segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A Joinville que empreende


POR JORDI CASTAN



Foi divulgado nesta semana o ranking das cidades mais empreendedoras do Brasil e Joinville aparece em honroso 8º lugar. Não é novidade, nem segredo que o joinvilense é empreendedor e carrega essa característica no seu DNA. E convenhamos que na Joinville de hoje empreender é quase uma questão de sobrevivência. Junto com a divulgação da notícia já apareceram os que querem colher os frutos e gostariam de ver reconhecido o trabalho que pretendem ter feito. No melhor dos casos, o máximo que fizeram foi atrapalhar pouco. Na maioria dos casos atrapalharam mesmo.

Vou aproveitar esta onda de louvor ao empreendedorismo e compartilhar, com os três leitores dos posts, um belo exemplo de empreendedorismo social e comunitário. A AMIGA, (Associação de Moradores do Bairro Anita Garibaldi) vive penando há anos com os problemas típicos de toda cidade que tem sido - e segue sendo - mal administrada.  Um dos problemas que mais afeta o bairro são as enchentes. A cada nova chuva a água sobe mais rápido e alcança cotas mais altas. Em algumas ruas virou hábito registrar três ou quatro enchentes por ano, quando não são cinco ou mais.

Há uma ocupação, primeiro das margens dos rios e em alguns casos até do próprio leito, principalmente na região em volta da Maternidade Darci Vargas. A impermeabilização cada vez maior faz com que o problema seja cada vez mais grave. E o poder público faz o que melhor sabe fazer: cara de paisagem, olha para o outro lado e diz que não é com ele e que qualquer solução será muito custosa.

Os moradores já cansaram de participar de reuniões em que a Prefeitura informa não ter recursos e que não há nada que possa ser feito. No máximo roçar o mato que cresce nos rios e córregos e esperar pelos zilhões de recursos públicos federais que na forma de obras faraônicas devem se não resolver, ao menos amenizar o problema. O bairro vive ainda a ameaça concreta de ver pipocar prédios de mais de 20 pavimentos, o que agregará os problemas de uma maior verticalização e adensamento. O número de moradores que em dias de chuvas fortes não poderão chegar em casa por conta das enchentes aumentará ainda mais e os problemas devem continuar se agravando pela mistura explosiva de inércia e inépcia que sofre o poder público.


Guarda corpo ideal que permite que a água da enchente volte ao rio 
Guarda corpo nas ruas do Bairro Anita e na maioria de bairros de Joinville



Cansados de esperar, de ser ignorados e conscientes que não da para esperar o que não vai chegar, tomaram duas iniciativas. A primeira foi verificar “in loco” o que poderia ser feito para amenizar os problemas causados pelas enchentes e a constatação de que, mesmo depois que o nível dos rios começa a baixar, a água permanece nas ruas, porque a água demora em chegar aos cursos de água do bairro. A causa? As pontes têm guarda corpos fechados, que impedem ou dificultam que volte ao seu curso normal.

Guarda corpos de bloco de cimento são mais econômicos e menos eficientes que os guarda corpos vazados. Já se sabe que a prefeitura prefere utilizar as soluções mais simples, mais econômicas em lugar das melhores e o resultado dessa economia esta aí. A solução proposta é a troca dos de bloco por vazados o que ajudaria a escoar a água quando a chuva diminua de intensidade e a água comece a vazar. É difícil de fazer? Evidente que não. Por que ninguém pensou antes nisso? Será feito? Difícil que seja feito com celeridade e urgência.  Mais difícil ainda que o modelo proposto pela AMIGA que era o padrão anterior passe a ser implantado nos demais bairros de Joinville.







Como esse pessoal do Anita não desiste fácil, há outra iniciativa em andamento, que, por sorte deles, não vai depender da Prefeitura e tem mais possibilidade de sair. É a instalação de câmaras de vídeo que monitorem o nível da água e possam ser acessadas por internet, servindo para informar aos moradores se podem voltar para casa, o tamanho da enchente e a duração da mesma. 

É bom lembrar que as imagens disponíveis na internet podem ser acessadas também pela Defesa Civil, a Guarda Municipal e os Bombeiros Voluntários. Nada desses sistemas milionários com os que o poder público gosta de sonhar, é coisa de R$ 3.000 para duas câmaras e a parceria com uma empresa privada que oferece o serviço gratuitamente. E parte do problema, se não resolvido, já seria amenizado. Essa é a Joinville que empreende. A que busca solução para os seus problemas porque sabe que não pode seguir esperando que o poder publico tome a iniciativa.

Para quem tiver interesse em apoiar o projeto das câmaras e quiser contribuir com recursos econômicos, moradores lançaram um crowfunding, projeto de financiamento voluntário que permita viabilizar a iniciativa, vamos ver quantos agora vão começar a colocar paus nas rodas, para impedir que a iniciativa prospere.

(*) Em 20 de janeiro de 2016 a primeira câmara começou a funcionar neste link Camerite


9 comentários:

  1. Acredito que assim como estes exemplos, devem ter outros na cidade, mas que isoladamente podem correr o risco de morrer na praia sem ter o apoio dos politizados.

