terça-feira, 28 de agosto de 2018

Criar presidentes, inventar o novo e vender sabonetes

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Já pensou em ser presidente da República? É possível? Sim, mas só  depois de você responder à pergunta de um milhão de dólares: tem dinheiro? Quanto? Se houver dinheiro, muito dinheiro, os seus problemas estão resolvidos. Então, mãos à obra. Mas vamos começar do jeito mais simples. Se você é um produto de marketing, que tal uma análise SWOT? Os pontos fortes, os pontos fracos, as ameaças e as oportunidades?

Imagine que o ponto fraco é que ninguém nunca ouviu falar em você. E que a ameaça é a absoluta falta de carisma, o que o impede de convencer os seus targets (o eleitor, claro). Não é razão para desanimar. Afinal, o seu ponto forte é você ter muita grana. Muita mesmo. Você é milionário e tem outros milionários – bancos, por exemplo – a apoiar o seu nome. É a oportunidade que tomar o poder e acabar com essa conversa do “tudo pelo social”.

A fórmula é simples. Os manuais de marketing político ensinam que é quase como vender um sabonete. Então, apresento aqui sete movimentos táticos de uma estratégia que certamente fará de você um verdadeiro candidato a presidente.

1. BACKGROUND EDUCACIONAL – Os manuais ensinam que é preciso criar uma personagem pública forte. O primeiro passo é ter um background educacional alguns furos acima da média (o que não é difícil em se tratando do Brasil). Ter estudado nos melhores colégios é um ponto de distinção. E se tiver não apenas um curso superior, mas dois, então é algo que os eleitores precisam saber. É engenheiro? Perfeito. Brasileiro adora um diploma de curso superior e engenheiros são para respeitar.

2. A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL – Do ponto de vista profissional, a estratégia passa por investir na imagem de self-made man, que fez carreira nos bancos e venceu pela meritocracia. Ok... não vamos falar que é o candidato apoiado pelos bancos, porque parece que está todo mundo entalado com os juros dos cartões de crédito. E para piorar ainda ontem saiu a notícia de que os bancos retomaram 70 mil casas de pessoas que não conseguiram pagar o financiamento. Ok... os bancos entram com a grana, mas não podem mostrar a cara.

3. UM NÃO-LUGAR NA POLÍTICA – No plano da política, use o velho truque de dizer que não é político. Funciona sempre. Insista na ideia de que as soluções para o país passam pela gestão – e você tem provas dadas nesse campo –, não pela política. De qualquer forma, crie um partido. Para quê? Para dizer que os políticos são culpados dos problemas do país e que a solução passa exatamente por um não-político. Ou seja, alguém que não precisa da política para viver.

4. DIGA QUE REPRESENTA O NOVO – É  importante passar a imagem de que é “o novo”, algo inédito e nunca visto. Faz parte do jogo projetar a imagem de que é diferente de “tudo isso que está aí”. Não importa se está a fazer exatamente o mesmo percurso de outros arrivistas da política, porque o importante é a percepção do eleitor. Diga que não tem o rabo preso, mesmo que esteja a ser financiado por banqueiros, que decidiram assumir o governo do país sem intermediários. 

5. NEGUE QUALQUER IDEOLOGIA – É importante ser contra as ideologias. Não importa se ao mesmo tempo está a reproduzir a sua própria ideologia de classe, um ultra-liberalismo que já não tem vez em qualquer lugar do mundo. E nunca se canse de repetir que os problemas de educação, saúde, segurança ou transportes, por exemplo, só podem ser resolvidos pela mão invisível. Sim... aquela mão que está sempre a apontar o dedo do meio para os pobres.

6. PRESENÇA NA MÍDIA – A mídia é essencial para dar visibilidade à sua figura pública. No início, a imprensa terá alguma resistência ao seu nome, por causa do seu nanismo político. Mas os tempos são outros e há dinheiro de sobra. Então, comece por fazer investimentos maciços nas redes sociais, até sair do anonimato. Invista. Invista com força. A primeira ação deve ser exatamente uma campanha viral a exigir a sua participação nos debates, onde estão os candidatos com outra densidade política. Com grana, uma hora eles vão ter que notar. E não esqueça: o pessoal das Relações Públicas vai agendar entrevistas nos títulos maiores e dar alguma dimensão ao seu nome. Se os empresários que o apoiam fizerem anúncios nos meios de comunicação, isso é perfeito.

