POR JORDI CASTAN
Quem esperava um choque de gestão vai ter que começar a
aceitar: a maior obra desta administração são as roçadas. Na falta de outra
coisa para mostrar, a poderosa Secretaria de Comunicação, a SECOM, dedica o seu
esforço, a sua equipe e o seu orçamento a divulgar a trivialidade do
quotidiano. Tudo aquilo que passaria despercebido se alguma coisa importante
estivesse acontecendo passou a ganhar o destaque de um grande acontecimento.
Roçadas de mato, troca de lâmpadas queimadas e novos
uniformes passam a ser notícia de capa. E podemos juntar a boa disposição
da imensa maioria da imprensa sambaquiana, que não tem a menor dificuldade em
assumir o papel de caixa de ressonância das notícias diariamente encaminhadas pela a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal.
Noticiar o trivial, o dia a dia de uma cidade como Joinville
é um exemplo interessante de como fazer jornalismo. Imagino os profissionais
que um dia sim e outro também precisam escrever notas sobre a roçada do mato na
Rua dos Caraminguás ou a troca de lâmpadas na servidão do Zé das Couves. Talvez a repintura de alguma faixa de pedestres ou a reparação, pela enésima vez, do
buraco entre as Ruas dos Macacos e dos Saguis se esforçando em dar uma nova
redação ao texto que será encaminhado para a imprensa local. A única diferença é que o texto que ontem falava da Rua Xis, hoje fala da Rua Ípsilon. E até poderá
ser utilizada a foto da mesma rua de ontem, só que tomada desde outro ângulo.
Mas temos que ser compreensivos. À falta do que mostrar, à falta do que inaugurar é bom saber em que é gasto o dinheiro público em
Joinville. Imaginamos, inclusive, um projeto de reforma administrativa criando a Secretaria
Municipal das Roçadas e dos Capins, com recursos oriundos do Fundo Municipal do
Mato e realocando funcionários deslocados do cerimonial que, não tendo muito que
inaugurar ultimamente, terão lugar em áreas em que o seu trabalho se faz mais necessário. O risco é que passemos a
inaugurar roçadas e capinas, organizemos velórios para lâmpadas queimadas e que
organizemos cursos de desenho de moda para uniformes da Guarda Municipal. Ou seja, que glamourizemos o nada absoluto, convertendo em notícia a ausência de notícia.
Ops!!! mas se já estamos fazendo isso hoje.
Isso não é verdade, ontem mesmo eu vi a prefeitura pintando uma faixa de pedestre sobre o asfalto esburacado. Uma baita obra! :)
ResponderExcluirAlexandre
Voce vai ver esse ajardinamento daqui a 30 anos. Em 2045 vamos ficar iguais à Dona Francisca quando os primeiros habitantes aqui chegaram da Zorópia. Quase como em A Vila... do Shyamalan. Em vez da Transtusa os empregados vão pra Dohler em cipós.
ResponderExcluirE o Jordi tem 100% de razão!
ResponderExcluirAlguem me dando 100% de razão? Fiquei preocupado
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