quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Três lições da resistência estudantil de SP

POR FELIPE SILVEIRA

A resistência dos estudantes paulistas contra o fechamento de escolas nos traz novas e velhas lições sobre política. A primeira é que um governo tucano, do PSDB, é uma das piores coisas que pode acontecer à população. Os 20 anos de gestão tucana em São Paulo, o governo espancador de Beto Richa no Paraná e a prefeitura de Marco Tebaldi em Joinville não me deixam mentir. Mas há outras.

A segunda lição, e mais importante, é que a luta vale a pena. Alckmin já perdeu essa. Os estudantes organizados mostraram pra todo o Brasil como lutar pelos nossos direitos, como tratar a coisa pública e como resistir ao desmonte proposto pelo PSDB. Se a educação vai mal, como diz o senso comum, a melhor saída não é acabar de destruí-la, mas reconstruí-la. E a forma de organização e o currículo proposto pelos estudantes aponta um ótimo caminho.

Uma terceira é sobre a Polícia Militar. Sob comando tucano, não basta bater em professor, pobre e movimento social. Os adolescentes sentiram na pele a fúria dos fardados. E não se trata de despreparo, pois o treinamento da polícia militar é justamente para isto: tocar o terror. Quem acha que não que explique o assassinato de cinco jovens negros, no Rio de Janeiro, executado por policiais militares, com mais de cem tiros no carro que levava os garotos. Já é algo que não se pode admitir em hipótese alguma, mas dói muito saber que os cinco rapazes estavam comemorando o primeiro emprego de um deles.

Considerando os pontos acima, é preciso, com urgência, não votar mais em tucano (só pra começar); resistir e protagonizar a mudança na sociedade (como os estudantes estão fazendo); e desmilitarizar a polícia. O racismo, o machismo, a lgbtfobia e tantos outros preconceitos tornam a nossa sociedade bastante difícil para a maioria. Mas deixar passar, fingir que não é com você, não ajudar, não lutar e achar que nada vai mudar é parte da causa.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Eca! Que noja!


O problema de Udo Dohler é a rejeição

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Quem está melhor posicionado, neste momento, para ser o próximo prefeito de Joinville? Os trackings (monitoramento das tendências de voto) não param e os políticos sabem, mês a mês, a posição que ocupam na corrida à Prefeitura. Os números não podem ser publicados, mas há coisas tão evidentes que dispensam as sondagens. Então, vamos lá...

Não há segredo quanto aos putativos candidatos à Prefeitura de Joinville. Há quatro nomes no bloco da frente: o atual prefeito Udo Dohler, o deputado estadual Darci de Matos, o ex-prefeito Carlito Merss e um inesperado José Aluísio Vieira, o Dr. Xuxo, que vem correndo por fora. Há também o tucano Ivandro Souza, cuja candidatura insiste em não decolar e, por enquanto, o deixa a jogar num outro campeonato.

Apesar de já haver gente em campanha, o quadro da disputa sucessória não está definido. E é natural, portanto, que neste momento a preferência dos eleitores esteja pulverizada. No entanto, o grande abacaxi parece estar nas mãos de Udo Dohler, que tem índices de rejeição muito elevados. E não é preciso olhar para as sondagens para fazer essa constatação. Um olhar para as críticas nas redes sociais, por exemplo, permite ver que o prefeito tem um problemão em mãos.

A rejeição é um fator tão poderoso quanto a intenção de voto. Ou seja, enquanto os outros candidatos vão lutar por votos, Udo terá que vencer a frustração dos cidadãos com a sua administração. Eis o nó górdio. O atual prefeito chegou ao poder com um discurso “anti-política” e “pró-gestão”, mas acabou com uma imagem mais parecida com um político (da velha política) do que com um gestor.

É possível diminuir a rejeição? Claro que sim. Mas Udo Dohler não tem muito tempo. Num plano macro, vai precisar de pesquisas que ouçam segmentos qualificados da sociedade, para identificar o caminho para mudar a percepção dos eleitores. Num plano mais térreo vai precisar de ação, imaginação e obras. É difícil. E não pode esquecer que o diabo está nos detalhes. Exemplo? Ora, cada buraco nas ruas é uma armadilha contra a sua candidatura.


Udo Dohler conseguirá reverter esse quadro? Talvez. Se recorrer à lógica da velha política (aquela de investir vultosos recursos financeiro) poderá aumentar as suas chances, porque, afinal, isso ainda tem muito peso. Mas os tempos são outros e mesmo assim não há garantias. O mundo evoluiu. É preciso também saber usar técnicas de comunicação, conhecimento de marketing político e, claro, imaginação. É aqui que a porca torce o rabo.