7. O ELEITOR É MANIPULÁVEL – Você tem dinheiro para investir em comunicação, trackings e influenciar influenciadores. Tome todas as suas decisões em cima dos aconteciementos, a partir do comportamento dos eleitores. E os outros candidatos? O seu alvo deve ser aquele que está exatamente à sua frente nas pesquisas. É isso que vai moldar a sua estratégia. E nunca esqueça: o eleitor é despolitizado e em muitos vai responder aos estímulos que você provocar. Só tem que dizer algumas daquelas verdades fáceis e que não exigem grande raciocínio. Diga o que eles querem ouvir. A mistificação é uma coisa da política. E a esta altura você já é um político e tanto... 

É a dança da chuva.


Tem um novo sabonete no mercado...

13 comentários:

  1. Amoedo e seu partido NOVO, representam uma ideologia realmente diferente dos demais partidos que dominaram o cenário político desses últimos 30 anos no Brasil!

    A esquerda se sente ameaçada com essa nova proposta?

    O contra ponto não é salutar à política e à democracia?

    Essa verdadeira ideologia de direita, ameaça o establishment, conquistado com a Estratégia da Tesoura, nesses 30 anos?

    Porque um candidato, que cursou a melhor educação e fez fortuna lícita na vida privada, deve ser visto com desconfiança e, aquele semi analfabeto e criminoso condenado não?


    HGW XX/07

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    1. Essa é a tua resposta?
      Vais optar pela dissimulação?
      OK. Fim de papo.

      HGW XX/07

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    2. Fim de papo? Mas tinha começado?

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  2. Ô Baço, você está disposto a votar num sujeito investigado, condenado e PRESO por CORRUPÇÃO! Num partido que está FRAUDANDO AS ELEIÇÕES. Um sujeito esperto, porém semi-analfabeto e MILIONÁRIO, dinheiro fruto provavelmente de negócios escusos.

    Se o seu objetivo é criticar o “novo”, ou o candidato desse partido, é muita cara-de-pau, pois o mesmo, até onde todos nós sabemos não deve nada à justiça, estudou e enriqueceu de forma LÍCITA e tem, ao contrário dos robôs e “influencers” pagos com dinheiro não-sei-de-onde-mas-imagino, seguidores realmente orgânicos.
    Mas entendo os tempos estranhos que vivemos, onde o rabo abana o cachorro, onde os valores se inverteram.

    Vocês, petistas, têm um teto feito de cristal da Bavária!
    Não vão vencer, não podem vencer pelo bem deste país!

    (por falar em "influencers" do PT...)

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    1. Mas eu não fiz referência a qualquer nome. São só as minhas dicas enquanto marketeer e servem para qualquer pessoa.

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    2. Gostaria de ver as provas das eleições fraudadas...

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  3. Maravilha, se o candidato (que não vou fazer referência a qualquer nome) está incomodando esquerdista amante do presidiario corrupto, está no caminho certo.
    Quero mais choro, Pacheco. Tá pouco.

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    1. Pacheco... ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah. És um pândego, meu.

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    2. PACHECO!... hereges!... Acho que tudo isso não passa de um desrespeito ao grande intelectual "além mar", grande publicitário, e grande formador de opinião do norte catarinense! Não se deixem levar pela foto clichê "dedinho no queixo e coisa e tal"! Ele é uma lenda!... "É o cara!"...

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    3. Obrigado, anônimo. É sempre bom quando alguém reconhece o nosso talento.

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  4. Muito bem Baço, ótimo texto. Mas consegue perceber que esta é a vocação da democracia. Mas não pense que isso acontece só aqui, veja se sua receita não cabe certinho pro Mácron na França, e Obama no Eua.

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