segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Essa tal de "Geston"
POR JORDI CASTAN
Essa tal de “geston” é um bicho esquisito. Na campanha foi
apresentada como a solução a todos os problemas. O problema de Joinville era um
problema de gestão e o candidato que venceu se apresentava como garoto propaganda da
gestão. Já no discurso de posse veio com aquele papo mole de "cuidar dos
centavos" quando todos sabemos que o problema não são os centavos, o problema são os Reais e a vaca começou a ir para o brejo, devagarzinho no começo, com um
trote alegre depois e agora num elegante galope. Em quanto a nível federal as
vacas têm optado por ficar tossegosas, as sambaquianas têm se dirigido ao
brejo.
Essa tal de “geston” não parece estar dando os resultados
previstos. Escolhi alguns exemplos a esmo, estou convencido que cada leitor
poderá acrescentar outros com pouco esforço. Como inicio de conversa:
- A arborização urbana.
- O restaurante popular do Bucarein.
- PA da Zona Norte
- A Rua das Palmeiras.
- As escolas municipais.
A arborização urbana foi objeto de um post recente aqui no Chuva
Ácida, e media de perdas das arvores plantadas na ultima empreitada esta sobre
os 50%, numa rápida vistoria pela cidade. Ainda há que acrescentar a este
numero as arvores que são mortas intencionalmente, as que morrem por falta de
manutenção e as que se perdem por causas naturais e que tampouco são repostas.
Qualquer leitor atento que passe perto da rotatória do tecelão poderá constatar
que verde e arborização não é o ponto forte das empresas que estão perto. É difícil
imaginar que quem não planta arvores e não tem um jardim cuidado na sua casa ou
na sua empresa se preocupara com isso na sua cidade. “Geston” do verde “0”
O restaurante popular do Bucarein segue fechado. Alguém se
lembra do motivo do fechamento e a data anunciada para a sua reapertura? Em
novembro de 2013 e com menos de 3 anos de uso o restaurante foi fechado para “reformas”
reformas orçadas em mais de R$600.000 e com data prevista de reapertura em
junho de 2014. Até agora nada. Já sabemos que cumprimento de prazos e de preços
não é o forte desta gestão. Mas ninguém até agora veio a dizer a que ritmo anda
a obra e qual o novo prazo. O mais provável é que estem apostando em que logo o
joinvilense esqueça que lá um dia teve um restaurante popular.
Fechar o PA da Zona Norte para reformas e transferir os
pacientes e usuários para os outros PAs é uma pratica estranha. Já imaginou se
uma indústria têxtil fechasse por meio ano a estamparia ou a tinturaria para
reformas? Será que as empresas de Joinville não fazem manutenção preventiva dos
seus equipamentos e instalações? Se as empresas fazem, essa não é uma pratica
que forme parte da “geston” pública. Aqui as coisas se deixam sem manutenção
até cair aos pedaços literalmente e depois se fecham “sine die” e se gastam uns
bons recursos em grandes reformas que em pouco tempo exigirão novas reformas.
Estou tentando lembrar quando foi a ultima vez que o Hospital Dona Helena, por
citar um exemplo, fechou durante meio ano para fazer reformas? Alguém me ajuda
a lembrar?
A Rua das Palmeiras segue sendo um cartão postal da cidade.
Além de um cartão postal é também uma mostra do zelo para com o nosso patrimônio
cultural e paisagístico. Depois que o mato tomou conta, que as flores
desapareceram e que os canteiros estavam prontos para receber um rebanho de
cabritos, a grama foi roçada e o lixo foi recolhido. Os responsáveis pela “geston”
do espaço não devem ter sido informados que a grama cresce e deve ser podada
regularmente, que a troca de flores e o corte da grama são atividades
rotineiras e permanentes que qualquer jardineiro amador conhece bem. Aqui roçar
a grama é algo tão extraordinário que vira noticia na imprensa local.
A boa noticia é que não deveremos ter escolas interditadas
no inicio do ano escolar, o que não quer dizer que a “geston” municipal tenha
feito a sua tarefa bem e tenha se antecipado aos problemas, sempre ao chegar
mais perto do inicio das aulas começa a tensão para saber quantas e quais
escolas não poderão iniciar o ano letivo por não atender as exigências legais
referentes a vigilância sanitária. Deveria ser uma preocupação de toda a sociedade
que o poder público cumpra o que exige da sociedade, o cumprimento da lei e que
todas as escolas estivessem preparadas para receber os alunos em perfeito
estado. Curiosamente neste ano e quando ainda falta fiscalizar 90% das escolas
estaduais e mais de 40% das municipais, a única fiscal da vigilância sanitária
foi afastada e este ano não teremos nenhuma escola interditada, porque não
haverá uma fiscalização adequada. Isso é bom? Em principio que não se fiscalize
não é bom. Que se afaste a fiscal Lia Abreu por 60 dias justamente nesta época
em que se concentra a maior intensidade do trabalho de fiscalização das escolas
é no mínimo estranho. Na verdade quanto mais informação esta disponível sobre o
episodio mais aumentam as duvidas e mais estranha parece esta coincidência. A
sociedade tem o direito a ser informada e bem sobre se as escolas cumprem o que
a lei estabelece e quais os motivos que levaram ao afastamento da fiscal.