É a dança da chuva.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Procon e Black Friday


POR JORDI CASTAN

"Tudo pela metade do dobro". Falar de Black Friday no Brasil é, na maioria de casos, falar de consumidores indefensos frente aos abusos. Por aqui, o Black Friday celebra o dia em que se pode comprar qualquer produto pela "metade do dobro do mês anterior". Pior ainda. Apareceram já nas redes sociais dezenas de casos de aumentos descarados de preços. Etiquetas com  preços mais altos, toscamente coladas sobre os preços praticados nos dias imediatamente anteriores ao chamado Black Friday.

Quem defende o consumidor? A primeira resposta é o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon). Mas a quantas anda o Procon por aqui? O Procon é um órgão municipalizado, vinculado ao Departamento de Defesa do Consumidor da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania do Estado de Santa Catarina. A sua atuação e força são os melhores indicadores de como o governo trata o cidadão. Um Procon forte e atuante é sinônimo de uma sociedade forte e de um consumidor protegido.

Como esta o Procon em Joinville?  Qual é a estrutura que tem para cumprir a sua função? Cumpre essa função? Se olharmos o que o Procon divulga é bom ficar preocupado, porque diz muito pouco do que faz. Apresenta poucos dados que permitam avaliar os resultados do seu trabalho. E os dados apresentados são difíceis de utilizar pelo consumidor, acabando por ser um "faz de conta".

O ponto que deveria merecer maior atenção é aquilo que o Procon denomina “Audiências do Procon”. Tem o objetivo de buscar um acordo entre o consumidor e a empresa que tenha ocasionado prejuízo ou não tenha cumprido suas obrigações e responsabilidades, de acordo com o código de defesa do consumidor. A quantas anda a sua resolutividade? Qual é o resultado? Quantos acordos foram conseguidos? Quantos não tiveram solução e acabaram na justiça? Quantos consumidores acabam sendo orientados a procurar o juizado de pequenas causas pela ineficiência das ditas audiências do Procon?

O Procon tem que mostrar serviço. Tem que fazer muito mais que divulgar a lista de preços dos produtos para churrasco. A defesa do consumidor é um direito da sociedade. O Site do Procon deixa muito a desejar, traz pouca informação local e faz enlaces com o outros sites de fora de Santa Catarina.

Um Procon municipal deveria focar sua atuação no âmbito local. Produzir conteúdo e informar sobre as empresas locais. Trazendo informações sobre as empresar locais com as que o consumidor precisa ter cuidado. A divulgação dos preços de combustível, cesta básica e de churrasco é muito pouco e disponibilizar em pdf é pouco pratico para consulta. Há muito que melhorar no site para que possa ser considerado uma ferramenta de apoio e de defesa ao consumidor.

Nesta semana de Black Friday as informações disponibilizadas pelo Procon de Joinville se resumem a um link do Procon SP. O que deveria ser feito é disponibilizar em site específico com domínio do Procon municipal a relação das empresas "fake" ou que prejudicam o consumidor. Por que mandar o consumidor pesquisar no site de SP?

Ficou faltando ao Procon o que muitos consumidores, escaldados com os abusos cometidos pelos comerciantes em edições anteriores do Black Friday, já fizeram. O monitoramento e seguimento dos preços dos produtos e serviços que pretendiam adquirir. O resultado verificado pelos consumidores é que os preços subiram em média 10% por semana, nas semanas anteriores a sexta-feira negra. O que reforça a imagem de que o contribuinte encontrará preços iguais ou mais altos que os praticados normalmente pelo mercado.

O Procon Joinville também divulga no seu site os links:



Onde esta localizado o Procon? O Procon já mudou de local várias vezes e isto dificulta o acesso de quem precisa do serviço. E antes do final do mandato deve mudar de novo. Estava na Piazza Itália. Mudou-se para fazer espaço para a recém criada SEMA (Secretaria do Meio Ambiente). Da Piazza Italia foi para o prédio da Seinfra, no Bairro Saguaçu, na subida do mirante, onde antes estava a aprovação de projetos e parcelamento de solo. Aliás este é outro setor que também foi transferido para a Piazza Itália.

Antes de que acabe esta gestão ainda está prevista uma nova mudança de endereço, com o Procon mudando-se para a Cidadela Cultural Antártica. Com todas estas mudanças de endereço é frequente que os cidadãos façam uma romaria antes de encontrar o local. E acabem se queixando do fora de mão e a dificuldade de acesso do contribuinte que requer os serviços do Procon. A mudança para a Cidadela Cultural Antártica é um avanço, porque facilitará o acesso dos joinvilenses.

Outro ponto que o Procon precisa implantar - e está devendo - é o acesso ao bloqueio do telemarketing, para que os consumidores possam bloquear seu telefone para deixar de receber publicidade e serviços não solicitados e possam verificar se o seu telefone esta na lista dos  bloqueados.

Eficiência, efetividade e resolutividade, acrescidos de transparência deveriam ser a base para avaliar o trabalho do Procon.