segunda-feira, 9 de abril de 2012

Burro, ignorante e ameba

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO


"Povo burro". "Sociedade ignorante". "Mídia manipulada". "Amebas". "Povo ignorante". "Mídia comprada". Foram expressões que li repetidas vezes nas redes sociais, na semana passada, quando foi divulgada a pesquisa CNI/Ibope, que apontava um índice de 77% de aprovação da presidente Dilma Roussef.

Ok... mas desenganem-se os opositores do atual governo e do partido do atual governo. Não vou discutir o petismo ou o antipetismo. O que importa aqui é falar dessas pessoas que têm o topete de chamar as outras de burros, ignorantes ou amebas. De onde esses caras tiram a autoridade moral e intelectual para tentar espezinhar os outros? Quem eles julgam que são?



Parece óbvio. Burro, ignorante ou ameba é quem não tem a educação cívica, a vivência democrática e a urbanidade indispensáveis para conviver com a opinião dos outros. O nome do jogo é democracia. Mas há muitos desses chatos: se você pensa diferente deles, então está errado. E é burro. Porque os "inteligentes" são eles. Fala sério. E por falar em mídia comprada e manipulada, fico a imaginar: deve ser gente educada pela revistona semanal.

Acho que os caras não se tocaram. A gente não ouve pessoas inteligentes a chamarem as outras de burras (pelo menos em público). Porque a contenção verbal é inerente à inteligência. E qualquer pessoa com dois dedos de cérebro sabe que o conhecimento tem dessas coisas: quanto mais a pessoa sabe, mais noção ela adquire das suas fragilidades intelectuais.


Mas no Brasil tem muitas malas-sem-alça. O cara tem um diplominha qualquer na parede ou dinheiro para comprar um computador e escrever besteiras nas redes sociais e pronto: acha que é uma espécie de elite, alguém melhor que os outros.


Ah... falei em elites. Aposto que já tem gente pensando em voltar à velha discussão dos tempos do Lula, quando se falava muitos nas “zelites”. Não vale a pena a perda de tempo. O meu conceito de elite é diferente. Para mim elite é quem tem capacidade de articular bom pensamento, tem uma boa práxis e faz leituras racionais do mundo. E, claro, não se deixa levar pelo ódio de classe. O resto são tertúlias flácidas para dormitar bovinos.


Burro, ignorante ou ameba é o cara que vive na presunção de ser superior.



P.S.: E antes que alguém venha dizer que estou a fazer a defesa do PT, eu achava a mesma coisa na época do FHC.

domingo, 8 de abril de 2012

O meu parque


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sem querer estabelecer comparações, este é o meu conceito de parque. Fica perto da minha casa e é onde posso passear, fazer um piquenique ou mesmo levar os meus alunos para treinos de taekwondo. É um espaço de 60 hectares que vem sendo construído aos poucos, ao longo de décadas. Ou seja, não foi feito de afogadilho. O projeto começou a ser discutido em 1975 e só duas décadas depois, em 1995, foi entregue à população. Mas desde então a sua estrutura vem sendo continuamente implementada.


sexta-feira, 6 de abril de 2012

O tráfico de mulheres para a prostituição

POR ET BARTHES
Você já ouviu falar no Red Light District em Amsterdam? É o bairro onde estão as prostitutas. As imagens de mulheres em vitrines são conhecidas em todo o mundo. Mas desta vez a história é diferente. Em vez de falar de prostituição, a ideia é realizar uma performance para mostrar que às vezes as coisas não são o que parecem. Em especial no caso de mulheres de países mais pobres, que são aliciadas para trabalhar como dançarinas nos países ricos, mas acabam sendo obrigadas a se prostituir. Stop the Traffik é a campanha. A música é dos Raveyards.



MELHOR E PIOR - SEMANA 1










MELHOR
A semana marcou os 10 anos do fim da guerra em Angola (custou 1,5 milhão de vidas em 27 aos). Mesmo com apenas um década de paz, o país está a mostrar um grande fôlego, com um crescimento que o coloca entre as grandes potências econômicas da África.

PIOR
Se está na net, então é verdade. E o mundo pagou um tremendo mico ao acreditar no boato surgido no Twitter (#prayforportugal) de que teria havido um golpe de estado em Portugal. Ah... e teve gente que levou a sério o texto de 1º de Abril do Chuva Ácida.