    Nossa cidade corre o risco de perder boas oportunidades por manter um clima hostil e de falta de cooperação simplesmente não saber conviver com diferenças.

    Os próprios movimentos sociais se ocupam mais em brigas, rixas e barulhos do que em botar a mão na massa.

    As redes sociais são usadas para fazer provocações. O Whatsapp é usado para ridicularizar os "inimigos políticos".

    -> Inimigos políticos de pessoas que nem são políticos de profissão.

    Grupos como o Política em Joinville são usados para disseminar ódio e indiferença ao invés de ações produtivas.

    Não adianta nada falar que estão pregando o ódio contra a presidente, contra as minorias, contra os animais, contra a areia, contra a galinha pintadinha, se na nossa cidade não conseguimos fazer nada de produtivo.

    Quantos abaixo-assinados virtuais foram feitos para a camara de vereadores sugerindo novas leis? Aposto que só entre os leitores deste blog, ou dos perfis do facebook conseguiríamos um bom número de assinaturas para algum projeto relevante.

    Então por que perder tempo no que não interessa ?

    Que tal parar de discutir Escola sem partido e começar a discutir amizade sem partido?

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    1. ahahahaha

      esses dias no politica em joinville tinha uma menina dizendo que a vida sexual dela nao era para ser discutida no grupo e nem no inbox dela.

      é este o tipo de gente politizada que está tentando fazer a diferença em Joinville, não passam de crianças

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  2. Olá Jordi,

    A situação é essa mesmo, criticar e reclamar é sempre mais fácil. Buscar soluções e propor melhorias é chato, dá trabalho e requer paciencia, pois precisa lidar com opiniões divergentes a todo momento. E o que me espanta é que quem está do lado de lá não sabe o que fazer, nós precisamos apoia-los e ser os olhos da prefeitura (entidade) na comunidade.

    Joinville deve ter inúmeras iniciativas que a própria prefeitura deveria incentivar, se não investindo dinheiro, fazendo coaching ou colocando alguém técnico do seu quadro para auxiliar, mas parece que a inércia já faz parte do quadro de funcionários.

    Este caso do guarda-corpos a resposta que tive é que não tem material e que será colocado no cronograma do ano que vem. A partir do recebimento do material será feito de acordo com a ordem de prioridade apontada dos guarda-corpos.

    Já é um avanço pois até agora então nem promessa havia. Fiz uma contra proposta de conseguir a doação do material para produzir os guarda-corpos mas a resposta foi que era dificil pois não sabiam a quantidade de material que era necessário, e começaram as reclamações de que há muito trabalho e etc. Aí fica dificil mesmo, tem momentos que a desculpa é a falta de mão-de-obra, tem momentos que a desculpa é a falta de material. Prefiro não julgar o que acontece do lado de lá.

    O mais triste disto tudo é saber que a Prefeitura ignora muitas coisas e mesmo quando é solicitado apoio, alguns secretários simplesmente optam por fingir que não veem. Será que já estão considerando que não vai haver reeleição? Será que o compromisso não é a população? Não gostam ou não estão acostumados a ser cobrados?

    Não precisa fazer reunião as 6:30 da manhã, basta estar disponível para a população as 8:00. Não precisa doar salário, precisa doar boas idéias.

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  3. Diogo

    Quando escuto os nossos gestores se queixando da falta de dinheiro, lembro que os problemas econômicos não são escusa quando as ideias são de graça, saber aproveita-las é a saída e o que diferencia um administrador medíocre de outro competente.

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  4. Independente do mérito da iniciativa, informo que esta decisão não foi tomada pela AMIGA, não sei quem nem quando autorizou o criador do projeto a usar o nome da AMIGA para divulgar um projeto dele.

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    1. "Para quem tiver interesse em apoiar o projeto das câmaras e quiser contribuir com recursos econômicos, moradores lançaram um crowfunding, projeto de financiamento voluntário que permita viabilizar a iniciativa, vamos ver quantos agora vão começar a colocar paus nas rodas, para impedir que a iniciativa prospere."

      Encontre nesse trecho ou no link do crowfunding o onde há o nome da AMIGA sendo utilizado.

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  5. Já está claro quem vai tacar paus hahaha viva o marxismo

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  6. Morei muitos anos na rua Paraná, e de experiência, posso dizer que as enchentes começaram em 1971, depois que a empresa Selbetti construiu um estacionamento sobre o rio Jaguarão, que começou a represar as águas, provocando enchentes à montante do rio.

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    1. Interessante a sua experiencia, mas olhando pelo Google Earth não parece que a calha do rio diminiu neste trecho, a não ser que tenha algo abaixo do estacionamento.

      Dá uma olhada: https://www.google.com.br/maps/@-26.3111551,-48.8455181,3a,75y,270.42h,62.77t/data=!3m6!1e1!3m4!1stJrGpetzcy0DxnYwcu-IkA!2e0!7i13312!8i6656!6m1!1e1?hl=pt-BR

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