Transparência é bom e quem não fez nada errado não deve temê-la.
Quando já transcorreu mais de 50% do mandato desta
administração parece que o gestor tem perdido brilho e que o que aparentava ser
ouro resplandecente é só latão. A população segue esperando um choque de
gestão, até agora só tem recebido lamurias e essa coisa chamada “geston”.
sábado, 31 de janeiro de 2015
Brainstorming
POR MANOELA DO NASCIMENTO
Assim como tantas outras lendas que fazem parte da cultura
de São Francisco do Sul, a lenda do Marinebus já assombra os francisquenses.
Mas, precisando ir a Joinville e cansada de enfrentar as frequentes filas
da BR 280, resolvi enfrentar outros perigos e tentar encontrar o tal Marinebus.
Primeiro, vou em busca de notícias: “O transporte
começou a operar no dia 6 de janeiro. Em seu primeiro dia de viagens, o
Marinebus, que tem capacidade para transportar 47 passageiros, realizou o
trajeto entre as duas cidades com uma média de 20 pessoas a bordo.” (ANoticia,
12 de janeiro)
Então, anoto os horários divulgados e os seus locais de
aparição.
Saída de São Francisco do Sul para Joinville
06h20
8h20
12h
14h
18h
06h20
8h20
12h
14h
18h
Saída de Joinville - para São Francisco do Sul
07h30
9h30
13h15
15h30
19h15
Faço um reza e vou ao encontro no trapiche de São Francisco
do Sul. Era aproximadamente 7:45h da manhã e sol já refletia na Babitonga.
Enfim, chego ao trapiche de São Francisco do Sul. Respiração
já ofegante, penso que deve ser pelo sobe e desce nas já conhecidas ladeiras do
Centro Histórico.
Deparo-me com uma simpática senhora que estava a contar
outras histórias a outro simpático rapaz. Para não assustá-los, emito um som
baixo e agudo, como de costume, e pergunto como faço para comprar a passagem
para o horário das 8h20. Torcendo por uma positiva resposta.
A simpática senhora pede então que eu me aproxime e me fala
quase que ao pé do ouvido: - Shhhhhhh! Nas segundas ele costuma não
aparecer por aqui... Você devia saber destas coisas menina...
Um buraco abre embaixo dos meus pés e meu coração dispara: -
Então é verdade! A lenda existe mesmo! Isto é quase que como ter certeza que o
Curupira existe, menos nas segundas-feiras.
E lá vou eu, feliz da vida, até a rodoviária pegar o ônibus,
pois perdi a carona depois que decidi me aventurar pelos lados obscuros da
nossa cultura.
Chego ao ônibus e para minha surpresa não tem mais lugar
para sentar. – Que maravilha! Hoje é mesmo meu dia de sorte. Logo
penso.
Começo a ver pessoas idosas, pessoas com necessidades
especiais, trabalhadores, estudantes, turistas e crianças. Algumas no corredor.
Com eles, suas bolsas, malas, travesseiros, livros e garrafinhas de água para
amenizar o sufocante calor.
O ônibus começa a andar tranquilamente até que..............
trânsito parado na 280!
Passadas 3 horas, começo a ouvir turistas dizendo que
perderam o horário de outros ônibus, que as senhoras perderam o horário da
consulta, que os estudantes perderam o horário da prova, que os trabalhadores
perderam tempo e que todo mundo perdeu a paciência.
Reflito: Sim! É verdade.... Este Marinebus existe mesmo! Mas
deixa rastros e pistas falsas para despistar sua identidade. De acordo com a
lenda, é impossível um francisquense alcança-lo. Após encantar os moradores,
ele desaparece e ficamos apenas tentando descobrir seus mistérios. Enquanto
isto, nos resta a imaginar como seria se ele existisse...
Obs. Lendas fazem parte do imaginário das pessoas. Assim
como esta história.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Movimento LGBT, é preciso mesmo tantas letrinhas?
