de pagar os impostos e o plano de saúde”. Enquanto agradecemos por essa chance, nos recolhemos, mais uma vez, em nosso infinito particular, quase ignorando a realidade que grita: Marisa e muitos outros não podem custear um plano. Ter condições de pagar pelo atendimento particular não é a grande vantagem. No mundo ideal, eu, você e Marisa deveríamos ter acesso à saúde pública de qualidade, sem pagar nada além dos nossos impostos. Porém, em um movimento contrário ao cenário ideal, observamos que a dificuldade no acesso aos serviços de saúde é crescente.

Em Joinville, no início de 2016, o Hospital São José registrou um aumento de 30% no número de pacientes. São pessoas em situação semelhante à da Marisa.  Antes tinham plano de saúde e, agora, com o enxugamento dos gastos e com o desemprego, o plano é acessório. Como diz Marisa, em uma fala que soa exagerada, mas extremamente realista: "Ou eu coloco comida na mesa ou eu pago o plano." Já não é uma questão de escolha, a prioridade é óbvia.

Enquanto a saúde de mãe e filha não se mostra frágil, a vida segue com pão na mesa e o amor materno que, muitas vezes, alimenta até a alma. Mas, se no meio do caminho, Beatriz precisar de uma consulta ela pode se deparar com uma morosidade que parece sem fim. Hoje, em Joinville, a demora por uma consulta com especialista em unidade de saúde se estende por meses e, em alguns casos, anos. Enquanto alguns pacientes aguardam, outros sentem dor demais ou têm urgência na consulta. Não dá para esperar. A opção é buscar o atendimento particular na rede de saúde privada e pagar a conta mais uma vez. Agora, quando o paciente não tem recurso, a dor é insistente e o sofrimento também. A fé aumenta e os dias de espera são minuciosamente contados. A sorte está lançada. A torcida é pela força. A luta é pela vida.

Dependendo do caso, em situação de emergência, se a Marisa precisar de uma internação no Hospital São José, por exemplo, ela corre o risco de ficar no corredor. Em 28 de janeiro, o hospital registrou superlotação com 60 pacientes acima da capacidade da estrutura que dispõe de 26 leitos. O cenário poderia ter ficado pior. Além da estrutura insuficiente, o Zequinha, apelido dado por funcionários e pacientes ao hospital, poderia ter ficado com um time de médicos ainda mais enxuto. Em 4 de fevereiro, o prefeito Udo Döhler assinou portaria suspendendo, por tempo indeterminado, a matrícula de 38 médicos residentes. Segundo a administração municipal, a ação geraria uma economia de R$ 1,3 milhão por ano aos cofres públicos.

São os médicos residentes, com a orientação dos preceptores, que atendem os pacientes no pronto socorro do hospital. Eles aprendem, acolhem e prestam cuidado e assistência mesmo em um cenário embaraçoso, com recursos escassos. Se confirmada a suspensão, as consequências seriam desastrosas. Com a pressão da classe médica, das entidades, do sindicato e de pacientes, o prefeito Udo Döhler recuou. A portaria foi revogada no dia 10 de fevereiro e os médicos residentes serão contratados. A sensação é de alívio, mas não dá para comemorar. A administração só fez diferente pela força da lei e do clamor da população. A suspensão da contratação dos médicos residentes, muito possivelmente, configuraria a privação do direito à saúde, uma vez que a redução da equipe de profissionais implicaria diretamente na diminuição da capacitada instalada de atendimento do hospital. Menos médicos, menos vagas, menos vidas.

Impossível não se sensibilizar com as preocupações de Marisa. Não é preciso viver na pele a dicotomia “pão ou saúde” para compreender o tamanho do descaso com a saúde. Mas também é muito difícil visualizar formas de intervir e lutar por transformações efetivas no Sistema Único de Saúde. O cenário está embaraçoso e precisamos arregaçar as mangas e mostrar-nos interessados em fazer diferente ao lado da gestão pública. Não dá para esperar que a gestão faça mais, se não mostrarmos nossas reais necessidades e nosso poder de transformação. É preciso ver além do nosso infinito particular.

Enquanto não conquistamos avanços, principalmente no serviço público de saúde, devemos buscar alternativas para vivermos bem, garantindo a nossa qualidade de vida e de quem mais pudermos. Este passa a ser um exercício fraterno que requer empatia e pede para cada um pensar em si, no outro, e no coletivo. É assim que a gente descobre que vale mais a pena saborear o pão, viver o amor, e, de preferência, esquecer que a vida está sempre por um fio. Diante de qualquer fragilidade, pode faltar recurso para restaurar a saúde, dar um nó em um novo fio e recomeçar. O jeito é ser bem consciente: a saúde nos pertence hoje, amanhã não se sabe. Só por hoje, eu, Marisa, Beatriz, e, acredito que você também, desejamos um país e uma Joinville com mais transparência, mais saúde, mais vida.

* Ariadna Straliotto Amaral é jornalista

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O alto preço da Câmara de Vereadores de Joinville











POR VANDERSON SOARES
Milhões e milhões são gastos mensalmente para manter Câmaras Municipais,  Estaduais, Congresso e Senado. Este preço, na teoria, deveria ser um investimento com altíssimo retorno para a sociedade, mas devido muitos fatores, hoje é apenas mais uma despesa para colocar na conta. 