MELHOR
A visita de cortesia que o promotor Afonso Ghizzo realizou na Câmara de Vereadores para "lembrar" que a maioria dos projetos de mudança de zoneamento realizados em Joinville, nos últimos anos, não atendia ao princípio da impessoalidade.

PIOR
A confusão gerada pela queda de braço Conurb x Cartão Joinville.  Os únicos a perder são os joinvilenses.










MELHOR
O gloriosíssimo JEC - o Barcelona dos trópicos :P. Após iniciar o Campeonato Catarinense com uma das piores campanhas de sua história, o tricolor contratou o técnico Argel Fucks, que imprimiu novo ritmo e fez o único octacampeão catarinense ficar esta semana isolado no topo da tabela do returno. Agora, o time da maior torcida do Estado depende só de si para chegar às semifinais do Catarinense. Vamos, JEC!

PIOR
Os explosivos jogados na choperia Capim Teimoso, de propriedade do Francisco de Assis, ex-presidente da Conurb e candidato a vereador. Está cheirando motivação política...











MELHOR
A mudança de categoria do Morro do Amaral, que agora é Reserva de Desenvolvimento Sustentável, atendendo uma demanda de muitos anos daquela região.

PIOR
O alto preço dos ovos de Páscoa, que têm de tudo, menos chocolate. Virou mais uma data comercial em nosso calendário...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O grande mural de vaginas

POR ET BARTHES
Para algumas pessoas é arte. Para outras será pornografia. O certo é que o artista plástico inglês Jamie McCartney, formado pela Hartford Art School (EUA), chamou a atenção do público com a peça "A Grande Parede de Vaginas", que integrou o programa do Brighton Festival Fringe, no final do ano passado. O trabalho levou cinco anos a ficar pronto e contou com a participação de 400 voluntárias, que permitiram ter as suas vaginas moldadas em gesso para a realização do trabalho.


A rainha da Inglaterra é mais barata que os deputados catarinenses

POR GUILHERME GASSENFERTH

Em sua viagem para Madri, o deputado Kennedy Nunes mostrou pelo Twitter uma foto de um protesto anti-monarquia. Segundo o deputado, os manifestantes reclamavam que a monarquia custava cerca de 500 milhões de euros por ano. Em seguida, um “twitteiro” me alertou: quanto custará a Assembleia Legislativa?

É claro que eu sei que uma coisa não tem nada a ver com a outra. As funções são diferentes, o tamanho da população é bem distinto, a economia é muito distinta (PIB catarinense de US$ 70 bilhões contra US$ 1.536 bilhões lá), mas principalmente porque a cultura é totalmente diferente. Comparar Europa e Brasil é esquisito.

Mas achei interessante. Quanto custaria a nossa Assembleia Legislativa? 500 milhões de euros é pouco ou muito perto de nossa Assembleia? Resolvi pesquisar, achando que a coroa espanhola custaria muito mais que nossa Assembleia. Parece que me enganei.

Primeiramente, em nenhum lugar encontrei informações precisas sobre o custo da monarquia espanhola, mas todas elas remetiam a custos inferiores a dez milhões de euros por ano, o que significa dizer menos de 25 milhões de reais. Repito, por ano. Mas também encontrei uma notícia interessante e que é praticamente impossível de ser estampada em manchetes tupiniquins. O rei Juan Carlos solicitou ao primeiro-ministro que a verba repassada à Coroa fosse diminuída. E aí, leitor, já viu algo semelhante ocorrer no Brasil? Quantas vezes vemos algum político pedir diminuição do salário?

Pesquisando sobre monarcas, recebi a informação de que a monarquia britânica era a mais custosa da Europa. Podemos imaginar. O Reino Unido é uma potência econômica mundial, u ex-império global, com uma monarquia cujo luxo não é novidade para ninguém. Informações oficiais mostram expensas de cerca de 40 milhões de libras esterlinas por ano – aproximadamente 116 milhões de reais. Um grupo anti-monarquista chamado Republic diz que as despesas com a manutenção da monarquia (e todos os seus luxos) custa aos british taxpayers entre 390 a 540 milhões de reais ao ano. Considerando que o autor destes cálculos esforçou-se para supervalorizá-los, podemos considerar que a coroa britânica – a mais cara da Europa – custe no máximo um valor como este.

E a nossa Assembleia Legislativa? Segundo as informações da execução orçamentária de Santa Catarina, os recursos executados pela ALESC em 2011 foram da ordem de 346,5 milhões de reais. O triplo das despesas oficiais (sem gastos com segurança) da monarquia sediada no Palácio de Buckingham e um pouco menos que as extra-oficiais. Mas a nossa Assembleia Legislativa é MUITO mais cara que a Coroa espanhola, no mínimo 13 vezes mais cara.