EMANUELLE CARVALHO
Ocorre frequentemente, nas situações mais distintas. Na TV, com uma reportagem que trata o assunto indevidamente e confunde a população. No rádio, ao trocarem qualquer identidade de gênero ou orientação pela palavra gay. E também quando você está lá, bebendo aquela cerveja com os amigos e de repente alguém toca no assunto: "É como a galera GLS, Manu". Você corrige rapidamente para LGBT, e o logo os questionamentos sobre nomenclaturas, expressões de gênero, orientação sexual começam a surgir, e com eles as dúvidas tão comuns.
Mas será que é preciso tantos nomes diferentes? Será que a
gente não pode chamar tudo de homossexualidade pra ficar mais fácil?
Não, a resposta correta é não.
Não, a resposta correta é não.
E não é porque nós somos "tudo bicha pintosa que gosta
de frufru, glamour e purpurina" (até por que tem muita sapatão
caminhoneira nesse barco, tem muita diversidade nesse bolo, mas isso é
outro papo, ou melhor, outro texto). O fato é que nomear os comportamentos e
identidades ajuda a debater sobre elas, cria um ambiente propício a
diferenciação dessas identidades, orientações e culturas e a entender um pouco
de suas subjetividades e desse conceito tão amplo que é a diversidade.
Quando dividimos os sujeitos LGTBs em letrinhas podemos
debater suas demandas uma a uma. Podemos dar atencão a problemas não vistos por
outros grupos e por isso, pouco evidenciados. Chamamos isso nos movimentos
sociais de visibilidade (guarde bem essa palavra, vou utilizá-las bastante
dialogando aqui nesse espaço).
Ao debater as demandas individualmente a gente pode
devagarinho, passo a passo, visualizar algumas opressões da sociedade que
comumente não veríamos mas que nos afligem e são motivos de muitos
traumas.
Por exemplo, mulheres lésbicas sofrem lesbofobia e dentro
disso, problemas como estupros corretivos , onde uma parcelas de homens
machistas idiotas acreditam que podem corrigir a sexualidade dessas mulheres
estuprando-as.
Já os bissexuais sofrem com as ideias bifóbicas equivocadas de que suas mentes e corpos são indecisos, que querem tão somente a promiscuidade e que não conseguem sustentar relações monogâmicas. Somos na ideia da sociedade atual uma espécie programada para fazer sexo sem se apaixonar independente do outro ser alguém legal ou não, ser inteligente ou não, nos atrair ou não. Algo criado para agradar a homens heterossexuais, já que a bissexualidade masculina é sempre vista como um disfarce e pouco admitida sua existência (sim, é preciso provar que sua sexualidade existe!). Uma grande bobagem do fetichismo e estereótipo televisivo.
Já os bissexuais sofrem com as ideias bifóbicas equivocadas de que suas mentes e corpos são indecisos, que querem tão somente a promiscuidade e que não conseguem sustentar relações monogâmicas. Somos na ideia da sociedade atual uma espécie programada para fazer sexo sem se apaixonar independente do outro ser alguém legal ou não, ser inteligente ou não, nos atrair ou não. Algo criado para agradar a homens heterossexuais, já que a bissexualidade masculina é sempre vista como um disfarce e pouco admitida sua existência (sim, é preciso provar que sua sexualidade existe!). Uma grande bobagem do fetichismo e estereótipo televisivo.
Mas será que nomear tanto e trocar frequentemente essas
nomenclaturas não piora essa visibilidade? Será que não confunde as pessoas?
Será que não era mais fácil falar somente sobre amor?
Claro que sim, mas isso não é de fato um problema. Nesta
sociedade plural e pós moderna estamos acostumados a modificar as coisas o
tempo todo. Em 1960 a minha mãe teve um lance com meu pai, já minha avó teve um
chamego, meu irmão flertou aos 15 e eu fiquei aos 12. Viram só, estamos
modificando nossas formas de falar, então por que a nossa sexualidade, sempre
tão invisível e agora talvez um pouco mais debatida não pode receber um novo
olhar?
Claro que pode.
É preciso atentar que algumas palavrinhas são
ressignificadas, ou seja, recebem um novo sentido, uma nova carga simbólica,
moral e política e outras podem ser utilizadas pejorativamente. Se você não
sabe que termo utilizar com uma determinada pessoa ou determinado grupo,
pergunte. Não é feio, não dói, e principalmente, não machuca o outro.
Além disso, é preciso ter paciência para
explicar (estou trabalhando arduamente nisso gente!), especialmente
aos que foram educados para um mundo mais cinza, que essa pluralidade de cores
não nos inferioriza enquanto sociedade, pelo contrário, nos fazem sujeitos
ainda mais tolerantes, fortes e múltiplos.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
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