Vamos nos restringir a observar a Câmara de Vereadores de Joinville, desafio o leitor a elencar 10 leis que impactaram positivamente a vida do joinvilense e que tenha saído da cabeça de algum dos atuais vereadores. Não dá pra encher uma mão. Para quem não sabe o vereador tem basicamente 3 funções: 1) Fiscalizar as ações do executivo, 2) Analisar as propostas e projetos de lei vindas do Executivo e 3) Propor leis no âmbito municipal.

Além de não se ver projetos de lei de qualidade, quando se faz oposição, não é inteligente, é apenas por pirraça partidária. Dias atrás um vereador do PSDB alegou estar acelerando a tramitação de um projeto de lei simplesmente porque um deputado do mesmo partido solicitou (se o deputado não ligasse, ele ficaria sentado em cima do projeto até a data fatal?)

Um vereador tem direito a 7 assessores (que você nunca encontra nos gabinetes, porque na verdade são cabos eleitorais, ao que tudo indica), diárias para viagens (que muitas são “visitas e reuniões” de um final de semana inteiro a algum deputado em Florianópolis, que não resultam em nada real) e um carro alugado pela Câmara. 

Nestes últimos dias entrou em voga o gasto excessivo com carros para a CVJ. Dos 19 vereadores, 14 utilizam carros alugados, apenas 5 abriram mão desta regalia.  Estes 14 simbolizam um gasto de aproximadamente R$ 400. 000,00. (dividido por 12 meses, dá mais que o salário dos vereadores).

São mesmo necessários? Todos os vereadores tem um (ou mais) carro particular, todos num padrão médio/ alto e ainda assim é necessário um carro da Câmara? O pior é que todos estes que tem carro, tem também um motorista na sua equipe de assessores. 

Não consigo enxergar a necessidade de um vereador ter direito a carro e motorista. São somente vereadores e por mais que gostem de se chamar de “Vossa Excelência” vieram do povo e deveriam ter o estilo de vida que tinham. Parece que ao ser eleito vereador o rei enche a barriga destes e se desinteressam pela cidade e partem para seus projetos políticos particulares. Não vamos generalizar, há bons e coerentes vereadores, mas são raros e em extinção. 

As Câmaras de Vereadores não sentem a necessidade e não se esforçam para economizar, elas tem direito a uma porcentagem da receita do município e essa porcentagem é mais que suficiente para a devida operação da casa, por isso em quase todo mandato o presidente da Câmara inventa uma reforma, obra, implantação de sistema de catraca, um mezanino, etc. 

A solução é simples: Não reeleja ninguém, principalmente quem já fez da política sua carreira profissional e, além disso, observe currículo, analise biografia, escolha bem o servidor público que você vai votar. A cidade só irá pra frente com gente boa na prefeitura e na Câmara.  

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Mania de historiador


POR VALDETE DAUFEMBACK

De acordo com Hobsbawm, o papel do historiador é relembrar o que os outros esquecem. Talvez seja em face desta responsabilidade que o historiador tenha uma profunda empatia por folhas escritas que o tempo se encarregou de lhes conferir o status de documentos, uma das fontes de pesquisa para compor a narrativa histórica.

Particularmente, admiro quem consegue facilmente se desfazer de papeis após a sua utilização primária, ou excluir informações antigas do computador sem que o sensor interno ponha limites à capacidade de descarte.

 No turbilhão das atividades profissionais não tenho muito tempo para selecionar, guardar ou descartar correspondências e informativos que chegam por via eletrônica, ou em suporte físico (livros, revistas, textos, fotos, cadernos de anotações, cartões, cartas, listas de nomes) que se acumulam durante o ano. Mas as férias têm múltiplas serventias, não são apenas para repor as energias, como querem alguns profissionais da linha utilitarista. Servem também para dar aquela atenção aos cômodos da casa e ao computador, a fim de aliviar a bagagem acumulada.

Como estava decidida em passar a limpo uma parte da minha história, revisitei gavetas que há muito tempo permaneciam guardiãs de lembranças. Entre os inúmeros papeis como comprovante de pagamento de mensalidades dos tempos da faculdade, holerites e notas fiscais, havia raridades como fotos, cartões e cartinhas enviadas por alunos. Uma cartinha amarelada pelo tempo me reportou a momentos significativos da minha profissão. Penso que consegui fazer a diferença na vida de alguém que precisava de apoio. Dobradas e coloridas, outras cartinhas se encontravam em envelopes. Eram de meninas, ex-alunas, que sentiram a minha ausência quando saí da escola em que lecionava e como pretextos escreviam cartas solicitando explicações sobre determinados temas históricos. Por que guardei durante tanto tempo estes papeis? Não encontro resposta racional. São coisas da alma. Ou será que é mania de historiador?

Enfim, após uma semana selecionando materiais, o resultado foi: voltem para os seus lugares, exceto alguns sem qualquer significado. Considero-me pouco apta à arte do descarte, em qualquer sentido. Imaginem então, guardar papeis com meu nome escrito e riscado com sangue, pimenta vermelha e regado à cachaça, encontrados em despacho num cemitério do município. O desejo de quem encomendou o despacho era de arruinar a minha carreira profissional. Cá estou, décadas depois falando neste episódio porque reencontrei a prova material. Oficio da profissão, um tanto quanto maquiavélico, ser amada por alguns e odiada por outros, ao mesmo tempo.

Férias também sevem para resolver pendências burocráticas em órgãos oficiais. Para complementar um processo de regularização fundiária iniciado há meses, necessitava inserir novamente no sistema informações anteriormente fornecidas com dados de outrem, à época, conseguidos por telefone. Que alívio quando percebi que as papeletas com as anotações estavam no envelope juntamente com o documento oficial. Pensei: “Mania de historiador, guardar anotações”!