POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Jair Bolsonaro é um beócio. A sua personalidade é um somatório de ignorâncias. É machista, homofóbico e racista. Defende torturadores. Prega a violência. Sempre viveu de dinheiro público. Mas agora decidiu invadir a seara dos historiadores. Numa “justificação” para rejeitar as cotas, disse que não existe qualquer dívida histórica com os descendentes de escravos. Porque, segundo afirma, os africanos são os autores da própria desgraça.
Para o candidato da extrema direita, os portugueses não tiveram culpa pela escravidão. “Se formos ver a história, realmente (...), o português nem pisava na África. Eram os próprios negros que entregavam os escravos (...). Os portugueses faziam o tráfico, não caçavam os negros na costa. Eles eram entregues pelos próprios negros (...). Que dívida é essa?”, disse Bolsonaro, com ar de entendido na bagaça.
O que tenho a dizer, enquanto português? Ora, que dispenso esse “branqueamento” da história (em Portugal a palavra “branquear” significa apagar o lado sujo dos fatos). Tal proposição nunca cairia bem, vinda de onde viesse. Mas quando vem de uma criatura deplorável como Jair Bolsonaro há ainda mais razões para ser categórico. Tentar limpar a barra dos portugueses soa a vitupério. Nem pensar!
É fato que a escravidão na África já existia há mais tempo. Mas foram os portugueses que introduziram uma lógica econômica que fomentou guerras para gerar mais escravos. No entanto, não vou perder tempo a argumentar com fatos históricos (e haveria muito por onde pegar), porque seriam palavras ao vento. O candidato Jair Bolsonaro e os seus seguidores são incapazes de entender uma argumentação séria. Passo.
O fato é que a notícia chegou até à imprensa portuguesa. O que não é novidade, porque ao longo dos tempos o nome de Bolsonaro tem aparecido nos noticiários, sempre envolto em estupefação. Os portugueses não entendem a ascensão de alguém tão desqualificado. Aliás, a reação de estranheza não é apenas em Portugal. Os europeus, de maneira geral, não engolem esse tipo de aberração política. Tempos sombrios.
Para ter uma ideia, um dia destes li que Bolsonaro “é um perigo real e segue os passos de Adolf Hitler”. Ora, quando alguém é acusado de seguir doutrinas que podem ser comparadas ao nazismo, é porque a vaca foi para o brejo. Ou, por outras palavras, isso significa que uma parcela da população brasileira – que pode chegar aos 20% - está com as capacidades cognitivas em estado vegetativo.
Mas voltando à vaca fria. Bolsonaro não engana ninguém quando tenta aliviar para os portugueses (que, como já disse, dispensam ser defendidos por um fascista). Afinal, todos sabemos que é apenas uma tentativa de dar alguma “razoabilidade” ao seu racismo. Não dá. Até porque, segundo a imprensa, o seu vice, o general Mourão, diz que o brasileiro resulta da indolência do índio e da malandragem do negro. Dupla mais racista, impossível.
É a dança da chuva.
Então, mas foi justamente o que o tal do Bolsonaro disse: que os portugueses “não pisaram na África para capturar e escravizar os nativos, pois a escravização e o comércio de escravos já existiam no continente”. E sobre essa tal “lógica economista”, supostamente implantada pelos portugueses (que é complexa em demasia até para um economista, imagine para um historiador/jornalista/esquerdista/sei-lá-qual-a-formação-do-Baço), os franceses, holandeses e ingleses inventaram algo parecido, então quem é o pai da criança?
ResponderExcluirAlém do que, o Baço, que vive na terrinha, sabe o que os portugueses pensam sobre a pataquada desse revisionismo histórico para atender “a agenda esquerdista fascistóide”, tal qual a Mirian Leitão teve que fazer aos 47’’ do segundo tempo na patética entrevista com o candidato. Para os próprios portugueses, Portugal, transportou e comercializou escravos africanos – entenda-se: escravos cativos em África. Ponto!
Meu, não sei o que queres dizer com tudo isso que escreveste. Mas a sofreguidão é evidente. Ah... queres saber a minha formação? Tranquilo. Certamente nada que se compare à tua...
Excluir09:26, a história da escravidão moderna, ou mercantil, segundo alguns, é um tema complexo em demasia até para historiadores, imagine para um comentarista que se esconde atrás do anonimato, envergonhado e sem coragem de assumir publicamente os próprios preconceitos.
ExcluirEm Portugal, pesquisas sobre o tema são desenvolvidas desde, pelo menos, o século XIX, e se trata de uma historiografia, além de ampla quantitativamente, bastante diversa no uso de suas fontes e nos novos problemas que coloca a um velho problema.
Não tenho expectativa que você vá lê-lo, mas deixo o link para um artigo do historiador português Jorge Fonseca; ao longo de 26 páginas, com uma erudição impecável, ele mostra o quão estúpido você é:
https://journals.openedition.org/cultura/2422#text
Mas se você achar um pouco demais 26 páginas de um artigo acadêmico sobre um tema demasiado complexo até para historiadores, imagine para alguém como você, aqui tem um resumão bem feito do assunto. Mas se quiser escapar de ler vários parágrafos, vá direto para o último:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45092235?SThisFB
Não precisa agradecer. Eu realmente sinto um prazer enorme sempre que tenho a oportunidade de humilhar gente como você. Então, na prática, quem tem de agradecer sou eu, pela oportunidade.
Aí complicou, né Clóvis? Esse pessoal como o anônimo acha que pesquisa histórica é uma coisa do tipo:
Excluir- Quem descobriu o Brasil?
- Pedro Álvares Cabral.
Ou seja, uma pergunta fechada, uma resposta idem. Tudo muito simplório. Não há espaço para a complexidade da pesquisa. Mas, enfim, quem nasceu para comentador anônimo de blog nunca irá além do simples putear.
"Os portugueses não entendem a ascensão de alguém tão desqualificado" (Sic)
ResponderExcluirOra Baço, somos conhecidos mundialmente por políticos corruptos, incompetentes e desqualificados.
Temos um deputado federal em segundo mandato que foi obrigado a escrever um ditado para comprovar sua alfabetização. Tivemos um presidente da República em dois mandatos, alfabetizado até a 4 série do ensino fundamental. Tivemos um presidente por um mandato e meio que sugeriu aos inventores que inventassem uma tecnologia para estocar vento.
Somos ou não, uma nação de desqualificados? Os que votam e os que são eleitos?
É a dança da chuva, e da bala!!!
Ok... mas quando eu falo em desqualificado não estou a falar de alfabetização. Até porque separo essas coisas...
ExcluirAnônimo, a do estoque de vento foi uma presidenta.
Excluir“seu misógino!”
Portugueses e sua lógica peculiar.
ResponderExcluirObrigado. Mas não adianta elogiar porque não vou na cantiga.
ExcluirEsse Bolsonaro é um absurdo! Né?
ResponderExcluirLegal mesmo é ter um candidato presidiário!
Certeza que o comentário está no texto certo?
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