quarta-feira, 19 de março de 2014

Comentários dispensáveis


POR FERNANDA M. POMPERMAIER

Esse blog aceita comentários anônimos
Infelizmente, meu voto foi vencido, por mim não aceitaríamos. 
Mas somos um coletivo democrático, vale a decisão da maioria e nessa, os anônimos passaram.

Para compensar essa tortura, ainda bem, existe moderação.
Não temos nenhuma obrigação de publicar todos os comentários que recebemos. 
São publicados os que passam pelo filtro.

E nesse filtro existem alguns princípios básicos que atingem todos os blogueiros, mas também existe uma parcela de julgamento pessoal. Sendo assim, decidimos que cada blogueiro libera os comentários dos seus textos. Nessa questão, como já expressei aos colegas inbox, os considero flexíveis e tolerantes demais. Não tenho a menor paciência/saco/estômago para ler as ofensas ou ignorâncias que comentam nos textos deles, e infelizmente às vezes nos meus.

Difícil compreender o impulso que leva uma pessoa a se expressar com tanta ira quando nos propomos a discutir temas que nos afetam no dia a dia. Usamos para escrever um tempo que retiramos das nossas famílias, do nosso tempo livre, sem nenhum retorno, apenas para conversar, trocar ideias, tentar pensar a cidade, o país ou até o mundo em que vivemos. É uma oportunidade de diálogo, de ver as mesmas coisas sob outros ângulos, de dividir perspectivas. Existe um ser humano desse lado, que merece o mesmo respeito que o leitor.

Não é uma questão de concordar ou discordar. Eu adoro comentários que questionam o ponto de vista, que fazem repensar, que acrescentam informações ou que também dividem experiências de vida. A esses sou extremamente grata, porque compartilham um pedaço de si, me fazem entender que tem gente aberta, receptiva e disposta do outro lado, que também quer conversar. A esses meu caloroso acolhimento. E não se preocupem, pelo menos nos meus textos, poderemos conversar sem comentários ofensivos no meio porque esses não irão passar.

Mas se você é um hater (desocupado que destila ódio pela internet) e tem a intenção de expressar sua raivinha nos textos que eu escrevo, não perca o seu tempo. Não vale gastar as pontinhas dos dedos porque eu deleto sem dó nem piedade. Ou entra para o debate com argumentos e informações de verdade ou vai abrir um blog para você poder escrever o que pensa com a liberdade que deseja.

terça-feira, 18 de março de 2014

Arquivos.


O samba do reaça doido


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Você pode não gostar da esquerda. Pode não gostar do comunismo. Pode não gostar do socialismo. Pode não gostar da social-democracia. Pode não gostar da própria democracia. Pode não gostar do grito do Tarzan. Mas só uma pessoa com mingau no lugar de cérebro é capaz de cair nessa lorota do golpe comunista. É coisa de gente com parafusos a menos.
Mas o pior de tudo nem é essa credulidade tosca. O verdadeiro delírio é achar que uma ditadura militar pode ser a solução para alguma coisa, em especial para um problema que nem existe. Só os esquizofrênicos perseguem inimigos imaginários. E, dizem os manuais, a esquizofrenia faz ter alucinações, depressões ou discursos paranóicos.
Há quem se dedique a estudar a esquizofrenia social. O fenômeno teria origem nas camadas mais abastadas e o poder de espalhar a doideira por todo o tecido social. Antes esse contágio ficava num âmbito restrito, mas o surgimento das redes sociais facilitou a disseminação do discurso esquizofrênico. Quem lê os comentários aqui no blog, por exemplo, sabe do que estou a falar.
Um dos problemas da esquizofrenia social é que subjaz um instinto de violência e um desejo de autoritarismo. Só isso pode explicar que ainda haja pessoas capazes de defender uma ditadura. Até podia gastar o meu latim e tentar analisar por um viés mais filosófico, tipo a relação “mestre-escravo” de Nietzsche, mas os esquizofrênicos só ouvem o que querem. Então, vai no popular.
A letra do samba do reaça doido tem uma métrica manjada. O cara anda deprimido porque não gosta de Dilma, de Lula e nem do PT. Mas como não consegue apear o partido do poder através do voto, então apela para a ideia do golpe militar. Se é preciso estropiar o país para tirar essa gente do governo, então dane-se o país. O preço é acabar com a democracia? Dane-se a democracia.
A esquizofrenia social também faz delirar. E os tipos começam a ver comunistas por todos os lados. Aliás, o truque de culpar os golpistas comunistas (mesmo quando eles não existam) é recorrente. Qualquer pessoa que tenha passado mais de cinco minutos nos bancos escolares sabe, por exemplo, que Hitler usou esse artifício para chegar ao poder e para justificar a guerra. É só para gente insana.
Em resumo. Não é de uma intervenção militar que o país precisa. O que precisamos é de um divã para tratar esses esquizofrênicos sociais.