POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Há muito tempo queria conhecer Cuba. Estava nos meus planos e cheguei mesmo a ensaiar umas viagens, mas sempre surgia um contratempo qualquer e eu acabava por não ir. Finalmente realizei esse projeto. Há cerca de duas semanas fui até Cuba e posso dizer que adorei tudo o que vi. A começar pelas gentes simples, capazes de viver felizes longe da loucura das cidades e dos shopping-centers. Sim, leitor, existe vida fora dos centros comerciais.
Em Cuba, não há poluição e nem stress no trânsito, essas coisas tão típicas das sociedades ocidentais. Aliás, hoje em dia as pessoas tendem a medir o atraso ou o avanço das sociedades pelos seus carros. Em Cuba é diferente. É certo que há muitos carros antigos, mas também há alguns novinhos e luxuosos. Que, como é óbvio, devem pertencer aos ricos do lugar. Mas não importa.
Foi interessante, por exemplo, ver tantas pessoas a usar a bicicleta como meio de transporte. Homens e mulheres já de uma certa idade que mantinham a juventude de quem pedalou e trabalhou de sol a sol durante toda a vida. Mas fiquei com a impressão de que a bicicleta era para compensar os transportes públicos, que, tive a impressão, não funcionam muito bem.
É claro que fiquei a perguntar a mim mesmo.
- Será que essa gente não sente falta de ter um iPOD, uma televisão LCD ou mesmo da internet?
O fato é que o povo de Cuba não precisa muito disso. As pessoas têm algo muito mais importante: os laços comunitários. Parece estranho e fora do nosso tempo, mas as pessoas ainda conversam umas com as outras. Passam horas sentadas nos bancos à frente das casas em amenas cavaqueiras. É um lugar pacato e não se vê agitação política. Mas a maioria da população vota nos comunistas.
Todos os lugares têm as suas coisas estranhas. Havia uma estátua de Cristóvão Colombo, que as gentes locais juram ter nascido em Cuba e não em Gênova, na Itália. Parece improvável, mas li o texto de um pesquisador que diz ter provas documentais de que o navegador nasceu em Cuba, em 1448. Vendo os argumentos, a tese até faz algum sentido.
Ah... a esta altura, você, anticomunista empedernido, já deve estar furioso por eu estar a falar tão bem de Cuba. Mas não se exalte, porque eu nunca fui à terra de Fidel Castro. Estou a falar da vila de Cuba, uma cidadezinha de 3 mil habitantes no interior do Alentejo, em Portugal. Dizem que é a vila mais hospitaleira do país. Eu fui e gostei.