A chefe de Estado da Inglaterra, Canadá, Austrália, Irlanda, Escócia e outros 11 países, custa no máximo 540 milhões de reais. Cerca de 9 reais por britânico (considerando só os habitantes do Reino Unido), ou ainda 4 reais por habitante de um país que reconhece Elizabeth II como sua chefe de Estado. Reitero que estou usando os valores máximos, mas que podem ser bem menores.

Já os 40 deputados catarinenses custam para nós, contribuintes, 55 reais por ano. 6 vezes menos que a luxuosa Rainha Elizabeth II custa aos britânicos para servir-lhes como soberana e chefe de Estado. São quarenta reizinhos com seus iPads novinhos e diárias de R$ 670 pra viagens pra própria residência.

Outra diferença substancial está nos índices de aprovação. Lá, mais de 70% dos britânicos gostam da rainha e desejam que ela continue como sua soberana. Aqui não encontrei estatísticas oficiais, mas faça você mesmo a pesquisa: pergunte a 100 amigos seus – você gosta da atuação de nossos deputados estaduais e deseja que eles continuem lá? Pronto. Sugiro contar as respostas positivas, dará bem menos trabalho.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Refrigerante de Deus para desbancar a Coca-Cola


POR ET BARTHES
Parece perseguição. Mas não dá para ficar indiferente a esses religiosos. E não é que agora os caras estão lançando uma campanha na internet para desbancar a Coca-Cola no Brasil e no mundo? E a substituição será feita pelo refrigerante Leão de Judá Cola, criado há alguns anos pelo empresário protestante Moisés Magalhães, em sociedade com a Igreja Universal do Reino de Deus. Entre os filmes, há um que acusa a Coca-Cola de ser uma bebida do tinhoso por ter cocaína na sua fórmula. Em outro momento, o empresário pede sete mil distribuidores para o Leão de Judá Cola no Brasil.


Os novos amautas


POR JORDI CASTAN


Com as eleições, chegou a hora dos amautas

Os amautas eram, na sociedade inca, filósofos-oradores profissionais, que tinham como missão utilizar a sua sabedoria e conhecimento para manipular a historia do soberano, criando para ele um passado cheio de proezas e de gestas. É para completar o seu trabalho e obter um impacto ainda maior, se dedicavam com o mesmo entusiasmo a criar histórias constrangedoras sobre os adversários do seu senhor.

Por aqui, antes mesmo que os candidatos se digladiem na campanha, os amautas já estão trabalhando a todo vapor. A impressão que se consolida é a que desta vez a campanha tem tudo para ser mais sangrenta e impiedosa que as anteriores. Uns não querem perder o poder a nenhum custo e os outros querem voltar a recuperá-lo. Reforça esta teoria o nível da maioria dos candidatos e principalmente os muitos interesses envolvidos. Não devem faltar recursos para que os melhores amautas tenham à sua disposição todos os meios humanos e materiais para fazer um bom trabalho. Os amautas modernos contam com meios tecnológicos que não existiam quinhentos anos atrás. Podem utilizar vídeos, fotos, recortes de jornais, entrevistas e material disponível na internet, o que torna o seu trabalho mais fácil.

O resultado é que a historia é escrita e reescrita mil e uma vezes ao sabor dos interesses de cada um dos “monarcas” de plantão. E cria-se uma confusão na cabeça do eleitor, que poucos são capazes de lembrar com exatidão do que cada um fez. Algumas obras foram iniciadas numa gestão e se alastram sem ser concluídas por varias outras. Outras foram inauguradas uma meia dúzia de vezes e revitalizadas, requalificadas ou reinauguradas outras tantas que é difícil precisar com exatidão a quem deve ser atribuída. A memória trai aos que tem mais idade e até alguns mais jovens tem dificuldade em lembrar com precisão.

Os amautas já tergiversavam a história há séculos, mas o nível de perfeição que alcançamos hoje, tanto em enaltecer e em tecer loas aos políticos em exercício, só fica ofuscado pela nossa competência e habilidade em contar histórias, com o único objetivo de detrair os demais candidatos. Melhor ainda se a historia é espalhada como um murmúrio, a boca pequena, aí que ela faz mais efeito. Nisso somos campeões e superamos os melhores amautas.