POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Você pode não gostar da esquerda. Pode
não gostar do comunismo. Pode não gostar do socialismo. Pode não gostar da
social-democracia. Pode não gostar da própria democracia. Pode não gostar do
grito do Tarzan. Mas só uma pessoa com mingau no lugar de cérebro é capaz de
cair nessa lorota do golpe comunista. É coisa de gente com parafusos a menos.
Mas o pior de tudo nem é essa credulidade
tosca. O verdadeiro delírio é achar que uma ditadura militar pode ser a solução
para alguma coisa, em especial para um problema que nem existe. Só os
esquizofrênicos perseguem inimigos imaginários. E, dizem os
manuais, a esquizofrenia faz ter alucinações, depressões ou discursos
paranóicos.
Há quem se dedique a estudar a
esquizofrenia social. O fenômeno teria origem nas camadas mais abastadas e o poder de espalhar a doideira por todo o tecido social. Antes esse contágio ficava num âmbito restrito,
mas o surgimento das redes sociais facilitou a disseminação do discurso
esquizofrênico. Quem lê os comentários aqui no blog, por exemplo, sabe do
que estou a falar.
Um dos problemas da esquizofrenia
social é que subjaz um instinto de violência e um desejo de autoritarismo. Só
isso pode explicar que ainda haja pessoas capazes de defender uma ditadura. Até
podia gastar o meu latim e tentar analisar por um viés mais filosófico, tipo a
relação “mestre-escravo” de Nietzsche, mas os esquizofrênicos só ouvem o que
querem. Então, vai no popular.
A letra do samba do reaça doido tem uma
métrica manjada. O cara anda deprimido porque não gosta de Dilma, de Lula e nem
do PT. Mas como não consegue apear o partido do poder através do voto, então
apela para a ideia do golpe militar. Se é preciso estropiar o país para tirar
essa gente do governo, então dane-se o país. O preço é acabar com a
democracia? Dane-se a democracia.
A esquizofrenia social também faz delirar. E os
tipos começam a ver comunistas por todos os lados. Aliás, o truque de culpar os
golpistas comunistas (mesmo quando eles não existam) é recorrente. Qualquer
pessoa que tenha passado mais de cinco minutos nos bancos escolares sabe, por
exemplo, que Hitler usou esse artifício para chegar ao poder e para justificar
a guerra. É só para gente insana.
Em resumo. Não é de uma intervenção
militar que o país precisa. O que precisamos é de um divã para tratar esses
esquizofrênicos sociais.